Beleza, vamos mergulhar nessa questão! Ela está pedindo para avaliar se o texto, embora use primeira pessoa do plural, pode ser considerado uma descrição objetiva do tráfico de escravos. Para isso, precisamos analisar o tom e a maneira como o conteúdo é apresentado. 
 
Ao ler o texto, notamos que ele usa a primeira pessoa do plural ("nós", "admiramos") para criar uma conexão emocional ou uma responsabilidade compartilhada entre o autor e o leitor sobre o que está sendo descrito. Essa escolha estilística gera um efeito de envolvimento, ao invés de uma distância objetiva. 
 
Além disso, o texto está carregado de avaliações críticas e emocionais sobre o tráfico transatlântico de escravos. Frases como "Oh trato desumano, em que a mercancia são homens!" e "Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias, e os riscos das próprias!", são fortemente marcadas por uma visão pessoal e condenatória do narrador. Isso reflete um estilo subjuntivo e subjetivo, que vai além de uma simples descrição dos eventos. 
 
Assim, enquanto o texto usa a primeira pessoa para discutir o tópico de uma perspectiva coletiva, ele certamente não pode ser considerado uma descrição objetiva. A carga emotiva e condenatória presente implica uma forte presença de elementos subjetivos que influenciam a visão apresentada ao leitor. 
 
alternativa correta é E

Apesar de conter marcas de primeira pessoa do plural — como “nós” (ℓ.2), “admiramos” (ℓ.2) e “olharmos” 
(ℓ.18) —, o texto caracteriza-se como uma descrição 
objetiva do tráfico de escravos da África para o Brasil.

Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto 
precedente, julgue os itens que se seguem. 


Uma das grandes cousas que se veem hoje no 
mundo, e nós pelo costume de cada dia não admiramos, é a 
transmigração imensa de gentes e nações etíopes, que da 
África continuamente estão passando a esta América. Entra 
uma nau de Angola, e desova no mesmo dia quinhentos, 
seiscentos e talvez mil escravos. Os israelitas atravessaram 
o Mar Vermelho, e passaram da África à Ásia, fugindo do 
cativeiro; estes atravessam o mar oceano na sua maior 
largura, e passam da mesma África à América e para viver 
e morrer cativos. Os outros nascem para viver, estes para 
servir. Nas outras terras do que aram os homens, e do que 
fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios: naquela 
o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é 
o que se vende, e se compra. Oh trato desumano, em que a 
mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os 
interesses se tiram das almas alheias, e os riscos das 
próprias! 
  Já se depois de chegados olharmos para estes 
miseráveis, e para os que se chamam seus senhores: o que 
se viu nos dous estados de Jó, é o que aqui representa a 
fortuna, pondo juntas a felicidade e a miséria no mesmo 
teatro. Os senhores poucos, e os escravos muitos; os 
senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os 
senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome; os 
senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados 
de ferros; os senhores tratando-os como brutos, os escravos 
adorando-os e temendo-os como deuses; os senhores em pé 
apontando para o açoute, como estátuas da soberba e da 
tirania, os escravos prostrados com as mãos atadas atrás 
como imagens vilíssimas da servidão, e espetáculos da 
extrema miséria.

Beleza, vamos analisar a questão e mergulhar nos detalhes. 
 
O pedido aqui é simplesmente julgar se o primeiro parágrafo do Texto 12A1AAA é descritivo, baseado no que ele apresenta sobre a "polícia parisiense". Antes de mais nada, é bom lembrar que na tipologia textual, um texto descritivo foca em descrever detalhes, características e aspectos visuais ou sensoriais de algo ou alguém. 
 
O primeiro parágrafo do texto dado, no entanto, faz mais do que apenas descrever a polícia; ele também avalia a competência e a eficácia da polícia parisiense em suas investigações. Palavras como "perseverantes, engenhosos, astutos" certamente descrevem, mas o contexto das frases vai além, discutindo eficácia e aptidões específicas relacionadas ao trabalho policial ("perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir"). 
 
