 As palavras são os médicos de uma mente doente.

 Chega de jogador mandioca, que fica plantado no meio de campo.

 Futebol é como viaduto. Num dia estamos por cima. No outro, por baixo.

 O cérebro é como um paraquedas: só funciona quando está aberto.

 Uma cama de hospital, pelo preço, é como um táxi parado com o taxímetro acionado.

Nesta questão, o candidato deve identificar qual das alternativas apresenta uma metáfora que não é objeto de uma explicação ou complemento que esclareça o sentido figurado estabelecido. A metáfora, figura de linguagem que implica uma correspondência implícita entre dois termos, por vezes é desmembrada com o auxílio de elementos explicativos ou exemplificações que reforçam a analogia.

Analisando a alternativa A, "As palavras são os médicos de uma mente doente", notamos que a metáfora está constituída pela justaposição dos termos “palavras” e “médicos” para sugerir o efeito terapêutico que a comunicação ou o conhecimento pode exercer sobre uma mente (ou seja, o pensamento). Entretanto, diferentemente dos demais exemplos, não há nenhum elemento posterior que explique ou aprofunde a comparação, mantendo-a puramente figurada e lacônica.

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 <li>Alternativa B: Embora apresente uma comparação inusitada ao chamar um jogador de “mandioca”, a expressão “plantado” reforça a ideia de imobilidade e crítica, funcionando como uma explicação implícita da metáfora.</li>
 <li>Alternativa C: Utiliza o recurso comparativo explícito “como” e segue com uma explicação que compara os momentos do futebol a estar “por cima” ou “por baixo”, elucubrand o efeito da comparação.</li>
 <li>Alternativa D: O recurso “como” vem acompanhado de uma explicação (após os dois-pontos) que associa o funcionamento do cérebro ao paraquedas, elucidando a importância de “estar aberto” para seu funcionamento.</li>
 <li>Alternativa E: Aqui, a comparação é explicada de forma crítica e humorística, empregando a analogia entre o preço de uma cama de hospital e um táxi parado, com o taxímetro acionado, o que torna a metáfora acessível e compreensível.</li>
</ul>

Assim, a alternativa A é aquela em que a metáfora “As palavras são os médicos de uma mente doente” não recebe nenhum acréscimo explicativo, deixando o leitor a interpretar a associação sem indícios de esclarecimento adicional. Essa ausência de complementação a diferencia dos demais enunciados, que dispõem de elementos de explicação que reforçam a lógica da comparação figurada.

Dessa forma, a alternativa que apresenta a metáfora sem explicação é a alternativa A.

Gabarito: Letra A

 Metáfora, porque a pedra é comparada a um ser vivo.

 Prosopopeia, porque a pedra é personificada, recebendo características humanas.

 Sinestesia, porque mistura sensações de diferentes sentidos.

 Antítese, porque apresenta ideias opostas.

O trecho selecionado apresenta a expressão “a pedra escura, com uma pele de musgo e seu misterioso coração mineral”. Ao analisarmos esse trecho, podemos notar o uso de figuras de linguagem, que agregam ao texto uma riqueza de sentidos e uma estética muito mais envolvente.

A figura de linguagem em questão é a prosopopeia, que consiste em atribuir características ou ações humanas a seres inanimados ou a seres não humanos. Nesse caso, a expressão “misterioso coração mineral” sugere que a pedra tem um coração, algo que é uma característica exclusiva dos seres vivos. Aqui, a pedra não é apenas um objeto inanimado, mas sim dotada de uma essência quase humana, que remete à ideia de vida e sentimentos.

Análise das Alternativas:
<ul>
 <li>A) Metáfora, porque a pedra é comparada a um ser vivo. Esta alternativa é inadequada, pois embora a metáfora envolva a comparação implícita, o trecho não está realizando uma comparação direta, mas sim atribuindo características humanas à pedra.</li>
 
 <li>B) Prosopopeia, porque a pedra é personificada, recebendo características humanas. Esta alternativa está correta, uma vez que a pedra é descrita com um "coração", o que é uma característica própria de seres viventes. A personificação confere à pedra uma identidade quase humana, enriquecendo a imagem e a ideia expressa pelo autor.</li>
 
 <li>C) Sinestesia, porque mistura sensações de diferentes sentidos. A sinestesia envolve a combinação de diferentes dimensões sensoriais, o que não é o caso aqui. O trecho em análise não faz referências a sensações de forma sensorial mista.</li>
 
 <li>D) Antítese, porque apresenta ideias opostas. A antítese refere-se à contraposição de ideias diversas ou opostas, que não é evidenciada neste trecho, pois a frase não apresenta termos de significados opostos.</li>
</ul>

A análise das alternativas demonstra que apenas a **alternativa B** está correta ao identificar a prosopopeia. Essa figura de linguagem ajuda a transmitir a profundidade das reflexões do personagem ao nutri-lo de uma sensação de conexão com a natureza.

