Karl Marx é um dos mais influentes pensadores da história e suas ideias sobre a sociedade capitalista e o conflito de classes tiveram um impacto profundo em diversas áreas do conhecimento, particularmente na sociologia e na ciência política. A questão aborda especificamente a concepção de Marx sobre a ideologia, um conceito fundamental em sua crítica à sociedade capitalista. 

Para entender a alternativa correta, é crucial compreender como Marx conceituava a "ideologia". Para Marx, a ideologia é caracterizada como uma forma de "falsa consciência", ou seja, crenças e valores que distorcem a percepção da realidade. Esta ideia está profundamente arraigada na teoria do materialismo histórico, onde Marx argumenta que a superestrutura (que inclui as ideias e a cultura) é moldada pela infraestrutura econômica da sociedade. 

Análise das Alternativas: 

<ul>
<li>A) Essência da vida: Esta alternativa é incorreta. Marx nunca descreveu a ideologia como a "essência da vida". Pelo contrário, ele a considerava um conjunto de ideias e crenças que, embora prevalente na sociedade, representa uma falsa impressão da realidade, projetada para sustentar os interesses da classe dominante.</li>
<li>B) Falsa consciência: Esta é a alternativa correta. Marx via a ideologia principalmente como uma "falsa consciência", uma maneira pela qual as classes dominantes impõem suas crenças e valores às classes subordinadas, perpetuando assim suas posições de poder e controle sobre os meios de produção.</li>
<li>C) Produto alienado: Embora interessante, esta alternativa confunde os conceitos. Marx discutiu a alienação, especialmente em relação ao trabalho sob o capitalismo, onde os trabalhadores se tornam alienados dos produtos de seu trabalho. No entanto, ele não usou o termo "produto alienado" para descrever a ideologia em si.</li>
<li>D) Conjunto de ideias: Embora a ideologia de fato envolva um conjunto de ideias, essa descrição é demasiado genérica e não capta a essência crítica que Marx atribuía ao termo. Para Marx, não são apenas quaisquer ideias, mas aquelas que servem para perpetuar uma falsa percepção e manter as relações de poder existentes no capitalismo.</li>
</ul> 

Para aprofundar, Marx argumentava que a ideologia serve a função de mascarar as injustiças e as contradições inerentes ao capitalismo, fazendo parecer que o status quo é natural e imutável, e não o resultado de um processo histórico que pode ser alterado através da luta de classes. Ele exemplifica isso claramente no caso da relação entre capitalista e trabalhador, onde a ideologia burguesa faz parecer que a exploração é justa e parte natural da ordem econômica. 

Portanto, ao examinar a função da ideologia na teoria marxista, é fundamental reconhecer que seu propósito, segundo Marx, é perpetuar uma falsa compreensão da realidade social, beneficiando a classe dominante e subjugando a classe trabalhadora. 

Gabarito: Letra B

Pessoas que têm a mesma posição no que se refere à propriedade de bens ou de habilitações.

Grupo constituído pelo consumo de certos bens, por determinados comportamentos e modos de expressão.

Grupo que possui em comum ideias, sentimentos e ocupações superando a subordinação dos interesses individuais.

Conjunto de membros de uma sociedade que são identificados por compartilhar determinadas condições objetivas, ou 
a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção.

A análise da questão e das alternativas oferecidas, em harmonia com as concepções marxistas sobre a estrutura das classes sociais, requer compreender a distinção entre "classe em si" e "classe para si". Ao conceitualizar esses termos, Karl Marx estabelece um framework para o entendimento da consciência e organização de classe, que são essenciais para interpretar as dinâmicas sociais e politicas sob a ótica marxista. 

Para Marx, a ideia de "classe em si" refere-se ao agrupamento de indivíduos com uma posição comum nas relações de produção – isto é, uma mesma relação com os meios de produção como proprietários ou não proprietários. Esta categorização é eminentemente objetiva e independe da percepção ou da consciência coletiva dos próprios indivíduos que compõem a classe. A consciência de classe, ou "classe para si", refere-se à evolução dessa noção, onde o grupo não apenas ocupa uma posição comum, mas também é consciente dessa posição e age politicamente com base nessa consciência. 

