 fontes como o Dicionário Tupi-Guarani-Português indicam a resposta a ser aceita.

 ela é a metáfora que propõe uma reflexão sobre as relações de trabalho no texto.

 uma vez que são apontados vários significados possíveis, a resposta é parcial.

 as referências a especialistas reforçam a importância de só uma explicação.

 é possível concluir que não se tratava de um jogo, mas de um trabalho.

O texto aborda a origem e o significado da palavra “caxangá” presente na cantiga “escravos de Jó jogavam caxangá”, sugerindo que, ao contrário do que muita gente imagina, não há certeza sobre o significado do termo nesse contexto. O autor, Artur Louback, elenca várias acepções dicionarizadas para “caxangá” — crustáceo, chapéu de marinheiro, “mata extensa” de origem tupi — mas ressalta que nenhuma explica adequadamente o possível “jogo” associado à cantiga. Um especialista, citado no texto, afirma não ter encontrado registros convincentes de tal jogo, e são mencionadas hipóteses de distorção oral e mudança semântica (o “telefone sem fio”), incluindo a possibilidade de o termo ser um mero nonsense, como em expressões de outras músicas populares.

Analisando cada alternativa:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) Incorreta. O Dicionário Tupi-Guarani-Português apresenta apenas um dos significados possíveis para "caxangá", mas o texto deixa claro que nenhuma das definições dicionarizadas soluciona o enigma proposto pela pergunta do título.</li>

<li>B) Incorreta. Não há, no texto, nenhuma referência à questão metafórica das relações de trabalho. O tema é a ambiguidade da palavra “caxangá” e o mistério do seu significado naquela cantiga, sem discussão sobre as relações laborais.</li>

<li>C) Correta. O texto aponta diversos possíveis significados para “caxangá”, porém nenhum deles é conclusivo ou definitivo quanto ao que seria "jogar caxangá". Isso deixa a resposta à pergunta do título "parcial", baseada apenas nas hipóteses levantadas e na ausência de confirmação.</li>

<li>D) Incorreta. O texto recorre a especialistas (especialmente o etimologista), mas apenas para reforçar a falta de comprovação de qualquer explicação, não para valorizar ou restringir a explicação a uma só versão.</li>

<li>E) Incorreta. O texto até menciona a hipótese de “juntavam caxangá” estar relacionada a pegar siris (um trabalho), mas deixa claro que se trata apenas de uma especulação entre muitas. Não se pode concluir que caxangá se refere a um trabalho.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

A opção C é a mais adequada porque o texto deixa explícito que, embora vários sentidos possíveis sejam apresentados, não há resposta definitiva, apenas hipóteses. Assim, “a resposta é parcial”.

Gabarito: Letra C

<center>O que é o “caxangá”, que os escravos de Jó jogavam?</center>(Artur Louback) 

 Caxangá tem vários significados, mas nada de jogo. Pode ser um crustáceo (parecido com um siri), um chapéu usado por marinheiros, e há até uma definição indígena: segundo o Dicionário Tupi-Guarani-Português, de Francisco da Silveira Bueno, caxangá vem de caáçangá, que significa “mata extensa”. Mas nada disso tem a ver com o jogo e menos ainda com Jó, o personagem bíblico que perdeu tudo o que tinha (inclusive os escravos), menos a fé. Isso deixa os especialistas intrigados. “Já procurei caxangá, caxengá e caxingá, com “x” e “ch”, e não encontrei nada que fizesse sentido como um jogo”, diz o etimologista Claudio Moreno. “Se esse jogo existisse, seria quase impossível explicar como ele passou despercebido por todos os antropólogos e etnólogos que estudam nossas tradições populares”. O que pode ter ocorrido é uma espécie de “telefone sem fio”: se originalmente o verso fosse “juntavam caxangá” ao invés de “jogavam”, poderiam pensar em escravos pegando siris em vez de em um jogo. Outra hipótese é que caxangá seja uma expressão sem sentido, como “a Tonga da mironga do kabuletê”, da canção de Toquinho e Vinicius – as palavras separadas até têm sentido (são vocábulos africanos), mas não com o significado que elas têm na música.

O texto apresentado busca elucidar o significado da palavra “caxangá” a partir de explicações de especialistas, relatos sobre o seu possível significado em diferentes contextos e hipóteses levantadas acerca da canção popular “escravos de Jó”. É importante, inicialmente, identificar as características centrais das tipologias textuais propostas nas alternativas.

A tipologia injuntiva é aquela que orienta, dá instruções, ordens ou conselhos ao leitor – por exemplo, manuais de instrução, receitas culinárias e regulamentos. O texto em análise não tem o intuito de orientar o leitor quanto à execução de uma ação específica, o que descarta essa alternativa.

Textos argumentativos são aqueles cujo objetivo é convencer o leitor de um ponto de vista por meio de argumentos, justificativas e opiniões. Embora o texto traga opiniões de especialistas, não há um posicionamento a ser defendido junto ao leitor; o objetivo é apresentar informações sobre a palavra e não persuadir.

