 A cidade estava coberta de neblina no final da tarde.

 A cidade ficou iluminada pelo pôr do sol.

 A cidade se encheu de vida no final da tarde.

 A cidade foi tomada por uma tempestade ao entardecer.

Análise do Texto:
O trecho apresentado discorre sobre a transformação da cidade após um intenso período de intempéries. A expressão “a cidade entardeceu em brumas” é particularmente significativa pois, além de evocar a transição do dia para a noite, traz consigo uma atmofesra de mistério e suavidade, sugerida pela palavra "brumas", que remete a uma espessura de névoa ou neblina.

Análise das Alternativas:
<ul>
<li>A) A cidade estava coberta de neblina no final da tarde. Esta alternativa é a correta, pois a expressão “entardeceu em brumas” dá a entender que, com o cair da noite, a presença de brumas (ou neblina) se faz notar, criando um cenário onde a cidade parece embaçada ou envolta em mistério.</li>

<li>B) A cidade ficou iluminada pelo pôr do sol. Esta alternativa está incorreta. Embora o pôr do sol possa gerar uma iluminação característica, a expressão em questão não sugere luminosidade; ao contrário, a ideia de "brumas" sugere uma diminuição da clareza e luz natural, indicando uma atmosfera de entardecer mais suave e nublada.</li>

<li>C) A cidade se encheu de vida no final da tarde. Esta opção é errônea. O termo "brumas" sugere uma visão turva e não um ambiente vibrante ou cheio de vida, indicando um cenário sereno e até um tanto melancólico, demonstrando o oposto da agitação.</li>

<li>D) A cidade foi tomada por uma tempestade ao entardecer. Com certeza, essa alternativa é falsa. Embora o texto mencione um “temporal” e “chuva”, a expressão “entardeceu em brumas” refere-se a um momento posterior, onde a tempestade já passou, e o ambiente se encontra mais pacífico e resignado.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
Diante da análise, a opção que melhor responde à afirmação do enunciado é: "A cidade estava coberta de neblina no final da tarde", pois está diretamente associada à expressão que encerra esse trecho, evocando uma atmosfera bucólica e calma.

Gabarito: Letra A

Rubem Braga 

 Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. Então o homem esqueceu o trabalho e as promissórias, esqueceu a condução e o telefone e o asfalto, e saiu andando lentamente por aquele morro coberto de um mato viçoso, perto de sua casa. O capim cheio de água molhava seu sapato e as pernas da calça; o mato escurecia sem vaga-lumes nem grilos.
 Pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma benção. Ali perto mesmo a cidade murmurava, estava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impacientes de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de mato, uma pedra escura. Ali perto, dentro de uma casa fechada, um telefone batia, silenciava, batia outra vez, interminável, paciente, melancólico. Alguém, com certeza já sem esperança, insistia em querer falar com alguém.
 Por um instante, o homem voltou seu pensamento para a cidade e sua vida. Aquele telefone tocando em vão era um dos milhões de atos falhados da vida urbana. Pensou no desgaste nervoso dessa vida, nos desencontros, nas incertezas, no jogo de ambições e vaidades, na procura de amor e de importância, na caça ao dinheiro e aos prazeres.
Ainda bem que de todas as cidades do mundo o Rio é a única a permitir a evasão fácil para o mar e a floresta. Ele estava ali num desses limites entre a cidade dos homens e a natureza pura; ainda pensava em seus problemas urbanos – mas um camaleão correu de súbito, um passarinho piou triste em algum ramo, e o homem ficou atento àquela humilde vida animal e também à vida silenciosa e úmida das árvores, e à pedra escura, com uma pele de musgo e seu misterioso coração mineral.
 E pouco a pouco ele foi sentindo uma paz naquele começo de escuridão, sentiu vontade de deitar e dormir entre a erva úmida, de se tornar um confuso ser vegetal, num grande sossego, farto de terra e de água; ficaria verde, emitiria raízes e folhas, seu tronco seria um tronco escuro, grosso, seus ramos formariam copa densa, e ele seria, sem angústia nem amor, sem desejo nem tristeza, forte, quieto, imóvel, feliz.

 A necessidade de atender ao telefone que tocava incessantemente.

 A vontade de fugir do desgaste nervoso da vida urbana.

 A curiosidade de observar a vida animal e vegetal do local.

 A obrigação de cuidar de suas promissórias.

