 “A alegria está no jardim que se planta, na criança que se ensina, no livrinho que se escreve.” 

 “Este poema fala de uma estranha alegria, a alegria que se tem diante da tristeza que é ver os preciosos dias passando...” 

 “Ah!”, retrucarão os professores, “a felicidade não é a disciplina que ensino. Ensino ciências, ensino literatura, ensino história, ensino matemática...” 

 “Chegou a hora de uma alegria maior: a de compartilhar com os homens a felicidade que nele mora.” 

 “Ao ler o texto de Hesse tive a impressão de que ele estava simplesmente repetindo um tema que se encontra em Nietzsche.”

A questão proposta pela Coordenadoria de Seleção envolve identificar a figura de linguagem chamada antítese. Para isso, é fundamental compreender que a antítese é a figura que estabelece uma oposição entre dois elementos, expressando contrastes. Analisaremos cada uma das alternativas para determinar qual delas exemplifica essa relação de oposição.

<ul>
 <li>
 A) “A alegria está no jardim que se planta, na criança que se ensina, no livrinho que se escreve.” 
 Esta frase traz uma imagem positiva e harmônica, sem estabelecer contrastes. Os elementos mencionados estão interligados de forma a reforçar um sentimento de alegria e aprendizado. Portanto, não se trata de antítese.
 </li>
 <li>
 B) “Este poema fala de uma estranha alegria, a alegria que se tem diante da tristeza que é ver os preciosos dias passando...” 
 Aqui se observa uma clara oposição entre “alegria” e “tristeza”. O uso do termo “estranha alegria” ao lado do conceito de tristeza que envolve a passagem dos dias revela o contraste presente na antítese. A coexistência desses sentimentos opostos é o que caracteriza a figura em questão. Portanto, esta alternativa é a correta.
 </li>
 <li>
 C) “Ah!”, retrucarão os professores, “a felicidade não é a disciplina que ensino. Ensino ciências, ensino literatura, ensino história, ensino matemática...” 
 Neste trecho, a proposição sobre felicidade frente à disciplina enfatiza uma negação, mas não configura uma oposição direta de significados. É mais uma afirmação sobre o que não é ensinado do que um contraste de ideias.
 </li>
 <li>
 D) “Chegou a hora de uma alegria maior: a de compartilhar com os homens a felicidade que nele mora.” 
 Este trecho fala sobre a ampliação da alegria em compartilhar, sem estabelecer uma oposição direta. A frase compõe um sentimento de crescimento, mas não contém um antítese, já que as ideias são complementares.
 </li>
 <li>
 E) “Ao ler o texto de Hesse tive a impressão de que ele estava simplesmente repetindo um tema que se encontra em Nietzsche.”
 Neste enunciado, a comparação entre Hesse e Nietzsche não revela uma oposição, mas sim uma percepção de semelhança temática. Portanto, não pode ser considerada antítese.
 </li>
</ul>

Diante da análise, tornou-se evidente que a alternativa B expressa a figura de linguagem chamada antítese, ao contrastar a alegria e a tristeza de forma explícita.

a alternativa correta é B

A análise do trecho em questão nos leva a explorar a forma como as palavras são apresentadas e a identificar o recurso estilístico utilizado. A frase "As palavras, guardadas em velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas e se ofereciam" faz um uso claro da personificação. A personificação é uma figura de linguagem que atribui características humanas a seres não-humanos ou a objetos inanimados, como, neste caso, as palavras.

Para entender melhor, é importante notar que as palavras, sendo um conceito abstrato, não têm a capacidade de "esperar" ou "se oferecer". Essa atribuição de ações humanas a algo que não é humano é típica da personificação. Essa figura de linguagem é comum na literatura para dar vida a ideias e conceitos, permitindo que os leitores se conectem emocionalmente ao texto.

Agora, vamos analisar as outras alternativas:
<ul>
 <li>A) Sinestesia: Refere-se à mistura de sensações que envolvem diferentes sentidos, como ouvir cores ou sentir sabores. Embora o trecho utilize elementos sensoriais, a ideia principal é a atribuição de características humanas às palavras, portanto, não se aplica.</li>
 <li>C) Comparação: Esta figura é usada para estabelecer semelhanças entre dois elementos, usando conectivos como "como" ou "se". O trecho não possui tal estrutura comparativa.</li>
 <li>D) Hipérbole: Envolve exagero para enfatizar uma ideia. O trecho é descritivo e não apresenta exageros significativos.</li>
 <li>E) Metonímia: Refere-se a uma figura de linguagem que substitui uma palavra por outra com a qual tem uma relação de proximidade, mas não é o caso neste contexto, onde as palavras não estão sendo substituídas.</li>
</ul>

Portanto, a única alternativa que faz sentido à luz da frase analisada é a B, pois expressa corretamente o recurso da personificação. Assim, a interpretação do texto leva à conclusão de que o autor deseja dar vida às palavras, tornando-as cativantes e desejosas de interação.

a alternativa correta é B.