Na tipologia narrativa, desenvolve-se uma sequência de eventos ocorridos ao longo do tempo, com personagens, ambiente e enredo. Não existe, aqui, uma narrativa de fatos com começo, meio e fim, nem mesmo personagens desenvolvidos em uma ação temporal.

A alternativa expositiva caracteriza textos cuja finalidade é informar, explicar ou apresentar conceitos, ideias e fatos de maneira clara, objetiva e impessoal. No texto em análise, o autor explora diferentes definições do termo “caxangá”, apresenta hipóteses de especialistas e fornece informações históricas e etimológicas. Não há instruções, narrativas ou defesa explícita de um ponto de vista, mas sim uma exposição do conhecimento atual sobre o termo. Veja um trecho ilustrativo: “Caxangá tem vários significados, mas nada de jogo. Pode ser um crustáceo (parecido com um siri)...”, que exemplifica a apresentação de informações ao leitor.

Por fim, a tipologia descritiva seria focada na enumeração de características específicas de seres, objetos, ambientes ou situações, geralmente com riqueza de detalhes sensoriais. O texto não se dedica a descrever o caxangá minuciosamente, mas sim a expor informações sobre o termo.

Alternativa Correta:

D) Expositiva. O texto organiza e apresenta informações, hipóteses e explicações diversas sobre o termo “caxangá”, com o objetivo principal de informar e explicar ao leitor, sem buscar instruir, convencer, narrar acontecimentos ou descrever características físicas de forma predominante.

Gabarito: Letra D

 o personagem bíblico ter perdido tudo o que tinha.

 o fato de a palavra “caxangá” ter vários significados distintos.

 o sentido da palavra não ter a ver com jogo, nem com Jó.

 o personagem bíblico não ter perdido a fé.

 a informação de que Jó possuía escravos também. 

A análise quanto ao uso de termos referentes, especialmente pronomes demonstrativos como “isso”, é fundamental para uma leitura aprofundada de textos e, consequentemente, para o bom desempenho em concursos públicos. Nesse contexto, é importante identificar a que termo ou ideia do texto o pronome está se referindo, pois essa relação é decisiva para a correta interpretação.

No caso do período “Isso deixa os especialistas intrigados”, temos o pronome “isso” retomando uma informação anteriormente apresentada. O trecho que precede imediatamente essa frase diz: “Mas nada disso tem a ver com o jogo e menos ainda com Jó, o personagem bíblico que perdeu tudo o que tinha (inclusive os escravos), menos a fé.” Ou seja, todas as explicações encontradas para o termo “caxangá” (cada uma com significado diferente, mas nada relacionado a jogo ou a Jó) não estabelecem nenhuma ligação plausível com o contexto da música e do personagem. Essa ausência de sentido ou de associação lógica entre o termo e aquilo que se gostaria de explicar (o “jogo de caxangá” ou sua relação com Jó) é justamente o que causa a perplexidade mencionada — isso é o que intriga os especialistas.

Vejamos agora a análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) "o personagem bíblico ter perdido tudo o que tinha." – Esta alternativa está incorreta, pois o pronome “isso” não se refere à perda dos bens de Jó, mas sim à falta de sentido ou relação entre a palavra “caxangá” e o contexto do jogo ou do personagem.</li>
 <li>B) "o fato de a palavra ‘caxangá’ ter vários significados distintos." – Embora o texto mencione os inúmeros significados de “caxangá”, o que deixa os especialistas intrigados é a ausência de ligação desses significados com o tema do jogo e com Jó, não apenas a existência de múltiplos significados.</li>
 <li>C) "o sentido da palavra não ter a ver com jogo, nem com Jó." – Esta alternativa está correta, pois o trecho enfatiza que nenhum dos significados apresentados para “caxangá” tem relação com a ideia do jogo ou com o personagem bíblico, o que gera a dúvida dos estudiosos e motiva a utilização do pronome “isso”.</li>
 <li>D) "o personagem bíblico não ter perdido a fé." – Também incorreto, já que esse detalhe é apenas citado como parte da história de Jó, não sendo, porém, o referente do pronome.</li>
 <li>E) "a informação de que Jó possuía escravos também." – Incorreta, pois esse dado é apenas acessório na narrativa e não constitui o motivo da perplexidade dos especialistas.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
A alternativa correta é a letra C, pois “isso” refere-se à ausência de relação entre a palavra “caxangá” e o jogo ou o personagem bíblico Jó, como explicitado no trecho imediatamente anterior. A correta identificação de termos referentes é essencial para a compreensão textual.

Gabarito: Letra C

Para resolver a questão, é essencial compreender a estrutura sintática do período “Isso deixa os especialistas intrigados.”. Trata-se de um caso clássico de predicação do verbo transitivo direto com predicativo do objeto.

