Em "a": Certo – Veja nesses trechos a presença da comparação: "[...] que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira". Logo, a conjunção "que" é responsável pela comparação com a qual se descreve a personagem Iracema. Em "b": Errado – Nesse caso, não há transmissão de características humanas a seres inanimados, tais como animais. Em "c": Errado – Não é construída sob o prisma de palavras cuja semelhança fônica é grande; mas possuem sentidos diferentes. Em "d": Errado – Novamente: não se trata de uma personificação. Em "e": Errado – Também não há a presença de sequências enumerativas, por exemplo. Resposta: Letra A.

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no
horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu
talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso, nem
a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira
tribo, da grande nação tabajara.
Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da
floresta.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto
dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a
virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada,
onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as
agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que
matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta.
Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista
perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro
estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha
embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face
do desconhecido.

Em "a": Errado &nbsp;– Hipérbole é uma figura de linguagem que denota exagero. Em "b": Errado&nbsp;– Eufemismo é uma figura de linguagem com a qual se suaviza algo para dizê-lo da melhor maneira possível. Exemplo: "Ele partiu dessa para melhor."Em "c": Certo&nbsp;– Antítese é uma figura de linguagem a partir da qual se mostram ideias contrastantes/opostas entre si. Exemplo retirado do poema: "dói e não se sente."Em "d": Errado&nbsp;– A alegoria consiste em representar ideias que transmitem significados que vão além daquele meramente representado. Não é o caso em questão. Em "e": Errado&nbsp;– A ironia, embora se pareça com a antítese em termos semânticos, é um recurso de linguagem com um teor mais sarcástico. Resposta: Letra C.

Vamos analisar a questão apresentada, que envolve a compreensão da metáfora utilizada no texto quanto ao fio dental enredado. Essa figura de linguagem é empregada para explicitar a situação de desgaste e passividade da personagem em relação ao seu relacionamento. A metáfora é uma figura de linguagem comum, que estabelece uma relação de semelhança entre dois conceitos diferentes, transferindo o significado de um para o outro. No texto, essa técnica literária é utilizada para descrever a complexidade e estagnação do relacionamento através de sua comparação com um fio dental que não se desenreda. A banca, ao afirmar que "o fio dental enredado é usado pela personagem como metáfora para denotar não só o nível de desgaste do seu relacionamento infeliz, mas também para explicitar sua passividade diante de tal fato", está correta. A personagem reflete sobre a dificuldade de desembaraçar o fio, uma metáfora para a tentativa de solucionar os problemas que enfrenta com o parceiro. C) Certo - Esta alternativa está correta, pois reflete com precisão a função da metáfora no texto. O fio dental enredado simboliza o estado emaranhado e o desgaste do relacionamento, bem como a relutância ou incapacidade da personagem em pôr fim à situação. O fio dental representa, simbolicamente, a complexidade e a insatisfação no relacionamento com Fernando. A metáfora sugere que o estado enredado tornou-se algo impossível de resolver, e a insistência em desenredá-lo apenas prolonga o sofrimento. Gabarito: Letra C

O fio dental enredado é usado pela personagem como 
metáfora para denotar não só o nível de desgaste do seu 
relacionamento infeliz, mas também para explicitar sua 
passividade diante de tal fato.

Julgue o item seguinte, relativo aos sentidos e a aspectos 
linguísticos do texto precedente. 


