No enunciado, a questão pede para julgar itens relativos às estruturas linguísticas do texto fornecido e à resposta correta é que a afirmação é "Certa". Vamos analisar detalhadamente o porquê dessa escolha.

O texto apresentado caracteriza-se por uma narrativa que envolve apreciação pessoal e emoção sobre a figura de Oscar Niemeyer e seu trabalho em Brasília. Isso se alinha com a função emotiva da linguagem, na qual o emissor expressa seus sentimentos e opiniões pessoais. Quando o autor diz "como não me emocionar?", ele deixa clara sua participação emocional e pessoal no conteúdo do texto. 

Além disso, a função poética também está presente, observada no uso expressivo da linguagem para produzir um efeito estético ou poético nos leitores. Isso é notável em passagens como "construir a beleza e a felicidade no mundo", que não apenas transmitem informação, mas também buscam provocar uma apreciação estética e reflexiva. 

O uso de metáforas como "construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do Paraíso" e a ênfase nas qualidades e ideais de Niemeyer como "homem", "avesso do causídico", e "antiautopromocionais" enfatizam a intenção poética, ao mesmo tempo que expressam a admiração e a visão pessoal do autor sobre a personalidade e o ethos de Niemeyer. 

Assim, o texto transcende a mera informação factual, engajando-se em dimensionar o caráter e os ideais de uma pessoa de maneira que ressoa emocional e esteticamente com o leitor. Isso justifica a classificação do uso da linguagem nas funções emotiva e poética, conforme descrito na alternativa correta. 

Gabarito: Letra C

No texto, a linguagem foi empregada predominantemente
em suas funções emotiva e poética.

Julgue (C ou E) os itens a seguir, relativos às estruturas linguísticas
do texto.

Poucos depoimentos eu tenho lido mais emocionantes
que o artigo-reportagem de Oscar Niemeyer sobre sua
experiência em Brasília. Para quem conhece apenas o arquiteto,
o artigo poderá passar por uma defesa em causa própria — o
revide normal de um pai que sai de sua mansidão costumeira
para ir brigar por um filho em quem querem bater. Mas, para
quem conhece o homem, o artigo assume proporções
dramáticas. Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como
um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em
minha vida.
Sua modéstia não é, como de comum, uma forma
infame de vaidade. Ela não tem nada a ver com o conhecimento
realista — que Oscar tem — de seu valor profissional e de suas
possibilidades. É a modéstia dos criadores verdadeiramente
integrados com a vida, dos que sabem que não há tempo a
perder, é preciso construir a beleza e a felicidade no mundo,
por isso mesmo que, no indivíduo, é tudo tão frágil e precário.
Oscar não acredita em Papai do Céu, nem que estará
um dia construindo brasílias angélicas nas verdes pastagens do
Paraíso. Põe ele, como um verdadeiro homem, a felicidade do
seu semelhante no aproveitamento das pastagens verdes da
Terra; no exemplo do trabalho para o bem comum e na criação
de condições urbanas e rurais, em estreita intercorrência, que
estimulem e desenvolvam este nobre fim: fazer o homem feliz
dentro do curto prazo que lhe foi dado para viver.
Eu acredito também nisso, e quando vejo aquilo em
que creio refletido num depoimento como o de Oscar
Niemeyer, velho e querido amigo, como não me emocionar?

Para analisar a correção ou incorreção da afirmação, devemos primeiro entender o que são elipse e pronome anafórico, que são mencionados no enunciado como mecanismos de coesão.

A elipse é uma figura de linguagem na qual alguns elementos da frase são omitidos porque podem ser facilmente entendidos no contexto. No trecho citado "nem que estará", a elipse ocorre com a omissão do sujeito da ação, que no contexto é claramente "Oscar". Essa elipse evita a repetição desnecessária de palavras, mantendo a fluidez do texto.

O pronome anafórico "ele", presente em "Põe ele, como um verdadeiro homem...” (L.20), refere-se claramente ao substantivo mencionado anteriormente, "Oscar", conectando as diferentes partes do texto e proporcionando coesão. O uso correto de pronomes anafóricos é crucial para garantir a conexão entre as ideias e permitir que o leitor acompanhe o fluxo argumentativo ou narrativo sem confusões.

O enunciado afirma que ambos "a elipse em 'nem que estará' e o emprego do pronome anafórico 'ele' são mecanismos de coesão utilizados para referenciar o substantivo 'Oscar'", o que está correto. Essas ferramentas gramaticais ajudam a evitar repetições e manter a coesão do texto na discussão sobre a personalidade e crenças de Oscar Neimeyer.

Gabarito: Letra C

A elipse em “nem que estará” (L.18) e o emprego do pronome anafórico “ele” (L.20) são mecanismos de coesão utilizados para referenciar o substantivo “Oscar” (L.18).

Acerca dos mecanismos de coesão empregados no texto, julgue (C ou E) os itens subsequentes.

Para responder à questão corretamente, precisamos entender o conceito de metonímia e analisar se a substituição do nome “Oscar Niemeyer” pelo vocábulo “arquiteto” se encaixa nessa figura de linguagem.

Metonímia é uma figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por outra, devido a uma relação lógica e habitual que existe entre ambas. Por exemplo, quando dizemos "ler Shakespeare", estamos substituindo as obras do autor pelo nome do autor, uma forma clássica de metonímia. 

