 celeridade tecnológica e mudança cultural

 redes sociais e grandes magazines do século XIX

 felicidade da vida real e compartilhamento de fotos

A questão pede uma análise sobre o termo “vitrinização” no contexto do texto, especificamente, se ele estabelece uma analogia entre dois fenômenos descritos ao longo do próprio trecho. O termo aparece no parágrafo 5, dentro do seguinte contexto: “essa aparente perfeição é elaborada através de recorrentes posts (...). Retratos e selfies existem para o outro e, em certo sentido, todas essas publicações são um prolongamento da ‘vitrinização’ da vida social levada a efeito pelos grandes magazines do século XIX”.

No texto, a “vitrinização” refere-se ao ato de expor, de tornar público aquilo que antes seria íntimo ou restrito, promovendo uma representação (ou uma vitrine) da vida para os outros verem. O autor compara os grandes magazines — que expunham produtos em vitrines para o consumo e a observação — às redes sociais atuais, que expõem aspectos da vida das pessoas para o olhar público. Ele faz uma analogia clara entre o papel das vitrines dos magazines do século XIX e o papel das redes sociais enquanto vitrines virtuais da vida moderna.

Vamos analisar as alternativas propostas:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Datas comemorativas e visitas às lojas — Não há relação com a ideia de vitrinização, pois ambas são rituais do consumo, mas não são comparadas diretamente ao conceito de exibição/socialização presente no termo.</li>
 <li>B) Celeridade tecnológica e mudança cultural — Estes são processos de desenvolvimento diferentes e não se ligam ao conceito de exposição social (“vitrinização”).</li>
 <li>C) Grupos urbanos e inovações comerciais — A relação entre grupos e inovações não é tratada por meio do termo “vitrinização”.</li>
 <li>D) Redes sociais e grandes magazines do século XIX — Alternativa correta, pois o texto faz uma analogia explícita entre a exposição de produtos nas vitrines dos magazines e a exposição da vida pessoal nas redes sociais. Ambos funcionam como vitrines, com intenção de mostrar, de exibir, de afirmar um pertencimento ou um status.</li>
 <li>E) Felicidade da vida real e compartilhamento de fotos — Apesar de haver menção à exposição da "felicidade" nas redes sociais, esta alternativa não contempla diretamente a relação entre vitrinas antigas e as novas vitrines sociais (redes sociais), como pede o enunciado.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
A alternativa D é a correta, pois o texto utiliza o termo “vitrinização” justamente para aproximar a função que as vitrines das lojas de departamentos desempenhavam no século XIX da função desempenhada atualmente pelas redes sociais: ambas expõem, publicizam, criam um ritual social em torno da exibição, seja de bens de consumo, seja da própria imagem e experiências pessoais.

