A análise crítica sobre o uso de figuras de linguagem, especificamente o paradoxo, demanda uma compreensão do contexto em que os termos são empregados e das nuances conotativas envolvidas. O paradoxo é uma figura de linguagem que consiste na utilização de conceitos que são aparentemente contraditórios, mas que revelam uma verdade mais profunda sob uma análise mais minuciosa.

No excerto apresentado, o texto narra de maneira irônica a ascensão de um indivíduo a uma posição de renome na astronomia, mais por conta da sociabilidade e do reconhecimento social—auxiliado por saraus e bailes—do que por méritos científicos próprios. Embora possa haver uma crítica subjacente à maneira como as celebrações e homenagens podem inflar a reputação de uma pessoa além de seus verdadeiros méritos, isso não configura um paradoxo. O texto faz uso de ironia para destacar essa situação, e não de paradoxo.

A ironia aqui presente se caracteriza pelo uso de linguagem que sugere um elogio às "portentosas descobertas" enquanto implicitamente critica o modo superficial como essas supostas conquistas são reconhecidas. O texto não executa um paradoxo no sentido de expressar o oposto do que está sendo literalmente afirmado; ele meramente expõe a discrepância entre a celebração e o mérito real de forma irônica.

Portanto, analisando o emprego das figuras de linguagem e os sentidos que elas evocam no contexto fornecido pela questão, a resposta correta é que não há um emprego de paradoxo conforme descrito. O narrador utiliza ironia, e nenhum oposto conotativo é verdadeiramente evocado perante o literal.

A alternativa correta é E.

Evidencia-se no texto o emprego de paradoxo, que remete, em sentido conotativo, ao oposto daquilo que de fato o narrador afirma.


    Um senhor que conheci fez-se uma celebridade em astronomia, com auxílio dos saraus que lhe eram oferecidos pelos amigos (...). E tudo isso com mais uns amigos dedicados a lhe oferecer bailes, por ocasião das suas portentosas descobertas nos céus ignotos, levaram o governo da Bruzundanga a nomeá-lo diretor (...).
    Para obviar tais inconvenientes, houve alguém que teve a ideia de “canalizar”, de “disciplinar” o entusiasmo do povo bruzundanguense, entusiasmo tão necessário às manifestações que lá há constantemente, e tão indispensáveis são ao fabrico de grandes homens que dirijam os destinos da grande e formosa República (...).


No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto II, julgue o item seguinte.


Na análise da questão proposta pelo Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos, é essencial compreender as figuras de linguagem e a estrutura estilística utilizada no texto. Vamos detalhar as partes mencionadas no enunciado.

No trecho inicial, a prosopopeia é utilizada para conferir características humanas a elementos não-humanos, como as montanhas que formam casais e uma família, e o Rio Doce, personificado como "não um recurso, como dizem os economistas", mas como "uma pessoa". Essa figura de linguagem humaniza o ambiente natural, fomentando uma conexão emocional e cultural mais profunda com a natureza.

O segundo aspecto mencionado, a antítese, é apresentada ao contrastar essa visão animista e respeitosa da natureza com a perspectiva do Antropoceno. O termo "Antropoceno" define uma era geológica marcada pelo impacto significativo das atividades humanas no planeta. A contrastação estilística aqui realça a diferença entre a união harmoniosa e espiritual que os povos indígenas mantêm com a natureza e a relação muitas vezes destrutiva e utilitária que caracteriza o comportamento predominante no Antropoceno.

Dessa forma, o texto utiliza a prosopopeia para criar uma proximidade emocional e espiritual com a natureza, enquanto, simultaneamente, apresenta uma antítese ao descrever a era contemporânea do Antropoceno, marcada por uma visão mais fria e utilitária dos recursos naturais. Portanto, o item afirmativo proposto na questão é válido, pois há uma exploração clara de aspectos antitéticos através das escolhas linguísticas e estilísticas do autor.

A alternativa correta é C.

Aspectos antitéticos dos seres humanos são explorados na passagem do primeiro parágrafo, em que prevalece o uso da prosopopeia, ao segundo parágrafo, que remete ao Antropoceno.


    Assim como aquela senhora hopi que conversava com a pedra, sua irmã, tem um monte de gente que fala com montanhas.
No Equador, na Colômbia, em algumas dessas regiões dos Andes, você encontra lugares onde as montanhas formam casais.
Tem mãe, pai, filho, tem uma família de montanhas que troca afeto, faz trocas. E as pessoas que vivem nesses vales fazem festas para essas montanhas, dão comida, dão presentes, ganham presentes das montanhas. (...)  
    O tipo de humanidade zumbi que estamos sendo convocados a integrar não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida. (...)  
    O Rio Doce, que nós, os Krenak, chamamos de Watu, nosso avô, é uma pessoa, não um recurso, como dizem os economistas. (...)  
    A conclusão ou compreensão de que estamos vivendo uma era que pode ser identificada como Antropoceno deveria soar como um alarme nas nossas cabeças. (...) 


Em relação a aspectos linguísticos e estilísticos do texto IV, julgue o item que se segue.


O trecho do texto IV envolve o uso de uma figura de linguagem ao referir-se ao Rio Doce como "Watu, nosso avô". Para determinar se a figura utilizada é uma metáfora, é importante entender a definição e aplicação de metáfora e outras figuras linguísticas relevantes.

