… um jeito de passar o morto para trás.

Era muita sopa deixar aquele dinheiro ali…

Tirou os sessenta milhões de dentro do caixão…

Para resolver a questão, devemos identificar em qual das alternativas os pronomes e expressões são usados em seu sentido literal, ou seja, em sentido próprio, sem metáforas ou outras figuras de linguagem.

Vamos analisar cada alternativa:

A) "...um jeito de passar o morto para trás."
A expressão "passar para trás" é uma forma idiomática que significa enganar ou trair. Assim, não está sendo usada em seu sentido próprio.

B) "Seu Irineu pisou no prego e esvaziou."
"Pisar no prego" pode ser entendido literalmente como pisar em um objeto pontiagudo, mas "esvaziou" é usado aqui metaforicamente para indicar que ele morreu, logo não é sentido próprio.

C) "Era muita sopa deixar aquele dinheiro ali…"
Essa opção emprega "muita sopa" de maneira figurada para indicar que seria muito fácil ou vantajoso deixar o dinheiro, o que não é sentido próprio.

D) "...pro velho gastar com minhoca."
A expressão "gastar com minhoca" é utilizada figurativamente, referindo-se ao cenário de um enterro em que o dinheiro estaria junto ao morto, enterrado e supostamente sendo usado por ele para "comprar minhocas". É uma metáfora.

E) "Tirou os sessenta milhões de dentro do caixão…"
Esta alternativa descreve literalmente a ação de remover dinheiro do caixão, sem o uso de metáforas, expressões idiomáticas ou linguagem figurada. O uso dos termos é direto e claro, refletindo exatamente o que aconteceu.

Gabarito: Letra E

Alguns dias depois, deu-se o evento. Seu Irineu pisou no 
prego e esvaziou. Apanhou um resfriado, do resfriado passou 
à pneumonia, da pneumonia passou ao estado de coma e do 
estado de coma não passou mais. Levou pau e foi reprovado. 
Um médico do SAMDU*, muito a contragosto, compareceu 
ao local e deu o atestado de óbito.
Tudo que era parente com razoáveis esperanças de 
h erança foi velar o morto.
Tomou-se conhecimento de uma carta que estava cuida-
dosamente colocada dentro do cofre, sobre o dinheiro deixa-
do por seu Irineu. E na carta o velho dizia: “Quero ser enter-
rado junto com a quantia existente nesse cofre, que é tudo 
o que eu possuo e que foi ganho com o suor do meu rosto, 
sem a ajuda de parente vagabundo nenhum”. E, por baixo, 
a assinatura com firma reconhecida para não haver dúvida: 
Irineu de Carvalho Pinto Boaventura.
Para quê! Nunca se chorou tanto num velório, sem se 
ligar pro morto. A parentada chorava às pampas, mas não 
apareceu ninguém com peito para desrespeitar a vontade do 
falecido.
Foi quase na hora do corpo sair. Desde o momento em 
que se tomou conhecimento do que a carta dizia, que Alta-
mirando imaginava um jeito de passar o morto para trás. Era 
muita sopa deixar aquele dinheiro ali pro velho gastar com 
minhoca. Pensou, pensou e, na hora que iam fechar o caixão, 
ele deu o grito de “pera aí”. Tirou os sessenta milhões de den-
tro do caixão, fez um cheque da mesma importância, jogou lá 
dentro e disse “fecha”.
– Se ele precisar, mais tarde desconta o cheque no Banco.
* SAMDU – Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência, já extinto.

Alguns dias depois, deu-se o evento.

Tomou-se conhecimento de uma carta…

Para resolver esta questão, é necessário identificar quando a flexão no plural de um termo nominal (substantivo) causa a necessidade de flexão no plural dos verbos correspondentes na mesma oração. Vamos analisar cada alternativa individualmente:

A) … e deu o atestado de óbito. 
Se o termo "atestado" for flexionado para o plural ("atestados"), o verbo "deu" poderia permanecer no singular, já que o sujeito da oração não é mudado. Por isso, a resposta correta não é a alternativa A. 

B) Apanhou um resfriado… 
Se o termo "resfriado" for flexionado para o plural ("resfriados"), o verbo "apanhou" ainda se refere à ação realizada por um único sujeito, não exigindo alteração para o plural. Portanto, a resposta correta não é a alternativa B. 