Gabarito: Letra B

Rubem Braga 

 Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. Então o homem esqueceu o trabalho e as promissórias, esqueceu a condução e o telefone e o asfalto, e saiu andando lentamente por aquele morro coberto de um mato viçoso, perto de sua casa. O capim cheio de água molhava seu sapato e as pernas da calça; o mato escurecia sem vaga-lumes nem grilos.
 Pôs a mão no tronco de uma árvore pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos cabelos e na cara as gotas de água como se fosse uma benção. Ali perto mesmo a cidade murmurava, estava com seus ruídos vespertinos, ranger de bondes, buzinar impacientes de carros, vozes indistintas; mas ele via apenas algumas árvores, um canto de mato, uma pedra escura. Ali perto, dentro de uma casa fechada, um telefone batia, silenciava, batia outra vez, interminável, paciente, melancólico. Alguém, com certeza já sem esperança, insistia em querer falar com alguém.
 Por um instante, o homem voltou seu pensamento para a cidade e sua vida. Aquele telefone tocando em vão era um dos milhões de atos falhados da vida urbana. Pensou no desgaste nervoso dessa vida, nos desencontros, nas incertezas, no jogo de ambições e vaidades, na procura de amor e de importância, na caça ao dinheiro e aos prazeres.
Ainda bem que de todas as cidades do mundo o Rio é a única a permitir a evasão fácil para o mar e a floresta. Ele estava ali num desses limites entre a cidade dos homens e a natureza pura; ainda pensava em seus problemas urbanos – mas um camaleão correu de súbito, um passarinho piou triste em algum ramo, e o homem ficou atento àquela humilde vida animal e também à vida silenciosa e úmida das árvores, e à pedra escura, com uma pele de musgo e seu misterioso coração mineral.
 E pouco a pouco ele foi sentindo uma paz naquele começo de escuridão, sentiu vontade de deitar e dormir entre a erva úmida, de se tornar um confuso ser vegetal, num grande sossego, farto de terra e de água; ficaria verde, emitiria raízes e folhas, seu tronco seria um tronco escuro, grosso, seus ramos formariam copa densa, e ele seria, sem angústia nem amor, sem desejo nem tristeza, forte, quieto, imóvel, feliz.

A frase em questão é: “a fazenda chegaria às mãos do Capitão Mor Manoel Fabiano de Madureira”. Em um sentido literal, uma fazenda não possui mãos e, portanto, essa expressão não pode ser entendida literalmente. Trata-se, então, de uma figura de linguagem que atribui a um objeto (a fazenda) uma ação ou característica humana, neste caso, a ideia de “chegar às mãos” – ou seja, ser transferida, passar a pertencer a alguém.

Análise das alternativas:

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<li>A) Catacrese: É o uso de uma palavra fora do seu sentido original por falta de um termo específico, como na expressão “braço da cadeira” ou “pé da mesa”. Não é o caso aqui, pois a frase não usa uma palavra para suprir um nome inexistente, mas sim emprega uma expressão figurada para indicar posse.</li>

<li>B) Antítese: Consiste na aproximação ou justaposição de palavras de sentidos opostos para realçar o contraste, como em “claro escuro” ou “vida e morte”. Aqui, não há oposição ou contraste de ideias, portanto, essa figura está descartada.</li>

<li>C) Metáfora: Trata-se de uma comparação implícita, quando se usa uma expressão com sentido figurado para substituir outra, baseando-se em uma analogia ou semelhança. Na frase, “chegar às mãos” é metáfora para “passar a pertencer” ou “ser adquirido por alguém”, atribuindo uma ação humana (“chegar às mãos”) a algo inanimado (a fazenda).</li>

<li>D) Metonímia: É a substituição de uma palavra por outra com que tenha relação de proximidade ou contiguidade, como usar “coroa” para se referir ao rei, ou “caneta” para significar o ato de escrever. A frase em avaliação não expressa essa substituição com base em relação de contiguidade, mas sim atribui uma característica humana.</li>
</ul>

Portanto, a figura de linguagem adequada para identificar a expressão “a fazenda chegaria às mãos do Capitão Mor...” é a metáfora, pois há uma transferência de sentido gerando um significado figurado que enriquece o texto, comum na escrita formal e histórica para conferir clareza e expressividade ao discurso.

