A análise tipológica, no campo da Arquivologia, refere-se ao estudo dos documentos de arquivo que possibilita identificar as características comuns dentro de uma determinada categoria. Essa análise é extremamente útil para o processo de descrição arquivística, especialmente no que diz respeito à identificação de metadados fixos associados a certos tipos de documentos, como os documentos jurídicos.

Metadados, neste contexto, são dados sobre dados, ou seja, informações que descrevem e permitem a recuperação eficiente de documentos arquivados. Por exemplo, em documentos jurídicos, os metadados fixos podem incluir informações como o tipo de documento (por exemplo, decisão judicial, contrato, etc.), a data, o autor (pessoa ou instituição), entre outros elementos que são recorrentes neste tipo de documento.

Esses metadados fixos são fundamentais para a organização, descrição e recuperação dos documentos dentro de um sistema arquivístico, tornando-se um instrumento valioso para os gestores de documentos e usuários dos arquivos. Ao identificar os metadados fixos, a análise tipológica ajuda a uniformizar a descrição dos documentos facilitando a interoperabilidade entre sistemas de informação e a recuperação eficaz dos documentos.

Legalmente, a análise tipológica e a importância dos metadados constam em diversas normas e diretrizes arquivísticas. Por exemplo, a Lei de Arquivos (Lei nº 8.159/1991) enfatiza a gestão documental e a importância da organização dos arquivos, a qual é fortemente suportada pela análise tipológica e pela correta utilização de metadados.

<blockquote>
 Art. 2º Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.
</blockquote>

Além disso, os metadados e a análise tipológica desempenham um papel crucial na preservação digital a longo prazo. Os formatos e estruturas dos metadados necessários para uma preservação eficaz são frequentemente definidos em normas internacionais de arquivamento digital e gestão de documentos eletrônicos, como a ISO 14721:2012 (Open Archival Information System - OAIS), que recomenda procedimentos e metodologias para a manutenção de arquivos digitais de longa duração. Estas normas reforçam a importância dos metadados fixos e variáveis no contexto dos documentos digitais.

No contexto organizacional, tanto em públicas quanto privadas, a eficiência na gestão de documentos jurídicos, por exemplo, pode ser significativamente melhorada através da análise tipológica. Isso permite que as organizações implementem sistemas de gestão documental mais robustos e eficientes, minimizando riscos legais e maximizando a acessibilidade e recuperação da informação.

Logo, conforme exposto, a análise tipológica é de fato crucial na descrição arquivística pela identificação de metadados fixos para formatos jurídicos, oferecendo um conjunto de vantagens na gestão e preservação dos documentos arquivísticos.

Gabarito: Letra C

A análise tipológica é útil à descrição arquivística pela
identificação de metadados fixos para determinados formatos
jurídicos.

No que concerne à análise tipológica de documentos de arquivo e
suas aplicações no tratamento de documentos arquivísticos, julgue
os próximos itens.


gênero documental e espécie documental.

Analisando a questão do Instituto Americano de Desenvolvimento sobre a formação do tipo documental, observamos que a alternativa correta é a letra D, que associa "espécie documental e da função".
 
Para entender por que as outras alternativas são incorretas e confirmar a correta, é necessário entender o contexto de alguns termos fundamentais:
 
<ul>
<li>Espécie documental refere-se à configuração que um documento assume de acordo com a disposição e a natureza das informações que contém, como carta, relatório, ata, etc.</li>
<li>Função se relaciona com o motivo ou objetivo pelo qual o documento foi criado, que influencia diretamente sua configuração e conteúdo.</li>
</ul>
 
Com base nesses conceitos, o tipo documental é formado quando a específica espécie documental é associada à sua função ou finalidade dentro de uma atividade particular. Por exemplo, um "relatório financeiro" é um tipo documental onde "relatório" é a espécie e "financeiro" indica a função específica daquele relatório.
 
Analisemos as alternativas:
 
<ul>
<li>A) gênero documental e do suporte. (ERRADA): O gênero documental se refere ao formato ou conjunto de características físicas ou digitais do documento, enquanto o suporte é o material físico ou digital no qual as informações são registradas. A junção desses dois elementos não resulta em um tipo documental.</li>
<li>B) gênero documental e espécie documental. (ERRADA): Gênero e espécie são conceitos distintos que classificam o documento de maneiras diferentes (formato versus configuração formal), e sua combinação não define tipos documentais.</li>
<li>C) suporte e do conteúdo informacional. (ERRADA): O suporte apenas indica a mídia física ou digital, e o conteúdo informacional é o que está efetivamente contido no documento, mas essa combinação não estabelece um tipo documental.</li>
<li>D) espécie documental e da função. (CORRETA): Como discutido, essa combinação efetivamente define o tipo documental, relacionando a forma do documento e a finalidade da sua criação.</li>
<li>E) diplomática e do suporte. (ERRADA): Diplomática é uma disciplina que estuda a autenticidade, a forma e o contexto histórico dos documentos, e não forma uma categoria em conjunto com suporte para definir tipos documentais.</li>
</ul>
 
A correta fundamentação dessa questão apoia-se em conceitos básicos de arquivística, onde a clara distinção entre os termos "espécie", "função" e "tipo documental" é essencial. O entendimento de como essas terminologias se interrelacionam é crucial para a adequada gestão de documentos e informação.
 
