Vamos analisar a forma verbal utilizada na passagem “Se esse jogo existisse”, apresentada no contexto do texto. A oração emprega o verbo “existir” no pretérito imperfeito do subjuntivo (“existisse”), introduzindo uma condição hipotética referente a um tempo passado. Essa construção é típica quando se deseja expressar possibilidade ou hipótese em relação a algo que poderia ter acontecido no passado, mas cujo acontecimento não foi constatado.

Dentre as alternativas, a letra A — “possibilidade em relação ao passado” — corresponde precisamente ao valor semântico dessa oração. O falante não afirma a existência do jogo no presente ou no passado, mas levanta a possibilidade de sua existência em algum momento anterior, reforçada pela estrutura condicional (“Se... existisse...”).

Vamos analisar as demais alternativas:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>B) incerteza sobre um fato do presente. — Incorreta. O verbo não expressa incerteza sobre o presente, mas traz a ideia de algo que não foi comprovado no passado.</li>
 <li>C) uma ação pontual ocorrida no passado. — Incorreta. O pretérito imperfeito do subjuntivo não indica uma ação efetivamente realizada no passado, e sim uma possibilidade ligada a um contexto condicional.</li>
 <li>D) uma ação futura oriunda do passado. — Incorreta. Não há qualquer sentido de projeção para o futuro na forma verbal utilizada.</li>
 <li>E) dúvida acerca de uma ação futura. — Incorreta. Novamente, o tempo e o modo verbais não apontam para o futuro, mas para uma hipótese retroativa.</li>
</ul>

Cabe reforçar que o período condicional introduzido pela conjunção “se”, associado ao imperfeito do subjuntivo, é utilizado em Português para situações hipotéticas, frequentemente remetidas ao passado. Um exemplo semelhante seria: “Se ele estudasse, seria aprovado”, expressando algo que poderia ter ocorrido, mas que não ocorreu.

Portanto, a alternativa correta é a que identifica a expressão da possibilidade em relação ao passado, proporcionada pelo uso do imperfeito do subjuntivo nesse contexto.

Gabarito: Letra A

<center>O que é o “caxangá”, que os escravos de Jó jogavam?</center>(Artur Louback) 

 Caxangá tem vários significados, mas nada de jogo. Pode ser um crustáceo (parecido com um siri), um chapéu usado por marinheiros, e há até uma definição indígena: segundo o Dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de caáçangá, que significa “mata extensa”. Mas nada disso tem a ver com o jogo e menos ainda com Jó, o personagem bíblico que perdeu tudo o que tinha (inclusive os escravos), menos a fé. Isso deixa os especialistas intrigados. “Já procurei caxangá, caxengá e caxingá, com “x” e “ch”, e não encontrei nada que fizesse sentido como um jogo”, diz o etimologista Claudio Moreno. “Se esse jogo existisse, seria quase impossível explicar como ele passou despercebido por todos os antropólogos e etnólogos que estudam nossas tradições populares”. O que pode ter ocorrido é uma espécie de “telefone sem fio”: se originalmente o verso fosse “juntavam caxangá” ao invés de “jogavam”, poderiam pensar em escravos pegando siris em vez de em um jogo. Outra hipótese é que caxangá seja uma expressão sem sentido, como “a Tonga da mironga do kabuletê”, da canção de Toquinho e Vinicius – as palavras separadas até têm sentido (são vocábulos africanos), mas não com o significado que elas têm na música.

 não haveria alteração no número de fonemas.

 diminuiria o número de letras das palavras.

 se faria a inclusão de um encontro consonantal.

 haveria mudança na pronúncia dos vocábulos.

 ocorreria acréscimo de encontro vocálico.

A questão aborda um tema muito recorrente em provas de concursos: a diferença entre letra e fonema, além de alterações ortográficas que não implicam mudanças fonéticas. O texto apresenta os vocábulos "caxangá", "caxengá" e "caxingá", destacando a possibilidade de serem escritos com "ch". A pergunta indaga se tal alteração modifica o número de fonemas presentes nas palavras.



É importante recordar que, em Língua Portuguesa, tanto o dígrafo "ch" quanto a letra "x" podem representar o mesmo fonema /ʃ/, que é o som de "ch" em "chave" e de "x" em "xícara". Essas diferentes formas de representação gráfica não implicam mudança na pronúncia: tanto "caxangá" quanto "cachangá" seriam pronunciados da mesma forma, pois ambas usariam o mesmo som para a sequência "xa"/"cha" (fonema /ʃa/). Portanto, em relação à quantidade de fonemas, não haveria qualquer alteração — continuariam os mesmos.


Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>
 A) Não haveria alteração no número de fonemas. 
 
