Para abordar devidamente a questão proposta sobre análise tipológica de documentos em Arquivologia, é fundamental compreender primeiro o que esta análise representa. A análise tipológica refere-se ao estudo de documentos de arquivo, principalmente focado na identificação de tipos documentais dentro de um fundo arquivístico. Este estudo está intrinsecamente ligado à forma e função que os documentos adquirem dentro do contexto em que foram produzidos e acumulados. 

A análise tipológica é essencialmente diferenciada da análise diplomática. Esta última é uma disciplina da arquivística que estuda a estrutura formal e substância dos documentos de arquivo, com foco em sua autenticidade e seus detalhes formais. A abordagem diplomática investiga elementos como o formato, selos, assinaturas que ajudam a determinar a autenticidade de um documento. 

Por outro lado, a tramitação de um documento, mencionada na questão, diz respeito ao seu percurso dentro de uma organização, ou seja, como ele é recebido, encaminhado, processado e finalizado dentro de um ciclo de gestão documental. A tramitação está mais preocupada com questões de gestão de documentos do que com aspectos formais isolados do documento. 

Logo, embora a análise tipológica envolva entender a função e contexto de criação dos documentos, ela não necessariamente aborda se a tramitação corresponde à expressão diplomática dos documentos, como sugere o enunciado da questão. A expressão diplomática, como mencionado, é uma preocupação da análise diplomática e não da tipológica. Na análise tipológica, o foco é identificar características funcionais associadas ao tipo de documento, como memorandos, cartas, atas, entre outros, sem se aprofundar detalhadamente nos atributos diplomáticos específicos de autenticidade formal desses documentos, a menos que estes características influenciem diretamente no entendimento da função documental. 

Com base nesses conceitos, a assertiva "Identificar se a tramitação, que é um processo de gestão, correspondeu à expressão diplomática é uma das tarefas da análise tipológica na arquivística" é incorreta. A afirmação inapropriadamente mescla princípios de gestão documental, tramitação e análise diplomática sob o escopo de análise tipológica, o que pode levar à confusão conceitual em relação às disciplinas arquivísticas distintas e suas aplicabilidades. 

A questão, ao apresentar essa afirmação, provoca uma compreensão distorcida das funções da análise tipológica, sugerindo uma verificação diplomática que não faz parte de seu foco principal, conforme discutido acima. Portanto, ao se preparar para concursos na área de Arquivologia, é crucial distinguir claro entre esses conceitos e aplicações, dando atenção especial à definição e abrangência de cada prática dentro do campo do gerenciamento de informações e documentações. 

Gabarito: Letra E

Identificar se a tramitação, que é um processo de gestão,
correspondeu à expressão diplomática é uma das tarefas da
análise tipológica na arquivística.

No que diz respeito à análise tipológica no trabalho arquivístico,
julgue os itens que se seguem.

Ofício e Memorando são exemplos de espécies documentais. Entende-se por espécie a “configuração que assume um documento de acordo com a disposição e a natureza das informações nele contidas”.&nbsp;A tipologia é quando a espécie se junta a função do documento, por exemplo: Memorando de férias, Ofício de Requisição de servidor.

O ofício e o memorando são exemplos de tipos documentais.

Julgue os próximos itens, referentes ao gerenciamento da
informação e à gestão de documentos.

Diplomática é a disciplina que estuda&nbsp;as estruturas formais de documentos solenes, isto é, oriundos de atividade governamental ou notarial.&nbsp;

A questão em pauta versou sobre a classificação de documentos em categorias, focando especificamente se a categoria textual é um dos principais tipos documentais presentes nos órgãos públicos brasileiros. A resposta correta era "ERRADO" porque há uma imprecisão conceitual. Vamos esmiuçar essa questão.
 

O termo "textual" referido no enunciado não deveria ser considerado um tipo documental por si só. Na Arquivologia, essa definição se enquadraria mais adequadamente como um gênero documental. Gêneros documentais podem ser entendidos como as formas que um documento assume de acordo com o sistema de signos utilizado em sua comunicação.
 

