Analisemos cada alternativa quanto à estrutura de passiva sintética ou pronominal. Na passiva sintética, o verbo é conjugado na forma ativa, seguido do pronome “se”, e o sujeito paciente é posposto ou omitido, considerando que o verbo admite um objeto direto ou indireto que, quando transformado em sujeito da voz passiva, se torna elemento de destaque na frase.

Na alternativa A (“Precisa-se de costureiras”), o verbo “precisar” é impessoal e a construção serve para indicar necessidade. Apesar de o pronome “se” estar presente, essa construção não é considerada uma passiva sintética, mas sim uma forma impessoal com verbo transitivo indireto, cuja regência exige a preposição “de”.

Na alternativa B (“Paga-se bem por seu carro usado”), temos uma estrutura que, apesar de similar à passiva sintética, não caracteriza a típica passiva pronominal, pois o agente está expresso ou implícito em circunstância que foge à definição clássica dessa voz passiva. A presença do advérbio “bem” e a locução “por seu carro usado” indicam uma valoração que não corresponde à formação pura da passiva sintética.

A alternativa C (“Prepare-se para um novo tempo”) utiliza o pronome “se” de forma reflexiva ou apassivadora, sobretudo em se tratando de um modo imperativo-reflexivo, ou seja, o “se” cumpre a função de partícula apassivadora que não caracteriza a passiva sintética.

Na alternativa E (“Compra-se de tudo”), a estrutura apresenta o “se” associado ao verbo “comprar”, mas a presença da locução “de tudo” inviabiliza a formação de uma verdadeira passiva sintética, pois a construção carece de um objeto direto que se torne sujeito paciente ao inverter a voz. Ademais, a preposição necessária para regência não se estabelece de forma adequada para enquadrá-la neste tipo de passiva.

Alternativa Correta:
A alternativa D (“Empresta-se dinheiro vivo”) é a correta, pois apresenta a estrutura típica da passiva sintética ou pronominal. Nela, o verbo “emprestar” está na forma ativa seguido do pronome “se”, que, juntamente com o objeto direto “dinheiro vivo”, caracteriza a formação da voz passiva, onde o paciente sofre a ação e o agente da passiva se omite. Essa construção é comum em contextos comerciais, como ocorre na frase colhida pelo observador do comércio de rua.

Gabarito: Letra D

 Ninguém observou-me durante a corrida. 

Análise Geral:

A questão aborda a correta colocação do pronome oblíquo átono em orações, enfatizando a regra fundamental da ênclise. Segundo as normas da língua portuguesa, a ênclise – isto é, a colocação do pronome depois do verbo – é a posição padrão, salvo em situações em que há motivos para a próclise, como com advérbios negativos, pronomes relativos, indefinidos, interrogativos ou quando o verbo inicia a oração.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A – "Me mostraram a prova do crime": O correto seria usar a ênclise, formando "mostraram-me", pois não há elemento que exija próclise. Assim, iniciar com "me" configura erro de colocação pronominal.</li>
 <li>Alternativa B – "Deram-me três dias de prazo": Nesta frase, a colocação do pronome oblíquo está correta. Não há nenhum elemento que force a próclise e, portanto, a ênclise (pronome depois do verbo "deram") é o procedimento adequado.</li>
 <li>Alternativa C – "Não deu-me a menor importância": Embora o pronome esteja posicionado depois do verbo, a presença do advérbio negativo "não" obriga o uso da próclise, ou seja, o pronome deveria vir antes do verbo: "não me deu".</li>
 <li>Alternativa D – "Quem viu-me fazer isso?": Nesta situação, o pronome está mal colocado. O pronome relativo interrogativo "quem" demanda a próclise, formando "quem me viu fazer isso", a fim de manter a sintaxe correta.</li>
 <li>Alternativa E – "Ninguém observou-me durante a corrida": Assim como na alternativa C, o advérbio negativo "ninguém" exige a próclise, e o correto seria "ninguém me observou durante a corrida".</li>
</ul>

Dessa forma, apenas a alternativa B está em conformidade com as regras de colocação pronominal, uma vez que o verbo “deram” não está antecedido de palavras que induzam a próclise, permitindo assim a ênclise "deram‐me".

