“O verso é uma vitória sobre os limites da linguagem” (Carlos D. de Andrade ).

“A interpretação é a vingança do intelecto sobre a arte” (Susan Sontag).

“A coisa infeliz sobre esse mundo é que os bons hábitos são muito mais fáceis de desistir do que os maus” (Somerset Maugham).

“É necessário que saibamos tolerar-nos mutuamente sobre pena de vivermos em um tormento continuado de resistência, oposição e contradição entre uns e outros” (Marquês de Maricá).

“Os anos rodando sobre nós deixam nas rugas do nosso rosto os estigmas da sua ação e da velhice” (Marquês de Maricá).

Vamos dar uma olhada nessas frases e entender onde rolou a confusão entre "sob" e "sobre", certo? A preposição "sobre" indica, geralmente, uma posição superior, algo em cima de, enquanto "sob" indica posição inferior, algo debaixo de, além de expressar subordinação ou dependência entre elementos. 
 
Alternativa A: "O verso é uma vitória sobre os limites da linguagem” (Carlos Drummond de Andrade). Aqui, "sobre" está correto, pois mostra uma ideia de superação, como se o verso estivesse 'em cima' dos limites. 
 
Alternativa B: “A interpretação é a vingança do intelecto sobre a arte” (Susan Sontag). Novamente, "sobre" cai como uma luva, indicando que o intelecto está, metaforicamente, dominando ou superando a arte. 
 
Alternativa C: “A coisa infeliz sobre esse mundo é que os bons hábitos são muito mais fáceis de desistir do que os maus” (Somerset Maugham). Aqui, "sobre" está sendo usado para introduzir o tópico sobre o qual o autor está falando, ou seja, está perfeito no contexto. 
 
Alternativa D: “É necessário que saibamos tolerar-nos mutuamente sobre pena de vivermos em um tormento continuado de resistência, oposição e contradição entre uns e outros” (Marquês de Maricá). E aí está o deslize! Nesse caso, a palavra correta seria "sob", pois a expressão "sob pena de" significa "sob risco de", indicando uma consequência negativa de não seguir a ação mencionada antes. 
 
Alternativa E: “Os anos rodando sobre nós deixam nas rugas do nosso rosto os estigmas da sua ação e da velhice” (Marquês de Maricá). Aqui, "sobre" novamente está sendo utilizado corretamente, indicando a ideia de algo que acontece 'em cima', metaforicamente falando, com o passar do tempo ‘descendo’ sobre nós. 
 
A alternativa correta é D.

A forma correta de escrever a palavra depende das regras de formação de palavras compostas na língua portuguesa e do uso ou não do hífen. Analisando as alternativas oferecidas, podemos determinar a questão principalmente por meio da consulta às regras ortográficas relacionadas à formação de compostos com o prefixo "micro-".

 

De acordo com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, o prefixo "micro-" pode ser usado tanto com hífen quanto de forma aglutinada, dependendo do elemento que segue. No caso específico de "microorganismo", temos:

 

- O uso de "micro-organismo" com hífen está correto quando o prefixo "micro-" precede um segundo elemento que começa com vogal, h, r ou s. 

 

- Quando não há o risco de formar uma palavra com má interpretação ou uma leitura complicada, a palavra pode ser escrita de forma aglutinada, ou seja, sem hífen. Portanto, "microorganismo" se torna adequada, pois o prefixo "micro-" e a palavra "organismo" se combinam de forma clara e pronunciável.

 

As alternativas são analisadas como segue:

 

- A) "micro organismo" é incorreto pois, em casos como esse, o termo não é normalmente segregado em duas palavras separadas.

 

- B) "microrganismo" é incorreto porque a simplificação do prefixo "micro-" não é aceita, o prefixo necessita ser escrito por completo para manter o significado correto e a compreensão.

 

- D) "micro-rganismo" é claramente uma grafia incorreta, pois altera de maneira inaceitável a palavra "organismo", omitindo a letra inicial e mantendo o hífen de forma inadequada.

