Para identificar o gênero textual do documento mencionado na questão, é crucial entender as características de cada uma das opções oferecidas como resposta. Vamos analisar cada uma delas em relação ao contexto fornecido. 

Carta: É uma forma de comunicação escrita entre duas partes, podendo ser formal ou informal, dependendo do contexto e do público-alvo. Geralmente, contém uma saudação, desenvolvimento e fechamento. No entanto, o documento descrito na questão é mais específico e funcional do que uma carta convencional. 

Aviso: Tem a função de informar ou alertar sobre algo específico. É conciso e geralmente exposto em lugares visíveis para garantir que a informação seja amplamente disseminada. O documento em questão, contudo, requer validações oficiais, o que seria inadequado para um simples aviso. 

Circular: Utilizada para informar ou comunicar decisões a um grupo de pessoas, geralmente dentro de uma mesma organização. Embora semelhante a um aviso, a circular também não se encaixa nas necessidades descritas, que são comprovar experiência e resultados verificados por assinaturas autorizadas. 

Atestado: É um documento que serve como prova ou declaração de uma ocorrência ou situação. Frequentemente é utilizado para comprovar experiência profissional, qualificações ou resultados, como solicitado na situação-problema apresentada. Além disso, a necessidade de assinaturas para validação enquadra-se perfeitamente nas características típicas de um atestado. 

Gabarito: Letra D

episódios organizados em uma sequência linear.

análise dos dados da realidade, baseando-se em tema 
polêmico.

imagens metafóricas, abstratas e subjetivas referentes 
ao episódio relatado.

relato de características da mulher assassinada em um 
momento estático do tempo.

Em "a": Certo – Tais episódios relatam as cenas descritas para um bom entendimento por parte do leitor. Em "b": Errado – Não se trata de analisar dados, e sim episódios. Em "c": Errado – Não se trata de imagens subjetivas, mas sim de fatos. Em "d": Errado – O texto não traz as características da mulher assassinada. Resposta: Letra A.

Em 1964, nos EUA, às 3h20 da madrugada, uma 
mulher de vinte e oito anos voltava para casa após o 
trabalho. Ela era gerente de um bar da região. Diante do 
seu domicílio, na calçada, foi apunhalada por um homem. 
Vários moradores das casas vizinhas observaram a cena. 
Da sacada de um apartamento em frente um homem 
gritou: “Deixe a moça em paz!”. O agressor afastou-se por 
uns instantes, mas voltou em seguida, apunhalando-a de 
novo, enquanto ela gritava por socorro. Outras luzes se 
acenderam, ele pegou seu carro e partiu. Catherine 
Genovese arrastou-se até sua porta e tentava abri-la, 
quando o agressor voltou e lhe deu o golpe fatal. 
Às 3h50, a polícia recebeu um chamado de vizinhos e 
em dois minutos chegou ao local. Dentre as trinta e oito 
pessoas que assistiram ao assassinato, apenas um homem, 
uma senhora de setenta anos e uma jovem vieram falar 
com os policiais. O homem explicou que ao presenciar a 
agressão não sabia o que fazer e ligou para um de seus 
amigos advogados. Depois foi ao apartamento da mulher 
de setenta anos para lhe pedir que telefonasse para a 
polícia. Resmungou que ele mesmo não queria se envolver 
nesse caso.

Crônica, já que se caracteriza por ser um texto narrativo ficcional, curto e com temática relacionada a fatos do cotidiano das pessoas.

Artigo de opinião, visto que sua função é apresentar e defender um ponto de vista sobre algum assunto relevante para a sociedade.

Notícia, uma vez que veicula informaçõessobre um tema atual ou algum acontecimento real, veiculado pelos principais meios de comunicação.

Reportagem, pois, além de trazer uma análise detalhada e extensa sobre tema de interesse público, também tem a função de informar, a fim de criar uma opinião nos leitores.

