A compreensão do fenômeno da "cifra negra" na Criminologia é fundamental para entendermos não apenas a extensão real da criminalidade, mas também as dinâmicas de vitimização que muitas vezes permanecem ocultas ao sistema de justiça criminal. A questão proposta pela Fundação Vunesp aborda um aspecto crucial desse fenômeno, focalizando na vitimização secundária.
 
Antes de adentrarmos na análise das alternativas, é instrutivo relembrar que a cifra negra refere-se ao volume de crimes não notificados e, consequentemente, não registrados pelas autoridades competentes. Este fenômeno pode ser amplamente influenciado por várias formas de vitimização, entre elas a vitimização secundária, que é a resposta institucional (ou a falta dela) ao crime já cometido.
 
Vitimização primária ocorre no momento do crime, onde a vítima sofre diretamente os efeitos da ação criminosa, seja através de prejuízos físicos, emocionais ou financeiros.
 
Vitimização secundária, conforme indicado na alternativa correta (D), ocorre através do contato das vítimas com o sistema de justiça criminal e outras instituições, onde, ao invés de encontrarem suporte, as vítimas podem enfrentar burocracia, insensibilidade, ou mesmo revitimização, levando muitas vezes ao desencorajamento na busca por justiça.
 
Vitimização terciária diz respeito ao impacto social mais amplo, muitas vezes relacionado à estigmatização das vítimas pela comunidade ou pela mídia, que pode alterar a percepção pública sobre o crime e a vítima.
 
A cifra negra, frequentemente, está associada à vitimização secundária, pois o tratamento inadequado das vítimas pelos agentes do Estado pode desencorajar outras vítimas a relatar crimes. O medo de ser maltratado, a falta de confiança nas autoridades, ou mesmo a desinformação sobre os procedimentos são fatores que contribuem para que muitos crimes não sejam reportados.
 
A análise das alternativas nos mostra que:
<ul>
<li>Alternativa A (quintenária): O termo não é comumente usado em criminologia para descrever formas de vitimização.</li>
<li>Alternativa B (terciária): Embora seja uma forma de vitimização, não se encaixa diretamente ao conceito de cifra negra tão explicitamente como a vitimização secundária.</li>
<li>Alternativa C (quaternária): Assim como a quintenária, não é um termo usual para descrever níveis de vitimização.</li>
<li>Alternativa D (secundária): Esta é a correta, pois descreve o impacto do sistema de justiça criminal na revitimização que pode levar a não denúncias.</li>
<li>Alternativa E (primária): Foca no ato criminal em si e nas consequências imediatas para a vítima, não relacionado diretamente com o fenômeno da cifra negra.</li>
</ul>
 
Cabe destacar que, embora a cifra negra possa ter elementos relacionados a outras formas de vitimização, como a terciária, é no contexto do tratamento pelo sistema de justiça criminal (vitimização secundária) que muitos estudiosos focalizam quando discutem as razões para a subnotificação do crime.
 
Gabarito: Letra D

as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do interesse da sociedade.

somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da coletividade.

os crimes hediondos praticados com violência ou grave 
ameaça.

os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem 
violência ou grave ameaça.

apenas os crimes praticados por policiais, que não são 
apurados, por temor de represália.

A expressão "cifra oculta" na Criminologia corresponde aos dados dos crimes cometidos e que não são comunicados ao poder público. Assim, Alternativa correta: letra A. obs: atualmente prefere-se utilizar o termo cifra oculta ao utilizar cifra negra.

Questões de Criminologia - Conceito de Cifra Negra (ou oculta; dourada) - Fundamental