Portanto, embora o parágrafo contenha elementos descritivos, ele é predominantemente expositivo ou até argumentativo, pois avalia e discute a qualidade e a competência da polícia parisiense em executar suas funções, entrando em detalhes sobre como elas realizam suas investigações e os possíveis equívocos que cometem no processo. 
 
O pedido da questão básicamente caiu numa pegadinha clássica! Embora tenha descrições ali, o contexto geral e o principal objetivo do parágrafo não é só descrever características, mas também avaliar e criticar métodos e eficácias, o que puxa o parágrafo para um estilo mais analítico do que puramente descritivo. 
 
alternativa correta é E.

O primeiro parágrafo do texto é predominantemente descritivo,
pois apresenta as características da “polícia parisiense”.

No que se refere à tipologia e aos sentidos do texto 12A1AAA,
julgue os próximos itens.


Não se concebe que um ato normativo de qualquer
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos atos
normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos do
próprio Estado de direito: é inaceitável que um texto legal não seja
entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
necessariamente, clareza e concisão.

— A polícia parisiense — disse ele — é extremamente
hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos
conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou,
pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara
uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que chegou
o seu trabalho.
— Até o ponto a que chegou o seu trabalho? —
perguntei.
— Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas
não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas, mas
realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse
depositada dentro do raio de suas investigações, esses rapazes,
sem dúvida, a teriam encontrado.
Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo
aquilo com a máxima seriedade.
— As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em
seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia em
serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo
conjunto de recursos altamente engenhosos é, para o delegado,
uma espécie de leito de Procusto, ao qual procura adaptar à
força todos os seus planos. Mas, no caso em apreço, cometeu
uma série de erros, por ser demasiado profundo ou demasiado
superficial. (...) E, se o delegado e toda a sua corte têm
cometido tantos enganos, isso se deve (...) a uma apreciação
inexata, ou melhor, a uma não apreciação da inteligência
daqueles com quem se metem. Consideram engenhosas apenas
as suas próprias ideias e, ao procurar alguma coisa que se ache
escondida, não pensam senão nos meios que eles próprios
teriam empregado para escondê-la. Estão certos apenas num
ponto: naquele em que sua engenhosidade representa fielmente
a da massa; mas, quando a astúcia do malfeitor é diferente da
deles, o malfeitor, naturalmente, os engana. Isso sempre
acontece quando a astúcia deste último está acima da deles e,
muito frequentemente, quando está abaixo. Não variam seu
sistema de investigação; na melhor das hipóteses, quando são
instigados por algum caso insólito, ou por alguma recompensa
extraordinária, ampliam ou exageram os seus modos de agir
habituais, sem que se afastem, no entanto, de seus princípios.
(...) Você compreenderá, agora, o que eu queria dizer ao
afirmar que, se a carta roubada tivesse sido escondida dentro
do raio de investigação do nosso delegado — ou, em outras
palavras, se o princípio inspirador estivesse compreendido nos
princípios do delegado —, sua descoberta seria uma questão
inteiramente fora de dúvida. Este funcionário, porém, se
enganou por completo, e a fonte remota de seu fracasso reside
na suposição de que o ministro é um idiota, pois adquiriu
renome de poeta. Segundo o delegado, todos os poetas são
idiotas — e, neste caso, ele é apenas culpado de uma non
distributio medii, ao inferir que todos os poetas são idiotas.
— Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei
que são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas
letras. O ministro, creio eu, escreveu eruditamente sobre o
cálculo diferencial. É um matemático, e não um poeta.
— Você está enganado. Conheço-o bem. E ambas as
coisas. Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como
mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria,
assim, à mercê do delegado.
— Você me surpreende — respondi — com essas
opiniões, que têm sido desmentidas pela voz do mundo.
Naturalmente, não quererá destruir, de um golpe, ideias
amadurecidas durante tantos séculos. A razão matemática é há
muito considerada como a razão par excellence.

