No texto apresentado, a afirmação inicial faz uma comparação entre as descobertas de Karl Marx e Sigmund Freud, sugerindo que Marx incursionou em conceitos que podem ser considerados análogos ao inconsciente, conceito central na teoria psicanalítica de Freud. No entanto, a afirmação de que Freud conheceu a obra de Marx, mas o inverso não é verdadeiro, requer uma análise cuidadosa para determinar se ela é correta ou não. Vamos considerar os argumentos apresentados no texto e a veracidade da alternativa em questão. 

O texto explica que, embora o uso dos termos 'fetichismo' e 'alienação' seja comum tanto à psicanálise quanto ao materialismo histórico, os contextos e significados são distintos entre as obras de Freud e Marx. É mencionado que o sujeito analisado por ambos é o mesmo, no sentido metafórico de lidar com inconsciências, seja na esfera do desejo, seja na produção econômica. 

Entretanto, a afirmação de que Freud teve acesso às ideias de Marx e vice-versa não é comprovada apenas pelo conteúdo do texto. Não há evidências explícitas no texto de que Freud de fato conheceu a obra de Marx. Embora o texto faça uma ponte conceitual entre os dois pensadores, isso não implica diretamente em um conhecimento mútuo das obras. 

Além disso, a questão histórica é relevante: Marx morreu em 1883, e Freud publicou seus principais trabalhos no final do século XIX e começo do XX. E o próprio texto não oferece fundamentação sólida para afirmar que o conhecimento foi unilateral (apenas Freud conhecia Marx). As correlações feitas pelo texto são mais filosóficas e conceituais do que baseadas em evidências históricas de influência direta. 

Diante disso, julgar que a afirmação sobre a relação de conhecimento das obras é correta sem mais evidências é precipitado. A alternativa correta, portanto, é "Errado", pois a afirmação não pode ser inferida com segurança apenas com base nas informações disponibilizadas no texto.Gabarito: Letra E

A informação que inicia o texto é suficiente para 
se inferir que Freud conheceu a obra de Marx, mas o contrário não é
verdadeiro, visto que esses pensadores não foram
contemporâneos.

Com relação às ideias desenvolvidas no texto acima e a seus
aspectos gramaticais, julgue os itens subsequentes.

Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três
décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente
exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx, em
O Capital, no capítulo sobre o fetiche da mercadoria,
estabelece dois parâmetros conceituais imprescindíveis para
explicar a transformação que o capitalismo produziu na
subjetividade. São eles os conceitos de fetichismo e de
alienação, ambos tributários da descoberta da mais-valia — ou
do inconsciente, como queiram.
A rigor, não há grande diferença entre o emprego
dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico.
Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do desejo
sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já
a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja,
da existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da
mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem
um papel decisivo na produção “inconsciente” da mais-valia.
O sujeito das duas teorias é um só: aquele que sofre e se indaga
sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que
desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder
encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza,
mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que
vivemos se diz “de mercado”, é porque a mercadoria é o
grande organizador do laço social.

O texto apresentado discute as teorias de Karl Marx e Sigmund Freud, principalmente em relação aos conceitos de fetichismo e alienação, abordando como esses conceitos se aplicam tanto na psicanálise quanto no materialismo histórico. No texto, é sugerido que não há grande diferença entre os usos dessas duas palavras (fetichismo e alienação) nos dois campos teóricos.

 

A frase chave para entender a questão é: "A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico." Isso é seguido pela explicação de como o fetiche e a alienação operam em ambas as teorias. Em Freud, o fetiche está ligado à gestão do desejo sexual, enquanto a alienação remete à divisão do sujeito, ou à existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da mercadoria é descrito como um produto da alienação do trabalho, que tem um papel central na produção da mais-valia de maneira "inconsciente".

 

O texto também estabelece uma ponte sobre como essas teorias afetam o sujeito nas sociedades de mercado, indicando que a mercadoria é o principal organizador dos laços sociais e que há uma relação entre a divisão do sujeito em seu mundo interno (psicanálise) e na sociedade (materialismo histórico). Esse elo entre as teorias evidencia que, na sociedade de mercado, as relações de trabalho e a subjetividade dos indivíduos sofrem processos semelhantes de divisão e alienação.

 

A argumentação da autora do texto substancia como os processos psicanalíticos podem ser observados de forma semelhante nos contextos econômicos e sociais, sugerindo um paralelo entre "a divisão do sujeito" nas duas áreas. Assim, a inferência feita na questão, ao afirmar que a autora busca demonstrar uma semelhança no processamento da “divisão do sujeito” na subjetividade dos indivíduos e na relação de trabalho, é correta.

Gabarito: Letra C

Depreende-se da argumentação apresentada que a autora do
texto, ao aproximar conceitos presentes nos estudos de Marx
e de Freud, busca demonstrar que, nas sociedades “de
mercado”, a “divisão do sujeito” (L.14) se processa de 
forma
análoga na subjetividade dos indivíduos e na relação de
trabalho.

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