A ausência de narradores heterodiegéticos.

A incorporação de características de outros
gêneros.

A questão proposta pelo Instituto AOCP explora o conto "Agenda para a noite de núpcias" do autor Moacyr Scliar, solicitando identificar uma característica que alinha o texto ao aspecto plástico do gênero literário. A resposta correta é a alternativa E, que aponta a "incorporação de características de outros gêneros".

<ul>
<li>Alternativa A - A presença de elementos fantásticos: Incorreta. Este conto não incorpora elementos fantásticos de forma destacada, sendo mais focado em uma narrativa com toques satíricos e crítica social.</li>
<li>Alternativa B - A exposição de caracteres sociais: Incorreta. Apesar de existirem elementos que expõem características sociais, como a hierarquia e a relação de poder entre os personagens, não é essa a característica que destaca o caráter plástico do gênero.</li>
<li>Alternativa C - A objetividade do fato narrado: Incorreta. O conto não é objetivamente factual; ele é uma construção narrativa que envolve ironia e crítica, saindo da mera objetividade.</li>
<li>Alternativa D - A ausência de narradores heterodiegéticos: Incorreta. A alternativa foca na técnica narrativa e não no caráter plástico do gênero, que se relaciona mais com a flexibilidade e capacidade do gênero conto de abarcar e incorporar diferentes formatações e estilos.</li>
<li>Alternativa E - A incorporação de características de outros gêneros: Correta. O conto mistura aspectos de uma carta e de uma agenda em sua estrutura, demonstrando a capacidade do gênero conto de incorporar e adaptar-se a outros gêneros e formas literárias, realçando seu caráter plástico e adaptável.</li>
</ul>

Essa mistura de características de gêneros sublinha a modernidade e versatilidade do conto contemporâneo, utilizando-se de estruturas variadas para enriquecer a narrativa e oferecer diferentes camadas de interpretação. Portanto, a alternativa correta é E.

“Senhora Presidente:
Na qualidade de futuro Diretor-Gerente das
empresas dirigidas por V. S., e também na
qualidade de seu futuro genro, submeto à sua
apreciação a seguinte:
Agenda para a Noite de núpcias
1. Os trabalhos terão início às vinte horas na
suíte 1.102 do Hotel Real Navarino. Trata-se de
hotel, e de aposento, habitualmente escolhido por
nubentes para a noite de núpcias. O apartamento
é simpático e acolhedor; há música ambiental,
suave e romântica; uma reprodução de Maja
Desnuda proporciona, particularmente para quem
vem de um ambiente culto e refinado, como é o
caso de sua filha, um sutil estímulo erótico.
Providenciarei champanhe, e do melhor; entrando,
proporei de imediato um brinde. Pretendo que o
efeito inebriante da bebida elimine qualquer
inibição ainda presente na noiva.
2. A seguir, usarei a palavra, fazendo um breve,
mas emocionado retrospecto de um namoro
apaixonado, um noivado ardente; evocarei cenas
pitorescas ou ternas, cômicas ou dramáticas; ao
concluir, abraçarei a noite, declarando
enfaticamente que a amo.
3. Beijar-nos-emos. O beijo será muito
prolongado, da variedade conhecida como ‘de
língua’ na qual, modéstia à parte, sou mestre. Com
este beijo tenho despertado poderosas paixões,
inclusive nas mais frígidas. Ao final desse beijo,
pode V. S. crer, sua filha estará gemendo de
prazer.
4. Seguir-se-á a operação de retirada das
roupas. Ajudá-la-ei, transformando este momento
numa ocasião para carícias e elogios: aos belos
seios, à graciosa cintura, às coxas, que de acordo
com Lorca, compararei a peixes movendo-se na
semi-obscuridade. Em seguida me despirei. Ela
poderá constatar que seu noivo é uma bela figura
de macho, alto, forte, bronzeado; e se, ao avistar
o membro viril, soltar uma pequena exclamação,
será, não de susto, mas sim de excitação.
5. Folguedos amorosos. Tomarei a iniciativa,
começando por pequenos e úmidos beijos no
pescoço, na nuca, nas orelhinhas; e nos seios.
Demorar-me-ei a explorar a ponta da língua os
delicados mamilos, passando depois à sucção o
que arrancará a ela, estou seguro, numerosos e
repetidos gemidos de prazer. Descendo,
prosseguirei, via ventre, nos pequenos lábios, que
serão acariciados e sugados. Ela então se renderá
completamente e a levarei nos braços até a cama.
Com a experiência acumulada de muitos anos (em
camas, bancos de automóveis e macegas)
decidirei sobre o momento oportuno para a
penetração.
6. Cópula. Será o momento culminante do
programa. Tenho para mim que será uma cópula
arrebatadora, uma torrente de paixão rompendo
as comportas para, em meio a gemidos de prazer,
culminar num cataclísmico orgasmo: triunfo do
amor!
Cópula realizada, direi, ainda que ofegante,
breves palavras sobre os belos momentos vividos.
Repetirei que a amo, que a amo. E então sono
reparador.
Para a segunda noite, a agenda será
ligeiramente alterada, com introdução de novos
tipos de folguedo, e assim na terceira e na quarta
noites (na quinta não haverá atividades). Ao cabo
de meses um padrão acabará por se estabelecer,
e tudo cairá na rotina. O noivo, contudo, aguardará
ansioso a oportunidade de novas experiências:
outra boca a se beijar, outras coxas a acariciar.
Boca e coxas que poderão ser as suas Senhora
Presidente.”