Fernando arrancou o paletó no auge da impaciência 
e perguntou com voz esganiçada se eu pretendia ficar a 
noite inteira ali de estátua enquanto ele teria que encher o 
tanque naquela escuridão de merda porque ninguém lhe 
passava o raio da lanterna. 
  — Onde está a lanterna? 
  — Mas onde poderia estar a lanterna senão no 
porta-luvas, a princesa esqueceu? 
  Através do vidro, a estrela maior (Vênus) pulsava 
reflexos azuis. Gostaria de estar numa nave, mas com o 
motor desligado, sem ruído, sem nada. Quieta. Ou neste 
carro silencioso mas sem ele. Já fazia algum tempo que eu 
queria estar sem ele, mesmo com o problema de ter 
acabado a gasolina. 
  — As coisas ficariam mais fáceis se você fosse 
menos grosso — eu disse, entreabrindo a mão e 
experimentando a lanterna no pedregulho que achei na 
estrada.  
  — Está bem, minha princesa, se não for muito 
incômodo, será que poderia me passar a lanterninha? 
  Quando me lembro dessa noite (e estou sempre 
lembrando) me vejo repartida em dois momentos: antes e 
depois. Antes, as pequenas palavras, os pequenos gestos, 
os pequenos amores culminados nesse Fernando, aventura 
medíocre de gozo breve e convivência comprida. Se ao 
menos ele não fizesse aquela voz para perguntar se por 
acaso alguém tinha levado a sua caneta. Se por acaso 
alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental, este 
estava no fim. Não está, respondi, é que ele se enredou lá 
dentro, se a gente tirar esta plaqueta (tentei levantar a 
plaqueta) a gente vê que o rolo está inteiro mas enredado e 
quando o fio se enreda desse jeito, nunca mais!, melhor 
jogar fora e começar outro rolo. Não joguei. Anos e anos 
tentando desenredar o fio impossível, medo da solidão? 
Medo de me encontrar quando tão ardentemente me 
buscava?

Mano, vamos lá decifrar essa parada! Esse enunciado pede que consideremos se a onomatopeia tá sendo usada para retratar o início da vida do Lino, nosso protagonista. Opa, onomatopeia, aquele rolê de usar palavras que imitam sons, certo? 
 
 
 
Num olhar rápido, parece que o uso do "PLACT" ali no texto seria a onomatopeia, né? Essa palavra geralmente é usada pra descrever um som específico, tipo algo batendo ou caindo. Isso bate com o que tá rolando na história, quando o ovo onde está Lino cai na cama. 
 
 
 
Agora, pega essa: a questão não é se tem onomatopeia ou não, mas sim se esse barulho tem a ver com o "início da vida" do Lino. A vida do passarinho Lino, de fato, começou quando ele foi chocado, mas a onomatopeia "PLACT" no texto representa mais o momento em que ele cai na cama, e não o começo da sua vida em si. 
 
 
 
Assim, pensando na pegada da questão de focalizar no "início da vida" e não só em qualquer parte inicial da história, parece que o barulho tá mais ligado à chegada dele no novo ambiente do que ao ponto exato em que ele "começou" a viver, sacou? Por isso a alternativa errada faz mais sentido. 
 
 
A alternativa correta é E.

No texto, o início da vida de Lino é representado por meio de onomatopeia.


    Tatatá tututudo bem?
    É assim que o personagem desta história começaria a conversar com você. Também não poderia ser diferente. Criado no mundo dos tatus, ele só podia mesmo falar tatuês. Assim, Lino logo aprendeu a falar como tatu, comer como tatu, e viver como tatu.
Porque, apesar do mundo dos tatus ser bem diferente do nosso, tem uma coisa que é igualzinha: bicho criado fica igual ao bicho pai.
Nisso não há dúvida, é só olhar para o Lino que a gente esquece que ele nasceu passarinho.
    E foi assim que tudo começou: com um PLACT!
    Quando ouviram aquele barulhinho, tatu Raul e dona Malu correram para ver o que era. Que surpresa! Bem ali, no meio da cama deles, tinha caído um ovo, que logo se rachou. De dentro, ainda com cara de passarinho, saiu Lino, que cantava sem parar.
Tatu Raul olhou para o teto e disse:
    — Puxa, esqueci de consertatatar essa goteteteira. Deve teteter uma árvore bem aí em cima da gentetete. O coitatatadinho caiu do ninho.


Em relação aos sentidos e a aspectos linguísticos e estilísticos do texto acima, julgue o item subsequente.


