 O narrador tinha o hábito de não assentir à imprudências e espertezas.

 Os clientes não sabem diferenciar àquilo que faz bem daquilo que faz mal.

 Para elucidar sua ojeriza, o narrador apela à época da Farmácia Rosário.

 Uma das manias do narrador era perscrutar às composições químicas.

O uso da crase no Português envolve uma combinação de elementos gramaticais específicos, tais como a presença de uma preposição "a" e um artigo definido feminino (a ou as) ou pronome demonstrativo (aquela, aquelas, aquele, aqueles). Outra condição é que a palavra subsequente deve ser feminina. Analisando cada uma das alternativas com base nessas regras:

A) "O narrador tinha o hábito de não assentir à imprudências e espertezas."
Erro: A palavra "imprudências" é feminina plural, então poderia requerer a crase, mas a presença do "à" aqui é um erro frequente: não se usa crase antes de palavras femininas no plural que não são precedidas pelo artigo. Além disso, em listagem de termos, a crase precisa ser mantida ou omitida para todos os itens, e "espertezas" não admite a preposição "a".

B) "Os clientes não sabem diferenciar àquilo que faz bem daquilo que faz mal."
Erro: Não se usa crase antes de pronome demonstrativo, como "àquilo" (o correto sendo "aquilo").

C) "Para elucidar sua ojeriza, o narrador apela à época da Farmácia Rosário."
Correto: “à época” está correto, pois há a fusão da preposição “a” com o artigo feminino singular “a”. A palavra "época" é um substantivo feminino, logo, admite o acento grave indicativo de crase nesse contexto.

D) "Uma das manias do narrador era perscrutar às composições químicas."
Erro: Não se usa crase antes de palavras no plural quando não há a especificação de um artigo no singular ou plural, como "as composições químicas", aonde o "as" define um plural que nega a necessidade do artigo definido feminino que justificaria a crase.

A alternativa correta é C, destacada em azul pelo uso adequado do sinal indicativo de crase. As outras alternativas demonstram erros na aplicação do mesmo sinal, contrariando as regras da norma-padrão da Língua Portuguesa.

    Sou inimigo de fraudes e falsificações, mesmo pensando como as fraudes e falsificações podem ser mais encantadoras e melhores do que as ditas coisas autênticas. Quer dizer que sou inimigo, em parte. Mas sou. E para ilustrar esta aversão, ainda que de um certo modo prosaico e sem arte, poderia invocar os meus não muito velhos tempos de Farmácia Rosário, quando uma de minhas inveteradas manias era andar investigando a pureza e a qualidade dos produtos químicos e dos medicamentos, perturbando consequentemente os bons negócios de pobres-diabos que com eles traficavam.
Era enorme essa minha trabalheira de detetive de laboratório, policiando, farejando com testes e reações, às vezes durante dias a fio, o que estava errado com uma ou outra droga. “O que é que você ganha com isso?” – me perguntavam. Pois as despesas também não eram poucas. E logo se seguia um argumento, com ares de campeão do bom senso, aposentado: “Nenhuma farmácia faz assim”. Eu sabia. Nenhuma farmácia fazia assim. E acredito que ainda não faça. Pouco me importa, entretanto, que não fizesse. Era o meu hábito de não concordar com descuidos e velhacarias; o meu gosto de pôr em prática as teorias aprendidas nos livros, de não esquecer sobre os meus balcões a dignidade intelectual; era a responsabilidade de quem cuida de medicamentos, prepara medicamentos e os entrega depois a seres confiantes, inteiramente impossibilitados de aí discernir entre o bom e o mau, o nocivo e o benéfico.


Com menos de um mês, desmama-se os filhotes da porca à força, e a porca é inseminada de novo.

À tortura dos animais, que podem durar horas ou dias à fio, acrescente-se, no final do teste, seus sacrifícios.

As granjas não tem interesse em criar os pintinhos machos, pois eles demoram mais para engordar do que às fêmeas.

Ao longo do século 20, as indústrias alimentícia e farmacêutica elevaram a exploração animal a um patamar assustador.

Finalmente, após décadas em que se encarou os animais como objetos, a indústria começou à repensar o sofrimento deles.

Análise Geral:

