Graciliano Ramos estabelece uma comparação a partir de dois ofícios: o das lavadeiras de Alagoas e o do escritor.

As lavadeiras, às quais se refere Graciliano Ramos, são consideradas um ícone de Alagoas.

O ofício de escrever possui a mesma simplicidade do ofício de lavar roupas.

As palavras, em um texto, não devem apresentar subjetividade, mas sempre serem objetivas formando um texto  informativo.

Lavar roupas e escrever são os dois principais ofícios das lavadeiras do texto de Graciliano Ramos.

O texto citado na questão de literatura explora uma comparação metafórica eficiente entre o ofício de lavadeiras e o ato de escrever, sugerida por Graciliano Ramos. Analisemos cada alternativa sob a perspectiva literária e interpretativa:

<ul>
<li>A) Graciliano Ramos estabelece uma comparação a partir de dois ofícios: o das lavadeiras de Alagoas e o do escritor. 
Esta alternativa é claramente apoiada pelo texto. Ramos utiliza o processo meticuloso e repetitivo das lavadeiras ao lavar roupas como uma metáfora para o processo de escrita, enfatizando a necessidade de refinar e revisar repetidamente o texto até alcançar a expressão exata, despojada de qualquer excesso.</li>

<li>B) As lavadeiras, às quais se refere Graciliano Ramos, são consideradas um ícone de Alagoas. 
Esta alternativa não é mencionada no texto nem pode ser inferida diretamente de suas palavras. A citação de Graciliano é especificamente sobre o método de trabalho das lavadeiras, e não sobre seu status cultural ou simbólico em Alagoas.</li>

<li>C) O ofício de escrever possui a mesma simplicidade do ofício de lavar roupas. 
Embora o texto compare os dois ofícios, a inferência sobre "simplicidade" pode ser enganosa. O processo descrito no texto é qualquer coisa menos simples; é meticuloso e trabalhoso — o mesmo se aplica ao verdadeiro processo de escrita que Graciliano defende.</li>

<li>D) As palavras, em um texto, não devem apresentar subjetividade, mas sempre serem objetivas formando um texto informativo. 
A questão apresentada obscurece o que Graciliano realmente sugere. Embora ele argumente que as palavras "foram feitas para dizer", isso não exclui automaticamente a subjetividade ou a beleza estilística do texto. Ele enfatiza a funcionalidade e a precisão das palavras, não necessariamente uma estética de pura objectividade.</li>

<li>E) Lavar roupas e escrever são os dois principais ofícios das lavadeiras do texto de Graciliano Ramos. 
Esta alternativa apresenta uma interpretação errônea do texto. Graciliano não sugere que escrever seja um ofício das lavadeiras, mas usa o processo delas como uma metáfora para o processo de escrever.</li>
</ul>

Concluindo, a alternativa correta é: A

“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma 
primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a 
torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a 
água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do 
pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para 
secar. 
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro 
falso; a palavra foi feita para dizer.”  

os sentidos atribuídos às palavras pelo menino adequavam-se, na verdade,  às ideias normais, que, por 
seu turno, iam constituindo sua compreensão de 
mundo.

os absurdos, muito embora concernentes à poesia, 
eram compreendidos pela mãe como fruto da ignorância do menino.

as visões a que a mãe se refere são, para o menino, 
alterações no sentido usual das ideias, com que 
reinventava o mundo que o cercava.

as novidades que o mundo apresentava ao menino 
precisavam de palavras novas para serem descritas, 
pois a linguagem se mostrava pobre para a imensidão de seu mundo.

as imagens vistas pelo menino eram reflexo de sua 
imaginação, livre da linguagem de que fazia uso 
para  descrevê-las.

A) Errada. A alternativa sugere que os sentidos atribuídos às palavras pelo menino se alinhavam com ideias convencionais para entender o mundo. Entretanto, o texto mostra que as palavras usadas promoviam uma ruptura com o sentido normal das ideias. Portanto, essa alternativa contraria o conteúdo do poema quando afirma que "A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias."



B) Errada. A mãe descreve as visões do menino como fruto de sua imaginação, mas o texto não atribui diretamente tais visões à "ignorância". Pelo contrário, essas representações imaginativas enriquecem a poesia e a percepção do menino, demonstrando uma forma alternativa e poética de ver o mundo, não necessariamente ligada à ignorância.



C) Correta. Esta alternativa captura a essência do texto ao indicar que o menino, através de suas palavras inusitadas e criativas, reinventava o mundo ao seu redor. Ele desafiava o entendimento comum e, assim, recriava a realidade de maneira poética, o que é expressamente indicado com frases como "A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias."