No texto apresentado, “arquiteto” é usado para se referir a “Oscar Niemeyer”. Neste caso, ocorre uma substituição, mas não necessariamente uma metonímia. Em vez disso, essa substituição deveria ser classificada como sinédoque, uma espécie de figura que também envolve substituição, mas é baseada na relação de parte pelo todo ou vice-versa. Ao chamar Oscar Niemeyer de "o arquiteto", o texto usa a profissão dele para representar Oscar como indivíduo, tratando-se de uma sinédoque específica onde uma característica (profissão) representa o todo (a pessoa). 

Assim, a questão requer a identificação correta da figura de linguagem utilizada. Dizer que o uso de "arquiteto" para referir-se a "Oscar Niemeyer" é uma metonímia é impreciso, porque seria mais adequado classificá-lo como uma sinédoque. 

Portanto, a informação no item de que essa substituição corresponderia a uma metonímia está incorreta, o que torna a alternativa correta:

Gabarito: Letra E

Na linha 3, o vocábulo “arquiteto” retoma por substituição o nome próprio “Oscar Niemeyer”, empregado na linha 2, mecanismo que corresponde a uma variedade de metonímia e por meio do qual se evita a
repetição de vocábulo.

Analisemos o período mencionado no enunciado da questão: "Pois Oscar é não só o avesso do causídico, como um dos seres mais antiautopromocionais que já conheci em minha vida." Para entender a estrutura sintática do período, é importante observar a função da conjunção "Pois" e a ordem das orações.

 
No período em questão, a conjunção "Pois" é usada para introduzir um argumento ou uma explicação que está diretamente relacionada ao que foi mencionado anteriormente. Essa conjunção tem função explicativa e, geralmente, antecede uma oração que justifica ou explica a anterior.

 
A conjunção "Pois" neste exemplo não introduz uma oração subordinada, mas sim uma oração independente que serve para explicar ou complementar a ideia anterior. Portanto, não há uma inversão da ordem típica das orações principal e subordinada porque não se caracteriza como uma oração subordinada anteposta.

 
Além disso, a ordem das orações no texto não está invertida—o texto segue uma progressão lógica e linear em que a conjunção não muda a ordem das orações principal e subordinada (que seria típica de uma inversão), mas apenas organiza a explicação em sequência ao que foi discutido.

 
Dado isso, o item está equivocado ao afirmar que há uma inversão na ordem das orações por causa da conjunção "Pois". A conjunção serve para adicionar uma explicação subsequente, mantendo a relação de causa e efeito entre o que foi dito no final do primeiro parágrafo e o que segue.

 
Gabarito: Letra E

O período que finaliza o primeiro parágrafo está na ordem inversa, como indica o emprego inicial da conjunção “Pois”, que introduz uma oração subordinada anteposta à oração principal.

No trecho do texto apresentado, observamos uma carta endereçada a Antonio Carlos Jobim (Tomzinho), escrita por Vinicius de Moraes. A natureza da linguagem empregada na carta revela uma familiaridade e intimidade entre o remetente e o destinatário, caracterizando um gênero textual bastante informal. Para entender o enunciado da questão que aborda as expressões "cairia muito bem" e "mandando brasa", é essencial reconhecer a função dessas expressões no contexto da carta. 
A expressão "cairia muito bem", usada quando Vinicius menciona a festa na embaixada, transmite uma ideia de algo que seria agradável ou desejável naquele momento de solidão e tristeza do autor. Já "mandando brasa", referindo-se a Baden Powell tocando violão na festa, é uma gíria que implica fazer algo com entusiasmo ou habilidade. Ambas as expressões são informais e indicam uma comunicação pessoal e descontraída. 
A informalidade é reforçada no restante do texto, com a maneira direta e emotiva com que Vinicius compartilha seus sentimentos de solidão e saudade, elementos característicos de uma carta pessoal, um gênero que permite maior flexibilidade linguística e expressiva. 
O entendimento de que essas expressões contribuem para a informalidade da escrita está correto. Elas são parte do estilo de Vinicius de Moraes, conhecido por sua abordagem coloquial e emocional na escrita, o que é exemplificado claramente neste trecho da carta. Portanto, a interpretação do enunciado e o reconhecimento das próprias expressões em um texto informal são importantes para a análise correta da questão. 
Gabarito: Letra C

O emprego, no texto, das expressões coloquiais
“cairia muito bem” (L.11) e “mandando brasa” (L.12)
indica a informalidade com que Vinicius de Moraes
escreve a seu destinatário.

Julgue (C ou E) os itens seguintes, relativos às ideias do texto
acima.

Estou aqui num quarto de hotel que dá para uma
praça que dá para toda a solidão do mundo. São dez horas da
noite e não se vê viv’alma. Meu navio só sai amanhã à tarde,
e é impossível alguém estar mais triste do que eu. E, como
sempre nestas horas, escrevo para você cartas que nunca
mando.
Deixei Paris para trás com a saudade de um ano de
amor, e pela frente tenho o Brasil, que é uma paixão
permanente em minha vida de constante exilado. A coisa ruim
é que hoje é 7 de setembro, a data nacional, e eu sei que em
nossa embaixada há uma festa que me cairia muito bem, com
o Baden Powell mandando brasa no violão. Há pouco
telefonei para lá, para cumprimentar o embaixador, e veio
todo mundo ao telefone.
Você já passou um 7 de setembro, Tomzinho,
sozinho, num porto estrangeiro, numa noite sem qualquer
perspectiva? É fogo, maestro!

Questões de Concurso IRB Brasil RE