denuncia de forma caricatural, irônica e rebelde a iniquidade
e a irregularidade do Brasil colonial.

dissimula o atraso social do país por meio do enaltecimento
das grandezas naturais da terra.

descreve de forma eufórica e apaixonada a vida cotidiana do
Brasil da época.

documenta a realidade com o objetivo de informar a metrópole
sobre as perspectivas oferecidas pela colônia.

utiliza a hipérbole para transfigurar a realidade local e elevá-la
ao mesmo nível da metrópole.

Em "a": Certo – A obra de Gregório de Matos se destaca pela ironia com que se representava a irregularidade do Brasil Colonial. Em "b": Errado – Essa dissimulação não se dá em função do enaltecimento das grandezas naturais da terra. Em "c": Errado – Pelo contrário: a forma com que se descreve o Brasil da época não era nada apaixonada. Em "d": Errado – Ele não apresenta esse objetivo, pois seu intuito era, por meio da ironia, denunciar as perspectivas oferecidas pela colônia. Em "e": Errado – A utilização de figuras de linguagem, por exemplo, não se dá para que se eleve a realidade local ao mesmo nível da metrópole. Resposta: Letra A.

Na obra satírica de Gregório de Matos, não há o ânimo
documentário ou a transfiguração hiperbólica, mas o flagrante
expressivo até a caricatura, o ataque se elevando a denúncia, a
ironia alegre ombreando com a revolta amarga, em contraste com
a transfiguração eufórica de outros autores do tempo, em relação
aos quais a sua poesia satírica aparece como contracorrente
desmistificadora. Ele desdenha as aparências do mundo e desvenda
a sua iniquidade, com um pessimismo realista que não hesita em
entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo. Poucos foram
tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma
espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as
suas diatribes. Através da sua obra de rebelde apaixonado,
transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma
sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro, as
autoridades prevaricavam, os clérigos pecavam a valer e a virtude
parecia às vezes uma farsa difícil de representar.

O texto se estrutura através de uma rede de analogias em que os peixes são equiparados à própria palavra de Deus.

A palavra de Deus é comparada ao sal da terra, mas nunca consegue fertilizá-la, porque falta à terra a leveza dos peixes.

Depois de ser lançado ao mar pelos homens, Santo Antonio foi reconduzido à praia pelos peixes, tornando-se exemplo da 
conduta cristã.

O sal da terra é a palavra de Cristo e, segundo a parábola citada no sermão, ele preferiu pregar para os peixes a pregar 
para os homens.

A terra, mesmo infértil, poderia ser melhor cultivada, caso houvesse pregadores que soubessem semear a boa palavra.

Banca Organizadora: Universidade Federal do Paraná
Matéria: Literatura
Assunto: Barroco
Enunciado da questão:
Com base na leitura integral do “Sermão de Santo Antonio aos peixes”, de Antonio Vieira, assinale a alternativa correta.

<ul>
<li>A) O texto se estrutura através de uma rede de analogias em que os peixes são equiparados à própria palavra de Deus.</li>
<li>B) A palavra de Deus é comparada ao sal da terra, mas nunca consegue fertilizá-la, porque falta à terra a leveza dos peixes.</li>
<li>C) Depois de ser lançado ao mar pelos homens, Santo Antonio foi reconduzido à praia pelos peixes, tornando-se exemplo da conduta cristã.</li>
<li>D) O sal da terra é a palavra de Cristo e, segundo a parábola citada no sermão, ele preferiu pregar para os peixes a pregar para os homens.</li>
<li>E) A terra, mesmo infértil, poderia ser melhor cultivada, caso houvesse pregadores que soubessem semear a boa palavra.</li>
</ul>

Analisemos algumas alternativas destacadas:
<ul>
<li>A) Esta alternativa está incorreta porque, embora Vieira empregue analogias, a essência do sermão é criticar e aconselhar os homens e não diretamente comparar peixes à palavra de Deus.</li>
<li>B) Também está incorreta pois, embora use a imagem do sal para falar da função dos pregadores e sua relação com a fé, o sermão não enfatiza a "leveza dos peixes" como fator para a fertilização da palavra.</li>
<li>C) Esta alternativa altera significativamente o conteúdo do sermão, que não sugere que Santo Antônio foi fisicamente auxiliado por peixes, mas que optou por pregá-los como uma forma simbólica de repreensão aos homens.</li>
<li>D) Está errada porque simplifica erroneamente o papel simbólico de Santo Antônio e dos pregadores conforme explicado por Vieira, onde o "sal da terra" representa a influência moral e espiritual dos pregadores, não sendo exclusivamente dirigida aos peixes ou aos homens.</li>
<li>E) Esta alternativa é correta. Segundo Vieira, o impacto da pregação e consequentemente a "fertilidade" da terra ou da fé humanas, dependeriam significativamente das habilidades e da diligência dos pregadores. Este é o cerne da crítica de Vieira: a necessidade de uma pregação eficaz para cultivar a fé nos homens, que ele enxergava como faltante.</li>
</ul>

A análise cuidadosa dos elementos simbólicos e retóricos do "Sermão de Santo Antônio aos Peixes" aponta que a alternativa correta é E.

apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal.

desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro.

explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa.

apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira.

apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado insano do mundo.

Este soneto de Gregório de Matos, notório poeta do Barroco Brasileiro, alia às suas características literárias predominantes no movimento, uma profunda reflexão sobre a sociedade da época. Sua poética, que frequentemente oscila entre o sagrado e o profano, satiriza a moral e os costumes com uma acuidade crítica intensa, aspecto que o enunciado ressalta ao citar José Miguel Wisnik. Analisando as alternativas propostas, temos:

<ul>
<li>A) apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como se fosse a ideal. Este soneto captura precisamente a luta emblemática dentro da poética de Gregório de Matos entre o ideal e o real, o certo e o que é aceito. Ele espelha a visão barroca de um mundo onde predominam valores distorcidos, tratando-se da perspectiva de que, apesar de insana, esta é a realidade predominante e aceita.</li>

<li>B) desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro. Esta alternativa distancia-se do texto, que, ao contrário de evocar um futuro utópico, aborda as contradições e corrupções já existentes e suas repercussões na vida do eu lírico.</li>

<li>C) explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa. Embora Gregório de Matos costume explorar essa dualidade em outros poemas, este soneto concentra-se mais na crítica social e no embate cultural do que nas questões místicas ou espirituais diretamente.</li>

<li>D) apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a sátira. Ao contrário, o Estado de ser "sisudo e só" sugere uma resposta irônica ao mundo corrupto, mantendo o tom satírico e crítico sobre a loucura sendo a norma, e não o contrário.</li>

<li>E) apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado inseno do mundo. A crítica que se faz presente é revestida de ironia e satírica, e não somente de um debate racional sobre o estado do mundo, tratando-se mais de uma denúncia poética carregada de sensibilidade e argúcia crítica particulares ao barroco.</li>
</ul>

Logo, a alternativa correta é A, que corretamente identifica o "mundo às avessas" no qual a insanidade e a aceitação do caminho "imundo" são tratados como a norma, refletindo a crítica mordaz de Gregório de Matos à sociedade que o rodeia.

Questões de Literatura - Barroco