Vamos analisar o período: o verbo “deixar” pode ter sentido de “tornar”, “fazer ficar”, funcionando como verbo transitivo direto e também como verbo predicativo. Assim, o termo “intrigados” serve para caracterizar o estado em que os “especialistas” ficaram após a ação praticada pelo sujeito (“isso”). O objeto direto da frase é “os especialistas”. O termo “intrigados” não está se referindo diretamente ao sujeito, mas qualificando o objeto dessa oração, caracterizando-o como um predicativo do objeto.

Observe a construção:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Sujeito: “Isso”</li>
 <li>Verbo: “deixa”</li>
 <li>Objeto direto: “os especialistas”</li>
 <li>Predicativo do objeto: “intrigados”</li>
</ul>

O predicativo do objeto exprime uma qualidade, estado ou condição atribuída ao objeto direto da oração, geralmente após verbos que indicam mudança de estado, como “achar”, “considerar”, “julgar”, “deixar”, “eleger”, “nomear”, entre outros. Para exemplificar, observe a frase: “Ele deixou o chão limpo.” — “limpo” exerce o mesmo papel que “intrigados”, caracterizando o objeto direto “o chão”.

Analisando as alternativas:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Predicativo do sujeito: Incorreto. Para ser predicativo do sujeito, “intrigados” deveria qualificar o sujeito (“Isso”), o que não acontece aqui.</li>
 <li>B) Complemento nominal: Incorreto. “Intrigados” não complementa um nome, mas atribui uma característica ao objeto direto.</li>
 <li>C) Adjunto adverbial: Incorreto. Adjunto adverbial indica circunstância, o que não ocorre com “intrigados”.</li>
 <li>D) Adjunto adnominal: Incorreto. Adjunto adnominal especificaria ou determinaria um nome, sem atribuir estado ou qualidade.</li>
 <li>E) Predicativo do objeto: Correto. Como já explicado, “intrigados” caracteriza o objeto direto da oração, exercendo assim a função de predicativo do objeto.</li>
</ul>

Portanto, a resposta correta é aquela que reconhece “intrigados” como predicativo do objeto, pois atribui uma característica/estado aos “especialistas”, objeto direto da oração após um verbo significativo de tornar.

Gabarito: Letra E

 à atitude de sentar-se sem perguntas à beira da terra.

 às narrativas casuais daqueles que passavam.

 à situação da garganta amarga e os olhos doloridos.

 ao desejo de desaparecer de si própria.

O poema “Os homens gloriosos”, de Cecília Meireles, retrata um eu lírico profundamente tocado e abalado pelas histórias que escuta dos outros, que passam de maneira casual. O tom melancólico e desolado se intensifica à medida que a voz poética descreve as consequências emocionais do contato com esses relatos: garganta amarga, olhos doloridos, desejo de esquecer, de desaparecer de si. Toda essa transformação interior tem como causa principal o “clamor dos homens gloriosos”, ou seja, as histórias de guerras, de violência, de glórias manchadas de sangue, narradas por quem passa sem verdadeiramente se importar com o peso do que diz.

No texto, o efeito desses relatos é devastador para o sujeito poético. A última estrofe demonstra que os sonhos e as esperanças do eu lírico (“flores claras”, “nuvens brandas”) foram subitamente apagados. Isso evidencia uma mudança de estado: da esperança suave à desilusão profunda, causada justamente pelo contato com as narrativas violentas daqueles homens gloriosos.

Analisando as alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) O simples fato de sentar-se à beira da terra não provoca, por si só, a profunda decepção evidenciada ao final.</li>
 <li>B) Correta. O “clamor dos homens gloriosos”, ou seja, as narrativas dos que passavam, são o elemento que provoca a drástica mudança de estado de espírito no sujeito poético. </li>
 <li>C) A garganta amarga e os olhos doloridos são consequências, não causas, do contato com os relatos.</li>
 <li>D) O desejo de desaparecer é consequência do impacto das histórias, não sua causa.</li>
 <li>E) O esquecimento do tempo também é um efeito, não a razão da mudança do estado de espírito.</li>
</ul>

Assim, fica claro que é o contato com as narrativas casuais dos que passavam — ou seja, a alternativa B — que provoca a transformação no estado anímico do sujeito do poema, levando-o do deslumbramento inicial à profunda decepção descrita na última estrofe.

Gabarito: Letra B

<center>Os homens gloriosos (adaptado)</center>
<center>(Cecília Meireles)</center>

Sentei-me sem perguntas à beira da terra,
e ouvi narrarem-se casualmente os que
passavam.
Tenho a garganta amarga e os olhos doloridos:
deixai-me esquecer o tempo,
inclinar nas mãos a testa desencantada,
e de mim mesma desaparecer,
- que o clamor dos homens gloriosos
cortou-me o coração de lado a lado.

Pois era um clamor de espadas bravias,
de espadas enlouquecidas e sem relâmpagos,
ah, sem relâmpagos...
pegajosas de lodo e sangue denso.

Como ficaram meus dias, e as flores claras que
pensava!
Nuvens brandas, construindo mundos,
como se apagaram de repente!
[...]

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