A questão traz um ponto interessantíssimo sobre flexão nominal, analisando especificamente a flexão do adjetivo composto "histórico-cultural". Bora entender o rolê dessa flexão aí!
 
Em português, os adjetivos compostos têm uma regrinha básica de flexão. Normalmente, apenas o último elemento do adjetivo composto é flexionado no plural. Vai vendo: se a gente pegar "azul-escuro", por exemplo, o plural seria "azuis-escuros". Contudo, se tivermos um adjetivo ligado por hífen com um substantivo, só flexionamos o adjetivo, como em "surdo-mudo", que vai para "surdos-mudos".
 
No caso da expressão "histórico-cultural", estamos lidando com dois adjetivos. Pela regra geral, deveríamos flexionar só o último elemento. Portanto, o plural correto é "histórico-culturais" e não "históricos-culturais", como a alternativa sugeria. Flexionar o primeiro elemento junto com o segundo causaria um erro de concordância nominal.
 
A alternativa correta é E.

A forma adjetiva “histórico-culturais” (L.25) poderia estar
flexionada corretamente também como históricos-culturais.

Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto acima,
julgue os itens a seguir.

Nenhum problema da ética ou da filosofia do direito
é tão difícil e complexo como o da justiça, e múltiplas são as
razões para isso. Em primeiro lugar, a justiça é, ao mesmo
tempo, uma ideia e um ideal, pois, se ela jamais se realizasse,
ao contrário de se manifestar concretamente como um dos
momentos necessários e mais altos da vida humana, seria mera
suposição, uma quimera não merecedora de nossa constante
atenção.
Todavia, por maiores que sejam os obstáculos
opostos ao nosso propósito de desvendá-la, e mesmo quando
proclamamos desconsoladamente a impossibilidade de chegar
até ela pelas vias da razão, não desaparece nossa aspiração de
que haja atos justos que dignifiquem a espécie humana. É que,
ainda que não consigamos defini-la, não podemos viver sem
ela.
Por outro lado, a justiça nunca se põe como um
problema isolado, porque sempre se acha em essencial
correlação com outros da mais diversa natureza, dos filosóficos
aos religiosos, dos sociais aos políticos, dos morais aos
jurídicos.
Nem podia ser de outra forma, em se tratando de uma
das questões basilares da história, a qual não pode ser vista
segundo uma continuidade linear, devendo ser vista como o
desenrolar de ciclos culturais diferentes, com diversificadas
conjunturas histórico-culturais.
Ora, cada ciclo ou conjuntura histórico-cultural tem
sua experiência da justiça, a sua maneira própria de realizá-la
in concreto, o que leva à conclusão de que, em vez de indagar
acerca de uma ideia universal de justiça, melhor será tentar
configurar, no plano concreto da ação, o que sejam atos justos.

Questões de Português - Flexão verbal e nominal - Analista do MPU - Direito