Portanto, concluímos que a frase correta, conforme as normas da gramática normativa, é a apresentada na alternativa B.

Gabarito: Letra B

“Conta-se que a cachoeira era de tal beleza.”

“utilizando-se do trabalho de índios escravizados.”

“instalou-se no local conhecido como Itapeva.”

“originando-se o nome Votorantim, atribuído ao vilarejo e posteriormente ao Município.”

Análise da Questão:

A questão aborda a colocação pronominal, especificamente o uso do pronome "se" em diferentes construções verbais do texto sobre a origem e formação de Votorantim. É fundamental compreender que a posição do pronome oblíquo átono (como "se") depende da forma verbal (infinitivo, gerúndio, particípio, etc.) e do tipo de construção sintática. O pronome pode ser colocado antes do verbo (próclise), depois do verbo (ênclise) ou no meio do verbo (mesóclise), dependendo dessas condições.

Análise das alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) “Conta-se que a cachoeira era de tal beleza.” 
 O verbo está no presente do indicativo e pode exigir a próclise, ênclise ou mesóclise conforme a posição na frase. Aqui, “se” vem após o verbo “conta”, o que é adequado em orações afirmativas iniciadas pelo verbo, por isso a ênclise está correta.</li>

 <li>B) “utilizando-se do trabalho de índios escravizados.” 
 O verbo está no gerúndio (“utilizando”) e o pronome “se” está ligado a ele por ênclise, que é a forma permitida com gerúndios. Portanto, a colocação pronominal está correta.</li>

 <li>C) “instalou-se no local conhecido como Itapeva.” 
 O verbo “instalou” está no pretérito perfeito do indicativo, com o pronome “se” colocado após como ênclise. Este é o uso adequado do pronome em orações afirmativas iniciadas pelo verbo, portanto correta.</li>

 <li>D) “originando-se o nome Votorantim, atribuído ao vilarejo...” 
 Aqui, o verbo “originando” está no gerúndio, e o pronome “se” vem após, indicando ênclise. Contudo, a forma verbal está no gerúndio usado como verbo impessoal, com o sujeito logo após o verbo (“o nome Votorantim”), o que torna inadequada a ênclise nesta construção. O gerúndio + ênclise + sujeito ordenado após o verbo requer a próclise para maior clareza: “originando-se o nome...” fica estranho, pois o “se” deveria vir antes na forma “se originando o nome...”, que também não é usual. Melhor seria remoção do pronome ou reestruturação da frase. Por isso, a colocação pronominal está incorreta nesta alternativa.</li>
</ul>

Assim, a única alternativa com erro na colocação do pronome "se" é a alternativa D, que apresenta uma construção inadequada para o pronome átono em ênclise após verbo no gerúndio com o sujeito na sequência.


Alternativa Correta:
A alternativa D está incorreta, pois apresenta erro na colocação do pronome "se" em verbo no gerúndio seguido do sujeito, o que não é adequado formalmente, comprometendo a correção sintática da frase.

Gabarito: Letra D

    O início da exploração e povoamento de Votorantim aconteceu em meados do século XVII, quando Paschoal Moreira Cabral, primeiro habitante do Município, parente de Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, instalou-se no local conhecido como Itapeva (pedra chata), hoje sede da Fazenda de São Francisco, de propriedade do Grupo Votorantim, iniciando o período rural com a plantação de cana da primeira moenda, utilizando-se do trabalho de índios escravizados.
    Em 1679, foi construída, no terreiro da casa grande, uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Pópulo.
Posteriormente essa capela foi enriquecida com a imagem de São Francisco, que deu nome a serra e à fazenda.
    Na época, também, eram explorados o cultivo de produtos de sobrevivência e a pecuária. O número de habitantes era pequeno e o comércio rudimentar.
    Por volta de 1750, numa sucessão de compras e vendas, a fazenda chegaria às mãos do Capitão Mor Manoel Fabiano de Madureira. Essa mesma fazenda, em 1890, seria vendida ao Banco União de São Paulo.
    A maior atração local era uma cachoeira denominada pelos indígenas de "Botu-ra-ti"/Boturantim, cujo étimo em tupi guarani significa Grande Espuma Branca/Cascata Branca, originando-se o nome Votorantim, atribuído ao vilarejo e posteriormente ao Município.
    Conta-se que a cachoeira era de tal beleza, pelo volume de água e recantos naturais, que teria motivado a vinda do imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Tereza Cristina para apreciar a região.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Hoje de manhã, senti-me sozinho. 
 Nesta frase, temos o pronome átono "me" posposto ao verbo "senti", formando a ênclise, que é a colocação pronominal adequada quando o verbo inicia a oração ou está precedido de palavras que não atraem o pronome para antes do verbo. Portanto, está correta conforme a norma culta.</li>

