Questões de Literatura - Verdadeiro ou falso

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Questão: 86 de 168

5ec8155df92ea1055372e94c

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Banca: CESPE / Cebraspe

Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa

Ano: 2018

Matéria/Assunto: Literatura

Leitor, se não tens desprezo

De vir descer às senzalas,

Trocar tapetes e salas

Por um alcouce cruel,

Vem comigo, mas... cuidado...

Que o teu vestido bordado

Não fique no chão manchado,

No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste

Às vezes a própria festa.

Tu, grande, que nunca ouviste

Senão gemidos da orquestra

Por que despertar tu'alma,

Em sedas adormecida,

Esta excrescência da vida

Que ocultas com tanto esmero?

E o coração — tredo lodo,

Fezes d'ânfora doirada

Negra serpe, que enraivada,

Morde a cauda, morde o dorso

E sangra às vezes piedade,

E sangra às vezes remorso?...


Não venham esses que negam

A esmola ao leproso, ao pobre.

A luva branca do nobre

Oh! senhores, não mancheis...

Os pés lá pisam em lama,

Porém as frontes são puras

Mas vós nas faces impuras

Tendes lodo, e pus nos pés.

Castro Alves. Tragédia no lar. Internet: www.dominiopublico.gov.br.


Considerando o poema apresentado, julgue os itens a seguir,
a respeito do Romantismo brasileiro.
Esse poema de Castro Alves é representativo da poesia da primeira geração romântica, cujo projeto era fundado na perspectiva nacionalista e buscava libertar a literatura brasileira das influências literárias portuguesas.

Questão: 87 de 168

5ec8155df92ea1055372e94e

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Banca: CESPE / Cebraspe

Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa

Ano: 2018

Matéria/Assunto: Literatura

Leitor, se não tens desprezo

De vir descer às senzalas,

Trocar tapetes e salas

Por um alcouce cruel,

Vem comigo, mas... cuidado...

Que o teu vestido bordado

Não fique no chão manchado,

No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste

Às vezes a própria festa.

Tu, grande, que nunca ouviste

Senão gemidos da orquestra

Por que despertar tu'alma,

Em sedas adormecida,

Esta excrescência da vida

Que ocultas com tanto esmero?

E o coração — tredo lodo,

Fezes d'ânfora doirada

Negra serpe, que enraivada,

Morde a cauda, morde o dorso

E sangra às vezes piedade,

E sangra às vezes remorso?...


Não venham esses que negam

A esmola ao leproso, ao pobre.

A luva branca do nobre

Oh! senhores, não mancheis...

Os pés lá pisam em lama,

Porém as frontes são puras

Mas vós nas faces impuras

Tendes lodo, e pus nos pés.

Castro Alves. Tragédia no lar. Internet: www.dominiopublico.gov.br.


Considerando o poema apresentado, julgue os itens a seguir,
a respeito do Romantismo brasileiro.
A repulsa à escravidão e às condições degradantes impostas aos escravos é explicitada no poema por metáforas como as expressas em “alcouce cruel” (v.4) e “imundo bordel” (v.8).

Questão: 88 de 168

5ec8155df92ea1055372e950

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Banca: CESPE / Cebraspe

Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa

Ano: 2018

Matéria/Assunto: Literatura

Leitor, se não tens desprezo

De vir descer às senzalas,

Trocar tapetes e salas

Por um alcouce cruel,

Vem comigo, mas... cuidado...

Que o teu vestido bordado

Não fique no chão manchado,

No chão do imundo bordel.

Não venhas tu que achas triste

Às vezes a própria festa.

Tu, grande, que nunca ouviste

Senão gemidos da orquestra

Por que despertar tu'alma,

Em sedas adormecida,

Esta excrescência da vida

Que ocultas com tanto esmero?

E o coração — tredo lodo,

Fezes d'ânfora doirada

Negra serpe, que enraivada,

Morde a cauda, morde o dorso

E sangra às vezes piedade,

E sangra às vezes remorso?...


Não venham esses que negam

A esmola ao leproso, ao pobre.

A luva branca do nobre

Oh! senhores, não mancheis...

Os pés lá pisam em lama,

Porém as frontes são puras

Mas vós nas faces impuras

Tendes lodo, e pus nos pés.

Castro Alves. Tragédia no lar. Internet: www.dominiopublico.gov.br.


Considerando o poema apresentado, julgue os itens a seguir,
a respeito do Romantismo brasileiro.
O uso de vocativo e de pontuação expressiva constitui recurso textual que colabora para atribuir ao texto tom característico da oratória, próprio da poesia condoreira.

Questão: 89 de 168

5ec8155ef92ea105560868e3

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Banca: CESPE / Cebraspe

Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa

Ano: 2018

Matéria/Assunto: Literatura

Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci
naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os
gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são
menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta
dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.


Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de
“menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos
mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma
escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que
estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por
pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque
de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas
vezes gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando
muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos
de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras,
dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas
deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque
meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me
repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade:
em particular dava-me beijos.


Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da
minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes
os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos
homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os
chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.


Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça
humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classificá-la por
partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao
sabor das circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me
a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas
eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os
nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito, que a faz
viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do
mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me
perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas
entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai,
passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava
a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!

Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas
. Internet: www.dominiopublico.gov.br.


Julgue os próximos itens, com relação ao fragmento de texto
apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido
e à produção literária machadiana.
Para compor um panorama da sociedade carioca do século XIX, Machado de Assis elege, principalmente nos romances da segunda fase de sua produção, protagonistas pertencentes às classes populares, como é o caso de Bento Santiago, narrador de Dom Casmurro.

Questão: 90 de 168

5ec8155ef92ea105560868e5

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Banca: CESPE / Cebraspe

Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa

Ano: 2018

Matéria/Assunto: Literatura

Vidas Secas começa por uma fuga e acaba com outra.
Decorre entre duas situações idênticas, de tal modo que o fim,
encontrando o princípio, fecha a ação em um círculo. Entre a
seca e as águas, a vida do sertanejo se organiza, do berço à
sepultura, a modo de retorno perpétuo. Como os animais
atrelados ao moinho, Fabiano voltará sempre sobre os passos,
sufocado pelo meio.


É preciso, todavia, lembrar que essa ligação com o
problema geográfico e social só adquire significado pleno, isto
é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do
livro. Graciliano soube transpor o ritmo mesológico para a
própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a
fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída.
Euclides da Cunha tomou o sertanejo e deu ao seu drama (que
foi o primeiro a exprimir convenientemente) faíscas de
epopeia. Graciliano esbateu-o no ramerrão das misérias diárias
e o fez irremediavelmente doloroso. Apegou-se a um
determinismo semelhante ao d’Os sertões, tornando-o
inflexível pela representação literária do eterno retorno. E
assim como José Lins do Rego produziu as obras-primas das
terras de massapé, com a planturosidade das regiões fartas, ele
se tornou o escritor por excelência da terra estorricada.
Romance da zona pastoril, encourado como ele na secura da
fatalidade geográfica. Da consciência mortiça do bom Fabiano
podem emergir os transes periódicos em que se estorce o
homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens.

Antonio Candido. Ficção e confissão. Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006 (com adaptações).


Considerando as ideias do texto precedente e a relação que ele
estabelece com aspectos da historiografia literária brasileira,
julgue os itens subsequentes.
Por se tratar de “Romance da zona pastoril” (L.23), Vidas Secas apresenta um realismo social ininteligível a regiões urbanas do país.