Nesta questão, o candidato deve identificar a alternativa cuja frase apresenta correção tanto na norma-padrão (em termos de concordância e construção sintática) quanto na aplicação (ou ausência) do sinal indicativo de crase. Cada alternativa utiliza a expressão em destaque com ou sem crase, devendo o candidato levar em consideração a necessidade real da fusão da preposição "a" com o artigo feminino (ou locuções formadas por palavras que admitem o uso do artigo) que vem em seguida.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A: "Com menos de um mês, desmama-se os filhotes da porca à força, e a porca é inseminada de novo." – Embora a expressão “à força” seja usada de forma habitual para indicar “de maneira vigorosa”, a construção “desmama-se os filhotes” pode causar estranhamento quanto à clareza e coesão textual. Ainda que a crase na expressão “à força” seja aceita, outros aspectos da construção da frase deixam dúvidas quanto à adequação à norma-padrão.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa B: "À tortura dos animais, que podem durar horas ou dias à fio, acrescente-se, no final do teste, seus sacrifícios." – Tem-se erro na crase na expressão “à fio”. Neste caso, a locução “a fio” não demanda crase, pois “fio” não admite o artigo feminino e a fusão com a preposição é inadequada, comprometendo o cumprimento da norma-padrão.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa C: "As granjas não tem interesse em criar os pintinhos machos, pois eles demoram mais para engordar do que às fêmeas." – Aqui, o emprego da crase em “às fêmeas” é questionável. Na comparação, a expressão correta seria “do que as fêmeas”, sem a necessidade de crase, considerando que a estrutura sintática não exige a fusão da preposição com o artigo, causando erro de concordância.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa D: "Ao longo do século 20, as indústrias alimentícia e farmacêutica elevaram a exploração animal a um patamar assustador." – Nesta opção, a ausência de crase antes de “um patamar” é correta, pois o termo “patamar” é um substantivo masculino, e a preposição "a" não se mistura com o artigo indefinido “um”. Além disso, a concordância do sujeito e a estrutura geral da oração estão de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa E: "Finalmente, após décadas em que se encarou os animais como objetos, a indústria começou à repensar o sofrimento deles." – O emprego de crase antes do verbo “repensar” está incorreto, pois trata-se de verbo que, quando inicia uma locução verbal, não admite a fusão da preposição “a” com o infinitivo. O correto seria “a repensar”, sem crase.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

A alternativa D apresenta a redação adequada tanto em termos de concordância quanto na aplicação da crase. A ausência do sinal indicativo de crase antes de “um patamar” está correta, pois o substantivo “patamar” é masculino e não admite artigo feminino que possibilite a fusão com a preposição “a”. Ademais, a construção “ao longo do século 20” está de acordo com a norma culta e proporciona clareza à ideia que se quer transmitir.

Conclui-se, portanto, que somente a alternativa D atende integralmente às exigências quanto à norma-padrão de concordância e ao emprego ou não do sinal de crase.

Gabarito: Letra D

Alternativa Correta:

Na frase “A saúde plena assemelha-se _____ felicidade simples”, deve ser empregada a crase, pois o verbo “assemelhar-se” exige a preposição “a” e a palavra “felicidade” admite o artigo “a” que é integrado à preposição, formando “à”. Assim, a primeira lacuna deve ser preenchida por “à”.

Na sequência, “Sorrir é tão benéfico ______ saúde do homem…”, a expressão “benéfico à saúde” é a forma padrão e consagrada, tendo em vista que “saúde”, um substantivo feminino, está acompanhado do artigo “a”, o que, unido à preposição (geralmente implícita na locução verbal que indica benefício), resulta em “à”.

Já na terceira lacuna, “que o ajuda ______ prevenir doenças…”, a construção “ajuda a prevenir” exige a preposição “a” sem o uso de crase, pois “prevenir” é um verbo e não há artigo feminino subsequente que justifique a fusão da preposição com esse artigo. Dessa forma, o correto é apenas “a”.

Finalmente, na quarta lacuna, “como _____ depressão”, a ausência de crase se deve ao fato de “como” não exercer função de regência que demande a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Trata-se de uma simples indicação de um exemplo, onde “depressão” é antecedida pelo artigo “a”, sem que ocorra a fusão com a preposição. Assim, o correto é “a”.

Portanto, a sequência correta para preencher as lacunas é: “à” na primeira, “à” na segunda, “a” na terceira e “a” na quarta lacuna, o que corresponde à alternativa “A”.

Gabarito: Letra A

Análise do uso da crase na questão:A crase ocorre quando há a fusão da preposição "a" com o artigo definido feminino "a(s)" ou com o pronome demonstrativo que admite esse artigo. Para identificar corretamente o uso da crase, devemos analisar as palavras que seguem as lacunas e verificar se exigem preposição "a" e se admitem artigo feminino. Analisando lacuna por lacuna:<ul><li>Primeira lacuna: "a manutenção"</li><li> O termo "manutenção" é um substantivo feminino que admite o artigo definido "a". A expressão "relação entre" rege a preposição "entre" e, em seguida, temos "manutenção de padrões". Para ligar "relação entre" a "manutenção", não há preposição "a" exigida, não havendo motivo para crase. Portanto, a forma correta é "a manutenção".</li><li>Segunda lacuna: "próximo a essa área"</li><li> "Próximo" exige a preposição "a" quando seguida de palavras femininas, e "essa área" é uma expressão feminina que não admite artigo. Como "essa" é um pronome demonstrativo, se estivesse havendo crase seria com "à" (a + a). No entanto, "próximo" rege preposição "a" e o pronome demonstrativo "essa" não admite artigo definido. Logo, não há crase, pois não ocorre a fusão preposição + artigo. Então, o correto é "próximo a essa área", sem crase.</li><li>Terceira lacuna: "relacionado às decisões"</li><li>O adjetivo "relacionado" exige a preposição "a". O substantivo "decisões" é feminino plural e admite o artigo definido "as", o que possibilita o uso da crase em "às decisões" (a + as). No entanto, é gramaticalmente possível construir a frase omitindo o artigo definido, resultando apenas na preposição "a", o que tornaria a crase facultativa. Assim, tanto "a decisões" (sem crase) quanto "às decisões" (com crase) podem ser considerados corretos, dependendo da intenção estilística do autor.</li><li>Quarta lacuna: "desbloqueamos a capacidade"</li><li> O verbo "desbloquear" é transitivo direto, não exige preposição "a". Portanto, não há necessidade de crase. "Capacidade" é feminino, admite artigo definido, mas como não há preposição, não se usa crase. A forma correta é "a capacidade".</li></ul> Assim, a alternativa A preenche corretamente as lacunas segundo as regras do uso da crase: ausência de crase na primeira e segunda lacunas, crase facultativa na terceira (às decisões ou a decisões) e ausência na quarta lacuna. Alternativa Correta:A) a ... a ... às ... aGabarito: Letra A

