Parece que você está lidando com uma questão sobre figuras de linguagem, mais especificamente sinestesia. Sinestesia, no contexto literário, é uma figura de linguagem que mistura sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos em uma única descrição ou expressão, como "cheiro colorido" ou "som visível". 
 
No trecho selecionado do texto "ouço mãos que se conversam", temos claramente um uso de sinestesia. Isso porque misturam-se duas sensações perceptivas distintas: audição ("ouço") e tato ("mãos"). É uma forma expressiva de dizer que as mãos se comunicam de maneira tão intensa e significativa que quase se pode "ouvir" a conversa entre elas, mesmo que mãos, fisicamente, não produzam sons ao se tocarem – o som é uma percepção comumente associada à audição. 
 
Esse tipo de expressão é bem comum em obras poéticas, porque traz uma carga emocional aumentada para a cena que está sendo descrita ou o sentimento que está sendo transmitido, reforçando a interconexão entre diferentes tipos de experiências sensoriais em um único momento. Assim, ao ler essa expressão, o leitor é capaz de sentir a profundidade e a intensidade da interação sem precisar de uma descrição literal, que seria muito menos poderosa e envolvente. 
 
Logo, o item está correto ao afirmar que há sinestesia nesse trecho, porque combina a audição com o contato físico de uma maneira poetica e abstracta. 
 
A alternativa correta é C.

Em “ouço mãos que se conversam”, na última estrofe, há sinestesia, figura de linguagem em que sensações diferentes se combinam em uma única expressão.


    Cantiga do amor sem eira
    nem beira,
    vira o mundo de cabeça
    para baixo,
    suspende a saia das mulheres,
    tira os óculos dos homens,
    o amor, seja como for,
    é o amor.

    Meu bem, não chores,
    hoje tem filme de Carlito!

    O amor bate na porta,
    o amor bate na aorta,
    fui abrir e me constipei.
    Cardíaco e melancólico,
    o amor ronca na horta
    entre pés de laranjeira
    entre uvas meio verdes
    e desejos já maduros.

    Entre uvas meio verdes,
    meu amor, não te atormentes.
    Certos ácidos adoçam
    a boca murcha dos velhos
    e quando os dentes não mordem
    e quando os braços não prendem
    o amor faz uma cócega
    o amor desenha uma curva
    propõe uma geometria.

    Amor é bicho instruído.

    Olha: o amor pulou o muro
    o amor subiu na árvore
    em tempo de se estrepar.
    Pronto, o amor se estrepou.
    Daqui estou vendo o sangue
    que escorre do corpo andrógino.
    Essa ferida, meu bem,
    às vezes não sara nunca
    às vezes sara amanhã.

    Daqui estou vendo o amor
    irritado, desapontado,
    mas também vejo outras coisas:
    vejo corpos, vejo almas
    vejo beijos que se beijam
    ouço mãos que se conversam
    e que viajam sem mapa.
    Vejo muitas outras coisas
    que não ouso compreender…


Julgue o seguinte item, relativos a figuras de linguagem no texto 8A3.


Tá na hora de desbravar a questão de figuras de linguagem desse poema meio louco e super envolvente! Vamos entender melhor o que rola na terceira estrofe, onde o texto traz: “o amor bate na porta, o amor bate na aorta”. Aqui já dá para pegar a vibe da paronomásia. 
 
 
 
A paronomásia, show de bola para criar um jogo sonoro, ocorre quando palavras que têm sons parecidos aparecem juntinhas no texto, tipo irmãos gêmeos que só se diferem numa letrinha ou outra. Neste caso, o “bate na porta” e “bate na aorta” mandam bem nesse lance, com a rima interna de "porta" e "aorta" fazendo um som bacana e significativos. A ideia reflete bem essa vibe de amor que pode ser acolhedor e invasivo ao mesmo tempo. 
 
 
 
Esse jogo de palavras não só tem um efeito sonoro que gruda no ouvido, mas também amplifica o sentido, reforçando o impacto do amor nos personagens do poema. A porta sendo algo que se pode abrir ou fechar para o amor e a aorta, ah, essa é o coração, o centro das emoções ... então a relação sonora entre as duas potencializa o significado de que o amor é tanto uma escolha quanto uma necessidade vital. 
 
 
 
Porta e aorta, além de rimarem, têm esse papel de reforçar como o amor é encarado no poema. É aquela figura de linguagem que além de dar um toque especial na sonoridade, aumenta a riqueza de interpretações. Super características em textos poéticos, onde cada palavra é escolhida a dedo para transmitir múltiplas camadas de entendimento. 
 
 
A alternativa correta é C.

Na terceira estrofe, é possível identificar a ocorrência de paronomásia, figura de linguagem que extrai expressividade de vocábulos que apresentam semelhança fônica.