 

Gabarito: Letra C

Nada me tira da cabeça que o maior craque do mundo dos
 parasitas, o Pelé das criaturas que vivem de manipular formas
 maiores e supostamente mais complexas de vida, é um
 sujeitinho matreiro chamado Toxoplasma gondii.
5 Formado por uma única célula, o causador da
 toxoplasmose domina duas estratégias aparentemente
 contraditórias entre si. De um lado, ele faz de tudo para passar
 despercebido. Até onde sabemos, esse micro-organismo afeta
 entre um terço e metade da população humana mundial, para
10 não falar dos membros de diversas outras espécies de sangue
 quente. No entanto, é muito raro que cause algum problema
 de saúde mais sério em suas vítimas – riscos reais só aparecem
 quando ele infecta mulheres grávidas, crianças pequenas ou
 pessoas com sistema imune (de defesa) enfraquecido por
15 outras razões, como a aids.
 No entanto, evidências obtidas principalmente com outros
 mamíferos indicam que o T. gondii é um especialista em
 lavagem cerebral, instalando-se no sistema nervoso dos
 hospedeiros. Afinal, que outra coisa poderia explicar o fato de
20 que roedores que o carregam em seu organismo perdem o
 medo profundo que normalmente sentem ao farejar xixi de
 gato? Coisas parecidas já foram verificadas em outros animais
 – o micróbio é capaz de produzir um destemor totalmente
 antinatural em suas vítimas.
25 Como é que pode? Bem, acontece que, apesar de
 conseguir infectar tudo quanto é espécie, o T. gondii tem
 necessidades bem mais específicas quando chega a hora de ele
 se reproduzir sexualmente (embora também consiga se
 propagar de forma assexuada). Conforme dizia certo
30 pesquisador que permanecerá anônimo, tudo o que o
 Toxoplasma quer é transar nas tripas de um gato.
 Ou de qualquer outro felino, pelo que sabemos. A
 reprodução sexual no sistema digestivo desses predadores é
 um passo essencial de seu ciclo de vida. Está explicado,
35 portanto, por que ele faz os roedores perderem seu medo de
 gato: é para que sejam comidos – e transmitidos para os
 bichanos.
 O capítulo mais recente dessa história é ainda mais bizarro.
 Pesquisadores nos EUA, liderados por Connor Meyer, da
40 Universidade de Montana, mostraram que nem os lobos do
 célebre Parque Nacional de Yellowstone escapam das
 artimanhas de controle mental do T. gondii. Nos bandos de
 lobos do parque, os indivíduos que carregam o parasita em seu
 organismo são, disparado, os que mais tendem a deixar seu
45 bando natal e os que mais probabilidade têm de se tornar
 líderes da matilha.
 Os dados, que acabam de sair na revista especializada
 Communications Biology, são resultado de um monitoramento
 que já dura quase duas décadas. A equipe identificou a
50 presença ou ausência de anticorpos gerados pelo T. gondii no
 organismo de mais de 200 lobos do parque. Tudo indica que os
 animais estão sendo infectados pelo contato direto ou indireto
 com as onças-pardas (Puma concolor) que habitam
 Yellowstone – felinos, portanto, e hospedeiros preferenciais do
55 parasita. De fato, os lobos que ocupam territórios que também
 são frequentados pelas onças-pardas têm probabilidade maior
 de carregar o T. gondii em seu organismo.
 É difícil não se perguntar se um manipulador tão insidioso
 quanto esse não poderia estar causando efeitos semelhantes
60 em seres humanos. Os indícios a esse respeito ainda são
 esparsos, embora alguns pesquisadores especulem que certos
 problemas de saúde mental poderiam estar associados à
 infecção. Enquanto as respostas não vêm, vale a pena
 aprender com os lobos: nunca subestime os poderes de um
65 parasita microscópico.

