Olá! Vamos destrinchar essa questão sobre agricultura urbana e entender o ponto de vista do Romullo Baratto sobre o assunto, conforme a questão da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa. O texto aborda a prática da agricultura em ambientes urbanos e menciona várias vantagens dessa atividade, como o uso eficiente de áreas urbanas não utilizadas, a promoção do engajamento social, e a redução da distância entre a produção de alimentos e o consumidor.
 
Ao analisar as alternativas oferecidas pela questão, vemos que: 
<ul>
<li>A alternativa (A) menciona que a agricultura urbana "facilita o acesso aos produtos". O texto especifica que a redução da distância do alimento "da semente ao prato" é uma das vantagens, o que suporta a ideia de que a agricultura urbana realmente facilita o acesso aos produtos alimentícios para os moradores urbanos.</li>
<li>A alternativa (B) diz que emprega "tecnologia de ponta". Embora o texto mencione o uso de técnicas como os organopônicos, não há menção suficiente para afirmar que a agricultura urbana, de modo geral, utiliza predominantemente tecnologia de ponta.</li>
<li>A alternativa (C) afirma que "estabelece o valor do solo". O texto não sugere que a agricultura urbana estabelece o valor do solo, mas sim discute o valor do solo sob a perspectiva do sistema econômico atual.</li>
<li>A alternativa (D) afirma que "atrai mais consumidores". O texto não menciona especificamente se há um aumento na atração de consumidores devido à agricultura urbana.</li>
</ul>
 
Portanto, a alternativa correta é a que enuncia que a agricultura urbana facilita o acesso aos produtos, pois isso está claramente ligado à descrição das vantagens que esse tipo de prática proporciona, como a redução da distância entre a produção e o consumo. Logo, a análise mostra que a alternativa correta é A.

Romullo Baratto

Há alguns anos temos publicado artigos e notícias sobre o aumento das
atividades ligadas à agricultura dentro dos centros urbanos. Agricultura urbana,
como é chamada, vem sendo vista por algumas organizações e comunidades
como uma alternativa sustentável que além de dar uso a porções de terra
desocupadas, promove o engajamento social e reduz a distância da semente ao
prato, já que os alimentos são produzidos na própria cidade, muitas vezes no
próprio bairro ou quadra onde vive o consumidor.
Bem intencionada, a ideia de produzir os alimentos em solo urbano já é
realidade em muitas cidades do mundo. No Japão, por exemplo, devido à
reduzida disponibilidade de solo, a cobertura de algumas estações de trem já vêm
sendo usadas para cultivar frutas e hortaliças. Também no Japão, um edifício na
capital Tóquio teve sua fachada transformada em uma fazenda vertical, de certa
forma "criando" área cultivável com ocupação horizontal nula.
Na América Latina Havana, em Cuba, é o principal exemplo de cidade
onde a agricultura urbana vem sendo trabalhada. Uma das conquistas mais
representativas da cidade na agricultura urbana é o desenvolvimento dos
organopônicos, uma tecnologia desenvolvida em 1987 que permite cultivar
vegetais na água, uma alternativa para locais pequenos e com solo que têm baixa
qualidade, como as regiões em torno de estradas e terrenos muito inclinados.
A produção de alimentos na cidade deve, no entanto, ser contextualizada e
pensada a partir de uma perspectiva que reveja a relação cidade-campo. É
interessante, sem dúvida, que uma atividade na cidade produza alimentos e, além
disso, crie empregos e engaje a população, criando laços mais próximos entre os
habitantes. Todavia, ainda parece distante uma realidade em que todo o alimento
consumido em uma cidade seja produzido nela mesma -- ao menos dentro do
atual sistema econômico que estabelece o valor do solo e onera sua
subutilização. Parece não fazer sentido, por exemplo, criar uma horta comunitária
em um terreno baldio que poderia ser usado para algum equipamento público que
atenderia um número muito maior de pessoas.
Ao menos se pensarmos em uma horta tradicional no nível do solo, porém,
as iniciativas que vêm sendo implementadas em todo o mundo sugerem que se
pode mesclar a agricultura urbana com outras estruturas (públicas e privadas),
tornando, assim, o solo urbano ainda mais útil. (...).

siga os hábitos do lugar onde você está.

seja sempre você mesma, não importa onde.

ande despreocupada, sempre em boa companhia.

se não pode fazer algo de uma maneira, faça de outra.