Gabarito: Letra D

1 Você é o que você consome, queira ou não, sendo consumista ou não. Dentro da lógica capitalista, a exemplo da frase dita pelo poeta Paulo Leminski “Repara bem o que eu não digo”, você é até aquilo que deixa de consumir. Quem faz essa afirmação é o antropólogo Everardo Rocha, que, há cerca de 40 anos, estuda a Antropologia do Consumo e da Mídia. Em seu livro “O Paraíso do Consumo: Émile Zola, a magia e os grandes magazines”, Rocha avalia os impactos socioculturais do principal personagem do livro, que é o “grande magazine” - tradução de “grand magasin”, como são chamadas as lojas de departamentos na França. Ele faz uma análise da expansão das lojas de departamentos no século XIX e explica como ocorreu a consolidação do consumo na modernidade. “Os grandes magazines foram, de fato, a virada fundamental que reuniu diversas potencialidades para fazer do consumo um fenômeno central da nossa cultura”, afirma o antropólogo.
2 De acordo com Rocha, passados mais de um século e meio desde a inauguração do primeiro grande magazine em Paris, diversas características desse modelo de negócios continuam atuantes na cultura de consumo que vivemos hoje. Por exemplo, as lojas de departamentos do século XIX impulsionaram inovações no comércio da época que permanecem no nosso cotidiano presente, tais como: a exposição dos produtos em vitrines, a fixação e a exibição de preços em etiquetas, a criação de datas comemorativas e promocionais, a incorporação de feriados religiosos e cívicos ao calendário de compras e a transformação das visitas às lojas em momentos de entretenimento.
“Esses empreendimentos contribuíram para dar forma ao sistema de consumo moderno. Criaram espaços de sociabilidade e ciclos que ritualizam as práticas dos consumidores, fomentando datas especiais como o ‘dia das mães’, ‘dia dos namorados’, as liquidações, a Black Friday, e assim por diante”, explica o antropólogo. O pesquisador lembra ainda que “as atividades de consumo, até mesmo as compras corriqueiras, são revestidas de carga simbólica.
Expressam afeto, materializam status e hierarquias sociais, estabelecem relacionamentos e a obrigação de reciprocidade”.
3 Para o antropólogo, na vida moderna, as pessoas são identificadas e se reúnem, em larga medida, de acordo com suas práticas de consumo.
“Fazemos parte de grupos urbanos que se formam de acordo com gostos, estilos e poder aquisitivo; os bens de consumo podem ser uma ponte ou um muro entre as pessoas. Nossas escolhas e possibilidades de consumo, por exemplo, as marcas de roupas que costumamos usar, o tipo de carro que dirigimos, dentre outras, tanto refletem quanto viabilizam nossas relações sociais”, diz o antropólogo. “Pessoas podem ser classificadas pelas roupas que estão vestindo ou pela decoração de suas casas, pelos serviços que contratam, pelas comidas de que gostam, pelas viagens que fazem durante as férias”.
4 O porquê disso pode ser resumido a uma só questão: a vontade de pertencer a um nicho social diferente. Não basta ser, é preciso ter, e, se possível, mostrar que tem.
5 Se consumir é importante para ser e se estabelecer na sociedade moderna, dispositivos que tornam isso particularmente evidente são as mídias sociais, que servem como vitrines das vivências e experimentações de cada um. “Nas redes sociais, o ritual é esse: usuários editam a sua própria imagem, de forma mais ou menos consciente, para construir e manter relações naquele ambiente virtual. Em conjunto, as fotos e os status compartilhados devem significar aquilo que, em sociedade, geralmente se considera adequado e interessante. Inclusive, é comum ouvir alguém da ‘vida real’ se queixar do excesso de felicidade que todos parecem exibir ali. Essa aparente perfeição é elaborada através de recorrentes posts de pés descalços na praia, reuniões com família e amigos, festas, infinitas viagens, shows de música, check-in em restaurantes, cinemas, pontos turísticos, aeroportos, e assim por diante. Retratos e selfies existem para o outro e, em certo sentido, todas essas publicações são um prolongamento da ‘vitrinização’ da vida social levada a efeito pelos grandes magazines do século XIX”.
6 Analisando o fenômeno do consumo desde a época da inauguração dos primeiros grandes magazines, no século XIX, Rocha afirma que, apesar do avanço tecnológico e da aceleração da globalização, muitos dos rituais e dos valores de hoje já eram partilhados, de certa maneira, naquela época e até antes dela. “As técnicas e os veículos de comunicação mudaram, mas não certos hábitos, formas de expressão e de relacionamento. Por exemplo, um artigo de um pesquisador de história da arte mostra como, desde o início da modernidade, a pintura de retratos e autorretratos se torna uma prática difundida não só entre monarcas e membros da nobreza, mas também entre os burgueses em ascensão, que, através dessa forma de divulgar a si mesmos, queriam demonstrar poder, prestígio e conexões sociais. Em um tempo menos distante, na minha juventude, não havia ainda a internet, mas podíamos fazer amigos por correspondência, em trocas de cartas, como hoje funcionam as mensagens em redes sociais on-line”.
7 Quando perguntado sobre o futuro do nosso consumo, Rocha diz que, como antropólogo, seria inconsequente tentar predizer o que veremos ao longo dos próximos anos: “Apesar da celeridade tecnológica, os processos de mudança cultural são bem mais lentos do que se imagina. Em vários aspectos da cultura, podemos ver mudanças rápidas quando olhamos, por exemplo, as tecnologias ou os conteúdos de um filme ou de uma novela. Porém, se olharmos pelo plano da estrutura narrativa dessa novela ou filme, podemos ver a permanência de valores que já estavam em filmes e novelas bem mais antigos. Os conteúdos podem mudar em ritmo muito mais rápido do que os modelos que os sustentam”.

Para responder corretamente à questão, é importante observar o contexto e a função do trecho delimitado após os dois pontos no segundo parágrafo. O texto afirma: “Por exemplo, as lojas de departamentos do século XIX impulsionaram inovações no comércio da época que permanecem no nosso cotidiano presente, tais como: a exposição dos produtos em vitrines, a fixação e a exibição de preços em etiquetas, a criação de datas comemorativas e promocionais, a incorporação de feriados religiosos e cívicos ao calendário de compras e a transformação das visitas às lojas em momentos de entretenimento.”

Ao utilizarmos dois pontos em construções como “tais como:”, introduzimos uma enumeração ou explicitação de exemplos que esclarecem ou aprofundam uma ideia anterior. Esse recurso é largamente empregado em textos explicativos e descritivos para fornecer mais informações a respeito de um termo, conceito ou afirmação previamente enunciada.