E aí, segura essa: o texto CB2A1-I, de fato, mergulha fundo no estilo dissertativo-argumentativo. Não tá familiarizado com essa vibe? Bom, é aquele tipo de texto que não só expõe informações mas também bota um tempero de argumentação pra convencer ou provocar reflexão. E como é que ele faz isso? Simples (ou nem tanto): usando uma série de fatos e evidências históricas, o autor não tá só jogando info no ventilador. Ele tá construindo um argumento sólido pra gente refletir sobre como grandes transformações sociais e tecnológicas bagunçaram (e ainda bagunçam) nosso mundão. 
 
Exemplo? Toma: quando o texto fala sobre "saltos de época", como a invenção de controlar o fogo, o avanço da agricultura, ou as revoluções industriais e tecnológicas, o autor não tá só listando eventos históricos. Ele tá mostrando como essas mudanças marotas foram desestruturando e reestruturando sociedades. E, puta que pariu, se isso não é uma maneira de argumentar sobre a capacidade disruptiva das inovações tecnológicas e sociais, então eu não sei o que é. 
 
Pois é, a banca que elaborou essa questão tá querendo que você sacasse isso. O autor do texto utiliza essas evidências históricas para embasar a argumentação de que estamos sempre num ciclo constante de desorientação e realinhamento cultural, social e político. Logo, ao afirmar que o texto comprova seu ponto através dessas evidências, a opção correta realmente é a letra C. 
 
alternativa correta é C

O texto caracteriza-se como dissertativo-argumentativo,
devido, entre outros aspectos, à presença de evidências e fatos
históricos utilizados para validar a argumentação do autor.

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto
CB2A1-I, julgue os itens que se seguem.


Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso
ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção
das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do
pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre
os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no
século XIX, tudo isso representa saltos de época, que
desorientaram gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história,
como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas.
Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um
século, um novo salto de época nos tomou de surpresa,
lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a
rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada
pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma
sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários
dos meios de informação.
O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade
pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial
anterior é representado pelo progresso científico e tecnológico,
pela globalização, pelas guerras mundiais, pelas revoluções
proletárias, pelo ensino universal e pelos meios de
comunicação de massa. Agindo simultaneamente, esses
fenômenos produziram uma avalanche ciclópica — talvez a
mais irresistível de toda a história humana — na qual nós,
contemporâneos, temos o privilégio e a desventura de estar
envolvidos em primeira pessoa.
Ninguém poderia ficar impassível diante de uma
mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais
difundida é a desorientação.
A nossa desorientação afeta as esferas econômica,
familiar, política, sexual, cultural... É um sintoma de
crescimento, mas é também um indício de um perigo, porque
quem está desorientado sente-se em crise, e quem se sente em
crise deixa de projetar o próprio futuro. Se deixarmos de
projetar nosso futuro, alguém o projetará para nós, não em
função de nossos interesses, mas do seu próprio proveito.

Olá! Vamos mergulhar nessa questão sobre identificação do gênero textual do trecho apresentado, certo? 
 
Primeiro, analisemos o texto, que está claramente carregado de uma voz crítica acerca da justiça e de comportamentos sociais, que ao mesmo tempo expressa desalento. Observa-se uma natureza argumentativa e persuasiva em seu tom, algo bastante típico de discursos. 
 
Agora, vamos sacudir esse enunciado e verificar as alternativas: 
- A) Resenha: Normalmente, é um texto que avalia obras ou eventos. Aqui, o foco está mais em lamentar e criticar certas condições sociais, então não parece ser isso. 
- B) Discurso: Sim, estamos falando! Discursos são destinados a persuadir ou instigar o público sobre determinados assuntos, muitas vezes abordando questões morais ou políticas. 
- C) Verbete: Eles são breves informações sobre termos ou conceitos, geralmente encontrados em enciclopédias. Nosso texto é muito mais expansivo e argumentativo do que um simples verbete. 
- D) Notícia: A notícia reporta eventos atuais de forma objetiva. Nosso texto tem um forte elemento de opinião e crítica, então passa longe de ser uma notícia. 
- E) Relato histórico: Trata sobre acontecimentos passados, focando em uma narração factual. O tom crítico e persuasivo do texto não combinam com essa categoria. 
 