Eduardo Galeano

    Na casa das palavras, sonhou Helena
   Villagra, chegavam os poetas. As palavras,
   guardadas em velhos frascos de cristal,
   esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de
5  vontade de ser escolhidas: elas rogavam aos
   poetas que as olhassem, as cheirassem, as
   tocassem, as provassem. Os poetas abriam os
   frascos, provavam palavras com o dedo e então
   lambiam os lábios ou fechavam a cara. Os poetas
10 andavam em busca de palavras que não
   conheciam, e também buscavam palavras que
   conheciam e tinham perdido.
    Na casa das palavras havia uma mesa das
   cores. Em grandes travessas as cores eram
15 oferecidas e cada poeta se servia da cor que
   estava precisando: amarelo-limão ou amarelo-sol,
   azul do mar ou de fumaça, vermelho-lacre,
   vermelho-sangue, vermelho-vinho...


O trecho abaixo motivará a seguinte questão:

As palavras, guardadas em velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de vontade de ser escolhidas: elas rogavam aos poetas que as olhassem, as cheirassem, as tocassem, as provassem. (Linhas 2-7)

 pleonasmo em “Dos funccionarios que encontrei em Janeiro do anno passado restam poucos”. (linhas 19-20)  

 paráfrase em “Cada pedaço do Municipio tinha a sua administração particular”. (linhas 4-5) 

 paradoxo em “encontrei obstaculos dentro da Prefeitura e fóra della”. (linhas 11-12) 

 metáfora em “uma resistencia molle, suave, de algodão em rama”. (linhas 12- 13) 

 metonímia em “Os fiscaes, esses, resolviam questões de policia e advogavam”. (linhas 7-8) 

A análise das figuras de linguagem no texto nos permite compreender as nuances do estilo literário de Graciliano Ramos. Vamos avaliar cada uma das alternativas propostas: <ul><li>A) Pleonasmo: "Dos funccionarios que encontrei em Janeiro do anno passado restam poucos". O pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste no uso de palavras redundantes na expressão, com o objetivo de reforçar uma ideia. No trecho citado, não identificamos redundância expressiva que qualifique como pleonasmo, pois todas as informações contidas são essenciais para a compreensão do contexto.</li><li>B) Paráfrase: "Cada pedaço do Municipio tinha a sua administração particular". A paráfrase é a reescrita de um texto ou expressão com outras palavras, mas com o mesmo sentido. O texto em questão é uma descrição original de uma observação direta do autor, não sendo uma reformulação de uma ideia já expressa e, portanto, não configura uma paráfrase.</li><li>C) Paradoxo: "encontrei obstaculos dentro da Prefeitura e fóra della". Paradoxo é uma figura que envolve a junção de ideias aparentemente contraditórias, mas que contêm uma verdade oculta. No trecho destacado, não há contradição intrínseca, mas sim uma descrição de dificuldades que são naturalmente esperadas em um contexto de gestão pública, não configurando um paradoxo.</li><li>D) Metáfora: "uma resistencia molle, suave, de algodão em rama". Aqui, o autor utiliza a metáfora — figura de linguagem em que se emprega um termo com significado que não é comum ao seu contexto, por analogia ou associação. A resistência é comparada a algodão em rama, sugerindo algo tangível e palpável, transmitindo a ideia de uma oposição sutil e de baixa intensidade. Esta é uma metáfora efetiva, pois utiliza a imagem do algodão para descrever a natureza da resistência encontrada.</li><li>E) Metonímia: "Os fiscaes, esses, resolviam questões de policia e advogavam". Metonímia é uma figura de retórica que consiste no uso de uma palavra por outra, com a qual guarda uma relação lógica ou de contiguidade. O fragmento indica funções dos fiscais, mas não substitui um termo por outro que esteja intrinsicamente relacionado, portanto, não se configura como metonímia.</li></ul> Portanto, a análise corrobora que a alternativa correta é realmente a letra D, que identifica corretamente a utilização da metáfora no trecho mencionado.A alternativa correta é D.

