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Tablets, lousas interativas, aplicativos desenvolvidos especial-
mente para a educação… A tecnologia chegou para ficar nas salas de
aula e exige que a escola e os professores se adaptem aos novos tem-
pos. Para o professor José Moran, doutor em Comunicação pela Uni-
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versidade de São Paulo (USP) e diretor de Educação a Distância da
Universidade Anhanguera-Uniderp, apesar de tantas possibilidades,
a educação ainda se encontra em uma fase de transição complicada.
“Já não aceitamos o modelo da sociedade industrial (embora
mantenhamos muitas de suas estruturas organizacionais e mentais),
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mas também percebemos que não participamos plenamente da so-
ciedade do conhecimento; só incorporamos alguns dos seus valores
e expectativas. A implantação das tecnologias nas escolas segue, em
geral, três etapas. Na primeira, elas são utilizadas para melhorar os
processos consolidados, automatizando-os, digitalizando documen-
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tos e, com isso, otimizando o desempenho e os custos. Na segunda
etapa, a escola insere parcialmente as tecnologias no projeto edu-
cacional. Abre laboratórios conectados à internet, cria uma pági-
na para divulgar sua proposta, seus cursos e alguns aplicativos de
pesquisa e comunicação. Na terceira, que começa atualmente, com
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os avanços da banda larga e da mobilidade, as escolas estão repen-
sando seu projeto pedagógico, seu plano estratégico e introduzem
mudanças significativas, como a flexibilização parcial do currículo,
com atividades on-line combinadas com as presenciais. Essa nova
escola se tornará mais visível nos próximos anos, com a chegada da
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geração digital à vida profissional”, explica.
A pesquisa TIC Educação 2012, realizada pelo Comitê Gestor
da Internet no Brasil (CGI.br), traça um panorama do uso das tec-
nologias no ambiente escolar brasileiro e mostra que ainda temos
de avançar. A amostra da pesquisa foi composta por 856 escolas
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públicas e privadas do Brasil, selecionadas a partir do Censo Esco-
lar do Ministério da Educação (MEC). O estudo revela que cresce
a presença de computadores portáteis nas escolas, principalmente
nas privadas, mas o número de equipamentos disponíveis por aluno
ainda não permite o uso sistemático do computador e da internet nas
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atividades escolares.
De acordo com a pesquisa, é maior a presença de computador e
internet nos domicílios dos alunos. Entre os alunos das escolas pú-
blicas, 62% possuem computador em casa. Houve também cresci-
mento do percentual de alunos que fazem uso da internet pelo celular
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(44% entre alunos do ensino público e 54% no ensino privado). É
igualmente crescente a proporção de alunos que declaram ter apren-
dido a usar o computador e/ou a internet sozinhos. Pela primeira vez,
desde 2010, a forma de aprendizado mais citada foi: “aprendeu so-
zinho”. Mas, será que a tecnologia não deixa o estudante disperso?
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Isso depende de como ela será utilizada, explica Moran.
“A inserção no mundo das tecnologias conectadas é um cami-
nho importante para preparar as pessoas para o mundo atual, para
uma sociedade complexa, que exige domínio das linguagens e re-
cursos digitais. O uso coerente das tecnologias atuais contribui para
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facilitar e ampliar as formas de comunicar-se, pesquisar e divulgar
os resultados, mas também há problemas como dispersão, superfi-
cialidade e acesso a conteúdos impróprios. O ideal é que estas tec-
nologias Web 2.0 – gratuitas, colaborativas e fáceis – façam parte do
projeto pedagógico da instituição para serem incorporadas de modo
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condizente com as propostas da educação”, diz o professor.
(http://redeglobo.globo.com, 03.06.2013. Adaptado)