Portanto, estamos falando de um discurso aqui! Uma análise clara da expressão, intenção e estilo nos leva diretamente para essa alternativa, que capta a essência do texto em questão. 
Alternativa correta é B.

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a
honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços,
semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente
da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na
estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove a
desonestidade, a venalidade, a relaxação; insufla a cortesania,
a baixeza, sob todas as suas formas.
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem
chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha
de ser honesto.
E, nessa destruição geral das nossas instituições, a
maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça,
corroborada pela ação dos homens públicos. E, nesse
esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a
falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de
punição quando ocorre um crime de autoria incontroversa, mas
ninguém tem coragem de apontá-la à opinião pública, de modo
que a justiça possa exercer a sua ação saneadora e benfazeja.

Vamos dar uma olhada nesse rolê com o texto! Aqui estamos lidando com um texto que apresenta uma estrutura clássica do tipo dissertativo-argumentativo. Esse tipo de texto é super comum em concursos porque quer testar sua capacidade de entender argumentos, desenvolver ideias e colocar tudo numa estrutura que faça sentido. 
 
 
No texto em análise, o autor não está só jogando informações aleatórias. Ele tá montando um argumento step by step: começa apontando a questão da impunidade e a relação com o foro privilegiado; depois move para uma discussão sobre os equívocos nessa percepção. Isso é um bom e velho desenvolvimento argumentativo. 
 
 
Além disso, o texto aborda um problema, traz uma explicação detalhada sobre por que as percepções públicas podem estar equivocadas e apresenta contrapontos (como a função real do mecanismo de foro privilegiado e os conflitos na justiça comum). O cara que escreveu isso tá querendo te convencer de algo, explorando várias facetas de um assunto polemiquinho - clara marca de um texto dissertativo-argumentativo. 
 
 
Finalmente, a pergunta do concurso quer saber se você captou essa vibe do texto. Quando você nota que cada pedaço do texto constrói em cima do anterior, ficando mais fundo na argumentação, você tá vendo a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo em ação. 
 
A alternativa correta é C

A estrutura organizacional do texto é indicadora do tipo textual
dissertativo-argumentativo.

Em relação ao texto acima, julgue os itens que se seguem.


A impunidade de políticos não decorre de foro
privilegiado, mas de justiça ineficiente. Abolir o referido
mecanismo produzirá efeitos desfavoráveis. É compreensível
a confusão. A designação mais conhecida, “foro privilegiado”,
sem dúvida, sugere a existência de condenável regalia. Não é
estranho, portanto, que o Congresso tenha incluído em sua
agenda positiva um esforço para eliminar essa prerrogativa
constitucional. Os parlamentares estariam, com isso,
oferecendo o seu quinhão para o combate à impunidade que
tradicionalmente beneficia políticos de todos os matizes.
Entretanto, há dois equívocos nesse raciocínio. O
primeiro é imaginar que o foro especial — assegurado a
autoridades como o presidente da República, governadores,
prefeitos, congressistas e ministros de Estado — seja
responsável pela ausência de punições na esfera jurídica. As
numerosas instâncias da justiça comum favorecem a
interposição de recursos, o que atrasa a caminhada processual
e contribui para a impunidade. O segundo equívoco do
raciocínio é imaginar que a prerrogativa de foro constitua, de
fato, um privilégio. De um lado, porque não há benefício na
supressão de um ou de todos os graus de jurisdição. De outro,
porque o mecanismo busca assegurar um julgamento imparcial
— em proveito não só do réu, mas também da sociedade.
Em tese, tribunais superiores estão mais protegidos
contra as pressões que governantes e legisladores podem tentar
exercer em favor da absolvição, assim como são menos
suscetíveis à litigância meramente persecutória.

Questões de CESPE / Cebraspe - Português - Tipologia textual e funções da linguagem - Todas - nível superior