Quando analisamos a frase "Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma", estamos lidando com a ideia expressa de maneira figurada, onde "a grama do vizinho" é comparada com a vida alheia, parecendo sempre melhor ou mais desejável do que realmente é. Esta expressão é um exemplo clássico de uma situação que implica uma comparação implícita entre sua vida e a vida dos outros, sugerindo que na realidade, as vidas são comparáveis e têm seus próprios desafios e vantagens. Esta comparação não é literal — isso é, ninguém está falando sobre a grama no sentido botânico — mas sim sobre a percepção de que a vida dos outros é sempre melhor.

 

Isso é exatamente o que define uma metáfora: uma figura de linguagem onde uma palavra ou expressão é aplicada a um objeto ou ação a qual não é literalmente aplicável. No caso da grama ser "verde", isso quer dizer, em termos metafóricos, que ela parece mais atraente, embora na realidade não seja necessariamente o caso. Neste contexto, a metáfora fornece uma forma de expressar as nuances da perceção e da satisfação humana sem descrever explicitamente cada aspecto emocional ou situacional.

 

Assim, a alternativa que corretamente identifica o uso da figura de linguagem no fragmento dado é B) Metáfora. Não se trata de metonímia, que substituiria um termo por outro com o qual tem uma relação de causa ou origem, nem de sinestesia, eufemismo ou paradoxo, que possuem outras definições específicas que não aplicam-se a este caso.

 

A alternativa correta é B.

                             (Martha Medeiros)  

    Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.

    Estamos todos no mesmo barco.

    Há no ar certo queixume sem razões muito claras.

    Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.

    De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antônio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero / acontecimentos / só que quando anoitece / é festa no outro apartamento”.

    Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

    As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.

    Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.

    Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.

    “Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.

    Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.

    As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

 “O pacote consiste em um corte agressivo de impostos e a imposição de um teto nas contas de luz, (...)” (2º parágrafo).

 “Os títulos de dívida pública, chamado de “gilts”, e a libra despencaram em resposta, forçando o Reino Unido a colocar a medida sob revisão.” (4º parágrafo).

 “A libra despencou às mínimas em duas semanas em resposta, e, embora esteja se recuperando na manhã desta quarta, ainda é um termômetro do desequilíbrio no Reino Unido.” (5º parágrafo).

 “A cereja do bolo foi a divulgação do PIB britânico do mês de agosto, que apresentou queda de 0,3%.” (6º parágrafo).

 “(...) o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento do PIB global para o ano que vem, de 2,9% a 2,7%, citando efeitos da guerra na Ucrânia, aumento das taxas de juros e até crise imobiliária na China.” (7º parágrafo).

Vamos quebrar a questão! O objetivo aqui é identificar qual das alternativas não apresenta linguagem figurada. Linguagem figurada ou figuras de linguagem são usos da língua que fogem do sentido literal das palavras para dar mais expressividade, um certo estilo à comunicação.

 

Na alternativa A, a expressão “um corte agressivo de impostos” usa a palavra “agressivo” para intensificar a redução dos impostos, o que é uma figura de linguagem (metáfora), associando uma ação violenta (agressiva) a um ato econômico.

 

Na alternativa B, “Os títulos de dívida pública (...) despencaram” e “forçando” são exemplos de metáforas. “Despencaram” sugere uma queda rápida e vertical, como algo que literalmente cai de grande altura, enquanto “forçando” personifica o país, atribuindo a ele uma ação típica de seres humanos.

 

Alternativa C apresenta “a libra (...) ainda é um termômetro do desequilíbrio”, que é uma metáfora. Aqui, a palavra “termômetro” é usada figurativamente para indicar que a moeda reflete a situação econômica, semelhante a como um termômetro indica temperatura.

 

Na alternativa D, “A cereja do bolo” é uma expressão idiomática que significa um evento ou dado que é visto como o toque final ou culminante de uma série de eventos, o que é uma clara figura de linguagem.

 

Finalmente, na alternativa E, “o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão do crescimento do PIB global” e todas as expressões contidas nesta alternativa são bastante literais e diretas. Não há uso figurativo de palavras; os termos são usados no seu sentido mais concreto e óbvio, tratando-se de uma discussão factual sobre previsões econômicas e seus influenciadores.

 

Alternativa correta é E.

As bolsas globais têm tentado operar no azul nos últimos dias, mas o cenário continua sendo de muita cautela.

O pessimismo parece ser alimentado por todos os lados, com o aumento das taxas de juros mundo afora, a escalada da guerra na Ucrânia e, principalmente, a crise no Reino Unido deflagrada por um pacote de medidas econômicas proposto por Liz Truss, a nova primeira-ministra britânica.

O pacote consiste em um corte agressivo de impostos e a imposição de um teto nas contas de luz, cujo tom expansionista de aumento de gastos públicos em meio a uma crise econômica sem precedentes na Europa desagradou — e muito — o mercado.