Graciliano Ramos

    Havia em Palmeira innumeros prefeitos:
   os cobradores de impostos, o commandante do
   destacamento, os soldados, outros que
   desejassem administrar. Cada pedaço do
5  Municipio tinha a sua administração particular,
   com prefeitos coroneis e prefeitos inspectores
   de quarteirões. Os fiscaes, esses, resolviam
   questões de policia e advogavam.
    Para que semelhante anomalia
10 desapparecesse luctei com tenacidade e
   encontrei obstaculos dentro da Prefeitura e fóra
   della — dentro, uma resistencia molle, suave,
   de algodão em rama; fora, uma campanha
   sorna, obliqua, carregada de bilis. Pensavam
15 uns que tudo ia bem nas mãos de Nosso
   Senhor, que administra melhor do que todos
   nós; outros me davam tres mezes para levar um
   tiro.
    Dos funccionarios que encontrei em
20 Janeiro do anno passado restam poucos:
   sahiram os que faziam politica e os que não
   faziam coisa nenhuma. Os actuaes não se
   mettem onde não são necessarios, cumprem as
   suas obrigações e, sobretudo, não se enganam
25 em contas. Dêvo muito a elles.

   Não sei se a administração do Municipio é boa
   ou ruim. Talvez pudesse ser peor (ALAGOAS,
   1929).


A questão apresentada pede a identificação de uma figura de linguagem em um fragmento de texto que caracteriza uma personagem de forma distintiva. Vamos analisar cada alternativa à luz dos conceitos de figuras de linguagem:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>Antítese: Refere-se ao uso de expressões que apresentam ideias opostas ou contrastantes numa mesma estrutura. O uso das palavras “meiguinha” e “bruta” no texto destaca um forte contraste entre duas qualidades opostas atribuídas à mesma pessoa, criando uma antítese evidente. “Meiguinha” sugere delicadeza, enquanto “bruta” indica uma natureza mais rígida e menos delicada.</li>

<li>Metáfora: Uma comparação implícita entre dois elementos sem o uso de uma partícula comparativa. No texto, não há comparação implícita que constitua uma metáfora direta nas palavras destacadas.</li>

<li>Hipérbole: Exagero intencional para enfatizar ou provocar impacto. As palavras “meiguinha” e “bruta” não são usadas de forma exagerada que altere seu sentido usual para criar um efeito de exagero dramático.</li>

<li>Eufemismo: Uso de palavras mais suaves para suavizar expressões que poderiam ser consideradas agressivas ou desagradáveis. Não se aplica, pois as palavras analisadas não visam suavizar, mas destacar características de maneira direta e contrastante.</li>

<li>Metonímia: Substituição de um termo por outro com o qual mantém uma relação lógica, mas sem semelhança direta. No trecho em análise, não há substituição de termos por outros que representem uma relação de contiguidade lógica.</li>
</ul>

Portanto, a figura de linguagem empregada é a antítese, onde contrapõe-se características percebidas como tipicamente femininas (“meiguinha”) com características percebidas como mais severas ou ásperas (“bruta”), a fim de ressaltar a complexidade e singularidade da comandante. Essa contraposição serve para enfatizar o ponto de que ela desafia estereótipos convencionais na sua área de atuação predominantemente masculina.

A alternativa correta é A.

Guilherme Seto - Paulo Gomes

      Primeira mulher nomeada comandante
   da maior guarda do país, Elza Paulina de
   Souza, 52 anos, viveu a desigualdade de
   gêneros durante sua trajetória. Mãe soltei-
5  ra, chegou a ter que esconder a filha pequena em um banheiro 
   do seu posto de
   trabalho por não ter com quem deixá-la.
      Trabalhou como empregada doméstica
   e dirigiu trator na roça. Entrou na Guarda Civil
10 Metropolitana de São Paulo no ano em que a
   instituição foi criada, em 1986, época em que as
   agentes tinham que usar uma saia que limitava
   os movimentos e não podiam andar armadas.
      Alta e com postura retilínea, Elza é
15 uma figura imponente. Diz que nunca foi co-
   nhecida por ser “meiguinha” – “muito pelo
   contrário, não passo a mão na cabeça,
   sou meio bruta, tropeços nos ambientes”.
      Essa postura, ressalta, não tem a ver com
20 uma maneira de marcar território em uma ins-
   tituição historicamente masculina. “Não preci-
   so cuspir no chão para mostrar que sou mais
   capaz que um homem”. Formada em fisiotera-
   pia, medicina oriental e filosofia, ela diz usar o
25 conhecimento e o diálogo como maneiras de
   refletir sobre o espaço e a relação com o outro.
      No programa Guardiã Maria da Penha,
   Elza foi a responsável pela instalação de
   uma espécie de botão de pânico virtual no
30 aplicativo SP + Segura, da Secretaria Mu-
   nicipal de Segurança Urbana. “Eu falei para
   o desenvolvedor aprimorar, porque eu não
   tinha como dar o botão do pânico para as
   meninas, mas eu tenho o aplicativo”, diz. ‘É
35 muito mais prático. O botão ela pode es-
   quecer. O celular ela não esquece”, explica.