Análise da Questão:
A leitura do trecho de "O mato" de Rubem Braga revela uma reflexão intensa sobre a vida urbana e a busca de um refúgio na natureza. Ao longo do texto, o autor ilustra a luta interna do protagonista entre a pressão da vida nas cidades e o desejo de se conectar com o ambiente natural. Vamos analisar as alternativas oferecidas e entender por que a alternativa B é a correta.

 
Alternativa A: A necessidade de atender ao telefone que tocava incessantemente.
Essa alternativa não está correta, pois, embora o telefone toque continuamente em busca de alguém, isso é mais uma representação da desumanização e da solidão da vida urbana do que uma motivação para o homem deixar sua rotina. O protagonista busca um escape, não se sente motivado pela necessidade de atender ao telefone.


Alternativa B: A vontade de fugir do desgaste nervoso da vida urbana.
Essa alternativa é a que melhor representa a motivação do homem. O trecho salienta o desgaste nervoso, as pressões e os desencontros da vida nas cidades. Ele abandona suas obrigações momentaneamente para buscar uma paz que só a natureza pode proporcionar, expressando um desejo profundo de reconexão com si mesmo e com a tranquilidade.

 
Alternativa C: A curiosidade de observar a vida animal e vegetal do local.
Embora a curiosidade pela vida animal e vegetal esteja presente no texto (com a menção ao camaleão e ao passarinho), essa não é a razão principal que leva o homem a se afastar de suas responsabilidades urbanas. A observação é parte da experiência, mas não a motivação principal.

 
Alternativa D: A obrigação de cuidar de suas promissórias.
Esta alternativa também é errada, visto que o protagonista já se desconectou do peso de suas responsabilidades, como as promissórias. O texto enfatiza que ele esqueceu do trabalho, portanto, essa obrigação não é o que o motiva a sair.


Conclusão: A análise do texto e das alternativas confirma que a busca por um escape do desgaste da vida urbana é a força motriz que leva o homem a procurar um lugar em meio à natureza. Portanto, a alternativa correta é a B.

Gabarito: Letra B

 Ele se sente perdido e deseja retornar imediatamente à cidade.

 Ele se sente incomodado pelo mato molhado e busca abrigo.

 Ele encontra paz e deseja se integrar completamente à natureza.

 Ele fica ansioso com os ruídos da cidade ao longe.

Análise do Texto:
O texto de Rubem Braga apresenta uma rica descrição de um momento de transição entre a vida urbana e a apreciação da natureza. Ao longo da narrativa, percebemos a evolução do estado emocional do homem que, inicialmente preocupado com suas responsabilidades cotidianas, é gradualmente influenciado pelo ambiente natural ao seu redor.

O homem começa sua caminhada ao ar livre cercado pela presença da chuva e do morro coberto de mato, o que evidencia uma fuga da rotina estressante da cidade. Quando ele diz que "esqueceu o trabalho e as promissórias", isso sugere que o ambiente natural está permitindo que ele se desconecte mentalmente das tensões urbanas. A chuva, o som dos ruídos da cidade e a presença da vegetação o atraem para uma sensação de tranquilidade.

Análise das Alternativas:
<ul>
 <li>A) Ele se sente perdido e deseja retornar imediatamente à cidade. 
 Essa alternativa está incorreta, pois o texto demonstra que o homem está buscando um refúgio na natureza e não deseja retornar à cidade, ao contrário, ele gosta da paz que a natureza proporciona.</li>

 <li>B) Ele se sente incomodado pelo mato molhado e busca abrigo. 
 Esta opção também é errada. O homem não expressa desconforto com o ambiente; pelo contrário, ele parece apreciar a sensação do mato molhado.</li>

 <li>C) Ele encontra paz e deseja se integrar completamente à natureza. 
 Essa é a alternativa correta. O texto revela que, ao explorar o ambiente natural, ele sente “uma paz naquele começo de escuridão” e fantasiza sobre se tornar parte da natureza, expressando o desejo de se integrar plenamente a ela.</li>

 <li>D) Ele fica ansioso com os ruídos da cidade ao longe. 
 Novamente, essa alternativa é incorreta, já que o homem não demonstra ansiedade em relação aos sons da cidade, mas sim uma contemplação tranquila dos mesmos, contrastando com sua experiência atual junto à natureza.</li>
</ul>

Diante da análise das alternativas, a letra C reflete de forma mais verdadeira a experiência do homem com a natureza, levando em consideração não apenas sua percepção externa, mas o impacto de seu estado emocional ao se deixar envolver pelo ambiente.

Gabarito: Letra C

 Não é possível falar muitas línguas e entender apenas uma delas.