No caso em análise, a frase anterior aos dois pontos menciona “inovações no comércio da época que permanecem no nosso cotidiano presente”, e, em seguida, exemplifica ou detalha quais são essas inovações, listando-as. Assim, o trecho que vem após os dois pontos serve para especificar, pormenorizar e esclarecer quais são essas inovações mencionadas genericamente, ampliando a compreensão do leitor.

Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) Adição: Incorreta, pois o trecho não acrescenta ideias novas de sentido diferente, mas especifica a anterior.</li>
<li>B) Causalidade: Incorreta, pois não há relação de causa entre o que antecede e o que sucede os dois pontos.</li>
<li>C) Consequência: Incorreta, pois não se apresenta um efeito decorrente do que foi mencionado antes.</li>
<li>D) Contraposição: Incorreta, porque não há oposição de ideias nesse trecho.</li>
<li>E) Detalhamento: Correta, porque o trecho após os dois pontos detalha quais são as inovações no comércio trazidas pelos magazines, explicitando e ilustrando a ideia anterior.</li>
</ul>

Assim, a alternativa “E) detalhamento” é a correta, pois traduz fielmente o papel do trecho na arquitetura textual do parágrafo, enriquecendo a informação ao tornar o conceito mencionado mais palpável e compreensível para o leitor.

Gabarito: Letra E

Para responder corretamente a essa questão de compreensão textual, é fundamental localizar no texto a informação acerca das causas dos altos níveis do efeito estufa. A habilidade exigida é a identificação de uma ideia explícita apresentada pelo autor, aspecto frequente em provas da banca CESGRANRIO.

No primeiro parágrafo do texto, observa-se a explicação de que o efeito estufa é um fenômeno natural responsável pela manutenção da temperatura na Terra. Todavia, o texto ressalta que, “devido ao aumento da poluição, das queimadas e do desmatamento, o efeito estufa está ocorrendo em níveis muito acima do ideal.” Portanto, o desmatamento é apontado explicitamente como uma das causas do agravamento do efeito estufa.

Análise das alternativas:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) alagamento das cidades - Incorreta. O alagamento é consequência dos problemas climáticos e urbanos, não causa do efeito estufa.</li>
<li>B) aumento das chuvas - Incorreta. O aumento das chuvas é apresentado no texto como um dos efeitos das mudanças climáticas, não como causa do efeito estufa.</li>
<li>C) desmatamento das florestas - Correta. O texto diz explicitamente que o desmatamento contribui para o aumento do efeito estufa.</li>
<li>D) entupimento de bueiros - Incorreta. O entupimento de bueiros pode causar alagamentos em áreas urbanas, mas não tem relação direta com o efeito estufa.</li>
<li>E) esvaziamento dos rios - Incorreta. O texto não faz menção ao esvaziamento dos rios como causa para os altos níveis do efeito estufa.</li>
</ul>

O importante aqui é que o examinando consiga perceber a diferença entre causas e consequências, habilidade essencial para compreender textos dissertativos-explicativos, como esse apresentado.

Alternativa Correta:
A alternativa que corresponde fielmente ao exposto no texto é a letra C, pois o “desmatamento das florestas” aparece como uma das causas do aumento do efeito estufa.

Gabarito: Letra C

1 Atualmente, muito se ouve falar acerca de aquecimento 
 global. O aquecimento global é, em resumo, o aumento da 
 temperatura média do planeta que se dá por meio do efeito 
 estufa. Esse é um fenômeno natural responsável pela 
 manutenção da temperatura na Terra, porém, devido ao aumento 
 da poluição, das queimadas e do desmatamento, o efeito estufa 
 está ocorrendo em níveis muito acima do ideal.
2 Em razão dos altos níveis do efeito estufa, o aquecimento 
 global se intensifica, causando o derretimento de calotas polares 
 (regiões cobertas por gelo, localizadas nas duas extremidades 
 da Terra), aumento no número de queimadas naturais, 
 desertificação de áreas e alterações nos níveis de chuva por 
 todo o globo terrestre.
3 Essas mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa 
 geram alterações nos níveis de chuva, resultando em uma 
 elevação em determinada região. Tal aumento, ocorrendo 
 concomitantemente à poluição e à falta de infraestrutura nas 
 cidades, resulta no aumento de enchentes, inundações e 
 alagamentos.
4 As enchentes são fenômenos naturais. Elas ocorrem a partir 
 do aumento do volume de água dos rios. Assim como as 
 enchentes, as inundações também são fenômenos naturais e 
 podem ser definidas como o transbordamento de água em um 
 espaço. Já os alagamentos podem ser descritos como um 
 acúmulo de água que não escoou, seja em zonas urbanas, 
 acarretado pelo entupimento de bueiros, ou em zonas naturais, 
 causado pela baixa capacidade de absorção de água pelo solo.
5 Em zonas urbanas, as enchentes causam danos a casas e 
 comércios, provocando destruição da estrutura destes e de 
 outros bens materiais, como camas, geladeiras e fogões. Em 
 casos mais graves, a força das águas pode acarretar o 
 desmoronamento, além de contribuir para a proliferação de 
 doenças, como, por exemplo, a leptospirose.
6 As mudanças climáticas causadas pelo efeito estufa e pelo 
 aquecimento global estão cada vez mais perceptíveis e 
 prejudiciais a toda a vida na Terra.
 Logo, cabe a nós, cidadãos, tomarmos as atitudes necessárias 
 para revertermos essa preocupante realidade de forma que 
 possamos garantir um futuro melhor para nós e para as 
 próximas gerações, visando sempre à sustentabilidade e à 
 consciência socioambiental.