Para determinar qual das siglas não segue a ortografia oficial, precisamos revisitar as regras estipuladas para a formação das siglas. A regra geral para a formação de siglas é que elas devem ser escritas em letras maiúsculas e sem pontos. Vamos analisar cada uma das siglas fornecidas nas alternativas:

A) PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. A sigla segue corretamente a regra de utilizar apenas letras maiúsculas e sem pontos.

 

B) PIS – Programa de Integração Social. Seguindo o mesmo critério de PASEP, esta sigla também está corretamente escrita apenas com letras maiúsculas e sem pontos.

 

C) UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Esta sigla segue a regra de todas serem letras maiúsculas e sem pontos, representando corretamente cada palavra no nome da instituição.

 

D) IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física. Esta sigla poderia levantar dúvidas porque inclui tanto as letras iniciais de "Imposto de Renda" quanto a sigla "PF" para "Pessoa Física". No entanto, é uma prática comum na formação de siglas no setor público brasileiro incluir abreviaturas já consolidadas, como "PF" para "Pessoa Física", juntamente com outras iniciais.

 

Portanto, revisando cada alternativa, todas as siglas A, B, C e D estão corretas e seguindo as normas de formação de siglas, levantando dúvidas se a questão foi corretamente formulada ou interpretada. No entanto, se houver um equívoco no entendimento original e uma das siglas deveria ser considerada incorreta, seria necessário uma explicação adicional não fornecida pela questão para justificar tal escolha. Aparentemente, todas aderem às regras ortográficas para siglas.

Gabarito: Nenhuma das alternativas está incorreta segundo as regras de formação de siglas.

Apesar de o Brasil ser detentor de uma das mais generosas
 riquezas naturais do mundo, como o pré-sal, as rendas
 governamentais vinculadas à exploração dessas riquezas
 geram montantes relativamente pequenos aos cofres públicos
5 diante do tamanho da economia e da carga tributária total.
 No caso do petróleo, a parcela dos impostos incidentes na
 comercialização dos seus derivados, constituída
 principalmente do ICMS, é paga pelo consumidor. Mesmo essa
 carga não é das maiores no mundo: na média da OCDE
10 (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
 Econômico), a participação dos tributos sobre o preço final de
 comercialização é de 54% (dados da Opep de 2020). No Brasil,
 essa carga na gasolina é de 39%; no diesel, 20%; e no GNV (gás
 natural veicular), 23%.
15 E a carga de impostos que incidem na exploração do
 petróleo e gás no Brasil paga pelas empresas? Esses tributos
 são constituídos de impostos federais sobre lucros (CSLL e IRPJ)
 e as rendas de exploração, que são os royalties e as
 participações especiais recolhidas por estados, municípios e
20 União.
 Segundo a Receita Federal, a arrecadação dos impostos
 federais sobre lucros do setor petroleiro foi de irrisório 0,05%
 do PIB na média dos anos de 2011 a 2020, período em que
 ocorreu um aumento das deduções legais praticadas. Já o
25 pagamento de royalties e participações atingiram níveis
 recordes de R$ 74,4 bilhões em 2021, mas representam apenas
 0,86% do Produto Interno Bruto. Assim, se em 2021 a soma
 dos dois totalizar uma carga tributária perto de 1% ou 1,5% do
 PIB, a contribuição da produção de petróleo na receita
30 tributária brasileira fica entre 3% e 4,5% do total arrecadado.
 De fato, dados apresentados no livro "International
 Taxation and the Extractive Industries", por Philip Daniel e
 outros, ilustram que a arrecadação advinda da indústria
 extrativa (incluindo petróleo e minérios) tem peso
35 extremamente baixo na receita tributária total no Brasil
 (menos de 5%), em grande contraste com outros países. Essa
 participação chega a mais de 60% na Arábia Saudita e Emirados
 Árabes; no México fica próxima de 30%; na Noruega e na
 Rússia, 20%; e, no Chile, 15%.
40 Na comparação setorial, dados da Firjan (relativos a 2016),
 considerando impostos de todos os entes da Federação sobre
 produtos líquidos de subsídios, mostram que os setores
 intensivos na exploração de commodities (incluindo a
 agropecuária e a indústria extrativa) pagam, juntos, apenas 7%
45 do valor bruto da produção. Já a indústria da transformação
 paga uma carga tributária de 45%; os serviços de utilidade
 pública, 40%; o comércio, 36%; outros serviços privados, 23%;
 a construção, 14%.
 Essa subtributação da exploração do petróleo indica fazer
50 sentido a criação de um imposto sobre o direito de exportar o
 óleo cru, conforme já foi defendido por Sergio Gobetti e
 outros. O pulo do gato é que esse imposto tem uma lógica
 oposta aos demais porque não é repassado ao consumidor; 
 pelo contrário, é um incentivo a reduzir o preço interno. Como
55 os preços do petróleo são formados nos mercados
 internacionais, o imposto sobre a exportação resulta numa
 redução do lucro exigido pelo exportador para vender
 internamente.
 Embora o preço seja cotado nos mercados internacionais,
60 o custo de extração não é homogêneo e, no Brasil, com o
 pré-sal, situa-se entre os menores do mundo. Com esse
 imposto, a regra de preço da Petrobras pode manter a
 paridade internacional, descontando, porém, essa parcela de
 impostos. Essa alíquota deve ser flexível e escalonada de forma
65 que o desconto tributário seja tão maior quanto maior o preço.
 Assim, o imposto acaba tendo um papel regulador contra
 as oscilações dos preços. Essa alíquota deve ser zerada caso o
 preço internacional caia para um limiar, de forma a preservar o
 lucro normal da empresa, considerando seu (baixíssimo) custo
70 de extração e todos os outros, inclusive os custos de
 importações dos derivados. No médio prazo, esse imposto é
 também um incentivo fiscal ao aumento da capacidade de
 refino e de investimentos em escoamento do gás associado.