Olha só, essa questão pede a interpretação do conselho que a avó deu para a tia do autor quando ela foi fazer residência em São Paulo. O conselho era: "Em terra de sapos, de cócoras como eles." Isso é uma forma muito representativa de dizer para se adaptar ao ambiente em que se está, ou seja, seguir os hábitos e costumes locais para se integrar melhor.

 

O texto aborda esse conselho tradicional com um contraste de outro provérbio que promoveria a autoexpressão, ilustrando a dualidade e o jogo de significados contrários que os ditados populares podem apresentar. No entanto, o conselho explicitamente dado pela avó sugeria adaptação, assim como um sapo se agacha, o indivíduo deveria se nivelar ao que é comum no lugar.

 

A alternativa A (siga os hábitos do lugar onde você está) claramente reflete essa ideia de adaptar-se ao ambiente, o que estava implícito no conselho da avó. Portanto, é a opção que melhor responde o contexto da mudança da tia para São Paulo, contrariando conceitos de expressão individual destacados em outros provérbios mencionados, que seriam reflexo de outras escolhas possíveis mas não aplicáveis aqui.

 

A alternativa correta é A.

Eduardo Loureiro Jr.
Há algumas décadas, quando minha tia médica foi fazer residência em 
São Paulo capital, minha avó, nascida e crescida no interior do Ceará, deu-lhe 
um único conselho: "Em terra de sapos, de cócoras como eles." O conselho foi 
seguido e há cinco anos, quando comemorávamos o aniversário de 80 anos de 
minha avó, minha tia escolheu a lembrança desse conselho para falar de sua 
mãe. 
Os ditados, ou provérbios, constituem uma sabedoria simples que nós, 
em nossos delírios de complexidade urbana, já quase não conseguimos 
entender: para nós, soam simplistas ou moralistas, e quando os repetimos é 
mais por um hábito de linguagem do que por acreditar em suas palavras. 
Entretanto, brinco de imaginar que minha avó poderia ter aconselhado 
minha tia com um ditado diferente: "Em terra de cegos, quem tem um olho é rei". 
O provérbio, de sentido praticamente oposto ao anterior, incentivaria não a 
adaptação mas a autoexpressão diferenciada. Está aí a riqueza dos provérbios: 
para cada um deles, há um outro que diz o inverso, de forma que há ditados 
para tudo. "Incoerência", poderia pensar nossa mente racionalizada. Eu prefiro 
ver outra riqueza valiosa no fundo dessa riqueza "incoerente": a grandeza dos 
provérbios não está apenas no que eles explicitamente expressam, está na 
sabedoria de saber usar o ditado certo na hora certa. 
Meses atrás, durante um almoço em família, um de meus cunhados falou 
do seu hábito de guardar a melhor parte da comida para o final e de como sua 
mulher, minha irmã, tinha o "dom" de chegar justo na hora em que ele estava 
prestes a saborear seu pequeno tesouro, pedindo: "Amor, me dá esse 
pedacinho." Depois de muito rir, lembrei daquele outro ditado: "Quem guarda 
com fome, o gato vem e come". 
Sim, há qualquer coisa maravilhosa em se guardar o melhor para depois, 
ou mesmo para o final: que filme ou história teria graça se o final feliz fosse no 
começo? Talvez até a sobremesa não parecesse tão apetitosa se tivéssemos 
por hábito comê-la antes do prato principal. 
Eu também tinha esse costume de adiar as coisas boas para torná-las 
ainda mais atraentes algum tempo depois. Ultimamente, tenho guardado menos 
e tenho brincado mais de descobrir o ponto exato da vontade: se quero, como; 
se não quero, passo. [...]

A alternativa A, que indica que na passagem ocorre uma ironia, é a mais adequada para descrever o trecho onde o cunhado menciona que sua mulher, que é a irmã do narrador, tinha o "dom" de aparecer justamente no momento em que ele estava prestes a saborear o melhor pedaço da comida.

