O enunciado solicita que o candidato interprete o sentido da expressão "uma verdadeira enxurrada de denúncias" utilizada no contexto do fragmento apresentado. Para analisar as alternativas com precisão, é necessário entender não apenas o significado literal da expressão, mas também sua aplicação no contexto do texto.

A expressão "uma verdadeira enxurrada" evoca a ideia de grande quantidade e intensidade, sugerindo que a imprensa está divulgando muitas denúncias contra agentes públicos. A palavra "enxurrada" remete a "enchente" ou "inundação", dando a ideia de algo volumoso e impactante. 

Analisemos cada alternativa à luz dessa interpretação:

A) série de conflitos - Esta alternativa sugere uma sucessão de eventos conflituosos, o que não capta a ideia de abundância ou volume implícita na expressão "enxurrada". 

B) acusações indevidas - Embora o texto mencione que as denúncias podem ser "fundadas ou não", a expressão chave aqui é a grande quantidade, que não é capturada nesta escolha. 

C) revelações indesejadas - Essa opção enfoca o aspecto de as denúncias serem ou não desejadas, o que não é o foco principal da expressão usada. Não há menção à quantidade ou intensidade. 

D) abundância de acusações - Esta alternativa corresponde diretamente à ideia de "enxurrada", pois refere-se à grande quantidade e ao volume substancial das denúncias, alinhando-se perfeitamente com o sentido pretendido na frase original. 

E) sequência de inconveniências - Similar a A, essa opção foca mais na continuidade dos eventos do que na sua magnitude, não sendo adequada para transmitir a ideia de "enxurrada". 

Considerando essas análises, a alternativa que corretamente expressa o sentido da expressão "uma verdadeira enxurrada de denúncias" é a que aponta para uma grande quantidade de acusações, correspondendo à imagem de uma "enxurrada" no contexto dado.

Gabarito: Letra D

No avanço do processo de democratização do Estado 
brasileiro, com o consequente aumento da transparência 
dos atos públicos, a imprensa vem derramando nos ouvidos 
da sociedade uma verdadeira enxurrada de denúncias 
(fundadas ou não) de conduta ilícita ou reprovável por parte 
de agentes públicos. Isso tem resultado no profundo 
descrédito da classe política, que regularmente se mantém 
flagrante, até que uma notícia de grande repercussão 
desvie as atenções do povo das acusações e ações contra 
Senadores, Deputados, Ministros, lobistas de todo tipo. 
(Mas esse fenômeno ocorre só por pouco tempo: passada a 
perplexidade com a notícia calamitosa, volta-se logo ao 
lugar-comum da corrupção, do favoritismo, do enriqueci-
mento ilícito por desvio de recursos públicos.) Tornou-se 
comum ouvir em entrevistas com populares expressões de 
descrença na classe política, ao lado de reclamações por 
“uma lei que proíba isso”. 
Sabe-se que isso não é solução. [...] 
Os recursos de integração hermenêutica, disponíveis 
ao aplicador contemporâneo, são suficientes para exigir, 
dos agentes públicos, a conduta politicamente virtuosa e 
constitucionalmente positivada que se espera deles.  
Além disso, verifica-se no Brasil um conjunto de fatores 
comuns a países de democratização tardia, que saíram de 
regimes autocráticos. Inclui-se entre esses fatores a falta de 
maturidade democrática de boa parcela da população, que 
simplesmente outorga ao agente público seu voto, sem 
exigir dele prestação de contas de seu mandato, ou mesmo 
qualquer ação política efetiva. Os motivos para tal inércia 
têm sede na própria história e tradição brasileira, como se 
houvesse uma aceitação na não participação ativa nas 
decisões de governo, no referendo tácito a oligarquias 
locais, numa forma de clientelismo patológico, de troca de 
votos por cestas de alimentos. Tais fenômenos guardam 
mais relação com o desconhecimento da lei e dos meios de 
controle político, à disposição de qualquer cidadão, do que 
com uma tradição consciente de passividade. 

“Tal como ocorreu com a história do direito de liberdade [...]” (3º§) / “A expressão seria extremamente genérica [...]” (4º§).

“[...] a liberdade não consiste mais na ausência de leis, (2º§) [...]” / “Também o conceito de igualdade é  extremamente amplo [...]” (3º§).

“[...] a história do direito à igualdade também se desenvolveu por sucessivos enriquecimentos.” (3º§) / “[...] se não  devesse ser entendida [...]” (4º§).

“A primeira ampliação do conceito de liberdade ocorreu com a passagem da teoria da liberdade [...]” (2º§) / “[...] os  seres humanos são iguais ‘em dignidade e direitos’.” (4º§).

Para resolver a questão proposta, precisamos identificar os segmentos que apresentam os verbos conjugados nos mesmos tempos e modos. Vamos analisar cada alternativa separadamente, focando nos verbos presentes em cada segmento citado:

Alternativa A:
“Tal como ocorreu com a história do direito de liberdade [...]” - O verbo "ocorreu" está no pretérito perfeito do indicativo. 
“A expressão seria extremamente genérica [...]” - O verbo "seria" está no futuro do pretérito do indicativo. 
As conjugações verbais aqui são de tempos diferentes.
 