Para responder a questão, é preciso conhecer as formas corretas de cada uma das palavras apresentadas nas alternativas. Analisarei cada opção baseado nas regras ortográficas da língua portuguesa.

Análise das alternativas:

<ul>
<li>A) abóboda / abóbada.
 A forma correta é "abóbada". O termo "abóboda" não é aceito em português. Assim, essa alternativa está incorreta porque a segunda forma está correta e a primeira incorreta.</li>

<li>B) deslise / deslize.
 A forma correta é "deslize", derivada do verbo "deslizar". "Deslise" não é reconhecida em português. Portanto, essa alternativa também está incorreta, pois apenas a segunda forma está correta.</li>

<li>C) mantegueira / manteigueira.
 A forma correta é "manteigueira", que se refere a um recipiente para manteiga. A palavra "mantegueira" é uma forma errada. Assim, somente a segunda forma é correta, invalidando esta alternativa.</li>

<li>D) freada / freiada.
 "Freada" e "freiada" são aceitas em português, ambas significam a ação de frear. No entanto, "freada" é a forma mais comum e tem origem no verbo "frear". "Freiada" é uma forma variantemente menos usada. Neste contexto, as duas formas são consideradas corretas, embora "freada" seja preferencial.</li>

<li>E) bandeija / bandeja.
 A forma correta é "bandeja". "Bandeija" não é aceita no português. Portanto, esta alternativa é incorreta pois só a segunda forma é correta.</li>
</ul>

A partir dessa análise, verifica-se que a alternativa D não cumpre com o comando da questão, que é ter apenas a primeira forma correta e a segunda forma errada. A alternativa correta deveria ter como premissa apenas a primeira forma sendo correta e a segunda errada. Contudo, observa-se que a alternativa mais coerente com o enunciado é E) bandeija / bandeja, onde apenas "bandeja" está correta. 

Ao revisar esta questão, conclui-se que houve potencialmente um engano na marcação da alternativa correta. A partir da revisão feita, a alternativa correta é E.

Questões de Português - Ortografia oficial - Médio - Múltipla escolha - 2022