trouxe‐lhe recordações insondáveis e secretas.

despertou nela o motivo para escrever suas confissões.

foi o segundo motivo que a levou a desenvolver seu texto.

despertou nela todas as reflexões feitas ao longo do texto.

O texto apresentado é uma crônica que reflete sobre um estilo de vida mais tranquilo e harmonioso, simbolizado por uma casa grande e branca em uma rua tranquila. A narradora expressa seu desejo por essa vida serena e organizada, algo que traz paz e contentamento em contraste com a agitação e ansiedade do cotidiano moderno. 

Para responder à questão, é importante analisar como a narradora vincula a visão da casa com as reflexões apresentadas ao longo do texto. Ela descreve um modo de vida aspiracional, detalhando características dessa vida que são atraentes para ela, como a tranquilidade, a bondade estendida a animais e objetos, e um senso de paz e satisfação geral. 

Ao longo do texto, a cronista faz uma ponte entre a visão da casa e uma série de reflexões sobre as diferenças entre as gerações, as mudanças nos costumes e práticas diárias, e o valor de uma vida mais simples e focada no lar. Ela lamenta a perda de práticas tradicionais e uma conexão mais profunda com o lar e a vida familiar. 

As alternativas A, B e C não sintetizam adequadamente o papel que a visão da casa desempenha no desenvolvimento do texto. A alternativa A sugere um foco em memórias profundas e secretas, o que não é explicitamente abordado. A B sugere que foi o motivo para escrever suas confissões, o que insinua uma causalidade específica não declarada explicitamente. A C introduz a ideia de um "segundo motivo", o que também não está claro no texto. 

A alternativa D, que menciona que a visão da casa grande e branca "despertou nela todas as reflexões feitas ao longo do texto", é a que melhor corresponde ao sentido geral do texto. A descrição da casa serve como catalisador para as reflexões mais amplas sobre estilo de vida, valores e a passagem do tempo. 

Gabarito: Letra D

De  repente,  escolhemos  a  vida de  alguém. Era essa que  a  gente queria. Naquela  casa  grande e branca, na  rua 
quieta, na cidade pequena. Sim, estamos  trocando  tudo. Era ela que a gente queria ser, aquela serenidade atrás dos 
olhos claros, aquela bondade que se estende aos bichos e às coisas, tão simplesmente. E aquela mansa alegria de viver, 
aquele  risonho  voto  de  confiança  na  vida,  aquela  promissória  em  branco  contra  o  futuro,  descontada  cada  dia, 
miudamente, a plantar flores, a brunir a casa a aconchegar os bichos. 
Era naquele porto que a gente gostaria de colher as velas, trocar a ansiedade, a  inquietação, a angústia  latente e 
sem remédio, o medo múltiplo e cósmico, todas as interrogações, por aquela paz. Acordar de manhã, depois de dormir 
de noite, achando que vale a pena, que paga, que compensa botar dois pés entusiasmados no chão. Abrir as bandeiras 
das  venezianas para que o  sol  entre,  com  gesto de quem  abre o  coração. Qual  é o hormônio,  e destilado por que 
glândula, que dá a uma mulher o gosto de engomar, tão alvamente, a sua toalha bordada para a bandeja do café? Há 
uma batalha bem ganha, cotidianamente renovada, contra o pó e a traça e a ferrugem, que tudo consomem. Dentro 
dos muros da  sua cidadela, as  flores viçam, a poeira  foge, nada vence o alvo  imaculado das cortinas, os cães vadios 
acham lar e dono. E é esse um modo singelo mais difícil de ter fé. Cada bibelô tem uma história, diante de cada retrato 
há um vaso de flor, para cada bicho há um gesto de carinho. 
“Mulher virtuosa, quem a achará? Porque o seu valor excede ao de muitos rubis” – cansei eu de ouvir, na escola 
dominical e olho em torno a indagar quantos e que orientais rubis pagarão aquele miúdo, enternecido carinho, que pôs 
flores nos vasos e cera no chão e transparência nos vidros e ouro líquido no chá. Oh, a perdida paz fazendeira deste chá 
no meio da tarde, que as mulheres do meu tempo já não sabem o que seja, misturado a este morno cheiro de bolo e 
torradas que vem da cozinha! Somos uma geração que come de pé, que trocou os doces ritos que cercavam o nobre ato 
de alimentar‐se, por uma apressada ingestão de calorias. Já não comemos, abastecemo‐nos como um veículo, como um 
automóvel  encostado  à  sua  bomba.  Trocamos  as  velhas  salas  de  jantar  por mesas  de  abas,  que  se  improvisam,  às 
pressas, de um consolo exíguo encostado a uma parede. E o que sabe de um lar uma criança que não foi chamada, na 
doçura da tarde, do fundo de um quintal, para interromper as correrias, lavar mal‐e‐mal as mãos e vir sentar‐se à mesa 
posta para o  lanche, com mansas senhoras gordas que vieram visitar a mamãe? É a hora dos quitutes, das  ingênuas 
vaidades doceiras, da exibição das velhas receitas, copiadas em letra bonita de um caderno ornado de cromos. 
Somos uma geração que perdeu o privilégio de não fazer nada, aquele doce não‐fazer‐nada que é a mansa hora do 
repouso, o embalo da rede na frescura de uma varanda, a quietude ensolarada de um pomar em que o sono da tarde 
nos pegou de repente, a hora de armar brinquedos para as crianças, das visitas que chegam sem se fazer anunciar, pois 
na certa estaremos em casa para uma conversa despreocupada e sem objetivo. Somos uma geração de mulheres que 
saem demais de  casa, para não  se  saber onde,  fazendo  fila para comprar,  tomar condução ou assistir a um  cinema. 
Perdemos o abençoado tempo de perder tempo, de não fazer nada, a única hora em que a gente se sente viver. O mais 
é canseira e aflição de espírito. 
E foi tudo isso que reencontrei, de repente, na casa grande e branca da rua quieta.

a única forma das mulheres das gerações passadas serem vistas e respeita-das na sociedade.

a forma das mulheres das gerações passadas serem reconhecidas como 
indivíduos produtivos.

uma forma de competição acirrada entre as mulheres das gerações 
passadas que viam nisso sua maior virtude.

um hábito entre as mulheres das gerações passadas que faziam dos livros 
de receitas objetos valiosos e cultuados.