Alternativa B:
“[...] a liberdade não consiste mais na ausência de leis, [...]” - O verbo "consiste" está no presente do indicativo. 
“Também o conceito de igualdade é extremamente amplo [...]” - O verbo "é" também está no presente do indicativo. 
Ambas as frases apresentam verbos conjugados no presente do indicativo.
 

Alternativa C:
“[...] a história do direito à igualdade também se desenvolveu por sucessivos enriquecimentos.” - O verbo "desenvolveu" está no pretérito perfeito do indicativo. 
“[...] se não devesse ser entendida [...]” - O verbo "devesse" está no imperfeito do subjuntivo. 
Os tempos verbais são diferentes entre os dois segmentos.
 

Alternativa D:
“A primeira ampliação do conceito de liberdade ocorreu com a passagem da teoria da liberdade [...]” - O verbo "ocorreu" está no pretérito perfeito do indicativo. 
“[...] os seres humanos são iguais ‘em dignidade e direitos’.” - O verbo "são" está no presente do indicativo. 
Não há coincidência de tempos verbais nesta opção.
 

Analise os verbos nas alternativas, observamos que somente a Alternativa B apresenta verbos conjugados no mesmo tempo e modo (presente do indicativo). Por esse motivo, a resposta correta é a Alternativa B.
Gabarito: Letra B

O significado tradicional de liberdade – aquele a partir do qual se falava de uma liberdade de culto, ou de 
pensamento, ou de reunião, ou de associação, em sentido geral e específico, de uma liberdade pessoal – era aquele 
relacionado à faculdade de se fazer ou não fazer determinadas coisas não impedido por normas vinculantes; era a 
liberdade entendida como não impedimento, ou liberdade negativa. A esfera da liberdade coincidia com a esfera dos 
comportamentos não regulados, e, portanto, lícitos ou indiferentes. [...] 
A primeira ampliação do conceito de liberdade ocorreu com a passagem da teoria da liberdade como não 
impedimento para a teoria da liberdade como autonomia, quando “liberdade” passou a ser entendida não mais apenas 
como o não ser impedido por normas externas, mas [...] como o obedecer a leis estabelecidas por nós para nós 
mesmos. Com o conceito de autonomia, a liberdade não consiste mais na ausência de leis, mas sim na presença de leis 
internamente desejadas e internamente estabelecidas. [...] 
Também o conceito de igualdade é extremamente amplo e pode ser enriquecido por diferentes conteúdos. Tal 
como ocorreu com a história do direito de liberdade, a história do direito à igualdade também se desenvolveu por 
sucessivos enriquecimentos. Dizer que nas relações humanas deve ser aplicado o princípio da igualdade significa muito 
pouco, se não forem especificados ao menos dois aspectos: 1) igualdade em quê? 2) igualdade entre quem? [...] 
Com relação à primeira pergunta, “igualdade em quê? ”, a Declaração Universal (dos Direitos Humanos) responde 
que os seres humanos são iguais “em dignidade e direitos”. A expressão seria extremamente genérica se não devesse 
ser entendida no sentido de que os “direitos” sobre os quais fala são precisamente os direitos fundamentais enunciados 
em seguida. O que na prática significa que os direitos fundamentais enunciados na Declaração devem constituir uma 
espécie de mínimo denominador comum das legislações de todos os países. É como se disséssemos, em primeiro lugar, 
que os seres humanos são livres [...], e posteriormente se acrescenta que são iguais no gozo dessa liberdade. [...] 
Com relação à segunda pergunta, “igualdade entre quem”?, a Declaração responde que, no que se refere aos 
direitos fundamentais, todos os seres humanos são iguais, ou seja, responde afirmando uma igualdade entre todos, e 
não apenas entre os pertencentes a esta ou àquela categoria. Isto significa que, em relação aos direitos fundamentais 
enumerados na declaração, todos os seres humanos devem ser considerados pertencentes à mesma categoria. Como 
tenhamos chegado ao reconhecimento de que os seres humanos, todos os seres humanos, pertencem à mesma 
categoria em relação aos direitos fundamentais cada vez mais amplos, não pode ser nem de longe resumido. Podemos 
dizer, contudo, em linhas gerais, que esse ponto de chegada é a conclusão de um processo histórico de sucessivas 
equiparações diferentes, ou seja, de sucessivas eliminações de discriminações entre indivíduos, que fez desaparecer 
pouco a pouco categorias parciais discriminantes absorvendo-as em uma categoria geral unificadora. [...] A igualdade 
entre todos os seres humanos em relação aos direitos fundamentais é o resultado de um processo de gradual 
eliminação de discriminações, e, portanto, de unificação daquilo que ia sendo reconhecido como idêntico: uma natureza 
comum do homem acima de qualquer diferença de sexo, raça, religião, etc. 

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