De acordo com o Vocabulário Arquivístico Comum (VAC), gênero documental reflete o formato que o documento apresenta, que pode ser textual, cartográfico, audiovisual, entre outros. No contexto dos órgãos públicos brasileiros, documentos textuais - que incluem ofícios, memorandos, relatórios, entre outros – são, indubitavelmente, muito comuns. No entanto, o termo "tipologia documental" se relaciona mais precisamente com as funções e atividades que geraram aqueles documentos no âmbito de uma instituição, o que é parte essencial da gestão documental e da teoria das três idades que categoriza os documentos em corrente, intermediário e permanente.
 

A Análise Tipológica envolve o exame das características dos documentos que refletem as razões de sua criação. Esta análise contribui para o desenvolvimento de planos de classificação eficientes, que são essenciais para a gestão arquivística eficaz, conforme está estabelecido na Lei de Arquivos (Lei n.º 8.159/1991), que ordena a gestão documental e a proteção especial aos documentos de arquivo.
 

<blockquote style="font-family:tahoma, geneva, sans-serif; font-size:14px;"> LEI N.º 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991. Art. 3º Consideram-se arquivos, para os fins desta Lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.
</blockquote>
 

Assim, a complexidade dos documentos de uma organização não se limita ao seu aspecto formal (gênero documental), mas também à sua origem, função e significância (tipologia documental). Discernir isso é fundamental para aplicar corretamente as técnicas de gerenciamento arquivístico e garantir tanto a preservação quanto o acesso aos documentos ao longo do tempo.
 

Em conclusão, julgar a categoria textual como um dos principais tipos documentais nos órgãos públicos é um erro conceitual. É essencial distinguir entre gênero e tipologia documental para uma correta compreensão da Arquivologia.
 
Gabarito: Letra E

A categoria textual é um dos principais tipos documentais
presentes nos órgãos públicos brasileiros.

Julgue os próximos itens, relativos às tipologias documentais e aos
arquivos permanentes.

O item está correto. De acordo com as definições arquivísticas, o relatório de atividades anuais é considerado um tipo documental. 
 
O conceito de um tipo documental nas práticas de arquivologia refere-se à junção da espécie documental com a função que esse documento desempenha dentro de uma organização ou entidade. A espécie documental é determinada pela configuração que o documento assume (por exemplo, ata, relatório, memorando), enquanto a função é o papel que o documento desempenha no contexto de uma atividade específica. 
 
Citando Louise Gagnon-Arguin (1996), que é referência no estudo da tipologia documental: os documentos de direção, entre os quais se classificam os planos estratégicos e relativos, incluem-se "relatórios anuais". Estes são utilizados para representar e consolidar as atividades de uma instituição ao longo de um ano, desempenhando uma função vital na comunicação com stakeholders e na avaliação interna de desempenho. 
 
Na prática arquivística, o relatório de atividades anuais permite um registro sistemático das operações realizadas pela entidade, que pode servir para múltiplos propósitos administrativos e legais, incluindo revisão de desempenho, planejamento estratégico e transparência organizacional. Este tipo de documento, portanto, não só serve como um registro factual das atividades mas também auxilia na funcionalidade administrativa da instituição. 
 
É importante destacar também que, conforme a Lei nº 8.159/1991, a gestão documental deve considerar todos os documentos como parte do patrimônio cultural e informativo da entidade, contribuindo para a eficácia e a eficiência administrativa. Os relatórios anuais, ao serem formalmente reconhecidos como tipos documentais, devem ser geridos e preservados adequadamente para garantir sua integridade e acessibilidade. 
 
Por estas razões, a alternativa em que se afirma que o relatório de atividades anuais é um tipo documental está correta, refletindo a aplicação de conhecimentos arquivísticos fundamentais na classificação e gestão de documentos.

Gabarito: Letra C

Relatório de atividades anuais é um tipo documental.

Julgue os próximos itens, referentes a arquivologia.

Questões de Arquivologia - Diplomática - Análise tipológica de documentos