A linguagem empregada no texto é exclusivamente
informativa, não produz emoção no leitor.

O texto apresenta um intrincado jogo de palavras que
impossibilita a sua compreensão pelo leitor.

O texto é escrito em linguagem inteiramente formal.

O texto remete ao fato de a esperança ser algo
passageiro no coração das pessoas.

O texto é uma poesia reflexiva, que trata de assunto do
cotidiano.

Analisando as alternativas do enunciado acerca do texto de Carlos Drummond de Andrade, podemos perceber as características do estilo e propósito literário empregados pelo autor:

<ul>
<li>A) A afirmação de que a linguagem do texto é exclusivamente informativa e não emociona o leitor é equivocada. Drummond, através de uma narrativa reflexiva e introspectiva, especialmente neste texto, provoca reflexão e atinge as emoções do leitor ao discutir conceitos tão familiares como tempo, esperança e renovação - assuntos que naturalmente envolvem emoções humanas.</li>

<li>B) A seleção de palavras de Drummond, apesar de carregar significativos subtextos, não é intrincada a ponto de tornar a mensagem incompreensível. Pelo contrário, ele utiliza uma linguagem acessível para meditar sobre as esperanças e decepções cíclicas associadas ao passar dos anos, demonstrando como reencontramos motivação no começo de cada ano.</li>

<li>C) Contrariando a afirmativa, o texto não é escrito em linguagem inteiramente formal. Drummond opta por uma abordagem mais coloquial e próxima do leitor para estabelecer uma conexão mais direta e pessoal, típica de uma reflexão casual sobre aspectos da vida cotidiana.</li>

<li>D) Essa alternativa sugere a impermanência da esperança, o que não é um tema central do texto de Drummond. Ele fala sobre a renovação da esperança com a chegada de um novo ano, enfatizando um ciclo de renovação, e não a transitoriedade dela.</li>

<li>E) Essa é a única alternativa que capta adequadamente o espírito do texto. Drummond explorou a temática da passagem do tempo e a renovação cíclica da esperança de maneira poética, mas acessível, tratando de temas cotidianos de forma elegante e convidativa à reflexão. Ele transforma um conceito tão abstrato quanto o tempo em algo tangível e reflexivo, o que é uma marca da poesia reflexiva.</li>
</ul>

Ao analisar todas as opções em contextos de técnica e tema literários, a alternativa correta é E.

Na análise do poema "Dor elegante" de Paulo Leminski, observa-se a personificação da dor e sua representação como uma experiência substancial e transformadora na vida do indivíduo. A forma como a dor é descrita no poema sugere uma profunda reflexão sobre como o sofrimento pode transcender sua natureza intrinsecamente negativa e alcançar uma dimensão estética, quase artística.