O enunciado e as alternativas da questão estão voltados para a compreensão e interpretação de um texto que descreve uma nostalgia pelas práticas e vivências das mulheres de gerações passadas, destacando a importância de aspectos do cotidiano que foram sendo perdidos com o tempo, como o dom da culinária.

O fragmento em foco revela um cenário nostálgico onde o preparo de alimentos e a exibição de receitas eram momentos significativos. A menção à "exibição das velhas receitas, copiadas em letra bonita de um caderno ornatado de cromos" retrata não apenas uma prática culinária, mas também uma dimensão social e cultural importante naquela época. 

Analisemos agora as alternativas a partir do contexto fornecido pelo texto:
<ul>
<li>A) Sugerir que essa era a única forma de ser respeitada na sociedade implica uma exclusividade que o texto não menciona. O texto aprecia essa prática como parte de um estilo de vida mais amplo, mas não a define como a única via de respeito social.</li>
<li>B) Retratar as mulheres como indivíduos produtivos não está alinhado com o trecho mencionado. O texto foca mais na socialização e na preservação de tradições familiares e culturais do que na produtividade per se.</li>
<li>C) A ideia de competição acirrada não é sugerida no texto. A descrição dada aponta para uma exibição mais ligada ao prazer e à tradição do que a uma rivalidade.</li>
<li>D) Esta alternativa parece a mais alinhada com o texto. Destaca o valor dos livros de receitas não apenas como ferramentas práticas, mas como objetos de valor sentimental e cultural, ressaltando o aspecto do “exibir” como algo digno de orgulho e parte integral da cultura da época.</li>
</ul>
Portanto, a alternativa correta enfatiza o papel cultural e sentimental dos livros de receitas nas práticas e memória das gerações passadas, em linha com o cenário nostalgicamente descrito no texto. 

Gabarito: Letra D

cheiro – ditongo oral crescente

bandeiras – ditongo nasal crescente

Para resolver esta questão, é necessário analisar cada alternativa baseada na fonética das palavras propostas e suas classificações quanto a encontros vocálicos. Os encontros vocálicos são classificados em hiatos, ditongos e tritongos: 

1. Hiato: ocorre quando duas vogais são pronunciadas separadamente em sílabas diferentes.
2. Ditongo: consiste na união de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) na mesma sílaba.
3. Tritongo: combinação de uma vogal entre duas semivogais em uma mesma sílaba.

Vamos analisar as alternativas:

A) "quieta" – hiato
A palavra "quieta" pode ser dividida silabicamente em "qui-e-ta". Observamos que a combinação "ie" forma um hiato, pois são duas vogais que se encontram em sílabas separadas.

B) "meio" – tritongo
A palavra "meio" é dividida silabicamente em "mei-o". O correto é classificar a combinação "ei" como um ditongo crescente, e não um tritongo. Tritongos são encontrados em palavras como "Paraguai" (gua-i).

C) "cheiro" – ditongo oral crescente
"Cheiro" é dividido em "chei-ro". A combinação "ei" nesta palavra representa um ditongo oral crescente, fazendo esta descrição correta.

D) "bandeiras" – ditongo nasal crescente
"Bandeiras" divide-se em "ban-dei-ras". O segmento "ei" em bandeiras é um ditongo oral decrescente, não um ditongo nasal crescente.

Portanto, a alternativa correta é a letra A, onde a palavra "quieta" é corretamente identificada como contendo um hiato entre as vogais "i" e "e".

Gabarito: Letra A

“…assistir a um cinema.” (4º§) – artigo

“...quem a achará?” (3º§) – preposição

“Já não comemos,...” (3º§) – conjunção

“… que tudo consomem.” (2º§) – pronome

Para solucionar a questão, vamos analisar cada palavra sublinhada e identificar a sua classe gramatical correta:

A)
No trecho "...assistir a um cinema.", a palavra sublinhada "a" é um artigo definido, antes do substantivo "cinema". Portanto, esta opção é correta, pois classifica "a" como artigo.
 

B)
No trecho "quem a achará?", a palavra sublinhada "a" é um pronome pessoal do caso oblíquo, objeto direto da ação verbal "achará". Portanto, esta opção é incorreta, pois classifica "a" incorretamente como preposição.
 

C)
No trecho "Já não comemos,..." a palavra sublinhada "Já" é um advérbio de tempo, indicando um momento anterior ao atual. Esse advérbio justifica que algo era feito antes e agora já não se faz mais. Portanto, esta opção é incorreta, pois classifica "Já" como uma conjunção.
 

D)
No trecho "que tudo consomem", a palavra sublinhada "tudo" é um pronome indefinido, que substitui ou quantifica de maneira abstrata o objeto direto do verbo "consomem". Portanto, esta opção é correta, pois classifica "tudo" como pronome.
 

Analisando as alternativas, tanto A quanto D parecem estar corretas, mas a alternativa correta conforme a banca organizadora é a D, destacando o uso correto do pronome indefinido "tudo".
Gabarito: Letra D

Questões de Concurso Câmara Municipal de Olinda/PE - Médio