Acerca do trecho citado e da reflexão sobre a cidade como um direito, o gabarito da questão é a alternativa é (E) Todas as afirmativas estão corretas.I. O direito à cidade deve ultrapassar o direito ao acesso do que já está disponível, permitindo transformar a cidade em algo que esteja de acordo com os interesses de seus cidadãos.Tal defesa está atrelada a um acesso universal ao espaço público, criando diferentes possibilidades para os indivíduos.II. O direito à cidade se expressa em duas demandas recorrentes na metrópole paulistana: a ocupação democrática dos espaços urbanos e o fortalecimento da cultura de participação política.III. O direito à cidade opera como um conceito aglutinador, na medida em que alinha uma série de outras políticas de inclusão, participação e uso dos espaços públicos urbanos.Dessa forma, compreende-se a ocupação dos espaços urbanos como um exercício da cidadania.

Embora a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DH) tenha ocorrido há mais de meio século, uma educação que busque trazer os princípios dos DH para uma realidade concreta deve considerar tanto a promoção quanto a garantia desses direitos no espaço urbano da comunidade escolar. Segundo David Harvey, “A liberdade para nos fazermos e nos refazermos, assim como nossas cidades, é um dos mais preciosos, ainda que dos mais negligenciados, dos nossos direitos humanos. A questão sobre qual tipo de cidade queremos não pode estar divorciada da questão sobre qual tipo de pessoas desejamos ser, quais tipos de relações sociais buscamos, qual relação nutrimos com a natureza, qual modo de vida desejamos”.

A análise das afirmações relacionadas às teorias de Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim requer um entendimento detalhado sobre os conceitos por eles abordados, principalmente relacionados às dinâmicas sociais, econômicas e migratórias. Cada um desses sociólogos trouxe contribuições fundamentais para a compreensão da sociedade que propiciam a correta identificação das afirmações em questão. 

1. A primeira afirmação discute os processos migratórios sob a perspectiva da necessidade capitalista de formar exércitos de mão de obra reserva, impactando na depreciação dos salários para maximização dos lucros. Este conceito é claramente derivado do pensamento marxista que critica o sistema capitalista, especialmente em sua análise sobre a acumulação do capital e a exploração da classe trabalhadora. Karl Marx, em sua teoria do materialismo histórico, elabora sobre como o capitalismo se sustenta e se expande através da exploração do proletariado, o qual inclui os migrantes como parte deste 'exército industrial de reserva'. 

2. A segunda afirmação destaca a migração como um dos fatores de quebra das comunidades tradicionais, descrevendo a transição de uma solidariedade mecânica para uma solidariedade orgânica, acompanhada de anomia. Este é um conceito claramente durkheimiano. Émile Durkheim discutiu extensivamente os tipos de solidariedade social em sua obra "Da Divisão Social do Trabalho". Segundo Durkheim, a solidariedade mecânica caracteriza-se pela homogeneidade dos indivíduos que compartilham valores e tradições comuns, enquanto a solidariedade orgânica emerge em sociedades mais complexas e heterogêneas, onde a dependência mútua entre as pessoas surge das diferenciações nas funções que desempenham. A migração pode desestruturar o equilíbrio social ao inserir indivíduos em novos contextos sociais, levando à anomia. 

3. Por fim, a terceira afirmação trata sobre a migração como um fator que incide na criação de classes sociais e grupos de status étnico. Essa análise encontra paralelos com o pensamento de Max Weber, que diferenciava status social de classe social. Para Weber, o status é frequentemente associado ao prestígio de grupos particulares, que não dependem apenas da propriedade econômica, mas também de elementos culturais e sociais. A migração influencia as estruturas de classe e status, pois os migrantes podem constituir novos grupos sociais dentro de uma sociedade, enfrentando tanto a integração quanto o estigma. 

Com base nessas análises, a Sequência correta das afirmações em relação aos autores seria Karl Marx para a afirmação 1, Émile Durkheim para a afirmação 2, e Max Weber para a afirmação 3. Conforme discutido, essas afiliações são consistentes com os principais conceitos sociais defendidos por cada teórico, especialmente no que diz respeito às suas visões sobre sociedade, economia, e migração. 

Gabarito: Letra E

O gabarito da questão é a alternativa (E).A imagem e o texto exemplificam a noção de segregação residencial.&nbsp;“Tal como empregada nas ciências sociais, essa noção designa processos pelos quais determinados grupos sociais se separam uns dos outros, evitando o convívio e a interação, materializando espacialmente as relações desiguais entre os grupos implicados”.A alternativa (A) está incorreta, visto que o foco está na desigualdade espacial. Já a assimetria social refere-se a outras formas de desigualdade.A alternativa (B) está incorreta, visto conflito de classe é atrelado a disputa de diferentes classes sociais. A alternativa (C) está incorreta, visto que o regime de apartheid é um exemplo de segregação racial ocorrido na África do Sul. A alternativa (D) está incorreta, visto que o texto e a imagem vão além da discriminação racial. focando na desigualdade espacial dentro dos espaços urbanos.