<ul>
<li>Alternativa A: um trabalho forçado. Esta opção sugere que a dor é uma tarefa ou um dever pesado e indesejável. No poema, no entanto, a dor não é representada meramente como um fardo pesado, mas sim como algo que confere uma singularidade, quase um distintivo, ao indivíduo que a porta. Portanto, esta alternativa não é a mais precisa para descrever a representação da dor no poema.</li>
<li>Alternativa B: um produto do mercado. Esta escolha poderia implicar que a dor é algo comercializável ou explorável. Contudo, no poema, a dor é tratada como uma experiência pessoal e intransferível, longe de ser um item comercial. Assim, essa alternativa também não reflete adequadamente o conceito tratado no poema.</li>
<li>Alternativa C: uma obra de arte. Esta opção identifica a dor como algo com valor estético e individual, semelhante a uma criação artística. No poema, a dor é o que resta ao sujeito lírico, e ele afirma que "sofrer vai ser a minha última obra", denotando que ele vê seu sofrimento como seu último grande feito, uma obra de arte pessoal. Essa interpretação está alinhada com o texto, tornando esta alternativa a correta.</li>
<li>Alternativa D: uma obra de engenharia. Interpretar a dor como uma obra de engenharia implicaria uma construção técnica e calculada, o que se desvia da abordagem mais orgânica e expressiva apresentada no poema.</li>
</ul>

Com base na análise do contexto e das palavras escolhidas pelo poeta, a alternativa correta é C, que identifica a dor como uma "obra de arte", sublinhando o modo como Leminski molda esteticamente a experiência de sofrimento humano em sua obra.

Paulo Leminski
Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Como se chegando atrasado
 Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
 Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nessa dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra

enfoca  a  figuratividade  presente  em  obras  literárias antigas.

enfatiza a universalidade das questões abordadas nos livros.

destaca  a  proximidade  entre  dois  livros  da  literatura infantojuvenil.

aponta a preferência pela narrativa francesa do início do século XX.

O texto discute a possibilidade de que a obra "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, tenha sido inspirada nos livros “Patachou, Petit Garçon” e “Les Histoires de Patachou”, escritos por Tristan Derème. Através deste contexto, analisemos as alternativas apresentadas:

<ul>
<li>Alternativa A) enfoca a figuratividade presente em obras literárias antigas. - Incorreta. O texto não se concentra especificamente nas características figurativas das obras antigas, mas menciona a inspiração que possivelmente ligou duas obras infantojuvenis.</li>
 
<li>Alternativa B) enfatiza a universalidade das questões abordadas nos livros. - Incorreta. Apesar de mencionar que as obras tratam de temáticas universais, o foco principal do texto é estabelecer uma conexão entre duas obras e não somente discutir suas temáticas universais.</li>
 
<li>Alternativa C) destaca a proximidade entre dois livros da literatura infantojuvenil. - Correta. Esta alternativa capta corretamente o ponto central do texto que é destacar os aspectos compartilhados e a influência potencial entre "O Pequeno Príncipe" e os livros de Patachou.</li>
 
<li>Alternativa D) aponta a preferência pela narrativa francesa do início do século XX. - Incorreta. Embora as obras citadas sejam de autores franceses contemporâneos, o texto não aborda uma preferência por narrativas desse período ou origem.</li>
</ul>

Portanto, a análise correta é que o texto visa evidenciar a ligação e as semelhanças entre duas obras significativas da literatura infantojuvenil, sugerindo uma possível influência literária entre “Patachou” e “O Pequeno Príncipe”. A alternativa correta é C.