 <li>B) Eu vou te contar um segredo. 
 Aqui, o pronome "te" (oblíquo átono) está colocado antes do verbo auxiliar "vou". Na norma culta, com verbos auxiliares seguidos por verbos no infinitivo, o pronome deve se unir ao verbo principal no infinitivo, formando a ênclise: "Eu vou contar-te um segredo.". A colocação proclítica "te contar" só é admitida em linguagem coloquial ou informal. Logo, do ponto de vista formal, esta alternativa está incorreta.</li>

 <li>C) Não lhe deram algo de comer. 
 Esta frase apresenta o pronome "lhe" colocado antes do verbo "deram", formando a próclise, devido à presença da negativa "Não", que atrai o pronome para antes do verbo. Tal colocação está correta e conforme as regras da norma culta.</li>

 <li>D) Devo-lhe considerar meu melhor amigo. 
 Neste caso, o verbo "devo" está no presente do indicativo e a construção inclui o infinitivo "considerar". O pronome "lhe" vem antes do verbo auxiliar "devo" (próclise), que é apropriado, já que verbos auxiliares na forma pessoal são seguidos por infinitivos que recebem o pronome de forma obrigatória em próclise. Portanto, está correta segundo a norma culta.</li>
</ul>

Com a explicação acima, verifica-se que a única alternativa que apresenta erro na colocação pronominal, segundo a norma padrão, é a alternativa B, que faz uso inadequado da próclise com verbo auxiliar e infinitivo.

Gabarito: Letra B

 Agora peguei-me com uma saudade danada de visitar uma feira literária, conversar com leitores, assinar-lhes os livros, tirar a selfie de praxe.

 Se observava, na biblioteca da escola, duas dezenas de alunos que aguardavam-me pacientemente para a apresentação.

 Vestia-me com a camisa e gravata favoritas e corria para a estação de comboio, sempre encontrando-me com outros madrugadores.

Outros madrugadores como eu integraram-se ao leque de personagens, os quais me acompanharam da Flip em Paraty ao Africa Writes em Londres.

 Agradaria-me visitar escolas do ensino secundário no Portugal mais remoto, o que, tendo mudado-me para Berlim, deixei de fazer.

Análise da questão sobre colocação pronominal:
A questão apresenta cinco frases nas quais devemos identificar aquela em que a colocação do pronome oblíquo átono está correta, conforme a norma-padrão do português formal. É importante lembrar que a norma culta aceita as três posições pronominais (próclise, ênclise e mesóclise), mas cada uma delas tem regras específicas relativas a elementos da frase, modo verbal, tempo, negação e outras partículas.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>Alternativa A: "Agora peguei-me com uma saudade danada ..." — Aqui, o verbo "pegar" é transitivo direto, e o pronome reflexivo "me" está posposto ao verbo, configurando ênclise. Todavia, o verbo "pegar com saudade" não é uma construção adequada para uso pronominal reflexivo. Além disso, o correto seria: "Agora me deu uma saudade...", pois "pegar-se com saudade" não é expressão corrente. O uso de "assinar-lhes os livros" está correto em termos de colocação, mas o primeiro problema afeta a frase.</li>

<li>Alternativa B: "Se observava, na biblioteca da escola, duas dezenas de alunos que aguardavam-me pacientemente ..." — Neste período, há uma partícula negativa ou de negação implícita que faria ocorrer próclise. Entretanto, o uso do pronome pós-verbal "aguardavam-me" está errado, pois, quando alguma palavra atrai a próclise (como conjunções, advérbios ou pronomes relativos), o pronome deve preceder o verbo. O correto seria "me aguardavam". Além disso, "se observava" não sugere necessidade de mesóclise ou ênclise, o pronome deveria estar antes.</li>