 Esta é a alternativa correta. O som representado por "x" e "ch" nas palavras em questão é o mesmo, independentemente da grafia.
 
 </li>
 <li>
 B) Diminuiria o número de letras das palavras. 
 
 Incorreta. Na verdade, a troca de “x” por “ch” poderia até aumentar o número de letras, pois "ch" tem duas letras enquanto "x" é uma única letra.
 
 </li>
 <li>
 C) Se faria a inclusão de um encontro consonantal. 
 
 Incorreta. "Ch" é um dígrafo, ou seja, duas letras que produzem um único som, não um encontro consonantal (duas consoantes com sons diferentes juntos).
 
 </li>
 <li>
 D) Haveria mudança na pronúncia dos vocábulos. 
 
 Incorreta. Como explicado, não há alteração fonética — a pronúncia dos vocábulos permanece exatamente como era.
 
 </li>
 <li>
 E) Ocorre acréscimo de encontro vocálico. 
 
 Incorreta. Não há novas combinações de vogais (“encontro vocálico”) resultantes dessa troca, pois diz respeito apenas à consoante.
 
 </li>
</ul>


Portanto, a questão exige conhecimento sobre fonemas e grafemas: grafia e pronúncia muitas vezes não se correspondem em quantidade. Também é relevante para quem estuda as peculiaridades da ortografia e estrutura das palavras no português contemporâneo.



Alternativa Correta:

Gabarito: Letra A

 pela flexão da forma verbal “apagaram”.

 pela presença de uma construção adjetiva.

 por ser um verso de conotação negativa.

 pelo tom da oração explicitado pelo ponto.

A questão aborda um dos tópicos mais incidentes em provas de concursos: a colocação pronominal, especificamente as condições de emprego da próclise (pronome antes do verbo) e da ênclise (pronome após o verbo). O texto de Cecília Meireles, cuja linguagem é marcadamente poética, privilegia a ênclise em vários momentos (“Sentei-me”, “Inclinar nas mãos a testa desencantada”), seguindo o padrão estilístico e gramatical bastante frequente na literatura.

No entanto, na frase final citada — “como se apagaram de repente!” — percebe-se a presença de próclise: “se apagaram”. Para análise da alternativa correta, é importante compreender que a próclise é exigida, entre outras razões, quando o verbo vem antecedido de certos elementos atrativos, como advérbios, palavras de sentido negativo, pronomes relativos, subordinativas, entre outros.

Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>(A) – Incorreta. A flexão da forma verbal “apagaram” não interfere diretamente na posição do pronome “se”; a flexão verbal, por si só, não é fator atrativo para próclise.</li>
 <li>(B) – Incorreta. Uma oração coordenada, isoladamente, não exige, nem justifica o uso da próclise.</li>
 <li>(C) – Incorreta. O fato de haver uma construção adjetiva não impõe próclise ao pronome oblico.</li>
 <li>(D) – Incorreta. Apesar de orações de sentido negativo (com termos como “não”, “nunca”, “jamais”) atraírem a próclise, neste caso, não há no verso um termo de conotação negativa que exerça tal atração.</li>
 <li>(E) – Correta. O emprego da próclise justifica-se pelo tom da oração, explicitado por uma construção exclamativa, indicada pelo ponto de exclamação no final do verso. Orações exclamativas constituem ambiente propício para próclise, pois transmitem emoção, surpresa ou intensidade, e essa força de expressão aproxima naturalmente o pronome do verbo (por exemplo: “Que se dane!”, “Como se esqueceram!”).</li>
</ul>

Observe que no verso “como se apagaram de repente!” o termo “como” introduz a exclamativa, potencializando o tom emocional. Embora “como” possa ser advérbio ou conjunção, o que realmente justifica a próclise, segundo a gramática normativa, é o caráter exclamativo (e, consequentemente, o ponto de exclamação), que atrai fortemente o pronome oblíquo átono.

Alternativa Correta:
A alternativa correta é a letra E, pois a próclise é, nesse caso, justificada pelo tom exclamativo da oração.

Gabarito: Letra E

<center>Os homens gloriosos (adaptado)</center>
<center>(Cecília Meireles)</center>

Sentei-me sem perguntas à beira da terra,
e ouvi narrarem-se casualmente os que
passavam.
Tenho a garganta amarga e os olhos doloridos:
deixai-me esquecer o tempo,
inclinar nas mãos a testa desencantada,
e de mim mesma desaparecer,
- que o clamor dos homens gloriosos
cortou-me o coração de lado a lado.

Pois era um clamor de espadas bravias,
de espadas enlouquecidas e sem relâmpagos,
ah, sem relâmpagos...
pegajosas de lodo e sangue denso.