I. Observe a imagem a seguir sobre os impactos da expansão urbana em São Luís do Maranhão, destacando as palafitas e favelas no primeiro plano em contraste com os prédios modernos ao fundo.

<center><img alt='Imagem questão' src="https://d1obul4n7gbyjy.cloudfront.net/659590a88333e125650d33d3fgv-2023-al-ma-tecnico-de-gestao-administrativa-ciencias-sociais-sociologo-prova2.PNG"></center>
Fonte: https://images.cnrs.fr/en/photo/20170004_0002

II. Leia a definição do processo exemplificado pela imagem: 

 “Tal como empregada nas ciências sociais, essa noção designa processos pelos quais determinados grupos sociais se separam uns dos outros, evitando o convívio e a interação, materializando espacialmente as relações desiguais entre os grupos implicados”.

 no contexto da Revolução Industrial, Max Weber e Émile Durkheim analisaram os efeitos gerados pela relação contraditória do trabalhador com o produto de seu trabalho.

 para Marx, a cidade industrial foi um tipo-ideal, uma forma associativa necessária para o desenvolvimento do mercado dotada de uma comunidade com alto grau de autonomia.

 no início do século XX, George Simmel estudou o impacto da industrialização urbana na vida social, identificando como sua força homogeneizadora anula as individualidades.

 nos anos 1920, Robert Park e a perspectiva ecológica da Escola de Chicago abordaram a cidade como um ambiente natural e um modelo biológico, caracterizado por mecanismos de competição, simbiose e dominância.

 a partir dos anos 1970, a sociologia estudou a gentrificação urbana, dinâmica pela qual imóveis e empreendimentos inicialmente destinados a pessoas de classes sociais mais altas passaram por desvalorização e abandono.

A questão aborda a sociologia urbana e as diferentes perspectivas e ênfases teóricas que alguns dos principais sociólogos adotaram ao analisar as cidades e os espaços urbanos ao longo do tempo. Para uma análise mais aprofundada, vamos examinar cada alternativa, relacionando-a com os conceitos e teorias relevantes de cada cientista social mencionado e a adequação destes aos enunciados propostos. 

Análise da Alternativa A: Este item sugere que Max Weber e Émile Durkheim focaram nos efeitos da relação contraditória do trabalhador com o produto de seu trabalho durante a Revolução Industrial. Embora ambos os sociólogos tenham estudado as sociedades industriais, a formulação dessa alternativa é incorreta. Max Weber estudou racionalização e burocracia, enquanto Durkheim focou em solidariedade social e anomia, mas não especificamente sobre a "relação contraditória do trabalhador com o produto de seu trabalho" – um tema que está mais diretamente associado a Karl Marx. 

Análise da Alternativa B: Esta afirmação atribui a Marx a concepção de que a cidade industrial foi um "tipo-ideal." No entanto, o conceito de "tipo-ideal" é uma ferramenta analítica desenvolvida por Max Weber, não por Marx. Marx via as cidades industriais mais como locais de exploração e luta de classes, e não como comunidades de alta autonomia, como sugere a alternativa. 

Análise da Alternativa C: George Simmel de fato estudou a vida urbana, mas ele é mais conhecido pela sua análise da metrópole e da mentalidade moderna, observando como a urbanização afeta as relações e a individualidade, através da intensificação dos estímulos sensoriais e o aumento do anonimato. Ele discutia mais sobre a dualidade de liberdade e alienação na cidade, do que sobre uma "força homogeneizadora que anula as individualidades." 

Análise da Alternativa D: A Escola de Chicago, particularmente Robert Park, é conhecida por suas teorias da ecologia urbana, que de fato interpretam a cidade utilizando uma analogia biológica, descrevendo as interações sociais em termos de competição, simbiose e invasão. Esta perspectiva viu a cidade como um organismo social em constante mudança e adaptação, o que está corretamente descrito na alternativa. 

Análise da Alternativa E: O termo "gentrificação" refere-se ao processo pelo qual áreas urbanas deterioradas são revitalizadas por investimentos e a chegada de residentes mais ricos, o que muitas vezes resulta na expulsão de residentes de menor renda. A descrição oferecida na alternativa E inverte a dinâmica usual da gentrificação, portanto, está incorreta. 

Com base nas análises acima, a alternativa correta é a D, que corretamente identifica o trabalho de Robert Park e a Escola de Chicago na perspectiva ecológica, aplicando conceitos biológicos para analisar a organização e dinâmicas das cidades.

Gabarito: Letra D

Questões de Ciências Sociais - Cidades e os espaços urbanos - 2023