Os títulos de dívida pública, chamado de “gilts”, e a libra despencaram em resposta, forçando o Reino Unido a colocar a medida sob revisão.

Na última terça-feira (11), o presidente do Banco da Inglaterra (o banco central britânico), Andrew Bailey, porém, sinalizou que não iria mais estender a compra de títulos em curso, proposta para estancar as quedas. A libra despencou às mínimas em duas semanas em resposta, e, embora esteja se recuperando na manhã desta quarta, ainda é um termômetro do desequilíbrio no Reino Unido.

A cereja do bolo foi a divulgação do PIB britânico do mês de agosto, que apresentou queda de 0,3%.
A expectativa era de crescimento perto de zero.

O resfriamento da economia do Reino Unido não vem isolado: o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento do PIB global para o ano que vem, de 2,9% a 2,7%, citando efeitos da guerra na Ucrânia, aumento das taxas de juros e até crise imobiliária na China.

Os choques, na visão do órgão financeiro, podem levar o mundo a uma recessão e a uma forte instabilidade no mercado financeiro.



 Depois de correr por mais de três horas na maratona, o atleta estava morto de fome e cansaço.

 De tanto ele aguentar humilhações calado e baixar a cabeça, todos o acham um verdadeiro banana.

 Que firmeza aquele goleiro tem nas mãos! Ao defenderem os chutes, elas parecem feitas de alface...

 Os gritos silenciosos no olhar do menino não me saem da memória e me cortam o coração.

 Como Yoda falar agora começarei; não entenderem nada todos vocês possível é.

Vamos detonar essa questão de figura de linguagem! Falar sobre ironia é pensar naquele tom sarcástico ou aquele contraste entre o que é dito e o que é realmente, um tipo de zoeira textual, saca?

 

A alternativa C apresenta a figura de linguagem conhecida como ironia. Olha só: "Que firmeza aquele goleiro tem nas mãos! Ao defenderem os chutes, elas parecem feitas de alface...". Aqui, o lance é perceber esse contraste sarcástico entre "firmeza" e "mãos de alface". É como se dissessem que o goleiro tem mãos firmes, mas aí desmontam isso ao comparar suas mãos a alface, um vegetal nada firme. Essa comparação inesperada e contraditória é o que faz essa afirmativa ser irônica, tipo um elogio falso sabe?

 

Entendendo as outras alternativas, dá uma olhada: a alternativa A usa uma hipérbole (exagero) ao dizer que o atleta estava "morto" de fome e cansaço, mostrando exagero físico. A B usa metáfora, chamando alguém indiretamente de "banana" por sua atitude passiva. A D também metáforiza os "gritos silenciosos" como uma forma de transmitir emoção sem som. Já a E joga com a estrutura inversa e complicada de Yoda de "Star Wars", mas sem ironia clara.

 

Portanto, a alternativa correta é C.

 Metáfora é a oposição ou o sentido contrário de palavras ou ideias.

 Personificação é uma comparação oculta.

 Hipérbole ocorre quando se usa uma palavra ou expressão exagerada com a intenção de dar mais ênfase.

 Pleonasmo é a suavização da linguagem.

 Hipérbato é a substituição de uma palavra por outra com a qual ela tem semelhança de sentido.

Olá! Vamos descomplicar essa questão sobre figuras de linguagem, um tema que aparece bastante em provas, principalmente do Exército Brasileiro que adora testar os conhecimentos literários dos candidatos.

 

Começando pela alternativa A, ela define metáfora apresentando características de antítese, que é um tipo de figura de linguagem baseada na oposição de palavras ou ideias. Então, aqui já temos um errinho.

 

Em seguida, a alternativa B menciona que personificação é uma "comparação oculta”. Sabemos que personificação, ou prosopopeia, na verdade, atribui características humanas a objetos ou seres inanimados. Portanto, não é sobre comparação, mas sobre caracterização humanoide.

 

Na alternativa C, hipérbole é descrita como o uso de expressões exageradas para enfatizar uma ideia. Bingo! Essa é exatamente a definição de hipérbole: um exagero proposital para criar um efeito dramático ou humorístico.

 

Pulando para a alternativa D, temos o pleonasmo, que é descrito incorretamente como uma "suavização da linguagem". Na verdade, pleonasmo caracteriza-se pela repetição de uma ideia, de forma a reforçá-la, como em "subir para cima" ou "entrar para dentro".

 

Finalmente, a alternativa E diz que hipérbato é a substituição de uma palavra por outra similar. Na verdade, isso descreve uma metáfora ou metonímia. Hipérbato trata-se da inversão da ordem direta das palavras na frase, uma questão de sintaxe, e não de escolha vocabular.

 

A alternativa correta é C

Questões de Português - Figuras de linguagem - 2023