 É possível falar muitas línguas e entender apenas uma delas.

 É possível falar uma única língua e entender outras línguas.

 É possível entender duas línguas e falar somente uma das duas.

Análise das Alternativas:

Vamos analisar cada alternativa para descobrir qual delas é a INCORRETA, com base no enunciado apresentado.

Alternativa A: Não é possível falar muitas línguas e entender apenas uma delas.
Esta alternativa é INCORRETA. O enunciado afirma especificamente que "há aqueles que falam e entendem mais de uma língua ou que entendem muitas línguas, mas só falam uma ou algumas delas." Portanto, é perfeitamente viável entender várias línguas e falar apenas uma.

Alternativa B: É possível falar muitas línguas e entender apenas uma delas.
Esta alternativa é CORRETA, pois traduz diretamente a ideia do enunciado, que indica que um indivíduo pode ser bilíngue, trilingue ou multilíngue, mas também pode entender muitas línguas enquanto fala apenas uma.

Alternativa C: É possível falar uma única língua e entender outras línguas.
Esta afirmação é VERDADEIRA. A análise do enunciado mostra exatamente esse conceito: uma pessoa pode dominar uma única língua, sendo capaz de compreender outras línguas, mesmo não as falando.

Alternativa D: É possível entender duas línguas e falar somente uma das duas.
Esta alternativa é também VERDADEIRA e se alinha completamente com os exemplos apresentados no texto, uma vez que enfatiza a habilidade de entender múltiplas línguas ao mesmo tempo em que se comunica em apenas uma.

Alternativa Correta:
Neste quadro, a única afirmação INCORRETA é a alternativa A, que contraria o que o texto diz sobre a possibilidade de falar muitas línguas e entender diversas ao mesmo tempo.