Análise da questão sobre o uso da crase:

A crase, na língua portuguesa, é a fusão da preposição "a" com o artigo feminino "a" ou com os pronomes demonstrativos que admitem a combinação, assinalada pelo acento grave (`à`). Para o seu uso correto, é necessário identificar se há preposição regendo o termo e se ele é feminino, exigindo o artigo definido feminino ou pronome que aceite a contração.

Vamos analisar cada lacuna do enunciado, considerando essas regras:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Primeira lacuna: "Atribui-se _____ Bertie Felstead"</li>
</ul>

O verbo "atribuir" rege a preposição a, e Bertie Felstead é um nome masculino, portanto, não há artigo feminino que justifique o uso da crase. No entanto, a palavra seguinte é um nome próprio masculino sem artigo, então não deve levar crase. Mas o enunciado apresenta as alternativas iniciando tanto com "a" quanto com "à".

Porém, note que o verbo "atribuir" rege a preposição "a". Ocorre que o termo Bertie Felstead, apesar de ser nome próprio masculino, está precedido da preposição, mas não há artigo feminino para ser contraído, portanto, espera-se apenas a preposição "a" simples, sem crase.

Alternativamente, segundo a norma culta, alguns substantivos próprios femininos ou masculinos podem por vezes ser usados com artigo definido. No caso, como Bertie é nome próprio masculino, não há artigo, então não há crase.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Segunda lacuna: "faleceu _____ portas do século XXI"</li>
</ul>

Na expressão "às portas do século", temos um termo feminino plural ("portas") regido pela preposição "a" e acompanhado do artigo definido feminino plural "as". A preposição "a" + artigo feminino plural "as" formam a crase, e a forma correta será, portanto, "às portas".

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Terceira lacuna: "alheios _____ brutalidade da guerra"</li>
</ul>

O adjetivo "alheios" rege a preposição "a", e o termo seguinte "brutalidade" é um substantivo feminino singular, acompanhado de artigo definido feminino "a". Assim, ocorre a crase: "à brutalidade".

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Quarta lacuna: "frente _____ frente"</li>
</ul>

A expressão "frente a frente" é uma locução adverbial de modo que, conforme a norma culta, não aceita o uso da crase porque não ocorre a fusão da preposição com o artigo feminino. Na verdade, usa-se a preposição simples "a" sem o artigo, portanto sem crase.

Resumindo, as formas corretas para as lacunas são:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Primeira lacuna: a (sem crase)</li>
 <li>Segunda lacuna: às (com crase)</li>
 <li>Terceira lacuna: à (com crase)</li>
 <li>Quarta lacuna: a (sem crase)</li>
</ul>

De acordo com as alternativas dadas, apenas a letra B corresponde a essa sequência: a ... às ... à ... a.

Alternativa Correta:
A alternativa B está correta porque segue as regras de uso da crase conforme explicado.

Gabarito: Letra B

    Enquanto o século vinte e um nascia, morria Bertie Felstead, aos cento e seis anos de idade.
    Havia atravessado três séculos, e era o único sobrevivente de um insólito jogo de futebol que foi disputado no Natal de 1915. Jogaram aquela partida os soldados britânicos e os soldados alemães, num campo improvisado entre trincheiras. Uma bola apareceu, vinda sabe-se lá de onde, e desandou a rodar, não se sabe como, e então o campo de batalha se transformou num campo de futebol. Os inimigos jogaram para o alto suas armas e correram para disputar a bola.
    Os soldados jogaram enquanto puderam, até que os oficiais furiosos fizeram com que se lembrassem de que estavam ali para matar ou morrer.
    Passada a trégua do futebol, voltou a carnificina; mas a bola tinha aberto um fugaz espaço de encontro para aqueles homens obrigados a se odiar.


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