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Entrevistador - O que caracteriza o capitalismo
brasileiro atual, que explica os rumos que
ele vem tomando desde a crise financeira
internacional em 2008?
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Ladislau Dowbor – O capitalismo brasileiro
descobriu o mercado interno e a importância
de responder às necessidades internas do
país. O segundo eixo é que ele descobriu que
nós não podemos explorar indefinidamente
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os recursos naturais sem prejudicar a
sustentabilidade a médio e longo prazo. Essa
tomada de consciência na área do grande
capital, de que há necessidades da população
insatisfeitas - e isso pode ser um problema,
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mas pode ser uma oportunidade em termos
de expansão de fronteiras -, e a tomada de
consciência da problemática ambiental são os
principais eixos de mudança. É lógico do ponto
de vista do capitalista individual pensar que
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o aumento do salário mínimo tornará a mão
de obra mais cara. Só que, ao multiplicar em
todas as empresas essa atitude, não teremos
desenvolvimento do mercado interno e todo
mundo entra em crise. Quando se pensa fora
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de uma unidade empresarial, entendemos que
esse aumento do salário mínimo e dos direitos
sociais gera capacidade de compra por parte
dos trabalhadores. E essa capacidade de
compra dinamiza o mercado. Todos vão poder
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produzir mais. É justamente esse o “casamento
estranho” que as pessoas não imaginavam,
de que ajudar a parte de baixo da sociedade
também ajuda na parte de cima. Entendemos
que temos que generalizar o bem-estar para
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toda a sociedade e não só para alguns. E isso
tem que ser feito de maneira sustentável.
(Adaptado da entrevista de Ladislau Dowbor a IHU On-line. http://www.
ihuonline.unisinos.br – acesso em 20 de outubro de 2010)