Como ficaram meus dias, e as flores claras que
pensava!
Nuvens brandas, construindo mundos,
como se apagaram de repente!
[...]

A questão analisa o valor semântico da palavra “que” no início do verso “- que o clamor dos homens gloriosos cortou-me o coração de lado a lado.” Trata-se de identificar qual sentido ou relação esse “que” estabelece com o contexto anterior. No texto, a autora expressa sentimentos de amargura, desencanto e desejo de desaparecer, justificando esse estado emocional com a cena narrada.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) comparação: A alternativa está incorreta porque não há, no contexto da frase, nenhuma ideia de comparação. O “que” não está comparando elementos, mas sim justificando ou explicando o motivo do desencanto</li>
 <li>B) concessão: A ideia de concessão aparece em frases que expressam contraste do tipo: “apesar de...”. Não é o caso do uso do “que” neste trecho do poema.</li>
 <li>C) oposição: Oposição envolve contraste direto ou ideia adversativa, normalmente introduzida por “mas”, “porém”, “todavia”. Não é a relação estabelecida no texto.</li>
 <li>D) explicação: Correta. O “que” possui claro valor explicativo, funcionando como uma conjunção explicativa. Repare que o trecho “de mim mesma desaparecer, – que o clamor dos homens gloriosos cortou-me o coração de lado a lado” pode ser equivalido a “porque o clamor dos homens gloriosos cortou-me o coração de lado a lado”. Esse “que” explicativo muito aparece na linguagem literária, mas também em construções cotidianas, como: “Não vá agora, que está chovendo.” O sentido é de esclarecimento de uma razão.</li>
 <li>E) conclusão: O uso conclusivo envolveria algo que indica desfecho ou resultado, como “portanto” ou “logo”, o que não ocorre na construção dada.</li>
</ul>

Perceba que, na Língua Portuguesa, é comum que o “que” tenha diferentes valores conforme o contexto, principalmente em orações subordinadas. Quando introduzindo uma explicação, normalmente pode ser trocado por “porque” sem prejuízo ao sentido – o que ocorre no trecho em análise. Ou seja, a explicação dos sentimentos da autora é justificada pela ação anterior: sua dor existe porque “o clamor dos homens gloriosos cortou-lhe o coração de lado a lado”.

Alternativa Correta:
A resposta correta é a letra D, pois o “que” exerce função explicativa, justificando o motivo do desencanto e da amargura da eu-lírico.

Gabarito: Letra D

Na redação de correspondência oficial, especialmente no âmbito da administração pública federal, espera-se que o texto obedeça a padrões específicos de linguagem, sempre priorizando a clareza, a concisão, a coerência e a objetividade, conforme estabelecido pelo Manual de Redação da Presidência da República. São essas as qualidades essenciais que garantem a eficiência na comunicação administrativa, evitando ambiguidades e ruídos na transmissão das informações.

Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>
 A) Unidade e concisão: Correta. A unidade se refere à coesão textual, à ligação lógica entre as partes do texto. A concisão, por sua vez, consiste em dizer tudo o que é necessário, sem prolixidade, evitando excessos e repetições desnecessárias. Ambas são qualidades fundamentais em textos oficiais.
 </li>
 <li>
 B) Coerência: Correta. Um texto coerente é aquele cujas ideias se articulam de modo lógico e compreensível. Essa é uma exigência central na comunicação formal, pois, sem coerência, o sentido do texto pode se perder.
 </li>
 <li>
 C) Objetividade: Correta. A objetividade exige que o texto seja isento de subjetividades e focado no assunto tratado, abordando diretamente a questão em pauta. Esse princípio é amplamente defendido no uso da linguagem oficial.
 </li>
 <li>
 D) Clareza: Correta. A clareza é indispensável, pois torna o texto compreensível à primeira leitura. É a principal qualidade exigida em qualquer comunicação oficial, sendo, inclusive, destacada como prioridade pelo Manual de Redação da Presidência da República.
 </li>
 <li>
 E) Necedade: Incorreta. O termo “necedade” não faz parte do conjunto de qualidades tidas como essenciais para redação oficial. “Necedade” significa tolice ou ignorância, sendo, portanto, diametralmente oposto ao que se espera de um texto formal. Trata-se de um vocábulo inadequado, evidenciando que esta é a alternativa incorreta (e, portanto, a resposta do item).
 </li>
</ul>

Dessa forma, percebe-se que todas as opções apontam qualidades imprescindíveis ao texto oficial, à exceção da alternativa “E”, que indica justamente uma característica negativa, incompatível com a boa redação profissional e administrativa.

Gabarito: Letra E

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