A percepção correta do gênero textual de um documento é fundamental para entender seu propósito e estrutura. O texto apresentado na questão da CONSULPLAN detém marcadores claros de um estilo discursivo opinativo. Esta natureza é identificável pela maneira como o autor tece considerações pessoais e reflexivas sobre o impacto da pandemia nos conceitos e experiências temporais, além de fazer questionamentos sobre a relação futura da humanidade com o tempo.

 

Ao analisar as opções apresentadas, observamos que:
<ul>
<li>A crônica, mencionada na alternativa A, incorre em erro ao dizer que o texto é narrativo ficcional, pois o trecho analisado claramente discute aspectos reais e profundos de uma crise vivida globalmente, sem elementos fictícios.</li>
<li>A notícia, proposta na alternativa C, não se alinha com a natureza do texto por não se limitar a reportar um evento ou informação específica; ao contrário, ele expande para uma análise mais ampla e subjetiva.</li>
<li>A reportagem, em D, embora possa parecer próxima, é usualmente mais abrangente e menos focada em um ponto de vista singular, dispersando-se em múltiplas visões sobre o tema, o que não é o foco desse texto.</li>
</ul>
 

O texto exibe um claro objetivo de provocar reflexão e discussão sobre como a pandemia alterou e alterará nossa percepção e vivência do tempo, característica fundamental de um artigo de opinião. Isso fica evidente quando o autor interpreta a situação, provoca o leitor com perguntas retóricas e apresenta um ponto de vista crítico sobre o tema abordado.

 

Concluindo, a opção que melhor se enquadra às características do texto é a alternativa B. Esta inclui aspectos críticos, reflexivos, e a natureza argumentativa desejada em artigos de opinião.

 

A alternativa correta é B.

<center> Talvez resida na contradição expressa na convergência entre continuar correndo nas redes virtuais, ainda que imobilizado em casa, um jeito de não enlouquecer.</center>

 Parar o tempo. Voltar no tempo. Avançar no tempo. Três desejos associados à felicidade que até foram realizados pela Covid-19, mas como tragédia. O ser humano sonhou errado?

 A humanidade é ambígua ao se relacionar com o tempo. Na prática, vive o presente. Na fantasia, adora o passado. De verdade, só pensa em antecipar o futuro. Era assim.
Mas mudou com a Covid-19. Como um hacker, o confinamento associado à longa pandemia foi desconfigurando o algoritmo do psiquismo humano: mais de 600 mil mortes, mais de 500 dias e toneladas de dor, raiva e frustração depois, a saída é dar ctrl+alt+del e reiniciar a relação com este deus – ou deusa – chamado tempo.

 Exagerada, a humanidade sonhou tão intensamente com o futuro que estressou o próprio tempo, que agora nos revela o modelito híbrido – um tipo de tempo mais confuso ainda. Teremos saúde mental para lidar com a instabilidade que reside nele? 

 A pandemia interrompeu o fluxo livre dos nossos desejos.
Nessa medida, foi bom. Isso porque o sonho humano de controlar o tempo nunca foi inócuo. Apontava para a determinação da espécie humana em estar no controle das vidas, de todas as vidas, incluindo a vida das outras espécies que habitam o planeta, também para além da vida, na governança do legado de quem já faleceu. Nem na ficção científica isto costuma dar certo.

 É tudo delírio da humanidade, porque o tempo sempre fluiu a seu capricho, poderoso e soberano. Mas imaginávamos que fosse sempre para a frente, na direção do futuro.
Não foi. Veio o passado. Ou a nítida sensação de que voltamos ao passado. De tal modo que hoje estamos entre o futuro e o passado, construindo um presente volátil e, ao mesmo tempo, permanente.