 

A ironia aqui reside no uso da palavra "dom", que geralmente tem uma conotação positiva, sugerindo uma habilidade especial. No contexto da história, essa habilidade de aparecer na hora "certa" para pedir o pedaço mais desejado da refeição é, para o cunhado, claramente mais incômoda do que admirável. Portanto, o uso do termo "dom" aqui é irônico, pois subverte sua conotação usual, apresentando uma situação indesejada como se fosse um talento especial.

 

Essa interpretação é coerente com a banca Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa, que geralmente exige uma capacidade interpretativa mais refinada do candidato ao analisar termos e expressões em contextos específicos. As demais alternativas apresentadas, como antítese, metáfora e hipérbole, não se encaixam tão bem no trecho específico, já que não há oposição direta de ideias para ser uma antítese, nem uma comparação implícita para ser uma metáfora e tampouco exagero que caracterize uma hipérbole.

 

A alternativa correta é A.

Apresentar como a rede social propicia a evolução da Língua Portuguesa, criando novas palavras.

Constatar a necessidade de se conversar por meio da voz para que esta não 
vire um item fora de moda.

Demonstrar a falta de civilidade dos habitantes das grandes cidades.

Mostrar o que está se tornando ultrapassado em relação à Língua Portuguesa.

O texto de Mário Viana, intitulado "DÉMODÉ", trabalha de maneira irônica e crítica as mudanças comportamentais e linguísticas em nossa sociedade, influenciadas principalmente por fatores como redes sociais e afrouxamento das normas de etiqueta. O autor faz menções a objetos e práticas que têm se tornado obsoletos, além de destacar a forma como algumas regras linguísticas e práticas de civilidade têm se perdido ao longo do tempo.

 

Analisando as opções fornecidas:
<ul>
<li>Alternativa A: Apresentar como a rede social propicia a evolução da Língua Portuguesa, criando novas palavras. - O texto não defende ou ilustra que a rede social está ajudando na evolução da língua. Pelo contrário, ele critica a maneira como a linguagem tem se deteriorado, mencionando exemplos de erros ortográficos e sintáticos popularizados nas redes.</li>
<li>Alternativa B: Constatar a necessidade de se conversar por meio da voz para que esta não vire um item fora de moda. - A passagem final do texto reflete exatamente sobre isso, sugerindo que se fale em voz alta para que a voz não se torne obsoleta.</li>
<li>Alternativa C: Demonstrar a falta de civilidade dos habitantes das grandes cidades. - O autor ilustra como comportamentos civilizados, como dizer "com licença" e "obrigado", estão se tornando raros, refletindo uma perda de civilidade.</li>
<li>Alternativa D: Mostrar o que está se tornando ultrapassado em relação à Língua Portuguesa. - O texto aborda como determinadas formas verbais e a correção gramatical estão sendo esquecidas ou negligenciadas, especialmente nas redes sociais.</li>
</ul>

 

Diante dessas considerações, a alternativa A não reflete uma das intenções do texto, pois o autor não apresenta a evolução da língua por meio das redes sociais como algo positivo, mas sim destaca a deterioração e simplificação errônea que estão ocorrendo. Portanto, a alternativa correta é A.