Partiu analisar a questão sobre figuras de linguagem no texto 8A3! Olhando bem, a penúltima estrofe do texto diz: 
 
<ul> 
<li style="text-align: left; margin-bottom: 10px;">"Daqui estou vendo o amor irritado, desapontado, mas também vejo outras coisas: vejo corpos, vejo almas vejo beijos que se beijam ouço mãos que se conversam e que viajam sem mapa."</li> 
</ul> 
 
Neste trecho, podemos perceber a personificação muito evidente. O amor é descrito com sentimentos humanos, estando 'irritado' e 'desapontado'. Esses termos são tipicamente aplicados a pessoas, não a conceitos abstratos como o amor. Além disso, as "mãos que se conversam" é outro exemplo clássico de personificação, atribuindo a ação de conversar, normalmente reservada para seres humanos, a uma parte do corpo que por si só não possui essa capacidade. 
 
Essa é uma abordagem bastante comum em poesia, onde elementos abstratos ganham vida através de características humanas, para criar uma imagem mais rica e emotiva. É uma forma de trazer o leitor para mais perto da experiência descrita, mesmo quando ela é surreal ou abstrata. 
 
A alternativa correta é C.

A personificação, figura de linguagem em que características humanas são atribuídas a algo inanimado ou abstrato, evidencia-se nas passagens da penúltima estrofe.


A questão compreende assuntos que dizem respeito à correta identificação da figura de linguagem presente nessas passagens. Com base nisso, passemos às alternativas: Em "a": Errado &nbsp;– Na personificação, atribuem-se características humanas a serem inanimados. Evidentemente, não é o caso das passagens em questão. Em "b": Certo &nbsp;– Na metáfora, estabelece-se uma comparação não explícita. É o que ocorre nesse caso: "ela se calou como se estivesse com um nó na garganta" e "ambos estão com o peito sangrando" também estabelece uma comparação não explícita entre o peito e o sangue. Em "c": Errado &nbsp;– Por meio da ironia, tem-se a intenção de dizer o contrário daquilo que se disse; os vocábulos não dizem o contrário daquilo que essencialmente significam. Em "d": Errado &nbsp;– Aqui não se emprega uma metonímia, pois não há o uso de um termo fora de seu contexto normal para designar uma outra coisa. Exemplo: "O projeto necessitava de muitas cabeças para a sua execução". Resposta: Letra B.

Maria-Nova ouvia a história que Bondade contava e, por mais que quisesse conter a emoção, não conseguia. Hora houve em que ele percebeu e se calou um pouco. Calou-se também com um nó na garganta, pois sabido é que Bondade vivia intensamente cada história que narrava, e Maria-Nova, cada história que escutava. Ambos estão com o peito sangrando. Ele sente remorsos de já ter contato tantas tristezas para Maria-Nova. Mas a menina é do tipo que gosta de pôr o dedo na ferida, não na ferida alheia, mas naquela que ela traz no peito. Na ferida que ela herdou de Mãe Joana, de Maria-Velha, de Tio Totó, do Louco Luisão da Serra, da avó mansa, que tinha todo o lado direito do corpo esquecido, do bisavô que tinha visto os sinhôs venderem Ayaba, a rainha. Maria-Nova, talvez, tivesse o banzo1 no peito. Saudades de um tempo, de um lugar, de uma vida que ela nunca vivera. Entretanto o que doía mesmo em Maria-Nova era ver que tudo se repetia, um pouco diferente, mas, no fundo, a miséria era a mesma. O seu povo, os oprimidos, os miseráveis; em todas as histórias, quase nunca eram os vencedores, e sim, quase sempre, os vencidos. A ferida dos do lado de cá sempre ardia, doía e sangrava muito.

1 para os escravizados, era como se chamava o sentimento de melancolia em relação à terra natal e de aversão à privação da liberdade

 suavizar o impacto de um problema físico.

 potencializar as causas da doença descrita.

 reforçar a localização das dores sentidas.

 aproximar as dores físicas das psicológicas.

A questão compreende assuntos que dizem respeito ao modo pelo qual a linguagem figurada foi empregada no texto. Com base nisso, passemos às alternativas: Em "a": Certo &nbsp;– Evidentemente, esse lado do corpo não foi apenas esquecido; o fato de falar que ele foi esquecido tem por objetivo amenizar a gravidade do problema. Em "b": Errado &nbsp;– Pelo contrário: não potencializa, mas sim ameniza. Em "c": Errado &nbsp;– Não há o objetivo de especificar o lugar em que a dor é sentida. Em "d": Errado &nbsp;– Também não há uma tentativa de aproximação entre ambas as dores. Resposta: Letra A.

Questões de Português - Figuras de linguagem - 2023