Questões de Literatura - Verdadeiro ou falso
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Questão: 91 de 168
5ec8155df92ea1055372e952
Banca: CESPE / Cebraspe
Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa
Ano: 2018
Matéria/Assunto: Literatura
De vir descer às senzalas,
Trocar tapetes e salas
Por um alcouce cruel,
Vem comigo, mas... cuidado...
Que o teu vestido bordado
Não fique no chão manchado,
No chão do imundo bordel.
Não venhas tu que achas triste
Às vezes a própria festa.
Tu, grande, que nunca ouviste
Senão gemidos da orquestra
Por que despertar tu'alma,
Em sedas adormecida,
Esta excrescência da vida
Que ocultas com tanto esmero?
E o coração — tredo lodo,
Fezes d'ânfora doirada
Negra serpe, que enraivada,
Morde a cauda, morde o dorso
E sangra às vezes piedade,
E sangra às vezes remorso?...
Não venham esses que negam
A esmola ao leproso, ao pobre.
A luva branca do nobre
Oh! senhores, não mancheis...
Os pés lá pisam em lama,
Porém as frontes são puras
Mas vós nas faces impuras
Tendes lodo, e pus nos pés.
Castro Alves. Tragédia no lar. Internet: www.dominiopublico.gov.br.
Considerando o poema apresentado, julgue os itens a seguir,
a respeito do Romantismo brasileiro.
Questão: 92 de 168
5ec8155df92ea1055372e954
Banca: CESPE / Cebraspe
Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa
Ano: 2018
Matéria/Assunto: Literatura
De vir descer às senzalas,
Trocar tapetes e salas
Por um alcouce cruel,
Vem comigo, mas... cuidado...
Que o teu vestido bordado
Não fique no chão manchado,
No chão do imundo bordel.
Não venhas tu que achas triste
Às vezes a própria festa.
Tu, grande, que nunca ouviste
Senão gemidos da orquestra
Por que despertar tu'alma,
Em sedas adormecida,
Esta excrescência da vida
Que ocultas com tanto esmero?
E o coração — tredo lodo,
Fezes d'ânfora doirada
Negra serpe, que enraivada,
Morde a cauda, morde o dorso
E sangra às vezes piedade,
E sangra às vezes remorso?...
Não venham esses que negam
A esmola ao leproso, ao pobre.
A luva branca do nobre
Oh! senhores, não mancheis...
Os pés lá pisam em lama,
Porém as frontes são puras
Mas vós nas faces impuras
Tendes lodo, e pus nos pés.
Castro Alves. Tragédia no lar. Internet: www.dominiopublico.gov.br.
Considerando o poema apresentado, julgue os itens a seguir,
a respeito do Romantismo brasileiro.
Questão: 93 de 168
5ec8155df92ea105560868d1
Banca: CESPE / Cebraspe
Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa
Ano: 2018
Matéria/Assunto: Literatura
naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os
gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são
menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta
dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de
“menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos
mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma
escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que
estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por
pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque
de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas
vezes gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando
muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos
de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras,
dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas
deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque
meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me
repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade:
em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da
minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes
os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos
homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os
chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça
humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classificá-la por
partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao
sabor das circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me
a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas
eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os
nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito, que a faz
viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do
mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me
perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas
entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai,
passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava
a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Internet: www.dominiopublico.gov.br.
Julgue os próximos itens, com relação ao fragmento de texto
apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido
e à produção literária machadiana.
Questão: 94 de 168
5ec8155df92ea105560868d3
Banca: CESPE / Cebraspe
Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa
Ano: 2018
Matéria/Assunto: Literatura
naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os
gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são
menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta
dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de
“menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos
mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma
escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que
estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por
pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque
de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas
vezes gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando
muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos
de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras,
dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas
deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque
meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me
repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade:
em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da
minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes
os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos
homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os
chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça
humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classificá-la por
partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao
sabor das circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me
a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas
eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os
nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito, que a faz
viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do
mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me
perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas
entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai,
passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava
a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Internet: www.dominiopublico.gov.br.
Julgue os próximos itens, com relação ao fragmento de texto
apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido
e à produção literária machadiana.
Questão: 95 de 168
5ec8155df92ea105560868d5
Banca: CESPE / Cebraspe
Órgão: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Cargo(s): Professor - Língua Portuguesa
Ano: 2018
Matéria/Assunto: Literatura
naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os
gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são
menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta
dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos
alguns lineamentos do menino.
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de
“menino diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos
mais malignos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e
voluntarioso. Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma
escrava, porque me negara uma colher do doce de coco que
estava fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da travessura, fui
dizer à minha mãe que a escrava é que estragara o doce “por
pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. Prudêncio, um moleque
de casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no
chão, recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — algumas
vezes gemendo — mas obedecia sem dizer palavra, ou, quando
muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala a
boca, besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos
de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras,
dar beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas
deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer
que eram também expressões de um espírito robusto, porque
meu pai tinha-me em grande admiração; e se às vezes me
repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade:
em particular dava-me beijos.
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da
minha vida a quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes
os chapéus; mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos
homens, isso fui; se não passei o tempo a esconder-lhes os
chapéus, alguma vez lhes puxei pelo rabicho das cabeleiras.
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça
humana, inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classificá-la por
partes, a entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao
sabor das circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me
a seu modo, fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas
eu sentia que, mais do que as orações, me governavam os
nervos e o sangue, e a boa regra perdia o espírito, que a faz
viver, para se tomar uma vã fórmula. De manhã, antes do
mingau, e de noite, antes da cama, pedia a Deus que me
perdoasse, assim como eu perdoava aos meus devedores; mas
entre a manhã e a noite fazia uma grande maldade, e meu pai,
passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na cara, e exclamava
a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro!
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás
Cubas. Internet: www.dominiopublico.gov.br.
Julgue os próximos itens, com relação ao fragmento de texto
apresentado, ao contexto histórico-literário em que foi produzido
e à produção literária machadiana.