Para responder corretamente à questão proposta pela banca CESGRANRIO, é necessário identificar, no texto, a relação de causa e consequência entre o fenômeno do derretimento das calotas polares e o aquecimento global.Logo no segundo parágrafo do texto, encontramos explicitamente a informação buscada:“Em razão dos altos níveis do efeito estufa, o aquecimento global se intensifica, causando o derretimento de calotas polares (…)”Vê-se, portanto, que o texto atribui o derretimento das calotas polares à intensificação do aquecimento global, explicitando uma sequência lógica: aumento do efeito estufa → intensificação do aquecimento global → derretimento das calotas polares.Analisando as alternativas:<ul><li>A) alteração nos níveis de chuva: Incorreta, pois, segundo o texto, é o aquecimento global que provoca tanto o derretimento das calotas quanto alterações nos níveis de chuva, não havendo causalidade direta entre estes dois últimos fenômenos.</li><li>B) intensificação do aquecimento global: Correta. De acordo com o texto, o derretimento das calotas é uma das consequências do aquecimento global intensificado.</li><li>C) aumento do nível dos oceanos: Incorreta. O aumento do nível dos oceanos pode ser uma consequência do derretimento das calotas, não sua causa.</li><li>D) falta de infraestrutura das cidades: Incorreta. Esse fator é relacionado aos alagamentos e enchentes, não ao derretimento polar.</li><li>E) frequência maior de inundações: Incorreta, pois as inundações decorrem do aumento das chuvas relacionadas às mudanças climáticas, não do derretimento das calotas.</li></ul>Portanto, conforme demonstra o texto, é a intensificação do aquecimento global o fator responsável pelo derretimento das calotas polares, e não as demais alternativas listadas.Gabarito: Letra B

A questão aborda a leitura atenta de um texto dissertativo sobre mudanças climáticas, especificamente a relação entre o aquecimento global, o efeito estufa e as enchentes no Brasil. O comando solicita que o candidato identifique, de maneira explícita, quem o texto aponta como responsável pela reversão do quadro preocupante do aquecimento global.

No último parágrafo, o autor afirma: “Logo, cabe a nós, cidadãos, tomarmos as atitudes necessárias para revertermos essa preocupante realidade de forma que possamos garantir um futuro melhor para nós e para as próximas gerações, visando sempre à sustentabilidade e à consciência socioambiental.” A escolha do pronome “nós, cidadãos” é clara e objetiva, destacando que não apenas especialistas, líderes ou grupos específicos, mas toda a população é chamada à responsabilidade e ação para modificar a situação descrita no texto.

Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) cidadãos – Correta. Literalmente, o texto finaliza convocando os cidadãos a agirem, destacando a responsabilidade coletiva e individual.</li>
 <li>B) cientistas – Incorreta. Embora cientistas sejam fundamentais na análise e divulgação de informações sobre o aquecimento global, o texto não atribui a eles a responsabilidade pela reversão da situação.</li>
 <li>C) indígenas – Incorreta. O texto não menciona povos indígenas nem atribui a eles essa responsabilidade.</li>
 <li>D) professores – Incorreta. Embora os professores sejam agentes importantes na conscientização, o texto não os trata como exclusivos responsáveis pela mudança.</li>
 <li>E) governantes – Incorreta. Apesar de os governantes terem papel de destaque em políticas ambientais, o texto enfatiza a participação ativa dos cidadãos de modo geral.</li>
</ul>

Percebe-se, portanto, que a alternativa correta é a letra A, por estar claramente explicitada no trecho final da redação apresentada, evidenciando a expectativa de ações cotidianas e coletivas.

Gabarito: Letra A

Questões de CESGRANRIO - Português - Compreensão e interpretação de textos