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Pode-se dizer que há complexidade onde quer que
se produza um emaranhamento de ações, de interações, de
retroações. E esse emaranhamento é tal que nem um
computador poderia captar todos os processos em curso. Mas
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há também outra complexidade que provém da existência de
fenômenos aleatórios (que não podem ser determinados e
que, empiricamente, agregam incerteza ao pensamento).
Pode-se dizer, no que concerne à complexidade, que há um
pólo empírico e um pólo lógico e que a complexidade
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aparece quando há simultaneamente dificuldades empíricas
e dificuldades lógicas. Pascal disse há já três séculos: “Todas
as coisas são ajudadas e ajudantes, todas as coisas são
mediatas e imediatas, e todas estão ligadas entre si por um
laço que conecta umas às outras, inclusive as mais
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distanciadas. Nessas condições — agrega Pascal —
considero impossível conhecer o todo se não conheço as
partes”. Esta é a primeira complexidade: nada está isolado no
Universo e tudo está em relação.
Edgard Morin. Epistemologia da complexidade. In: Dora
Fried Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade.
Porto Alegre: Artmed, 1996, p. 274 (com adaptações).