Mário Viana 
 
Na próxima faxina, vai ser preciso empurrar para o fundo do armário os 
barquinhos de maionese, os picles espetados no repolho e as taças de coquetel 
de camarão. Com jeitinho, também cabem o bilboquê e o ioiô que apitava. É ne-
cessário espaço para acomodar tudo aquilo que sai de moda. Por exemplo: as 
expressões “com licença”, “por favor” e “obrigado” estão, todas, caindo no mais 
completo desuso, feito uma calça de Tergal ou uma camisa Volta ao Mundo. 
Atualmente, gentileza só gera gentileza em fotinho de rede social. Na real, 
o que vale de verdade é a versão urbana da lei da selva. Incontáveis vezes, sou 
pego de surpresa na sala do cinema ou do teatro por uma pessoa plantada de pé, 
ao meu lado, esperando que eu abra caminho para sua passagem. Eu cedo e ela 
passa, sem emitir um som. Faz sentido: se não pede licença, a criatura não sabe 
agradecer. Nos ônibus e metrôs também há o bônus da mochila, cada vez maior 
e mais pesada. Deduzo que todas elas são recheadas de livros, cadernos, pares 
de tênis, roupa de frio, marmita, duas melancias, um bote inflável (nunca se sabe 
quando a chuva vem) e, desconfio ainda, o corpo embalsamado do bicho de esti-
mação. Só isso explica a corcova sólida e intransponível que bloqueia corredores 
a qualquer hora do dia ou da noite. Nem adianta apelar para a antiga fórmula do 
“com licença”. Ela perdeu o significado. 
Outro item fadado à vala comum dos esquecidos é a letra R, usada no final 
de algumas palavras para significar o infinitivo de um verbo. Fazer, beijar, gostar, 
perder, seguir — você sabe que são verbos justamente por causa da última letra. 
Pois não é que as redes sociais, mancomunadas com a baixa qualidade do ensino, 
estão aniquilando a função do R? No Twitter, é um verdadeiro festival de “vou faze 
bolo pq o Zé vem me visita”. 
Para decifrar alguns posts — marcados também pela absoluta ausência 
de vírgulas, acentos e pontos —, é preciso anos de estágio nos livros de José 
Saramago e Valter Hugo Mãe. Apegar-se à ortografia tradicional é perda de tempo 
e beira a caretice reclamar. Uma vez, corrigi alguém no Twitter e fui espinafrado 
até a última geração. “O Twitter é meu e eu escrevo do jeito que quise” — sem o 
R, claro. Não se trata de ataque nostálgico. O tempo dos objetos passa, a língua 
tem lá sua dinâmica e até mesmo as fórmulas de etiqueta mudam conforme o 
tempo ou o lugar — até hoje, os chineses arrotam para mostrar que gostaram da 
refeição. Mas prefiro acreditar que um pouco de gentileza sem pedantismo nunca 
vai fazer mal a ninguém. 
Escrever certo deveria ser princípio fundamental para quem gosta de se 
comunicar. Ironicamente, nunca se escreveu tanto no mundo: nas ruas, salas de 
espera, ônibus, em qualquer lugar, há sempre alguém mandando um torpedo no 
seu smartphone do último tipo. Às vezes, chego ao fim do dia exausto de ter “con-
versado” com gente do mundo inteiro. Espantado, eu me dou conta de não ter 
aberto a boca. Foi tudo por escrito — e-mail, post, Twitter, torpedo. Se isso acon-
tecer com você, faça como eu: cante alto, solte um palavrão, fale qualquer coisa 
sem sentido, principalmente se estiver sozinho em casa. Apenas ouça o som que 
sai da sua garganta. Impeça que sua voz, feia ou bonita, vire um item fora de moda. 
 *Démodé: fora de moda

O texto proporcionado, uma crônica de Mário Viana, detalha uma variedade de sentimentos e observações sobre comportamentos modernos e suas mudanças em relação a práticas mais tradicionais. A análise dos sentimentos descritos nas alternativas revela que conformismo, insatisfação, e saudosismo são, de fato, sentimentos presentes no texto.
 
O autor expressa insatisfação com o comportamento contemporâneo das pessoas quanto à comunicação e etiqueta; como ele cita, gentilezas como "com licença", "por favor" e "obrigado" estão caindo em desuso. Ele também mostra saudosismo ao lamentar a perda de etiquetas sociais e falar sobre a transformação no uso da língua, indicada pelo exemplo do desaparecimento do "R" em verbos no infinitivo.
 
Embora decepcionado com as mudanças, não há uma aceitação direta delas, eliminando a possibilidade de conformismo, que seria a aceitação passiva de tais mudanças. No entanto, o conformismo poderia ser interpretado como presente quando ele sugere que as mudanças são inevitáveis e cita exemplos de adaptação social em outras culturas, como os chineses que arrotam para mostrar apreciação.
 
O sentimento que claramente não está presente no texto é desconfiança. Em nenhum momento, o autor expressa suspeitas ou dúvidas relevantes sobre as intenções ou veracidade das ações de outras pessoas. Ele foca mais na constatação de mudanças culturais e linguísticas do que em questionar as razões ou a legitimidade dessas alterações.
 
A alternativa correta é B.

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