Pense na história de um menino cheio de poesia. Em que rapo-
sas, desertos, flores e vulcões ganham dimensões quase filosófi-
cas. Imagine agora que esse livro é narrado por um adulto que 
conhece o garoto-personagem. Tudo lembra muito o Pequeno 
Príncipe. Mas trata-se de outro menino: Patachou.
As semelhanças com o clássico escrito por Antoine de Saint-E-
xupéry, que já foi traduzido para mais de 200 idiomas, em todo 
o mundo, e chega a vender uma média de 300 mil exemplares,
por ano, só no Brasil, podem não ser apenas coincidência. En-
quanto O “Pequeno Príncipe” alçou voo e se tornou até “livro 
de miss”, as obras “Patachou, Petit Garçon” e “Les Histoires de 
Patachou” fizeram sucesso na França a partir do final dos anos
1920, mas acabaram pouco conhecidas fora do país, sobretudo 
do lado de cá do Atlântico,  sem traduções para o português. 
Pelo menos até agora. 
A editora Piu iniciou uma vaquinha na internet  pelo Catarse 
para publicar os dois volumes da obra no Brasil. Ambos foram 
escritos pelo poeta francês Tristan Derème e teriam sido real-
mente o ponto de partida de Exupéry para o seu famoso princi-
pezinho. Pelo menos é o que diz um artigo publicado na “Revue 
d’Histoire Littéraire de la France”, que listou semelhanças entre 
as duas histórias. Como “O Pequeno Príncipe” foi lançado em
1943, enquanto a primeira edição de Derème saiu em 1929, é 
praticamente certo que Exupéry tenha entrado em contato, em 
algum momento, com a obra.
As  histórias  falam de  Patachou,  um garoto  que  ganhou esse 
apelido, porque, em um belo dia, foi surpreendido com o dedo 
em uma pâte à choux (uma massa francesa que é base para vári-
as receitas de confeitaria). Os livros são divididos em pequenos 
contos, que misturam prosa e poesia, trazem brincadeiras e re-
velam a descoberta do mundo pelos olhos da infância.
“O texto é de 1929, mas, assim como outros tantos livros clássi-
cos, ele aborda questões universais, que são comuns a crianças 
de todas as épocas, culturas e lugares. O autor enfatiza a imagi-
nação, o ritmo, a musicalidade, o humor e, ao mesmo tempo, 
uma pitada de melancolia. Dizem que Saint-Exupéry se inspi-
rou justamente nesse estilo”, diz a escritora Paula Taitelbaum, 
que está  à  frente da editora Piu e do financiamento coletivo 
para trazer a obra ao Brasil.
A vaquinha busca arrecadar R$ 34 mil para custear o tratamento 
das ilustrações originais, a diagramação e a impressão. A tradu-
ção será feita com um prêmio concedido pela Embaixada da 
França. Para facilitar a pronúncia do francês, o nome do perso-
nagem na edição brasileira vai ficar Patachu nos dois títulos: “O 
Pequeno Patachu” e “As Histórias de Patachu”.

A questão proposta pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional aborda as funções da linguagem presente em um texto poético, requerendo a identificação da função predominante no poema apresentado. O poema, marcado pelo eu-lírico que expressa seus sentimentos e estado de espírito, se enquadra primordialmente na função de linguagem emotiva.

<ul>
<li>A) Conativa: Esta função destina-se a influenciar o comportamento do receptor, comum em discursos imperativos ou interrogativos. No poema em questão, não há uma tentativa explícita de influenciar o leitor, rejeitando-se esta opção.</li>
<li>B) Apelativa: Similar à função conativa, busca persuadir ou provocar uma reação no receptor. Também não aplicável ao poema, pois seu foco não está em comandar ou convencer.</li>
<li>C) Referencial: Centralizada no contexto e na transmissão objetiva de informações, é mais frequente em textos informativos ou científicos. O poema, sendo expressivo e subjetivo, diverge completamente desta função.</li>
<li>D) Fática: Concentra-se no canal de comunicação entre o emissor e receptor, verificando se este está aberto e funcionando. O poema não contempla esta preocupação funcional, estando mais voltado para a expressão interna do eu-lírico.</li>
<li>E) Emotiva: Esta função é eminentemente subjetiva e focada na expressão de sentimentos e emoções pessoais do emissor. O poema abrangido nesta questão é um desdobramento das vivências e sensações do eu-lírico, ilustrando perfeitamente a função emotiva.</li>
</ul>

A alternativa correta é E.

Eu canto porque o instante existe 
e a minha vida está completa. 
Não sou alegre nem sou triste: 
sou poeta. 
Irmão das coisas fugidias, 
não sinto gozo nem tormento. 
Atravesso noites e dias 
no vento. 
Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
— não sei, não sei. Não sei se fico 
ou passo. 
Sei que canto. E a canção é tudo. 
Tem sangue eterno a asa ritmada. 
E um dia sei que estarei mudo: 
— mais nada.

Questões de Literatura - Gêneros literários - Múltipla escolha