Gabarito: Letra D

Análise tipológica de documentos é uma questão central em Arquivologia, pois ajuda a determinar não apenas a natureza do documento, mas também a aplicação de políticas de gestão especificamente adaptadas à sua característica. O exame de cada alternativa oferecida na questão do Instituto Americano de Desenvolvimento sobre o exemplo de tipo documental é uma excelente oportunidade para entender a distinção entre gênero, forma e tipo documental. 
 
a) Audiovisual (ERRADA)
Audiovisuais são classificados como gêneros documentais, ou seja, categorias mais amplas que determinam o suporte ou a forma pela qual a informação é registrada e apresentada. Audiovisuais incluem, por exemplo, vídeos e gravações sonoras, e não se referem especificamente ao conteúdo ou à função que eles representam, que é o que caracteriza um tipo documental.
 
b) Minuta (ERRADA)
A minuta é um tipo de rascunho ou esboço preliminar de um documento antes de sua versão final e oficial ser produzida. Neste caso, estamos falando de uma forma específica de documento em processo de elaboração, o que não caracteriza um tipo documental per se. Tipos documentais são determinados pela natureza do conteúdo em relação à função que ele serve dentro de uma organização.
 
c) Relatório de atividades (CORRETA)
Relatório de atividades é um excelente exemplo de tipo documental, pois combina a espécie documental (relatório) com uma função específica (descrever atividades), revelando tanto o formato como o contexto funcional do documento. Este evento ajuda nos processos decisórios e na avaliação dentro das organizações, refletindo também sobre como o documento é gerido, preservado ou descartado.
 
d) Duplicata (ERRADA)
A duplicata é uma espécie documental que pertence ao âmbito jurídico-comercial, caracterizada principalmente por seu aspecto formal como título de crédito. Ela representa uma espécie documental específica mas não aborda diretamente a função adicional que caracterizaria um tipo documental.
 
e) Ata (ERRADA)
Ata, semelhante à duplicata, é uma espécie documental. Ela registra de forma fiel as deliberações, decisões e tudo mais que ocorreu durante uma reunião ou assembleia. No entanto, a descrição de "Ata" não conta com os detalhes funcionais necessários para ser considerada um tipo documental.
 
Em resumo, o entendimento correto de gênero, forma e tipo documental é crucial para a aplicação adequada de políticas de gestão documental e arquivística, sendo fundamentais para garantir a preservação apropriada e o acesso contínuo a informações críticas em qualquer organização. Esse conhecimento também é essencial para a preparação de candidatos a concursos públicos na área de Arquivologia.
 

Gabarito: Letra C

Dentro da análise diplomática, o dispositivo é o texto propriamente dito, justamente o que é retratado nesse texto. Dispositivo (dispositio), que é a substância do ato, seu “assunto” propriamente dito, em que se determina o que se quer (iniciado por um verbo na primeira pessoa, como “ordeno”, “mando”, “estabeleço”, “sou servido ...” etc; (BELLOTTO, 2002) Resposta: E.

O enunciado aborda o impacto da invenção de Gutemberg na reprodução de textos e na estrutura e forma dos suportes de comunicação, essencialmente deslocando do manuscrito para o livro impresso. Consequentemente, isso afetou profundamente a disseminação do conhecimento, as estruturas sociais e econômicas e os métodos de acesso à informação ao longo da história.

A alternativa B, "paleografia", é apontada como correta porque a paleografia justamente estudar as escrituras antigas e os processos históricos de desenvolvimento dos meios de escrita. A paleografia não se limita ao estudo estético ou formal das letras, mas também investiga os contextos históricos, sociais e culturais que influenciam a evolução da escrita.

Vamos analisar cada opção e por que elas são menos adequadas em comparação com a paleografia:

<ul>
 <li>A) Arquivologia: Esta ciência se concentra na organização, preservação, e gerenciamento de documentos de arquivo, tanto históricos quanto contemporâneos. Embora a arquivologia lide com documentos, o foco principal da arquivologia não é o estudo das formas de escrita ou suas variações ao longo do tempo, mas a gestão documental e a preservação de registros.</li> 
 
 <li>C) Biblioteconomia: Esta disciplina é orientada para a organização, manutenção, e gerenciamento de bibliotecas e suas coleções de livros e outros materiais. A biblioteconomia também se preocupa com a categorização, o catálogo e a circulação de materiais, mas, como na arquivologia, não foca no estudo direto da evolução da escrita.</li> 
 
 <li>D) Linguística: Embora esta campo do conhecimento estude a linguagem, seu foco é mais amplo e inclui a estrutura, o uso, e a evolução da língua falada e escrita em um sentido linguístico, e não o desenvolvimento físico dos textos e sistemas de escrita como a paleografia faz.</li>
</ul>

Assim, a paleografia, sendo direcionada ao estudo histórico e evolutivo das escritas e seus meios, é claramente o campo mais relevante para a discussão trazida pela questão, que é sobre "as variações na evolução da imprensa" e a transformação do manuscrito para o códice impresso. Este processo tem roots diretos no estudo paleográfico.

Portanto, a resposta correta é, de fato, a opção B) paleografia, pois ela fornece o arcabouço teórico e metodológico adequado para compreender as mudanças históricas na escrita, impulsionadas pela invenção de Gutemberg e suas implicações no acesso ao conhecimento e na disseminação das informações.

Gabarito: Letra B

Questões de Arquivologia - Diplomática - Análise tipológica de documentos