C) … para não haver dúvida… 
Se o termo "dúvida" for alterado para o plural ("dúvidas"), o verbo "haver" pode permanecer no plural ou no singular ("há dúvidas" ou "haverá dúvidas"), mantendo o mesmo sujeito indeterminado. A flexão para o plural não é necessária. Logo, a resposta correta não é a alternativa C. 

D) Alguns dias depois, deu-se o evento. 
O termo "evento" no plural se torna "eventos". O verbo pronominal "deu-se" seria associado diretamente a esses eventos, sendo necessário modificar para "deram-se". Assim, nesta opção, a flexão do substantivo para o plural demanda a alteração do verbo para se concordar com o novo sujeito. Portanto, a alternativa D é a correta. 

E) Tomou-se conhecimento de uma carta… 
Quando o termo "carta" é flexionado para o plural ("cartas"), a construção verbal "tomou-se conhecimento" não precisa ser alterada para o plural, pois ainda se refere a um fato de conhecimento geral, sem necessidade de ajuste pelo número de cartas. Assim, a resposta correta não é a alternativa E. 

Gabarito: Letra D

… e que foi ganho com o suor do meu rosto.

… para desrespeitar a vontade do falecido.

… em que se tomou conhecimento do que a carta 
dizia…

… uma carta […] cuidadosamente colocada dentro 
do cofre…

Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia…

Os pronomes demonstrativos são usados para apontar, indicar ou demonstrar algo em relação à pessoa do discurso, assumindo formas diferentes de acordo com o gênero, número e proximidade ou distância em relação aos interlocutores. As formas comuns são "este", "esse", "aquele" e suas variações, incluindo "isto", "isso", e "aquilo". Em alguns contextos, o artigo "o" e sua forma contraída "do" (de + o) podem também assumir função demonstrativa.

Para esta questão, é fundamental identificar em cada alternativa se "o" ou "do" está sendo utilizado como um artigo definido, integrando-se ao nome que segue para especificá-lo ou determiná-lo; ou como pronome demonstrativo, referindo-se a algo previamente mencionado no contexto.

 

Na alternativa A ("...e que foi ganho com o suor do meu rosto"), o termo "do" é uma contração da preposição "de" com o artigo definido "o", referindo-se ao "suor". Aqui, o termo funciona claramente como artigo.

 

Na alternativa B ("...para desrespeitar a vontade do falecido"), o termo "do" novamente atua como artigo definido em contração, especificando a "vontade" do falecido ao qual já foi feita menção anteriormente, mas ainda assim mantém a função de artigo.

 

Na alternativa C ("...em que se tomou conhecimento do que a carta dizia"), o termo "do" é usado de forma diferente. Neste caso, "do" (de + o) refere-se especificamente a um conteúdo ou assunto mencionado anteriormente ("o que a carta dizia"). Aqui, "o" assume uma função demonstrativa, operando como um pronome que retoma o conteúdo trazido pela carta, o que justifica ser considerado pronome demonstrativo.

 

Na alternativa D ("...uma carta […] cuidadosamente colocada dentro do cofre"), o "do" é simplesmente um artigo definido que indica especificidade ao "cofre" mencionado, não tendo função demonstrativa.

 

Na alternativa E ("Apanhou um resfriado, do resfriado passou à pneumonia..."), o "do" aqui é artigo definido, fazendo parte da construção da preposição "de" com o artigo "o", cuja função é meramente ligar as etapas da sequência de doenças, se referindo ao resfriado de forma genérica.

 

Dessa maneira, a única alternativa em que "do" é utilizado como pronome demonstrativo, apontando para um conteúdo específico mencionado anteriormente, é a alternativa C.

Gabarito: Letra C

da aproximação de sentido presente nas falas das 
personagens, com os termos “chato”, “plana” e “raso”.

do contraste de sentido na fala das personagens, 
nas quais os adjetivos “chato” e “plana” se opõem.

da fala confusa da personagem, quando utiliza o adjetivo “plana” para referir-se à Terra.

da imprecisão do diálogo das personagens, razão 
pela qual não se entende o sentido de “raso”.

da forma respeitosa como as personagens se tratam, o que se comprova com o adjetivo “raso”.

Questões de Concurso Fundação Vunesp - Tribunal de Contas do Estado de São Paulo