Análise das Alternativas:<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) Pessoas que têm a mesma posição no que se refere à propriedade de bens ou de habilitações. - Esta alternativa, embora pareça relacionar-se com a posição econômica dos indivíduos, não aborda diretamente a relação com os meios de produção, que é central para as definições marxistas de classe.</li>
<li>B) Grupo constituído pelo consumo de certos bens, por determinados comportamentos e modos de expressão. - Esta opção desvia-se completamente da teoria marxista ao centrar a definição de classe em padrões de consumo e práticas culturais, desconsiderando as relações de produção.</li>
<li>C) Grupo que possui em comum ideias, sentimentos e ocupações superando a subordinação dos interesses individuais. - Esta definição aplica-se mais corretamente à ideia de "classe para si", pois enfatiza a união e a ação coletiva baseadas em uma consciência comum.</li>
<li>D) Conjunto de membros de uma sociedade que são identificados por compartilhar determinadas condições objetivas, ou a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção. - Esta é a definição mais precisa de "classe em si", pois foca nas condições objetivas econômicas e na relação dos indivíduos com os meios de produção, sem necessariamente implicar uma consciência ou ação coletiva.</li></ul>

Portanto, a alternativa D é corretamente identificada como a definição marxista de "classe em si". Conforme Marx, essa configuração de classe reflete uma condição objetiva dentro das estruturas econômicas do capitalismo que demarca as diferenças essenciais entre, por exemplo, a burguesia, que possui os meios de produção, e o proletariado, que não os possui e deve vender sua força de trabalho. A relevância dessa distinção está em que a transição de "classe em si" para "classe para si" é um processo crítico para o desenvolvimento da consciência de classe e para a luta revolucionária visando a transformação social. 

Gabarito: Letra D

O enunciado e as afirmativas propostas concentram-se em descrever e analisar o método de materialismo histórico dialético de Karl Marx, que é um ponto central em sua obra e pensamento sociológico. 

I. Busca compreender a sociedade a partir da relação pela qual os bens de produção são distribuídos entre seus integrantes.
 
Essa afirmativa é correta e reflete um dos pilares do pensamento marxista. Marx argumentava que as relações sociais são fundamentalmente influenciadas pelas relações de produção, ou seja, pela forma como os bens são produzidos e distribuídos na sociedade. Essas relações de produção formam a base econômica sobre a qual se erigem todas as outras estruturas sociais, incluindo instituições políticas e jurídicas, formas de consciência social, etc.

II. As condições socioeconômicas (infraestrutura) acabavam determinando como a cultura, o regime político, a moral e os costumes (superestrutura) se configurariam.
 
Esta afirmativa é também correta e integral ao entendimento marxista da sociedade. Segundo Marx, a infraestrutura (base econômica) determina a superestrutura, que compreende as normas culturais, os valores, as leis e as instituições políticas. Dessa forma, mudanças na infraestrutura econômica levariam a transformações na superestrutura.

III. Seria uma das molas propulsoras fundamentais que alimentariam as transformações históricas.
 
Esta afirmação é verdadeira e concisa na explicação do papel das condições materiais na história. Marx via as tensões classistas geradas pela distribuição desigual dos meios de produção como forças motrizes das mudanças sociais e históricas. As lutas de classe são vistas como impulsionadoras da história, levando a conflitos que resultam em mudanças sociais profundas.

IV. A análise materialista histórica parte da questão de que a história e a dominação são os pilares de toda a ordem social.
 
A última afirmativa, apesar de parecer próxima às ideias marxistas sobre a influência da luta de classes na história, é um tanto enganadora. Marx não apresenta a "dominação" como um pilar de toda ordem social, mas sim as relações de produção e os conflitos de classe que delas emergem. Ele foca na luta de classes, que é alimentada pelas condições materiais e pela dominação, mas não necessariamente estabelece essas como "pilares" da sociedade de maneira isolada.

Diante dessa análise, as afirmativas I, II e III estão corretas e consistentes com o método do materialismo histórico dialético de Marx, enquanto a afirmativa IV introduz uma interpretação que não corresponde exatamente à abordagem marxista. Assim, escolheríamos a alternativa D como a resposta correta.
 
Gabarito: Letra D

Questões de Ciências Sociais - Karl Marx e as Classes Sociais - 2019