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Repetidos episódios de violência têm sido noticiados nas
últimas semanas. Dois que chamam a atenção, pela banalidade
com que foram cometidos, estão gerando ainda uma série de
repercussões.
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Em Natal, um garoto de 19 anos quebrou o braço da estudan-
te de direito R.D., 19, em plena balada, porque ela teria recusado
um beijo. O suposto agressor já responde a uma ação penal, por
agressão, movida por sua ex-mulher.
No mesmo final de semana, dois amigos que saíam de uma
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boate em São Paulo também foram atacados por dois jovens que
estavam na mesma balada, e um dos agredidos teve a perna fra-
turada.
Esses dois jovens teriam tentado se aproximar, sem sucesso,
de duas garotas que eram amigas dos rapazes que saíam da boate.
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Um dos suspeitos do ataque alega que tudo não passou de
um engano e que o rapaz teria fraturado a perna ao cair no chão.
Curiosamente, também é possível achar um blog que diz que
R.D., em Natal, foi quem atacou o jovem e que seu braço se que-
brou ao cair no chão.
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Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimentos feliz-
mente comprovam os acontecimentos, e testemunhas vão ajudar
a polícia na investigação.
O fato é que é difícil acreditar que tanta gente ande se que-
brando por aí ao cair no chão, não é mesmo? As agressões d evem
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ser rigorosamente apuradas e, se houver culpados, que eles sejam
julgados e condenados.
A impunidade é um dos motores da onda de violência que
temos visto. O machismo e o preconceito são outros. O perfil
impulsivo de alguns jovens (amplificado pela bebida e por outras
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substâncias) completa o mecanismo que gera agressões.
Sem interferir nesses elementos, a situação não vai mudar.
Maior rigor da justiça, educação para a convivência com o outro,
aumento da tolerância à própria frustração e melhor controle
s obre os impulsos (é normal levar um “não”, gente!) são alguns
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dos caminhos.
(Jairo Bouer, Folha de S.Paulo, 24.10.2011. Adaptado)