Metáfora: É uma figura de linguagem que consiste no uso de uma palavra ou expressão em um sentido não literal, isto é, transferido, baseando-se em uma relação de semelhança entre o sentido original e o sentido figurado. Um exemplo clássico seria dizer "o tempo é um ladrão" para indicar como o tempo parece roubar os momentos da vida, embora tempo e ladrão não compartilhem atributos literais diretos.

No entanto, o texto apresenta o Rio Doce como "Watu, nosso avô", personificando o rio ao tratá-lo como um ente humano, atribuindo-lhe um papel em um contexto familiar. Essa figura de linguagem é conhecida como prosopopeia ou personificação, que atribui características humanas a um objeto ou conceito que não é humano.

Em contraste, a metáfora ocorreria se o texto usasse o rio para representar algo baseado em uma qualidade que possuíam em comum, sem necessariamente tratá-lo como tendo qualidades humanas. No contexto do texto, o uso de "Watu, nosso avô" é primordialmente uma personificação, pois apresenta o rio de uma maneira que sugere um relacionamento familiar e características humanas (sabedoria ou proteção de um avô), ao invés de uma simples comparação implícita (como seria o caso em uma metáfora).

Portanto, a afirmação de que o autor emprega uma metáfora ao chamar o Rio Doce de Watu não é correta, pois trata-se de uma personificação. A alternativa correta é E (Errado).

Ao chamar o Rio Doce de Watu (terceiro parágrafo), o autor emprega uma metáfora.


A tarefa de análise da questão apresentada envolve entender o uso de figura de linguagem específica mencionada: a metonímia. A metonímia é uma figura de linguagem em que uma palavra é usada para substituir outra, com a qual possui uma relação lógica de causa ou origem, uso ou conteúdo, autor por obra, símbolo pelo objeto representado, entre outros. Por exemplo, dizer "Brasília decidiu" em vez de "O Governo Federal decidiu" é uma metonímia.

No contexto do segundo parágrafo do texto IV, o autor descreve a humanidade como sendo convocada a integrar "O tipo de humanidade zumbi" e menciona que essa humanidade "não tolera tanto prazer, tanta fruição de vida". Aqui, o foco está na alteração de características humanas e sociais, introduzindo a ideia de uma humanidade que perdeu uma parte essencial de sua natureza, simbolizada pela palavra "zumbi". A palavra "zumbi" está sendo empregada mais como uma metáfora do que uma metonímia, pois há uma comparação implícita entre o comportamento desanimado ou desumanizado das pessoas e os zumbis, conhecidos na cultura popular por sua falta de vivacidade e emoção.

Portanto, afirmar que o autor utiliza metonímia é equivocado, pois a técnica empregada é mais representativa de uma metáfora, que invoca uma imagem diretamente comparativa e não uma substituição baseada em uma relação lógica como a metonímia requer. O uso do termo "zumbi" serve para evocar uma visão negativa e crítica da humanidade em questão, destacando o afastamento das experiências autenticamente humanas e emotivas.

Portanto, a alternativa correta é E, indicando que a afirmação é errada. A figura de linguagem utilizada no texto é a metáfora, não a metonímia.

No segundo parágrafo do texto, o autor utiliza metonímia para qualificar o tipo de humanidade que as pessoas estão sendo convocadas a integrar.

A questão em questão apresenta um trecho do poema "Antífona" e pede para identificar a figura de linguagem presente nos versos destacados. Vamos analisar cada alternativa para entender qual delas é correta com base nos conceitos de gramática e figuras de linguagem.

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>Alternativa A: Paradoxo - O paradoxo é uma figura que envolve a colocação de ideias aparentemente contraditórias em conjunção, a fim de gerar um sentido único e profundo. No excerto fornecido, não há elementos que constituam um paradoxo claro, pois as expressões usadas não apresentam contradição intrínseca.</li>

<li>Alternativa B: Metonímia - A metonímia é uma figura de linguagem caracterizada pelo uso de um termo no lugar de outro, relacionado por uma relação lógica ou de causalidade. Os versos citados não substituem conceitos por outros com base em relações de proximidade ou causalidade, então essa não é a opção correta.</li>

<li>Alternativa C: Metáfora - A metáfora envolve a utilização de termos em um sentido não literal, comparando dois elementos sem o uso explícito de conectores. Os termos como "formas vagas, fluidas, cristalinas" e "harmonias da Cor e do Perfume" são metafóricos, mas o elemento que realmente sobressai nesses versos é outro, discutido na alternativa correta.</li>

<li>Alternativa D: Sinestesia - A sinestesia é uma figura de linguagem na qual se mesclam impressões sensoriais diversas. Nos versos "Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas…" e "Harmonias da Cor e do Perfume…", percebe-se a combinação de sensações visuais e táteis com sensações auditivas e olfativas, o que é característico da sinestesia. Portanto, essa é a figura de linguagem mais adequada para descrever o uso estilístico dado por Carlos Drummond de Andrade nesses versos.</li>
</ul>

A alternativa correta é D.

<center>
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras 
De luares, de neves, de neblinas! 
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas… 
Incensos dos turíbulos das aras</center>
 
<center>Formas do Amor, constelarmante puras, 
De Virgens e de Santas vaporosas… 
Brilhos errantes, mádidas frescuras 
E dolências de lírios e de rosas …</center>
 
<center>Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da Cor e do Perfume… Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume…</center>
 
<center>Visões, salmos e cânticos serenos, Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes… Dormências de volúpicos venenos Sutis e suaves, mórbidos, radiantes … </center>
<center>(...)</center>

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