Gabarito: Letra C

    O início da exploração e povoamento de Votorantim aconteceu em meados do século XVII, quando Paschoal Moreira Cabral, primeiro habitante do Município, parente de Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, instalou-se no local conhecido como Itapeva (pedra chata), hoje sede da Fazenda de São Francisco, de propriedade do Grupo Votorantim, iniciando o período rural com a plantação de cana da primeira moenda, utilizando-se do trabalho de índios escravizados.
    Em 1679, foi construída, no terreiro da casa grande, uma capela em homenagem a Nossa Senhora do Pópulo.
Posteriormente essa capela foi enriquecida com a imagem de São Francisco, que deu nome a serra e à fazenda.
    Na época, também, eram explorados o cultivo de produtos de sobrevivência e a pecuária. O número de habitantes era pequeno e o comércio rudimentar.
    Por volta de 1750, numa sucessão de compras e vendas, a fazenda chegaria às mãos do Capitão Mor Manoel Fabiano de Madureira. Essa mesma fazenda, em 1890, seria vendida ao Banco União de São Paulo.
    A maior atração local era uma cachoeira denominada pelos indígenas de "Botu-ra-ti"/Boturantim, cujo étimo em tupi guarani significa Grande Espuma Branca/Cascata Branca, originando-se o nome Votorantim, atribuído ao vilarejo e posteriormente ao Município.
    Conta-se que a cachoeira era de tal beleza, pelo volume de água e recantos naturais, que teria motivado a vinda do imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Tereza Cristina para apreciar a região.

 I-Sinestesia, II-antítese, III-hipérbole.

Análise das alternativas sobre figuras de linguagem:

Antes de analisar cada alternativa, vale definir as figuras de linguagem apresentadas:

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 <li>Sinestesia: figura que mistura sensações de sentidos diferentes, como associar cores com sons, sabores ou odores.</li>
 <li>Antítese: oposição entre palavras ou ideias dentro de uma frase.</li>
 <li>Hipérbole: exagero intencional para intensificar uma ideia.</li>
 <li>Ironia: dizer o contrário do que se quer expressar, geralmente com intenção humorística ou crítica.</li>
 <li>Metáfora: comparação implícita entre dois elementos sem usar conectivos comparativos, simplificando a imagem.</li>
</ul>

Analisando as frases:

I - "Thiago deixou-se envolver pelo cheiro doce do perfume dela."
Aqui, temos a associação da sensação olfativa (cheiro) com uma característica gustativa (doce). Isso caracteriza uma sinestesia, que mistura sensações de diferentes órgãos sensoriais.

II - "Marilda está entre a vida e a morte."
Esta frase exprime uma oposição extrema: vida versus morte. Logo, configura uma antítese.

III - "Já te falei um milhão de vezes!"
O uso de “um milhão” é um exagero numérico para enfatizar a frequência. Trata-se, portanto, de uma hipérbole.

Portanto, a sequência correta que reconhece as figuras de linguagem presentes em cada frase é: I - sinestesia, II - antítese, III - hipérbole.

Análise das alternativas:

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 <li>A) Correta. Indica as figuras adequadas para as três frases: I-Sinestesia, II-antítese, III-hipérbole.</li>
 <li>B) Incorreta. Diz que a primeira é ironia (não há contrariedade na frase I), e a segunda é metáfora (não há comparação implícita, mas oposição, que é antítese).</li>
 <li>C) Incorreta. Classifica a primeira como metáfora (é sinestesia), a segunda como antítese (correto), e a terceira como ironia (não há contrariedade ou sentido oposto, mas hipérbole).</li>
 <li>D) Não procede, pois existe alternativa correta, que é a letra A.</li>
</ul>

Por fim, destaca-se que esta questão avalia a capacidade de identificar com precisão figuras de linguagem comuns em textos, fundamental para interpretação e produção textual.

Gabarito: Letra A

Questões de Português - Figuras de linguagem