Gabarito: Letra A

Os povos indígenas sempre conviveram com situações de multilinguismo. Isso quer dizer que o número de línguas usadas por um indivíduo pode ser bastante variado. Há aqueles que falam e entendem mais de uma língua ou que entendem muitas línguas, mas só falam uma ou algumas delas.
 Assim, não é raro encontrar sociedades ou indivíduos indígenas em situação de bilinguismo, trilinguismo ou mesmo multilinguismo.
 É possível nos depararmos, numa mesma aldeia, com indivíduos que só falam a língua indígena, com outros que só falam a língua portuguesa e outros ainda que são bilíngues ou multilíngues. A diferença linguística não é, geralmente, impedimento para que os povos indígenas se relacionem e casem entre si, troquem coisas, façam festas ou tenham aulas juntos. Um bom exemplo disso se encontra entre os índios da família linguística tukano, localizados em grande parte ao longo do rio Uaupés, um dos grandes formadores do rio Negro, numa extensão que vai da Colômbia ao Brasil.
 Entre esses povos habitantes do rio Negro, os homens costumam falar de três a cinco línguas, ou mesmo mais, havendo poliglotas que dominam de oito a dez idiomas. Além disso, as línguas representam, para eles, elementos para a constituição da identidade pessoal. Um homem, por exemplo, deve falar a mesma língua que seu pai, ou seja, partilhar com ele o mesmo grupo linguístico. No entanto, deve se casar com uma mulher que fale uma língua diferente, ou seja, que pertença a um outro grupo linguístico.
 Os povos tukano são, assim, tipicamente multilíngues. Eles demonstram como o ser humano tem capacidade para aprender em diferentes idades e dominar com perfeição numerosas línguas, independente do grau de diferença entre elas, e mantê-las conscientemente bem distintas, apenas com uma boa motivação social para fazê-lo. 
 O multilinguismo dos índios do Uaupés não inclui somente línguas da família tukano. Envolve também, em muitos casos, idiomas das famílias aruak e maku, assim como a língua geral amazônica ou nheengatu, o português e o espanhol.
 Às vezes, nesses contextos, uma das línguas torna-se o meio de comunicação mais usado (o que os especialistas chamam de língua-franca), passando a ser utilizada por todos, quando estão juntos, para superar as barreiras da compreensão. Por exemplo, a língua tukano, que pertence à família tukano, tem uma posição social privilegiada entre as demais línguas orientais dessa família, visto que se converteu em língua geral ou língua franca da área do Uaupés, servindo de veículo de comunicação entre falantes de línguas diferentes. Ela suplantou algumas outras línguas (completamente, no caso arapaço, ou quase completamente, no caso tariana).
 Há casos em que é o português que funciona como língua franca. Em algumas regiões da Amazônia, por exemplo, há situações em que diferentes povos indígenas e a população ribeirinha falam o nheengatu, língua geral amazônica, quando conversam entre si.
 Nos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil, a língua dos índios tupinambá (tronco tupi) era falada em uma enorme extensão ao longo da costa atlântica. Já no século XVI, ela passou a ser aprendida pelos portugueses, que de início eram minoria diante da população indígena. Aos poucos, o uso dessa língua, chamada de brasílica, intensificouse e generalizou-se de tal forma que passou a ser falada por quase toda a população que integrava o sistema colonial brasileiro.
 Grande parte dos colonos vinha da Europa sem mulheres e acabavam tendo filhos com índias, de modo que essa era a língua materna dos seus filhos. Além disso, as missões jesuítas incorporaram essa língua como instrumento de catequização indígena. O padre José de Anchieta publicou uma gramática, em 1595, intitulada Arte de Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil. Em 1618, publicou-se o primeiro catecismo na língua brasílica. Um manuscrito de 1621 contém o dicionário dos jesuítas, Vocabulário na Língua Brasílica.
 A partir da segunda metade do século XVII, essa língua, já bastante modificada pelo uso corrente de índios missionados e não-índios, passou a ser conhecida pelo nome língua geral. Mas é preciso distinguir duas línguas gerais no Brasil-Colônia: a paulista e a amazônica. Foi a primeira delas que deixou fortes marcas no vocabulário popular brasileiro ainda hoje usado (nomes de coisas, lugares, animais, alimentos etc.) e que leva muita gente a imaginar que “a língua dos índios é (apenas) o tupi”.
 A língua geral paulista teve sua origem na língua dos índios tupi de São Vicente e do alto rio Tietê, a qual diferia um pouco da dos tupinambá. No século XVII, era falada pelos exploradores dos sertões conhecidos como bandeirantes. Por intermédio deles, a língua geral paulista penetrou em áreas jamais alcançadas pelos índios tupi-guarani, influenciando a linguagem corriqueira de brasileiros.
 Essa segunda língua geral desenvolveu-se inicialmente no Maranhão e no Pará, a partir do tupinambá, nos séculos XVII e XVIII. Até o século XIX, ela foi veículo da catequese e da ação social e política portuguesa e luso-brasileira. Desde o final do século XIX, a língua geral amazônica passou a ser conhecida, também, pelo nome nheengatu (ie’engatú = língua boa).
 Apesar de suas muitas transformações, o nheengatu continua sendo falado nos dias de hoje, especialmente na bacia do rio Negro (rios Uaupés e Içana). Além de ser a língua materna da população cabocla, mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios de diferentes línguas. Constitui, ainda, um instrumento de afirmação étnica dos povos que perderam suas línguas, como os baré, os arapaço e outros.

Análise Geral do Texto:
O texto aborda o fenômeno do multilinguismo entre os povos indígenas, especialmente os da família linguística tukano, destacando a variedade de línguas que essas populações falam e como isso se relaciona com sua identidade cultural. Ele menciona exemplos históricos do uso de línguas indígenas durante e após a colonização portuguesa, ilustrando a troca e o contato linguístico entre diferentes grupos.

Análise das Alternativas:

<ul>
 <li>A) A língua dos índios. Essa alternativa é imprecisa. "A língua dos índios" é uma expressão genérica e não se refere especificamente ao instrumento de afirmação étnica mencionado no texto.</li>

 <li>B) O tupinambá. Embora o tupinambá seja uma língua importante na história da colonização, ela não é a que se refere ao instrumento de afirmação étnica no contexto atual do texto, que foca mais no nheengatu.</li>

 <li>C) O nheengatu. Essa alternativa está correta. O nheengatu é identificado no texto como uma língua que, além de ser falada pelos povos indígenas atuais, também serve como um importante meio de comunicação entre diferentes grupos e um instrumento de afirmação étnica, especialmente para aqueles que perderam suas línguas originais.</li>

 <li>D) A língua geral de São Paulo. Essa opção, embora seja mencionada no texto, refere-se a uma língua histórica e não ao conceito de reafirmação étnica discutido no parágrafo analisado. Portanto, não é a alternativa correta.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
A alternativa correta é a letra C, pois o nheengatu é o termo que pode ser recuperado como sujeito na construção do período, sendo o instrumento de afirmação étnica mencionado para os povos que perderam suas línguas.

Gabarito: Letra C

Questões de CONSULPAM - Português - Compreensão e interpretação de textos