D) Errada. O texto não sugere que a descrição feita pelo menino demandava uma linguagem nova por insuficiência do vocabulário existente. Ao contrário, mostra sua habilidade de utilizar a linguagem de maneira criativa para expressar visões únicas, como a de "um sapo com olhar de árvore", revelando a riqueza, e não a pobreza, do uso linguístico.



E) Errada. Na realidade, as visões do menino, embora frutos de sua imaginação, eram expressas por meio da linguagem. Ele usava ativamente as palavras para moldar as imagens que percebia, logo, sua imaginação estava intrinsecamente ligada e expressa através da linguagem criativa que ele empregava, não sendo livre dela, mas sim fomentada por ela.



A alternativa correta é C.

Eu queria usar palavras de ave para escrever. 
Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem 
              [ nomeação. 
Ali a gente brincava de brincar com palavras 
tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra! 
A Mãe que ouvira a brincadeira falou: 
Já vem você com suas visões! 
Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis 
e nem há pedras de sacristias por aqui. 
Isso é traquinagem da sua imaginação. 
O menino tinha no olhar um silêncio de chão 
e na sua voz uma candura de Fontes. 
O Pai achava que a gente queria desver o mundo 
para encontrar nas palavras novas coisas de ver 
assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do 
rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão 
de uma pedra. 
Eram novidades que os meninos criavam com as suas 
palavras. 
Assim Bernardo emendou nova criação: Eu hoje vi um 
sapo com olhar de árvore. 
Então era preciso desver o mundo para sair daquele 
lugar imensamente e sem lado. 
A gente queria encontrar imagens de aves abençoadas 
pela inocência. 
O que a gente aprendia naquele lugar era só ignorâncias 
para a gente bem entender a voz das águas e 
dos caracóis. 
A gente gostava das palavras quando elas perturbavam 
o sentido normal das ideias. 
Porque a gente também sabia que só os absurdos 
enriquecem a poesia.

Para não morrer, o poeta pede à menina que, paradoxalmente, permaneça vivo no esquecimento.

A presença física e a lembrança opõem-se diametralmente ao coração e ao esquecimento.

O acaso, exposto na 2ª estrofe, desencadeia a decisão do poeta em, ao final, deixar-se morrer no 
esquecimento.

A caracterização de sonho e de neve põe em xeque 
o que se afirma ao fim do poema, mostrando que se 
trata apenas de uma ilusão.

Para que permaneçam juntos, ainda que apenas na 
memória, é antes necessário o esquecimento.

O poema em questão utiliza uma estrutura repetitiva e gradativa para expressar a persistência do eu lírico em ser lembrado pela "moça branca como a neve", mesmo considerando a possibilidade do esquecimento como uma forma de lembrança. Cada estrofe escala uma forma diferente de manter-se presente na vida da moça, culminando no paradoxo de ser "levado no esquecimento".

<ul>
<li>Alternativa A: Esta alternativa é correta. O poema destaca o paradoxo de pedir para ser lembrado até mesmo através do esquecimento, sugerindo uma forma extrema de persistência na memória ou na consciência da moça, mesmo que de maneira inconsciente ou negativa. Este pedido reforça a profundidade da conexão emocional que o falante deseja manter.</li>
<li>Alternativa B: Está incorreta porque não há uma oposição tão clara entre presença física, lembrança, coração e esquecimento no poema. Todos esses elementos são tratados como possíveis maneiras de manter o poeta na vida da moça, não como opostos.</li>
<li>Alternativa C: Também é incorreta porque o poema não sugere que o eu lírico decidirá morrer no esquecimento. Em vez disso, ele expressa um desejo de ser lembrado de qualquer maneira possível, incluindo o esquecimento como último recurso.</li>
<li>Alternativa D: É incorreta pois atribuir a caracterização de "sonho e de neve" apenas como uma ilusão reduz a complexidade poética do texto, que pode utilizar tais elementos para evocar pureza, distância ou mesmo um ideal difícil de alcançar.</li>
<li>Alternativa E: Também se mostra incorreta porque o poema não estabelece uma condição de esquecimento para a memória. Em vez disso, apresenta uma sequência de alternativas para manter o eu lírico na mente da moça, se todas as outras falharem.</li>
</ul>

Portanto, a análise das alternativas mostra que o poema explora a ideia de persistência na memória de forma ampla e inclusiva, aceitando até o esquecimento como uma forma válida de lembrança, mesmo que paradoxal. a alternativa correta é A.

Quando você for se embora, 
moça branca como a neve, 
me leve. 
 
Se acaso você não possa 
me carregar pela mão, 
menina branca de neve, 
me leve no coração. 
 
Se no coração não possa 
por acaso me levar, 
moça de sonho e de neve, 
me leve no seu lembrar. 
 
E se aí também não possa 
por tanta coisa que leve 
já viva em seu pensamento, 
menina branca de neve, 
me leve no esquecimento.

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