Opa! Beleza? Então, vamos analisar essa questão sobre o emprego de clichê e antítese no último parágrafo do texto fornecido. Primeiramente, um clichê é uma expressão muito usada, que acaba perdendo a força ou originalidade por conta de sua repetição excessiva. A antítese, por outro lado, é uma figura de linguagem que consiste na exposição de ideias opostas, criando um contraste entre elas. 
 
No último parágrafo do texto, o autor usa expressões como "com os pés fixos em nossa província" e "lançando nosso atento olhar para todo o planeta". Essa combinação cria uma antítese clara: a ideia de estar firmemente enraizado em um lugar local enquanto simultaneamente se preocupa ou se envolve com questões globais. 
 
Quanto ao clichê, expressões como "construção de um mundo melhor" e "voz da cidadania" são bastante comuns e frequentemente utilizadas em discursos políticos ou textos que discutem governança e responsabilidade social, caracterizando-se como clichês devido à sua repetição excessiva em contextos similares ao longo do tempo. 
 
Portanto, a verificação de ambos, clichê e antítese, no último parágrafo é correta, e a assertiva que considera sua utilização como certa está de fato apropriada para a análise desse trecho do texto. 
 
A alternativa correta é C.

No último parágrafo, verifica-se, entre outros aspectos linguísticos, o emprego de clichê e de antítese.


    Eis a razão pela qual acredito estarmos caminhando
para a edificação de uma nova ordem mundial, assentada em
parâmetros razoavelmente distintos daqueles que prevaleceram
nas duas últimas décadas. Aprendemos que o fim do sistema
bipolar (...) não teve o dom de sepultar interesses divergentes
e claros antagonismos, sempre presentes na área internacional.
Entendemos, ademais, que o mercado, por sua própria
natureza, não é a instância adequada para tomar decisões
políticas, que afetam milhões de pessoas. Por fim, mas não menos significativo, percebemos que o combate a um inimigo
difuso, a cuja sanha destruidora e ensandecida todos devemos
opor tenaz resistência para dela não nos tornarmos reféns,
requer esforço conjunto e solidário, somente possível pelo
acordo que não se impõe, mas que se celebra pela busca de
convergência possível. Isso é Política.
    É nesse novo quadro histórico que emerge, renovada
e fortalecida, a instituição parlamentar. Dela se espera, agora
mais do que nunca, que agregue às suas funções tradicionais —
debater, legislar e fiscalizar — novos e mais amplos horizontes
de atuação, nos quais a política externa e as relações
internacionais ocupam posição nuclear. Não mais se admite
que, ao Parlamento, caibam apenas funções subsidiárias, a
homologar decisões do Executivo, quase sempre
desempenhando um papel que não foge do mero formalismo.
Referendar tratados e acordos internacionais, sem a mínima
possibilidade de interferir em sua elaboração, deverá
constituir-se em imagem do passado, página virada de uma
História que estimaríamos não mais se repetisse.
(...)
    Eis porque, Caros Colegas de todas as Américas,
nosso maior desafio, nestes tempos de tantas incertezas e
permanentes tensões, é prover o Parlamento das mais amplas
condições, a começar pela excelência técnica, para participar
ativamente do processo das grandes decisões, das nacionais
àquelas que envolvem as relações internacionais. Assumir a
parcela que lhe cabe, na construção de uma nova ordem
mundial, mais justa e equânime, é missão da qual não pode
fugir, sob pena de desfigurar-se por completo como voz da
cidadania.
    Estou certo de que esse desafio se transforma em
nosso compromisso. E, assim, estaremos contribuindo para a
construção de um mundo melhor. Com os pés fixos em nossa
província, zelando pelo bem-estar dos cidadãos que
representamos, haveremos de alçar voos maiores lançando
nosso atento olhar para todo o planeta.


Em relação ao texto acima, julgue o item a seguir.


Questões de CESPE / Cebraspe - Português - Figuras de linguagem