 Povos ancestrais marcam o tempo com fenômenos naturais dos quais participam ao vivo. Nós também. Sem aulas presenciais – decisão necessária – as crianças isoladas em casa não viram, por exemplo, os dentinhos de leite das outras crianças da turma caírem. Nem tiveram a alegria de lhes mostrar suas bocas banguelas também. Um ritual da infância.
Meninas menstruaram pela primeira vez sem ter como compartilhar essa emoção com as amigas, ao vivo. Um ritual da adolescência. E como terá sido relacionar-se sexualmente com alguém pela primeira vez nas fases mais críticas da pandemia? Paixão, prazer, insegurança e possivelmente medos – incluindo, agora, o de se contaminar.

 Na pandemia, rituais naturais e auspiciosos que registram a passagem do tempo foram substituídos por outros, mórbidos, como acompanhar o ciclo de 14 dias do coronavírus de pessoas próximas. Ou o ciclo de uma intubação, com final feliz ou não. Rituais ao vivo são marcadores de tempo da vida. E tanto a vida como seus marcadores de tempo têm sido maculados desde 2020.

 O isolamento social e o receio da contaminação também agravaram as intolerâncias. Quem ainda aguenta se olhar no espelho? Descobri que o verbo olhar, em “olhar-se no espelho”, não é intransitivo coisa nenhuma. É transitivo: uma ação de início, meio e fim, e com complemento verbal. Olhar-se no espelho precisa ter um objetivo não narcísico ou íntimo, como sair de casa ou receber alguém. Na pandemia, olhar-se no espelho foi perdendo a graça.

 Abrir os armários de roupa hoje me provoca uma sensação estranha. As peças perderam a anima e, fantasmagoricamente, parecem ser de uma outra pessoa que viveu remotamente, e que não sou eu. Que aberração psíquica é esta de construir o seu próprio e indesejável museu? Um museu que ninguém visita.

 Passamos a dedicar mais amor aos banheiros e a verificar a quantidade de rejuntes necessários nos azulejos no box, no piso e ao redor da pia. Esfregamos com toda a força qualquer sujeirinha recém-descoberta, para depois ignorála de novo. Vida que segue.

 Vestir-se ficou automático – o esmero é só da cintura pra cima, parte que aparece nas lives. Os batons ganharam insignificância por causa das máscaras. E os sapatos novos mofaram ou deixaram de caber nos pés – cujas plantas alargaram – de tanto ficarem descalços. A ortopedia vem registrando um número inédito de dedinhos mínimos fraturados por topadas em móveis. Na pandemia, todo mundo ficou mais corcunda, grisalho, careca e… perdido no tempo. A esperança? Agilizar tudo para que um futuro melhor chegue depressa.

 É sobretudo no mundo digital que a urgência em alcançar o futuro se manifesta. A paixão pela velocidade virtual inebria, vicia e concretiza a obstinação da humanidade em prematurar o tempo. Confinados, ficamos ainda mais ávidos por experienciar processos que fluem com rapidez, como quando consumimos online. E talvez resida justamente nessa contradição, expressa na convergência entre continuar correndo nas redes virtuais, ainda que imobilizado em casa, um jeito de não enlouquecer.

 Não há previsão de como a humanidade irá se relacionar com o tempo após esse rewind, que drasticamente conectou passado e presente, e, como se não bastasse, estragou o futuro imediato que parecia tão promissor. Nessa direção, imagino também que o tema do idadismo se expandirá com novas reflexões relacionadas a percepções díspares do tempo entre quem é pessoa adulta hoje e as crianças nascidas em 2020 e 2021. Conflitos intergeracionais irão se agravar em casa e no ambiente de trabalho?

 Enfim, em qual matemática a humanidade poderá confiar, se a história parou e o tempo voltou? Cem anos não serão mais 100 anos. Podem ser bem mais ou bem menos.
Busca-se desesperadamente um algoritmo novo. Evoluído o suficiente para calcular a distância temporal que, agora se sabe, é mutante.

Questões de CONSULPLAN - Português - Gêneros textuais e orais