Para responder a seguinte questão, leia o fragmento abaixo:

“Alta e com postura retilínea, Elza é uma figura imponente. Diz que nunca foi conhecida por ser ‘meiguinha’ – ‘muito pelo contrário, não passo a mão na cabeça, sou meio bruta, tropeços nos ambientes’.
Essa postura, ressalta, não tem a ver com uma maneira de marcar território em uma instituição historicamente masculina. ‘Não preciso cuspir no chão para mostrar que sou mais capaz que um homem’”. (linhas 14-23)
 

A questão em análise aborda o uso de uma figura de linguagem por um ascensorista, que ao afirmar que seu trabalho tinha "altos e baixos" emprega uma expressão que envolve uma relação de similaridade. Vamos analisar as alternativas apresentadas e justificar qual é a correta.

<ul>
 <li>A) metáfora: A metáfora é uma figura de linguagem que estabelece uma relação de similaridade entre dois elementos, onde um é substituído pelo outro em sentido figurado. No caso do ascensorista, ao afirmar que seu trabalho tinha "altos e baixos", ele se refere às variações de humor e situações que ele enfrenta, comparando-as com a ação de subir e descer do elevador. Portanto, esta alternativa está correta.</li>
 
 <li>B) metonímia: Metonímia é uma figura que substitui uma palavra por outra que possui uma relação de contiguidade, como "ler Machado de Assis", que implica ler as obras do autor. Não é adequada para o contexto apresentado, pois não há uma substituição por contiguidade, mas sim por similaridade. Logo, esta alternativa está incorreta.</li>
 
 <li>C) eufemismo: O eufemismo é utilizado para suavizar uma expressão considerada rude ou desagradável. O ascensorista não está suavizando a descrição de seu trabalho, mas sim abordando de forma criativa as variações do mesmo. Portanto, essa alternativa não se aplica e está errada.</li>
 
 <li>D) pleonasmo: O pleonasmo se refere ao uso de palavras redundantes, como em “subir para cima”. Essa figura não se relaciona com o que o ascensorista expressou, que é sobre a variedade de sua experiência de trabalho. Assim, essa alternativa é incorreta.</li>
</ul>

A análise das alternativas demonstra que a figura de linguagem empregada pelo ascensorista, que reflete sobre as variações de seu trabalho, é efetivamente uma metáfora. Portanto, a alternativa correta é a A.

Luís Fernando Veríssimo

"Ascende", dizia o ascensorista. Depois: "Eleva-se". "Para cima". "Para o alto". "Escalando". Quando perguntavam "Sobe ou desce?" respondia "A primeira alternativa". Depois dizia "Descende", "Ruma para baixo", "Cai controladamente", "A segunda alternativa"... "Gosto de improvisar", justificava-se. Mas como toda arte tende para o excesso, chegou ao preciosismo.
Quando perguntavam "Sobe?" respondia "É o que veremos..." ou então "Como a Virgem Maria". Desce? "Dei". Nem todo o mundo compreendia, mas alguns o instigavam. Quando comentavam que devia ser uma chatice trabalhar em elevador, ele não respondia "tem seus altos e baixos", como esperavam, respondia, criticamente, que era melhor do que trabalhar em escada, ou que não se importava embora o seu sonho fosse, um dia, comandar alguma coisa que andasse para os lados... E quando ele perdeu o emprego porque substituíram o elevador antigo do prédio por um moderno, automático, daqueles que têm música ambiental, disse: "Era só me pedirem ― eu também canto!" 


Questões de Português - Figuras de linguagem