<li>Alternativa C: "Vestia-me com a camisa e gravata favoritas e corria para a estação de comboio, sempre encontrando-me com outros madrugadores." — O verbo "vestir" admite pronome reflexivo, e o pronome "me" está corretamente posposto ao verbo no presente do indicativo, o que violaria a regra, pois ênclise só é permitida no início da oração, sem palavra atrativa para próclise. Porém, nesse caso, em uma oração afirmativa iniciada pelo verbo, a ênclise é permitida. Portanto, "vestia-me" está correta; já em "sempre encontrando-me", o gerúndio admite ênclise. Assim, essa alternativa parece correta à primeira vista, porém o uso de "vestir-se com" está semanticamente inadequado, porque a preposição correta é "vestir uma camisa", sem o pronome, já que não há ação reflexiva genuína. A grafia apresenta problemas semânticos mais que sintáticos.</li>

<li>Alternativa D: "Outros madrugadores como eu integraram-se ao leque de personagens, os quais me acompanharam da Flip em Paraty ao Africa Writes em Londres." — Aqui, temos duas colocações pronominais: "integraram-se" e "me acompanharam". No verbo pronominal "integrar-se", a ênclise está correta porque o verbo vem no pretérito perfeito, em início de oração, e o pronome é posposto. Já na oração seguinte, o pronome "me" é colocado antes do verbo "acompanharam" (próclise), também correto, pois existem palavras que atraem a próclise ("os quais"). Esta alternativa respeita as regras de colocação pronominal da norma-padrão.</li>

<li>Alternativa E: "Agradaria-me visitar escolas do ensino secundário no Portugal mais remoto, o que, tendo mudado-me para Berlim, deixei de fazer." — O verbo "agradar" no condicional com pronome na mesóclise "agradaria-me" é aceitável na norma formal, embora pouco usual na fala. No entanto, o uso de "tendo mudado-me" está incorreto; com o gerúndio, não se usa ênclise, ou seja, o "me" deve preceder (próclise): "tendo-me mudado". Portanto, esta alternativa está errada.</li>
</ul>

Dessa análise, conclui-se que a única alternativa que obedece rigorosamente às regras de colocação pronominal padrão é a letra D, que alinha corretamente o uso de ênclise e próclise em seus contextos.

Alternativa Correta:

A alternativa D apresenta a colocação pronominal adequada segundo a norma-padrão, tanto na ênclise do verbo pronominal "integraram-se" quanto na próclise em "me acompanharam". Além disso, a estrutura sintática está correta, tornando-a a resposta certa para esta questão.

Gabarito: Letra D

    Hoje bateu uma saudade danada de visitar uma feira literária, conversar com leitores, assinar os seus livros, tirar a selfie de praxe e num abraço agradecer-lhes por manterem viva essa coisa tão necessária para a nossa saúde mental a que chamamos de literatura. Me deu até saudade de algo que não faço desde que me mudei para Berlim: visitar escolas do ensino secundário no Portugal mais remoto, como Vila Nova de Paiva, Penalva do Castelo, Arruda ou Sobral de Monte Agraço, lugares que nunca me ocorreria visitar se não fosse pelos livros e pela curiosidade em conhecer o outro.
    Colhi tanto prazer nisso que não o via como sacrifício.
Contrariando os meus hábitos de notívago, despertava com uma alegria de criança aniversariante, antes do galo cantar.
Vestia a minha camisa e gravata favoritas e corria para a estação de comboio de Santa Apolónia, cruzando-me no caminho com outros madrugadores como eu, lisboetas por nascimento ou afeto, africanos europeus, irmãos da diáspora que fazem parte do leque de personagens que pululam em muitas das minhas histórias. Esses personagens me acompanharam da Flip em Paraty ao Africa Writes em Londres, do Elinga Teatro em Luanda à Escola Secundária de Penalva do Castelo, uma vila do distrito de Viseu, não muito longe de Fornos de Algodres e Mangualde. Na biblioteca da escola, um tanto retraídos, duas dezenas de alunos aguardavam pacientemente pela minha apresentação.


Questões de Português - Colocação pronominal