Na língua portuguesa, a função sintática dos termos em uma oração está intimamente relacionada ao verbo e à estrutura da frase. No verso “vai carregar bandeira”, temos o verbo “carregar”, que exige complemento para completar o sentido transitivo. Assim, o termo “bandeira” recebe o papel de objeto, que é o termo que sofre a ação verbal. Neste caso, como não há preposição ligando “carregar” a “bandeira”, podemos afirmar que se trata de objeto direto, justamente por ser o complemento verbal sem o uso de preposição. 

Análise das Alternativas: 

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Objeto direto. Correta, pois “carregar” é um verbo transitivo direto que exige o complemento “bandeira” sem preposição, caracterizando-o como objeto direto.</li>
 <li>B) Sujeito simples. Incorreta, pois “bandeira” não desempenha o papel de agente na oração; ela é a entidade sobre a qual recai a ação de carregar.</li>
 <li>C) Objeto indireto. Incorreta, pois os objetos indiretos são introduzidos por preposição, o que não ocorre neste verso.</li>
 <li>D) Predicativo do sujeito. Incorreta, pois o predicativo do sujeito caracteriza ou qualifica o sujeito, situação inexistente nesta estrutura.</li>
 <li>E) Complemento nominal. Incorreta, já que complemento nominal acompanha nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e não verbos, diferentemente do que ocorre neste contexto.</li>
</ul>

Portanto, evidenciamos que “bandeira” exerce a função sintática de objeto direto, pois completa o sentido do verbo “carregar” de forma direta, sem o emprego de preposição, exemplificando a complementaridade exigida pelo verbo na construção da oração. Essa explicação ajuda a reforçar o entendimento dos papéis sintáticos e a importância de identificar corretamente as funções dos termos dentro da frase, sobretudo em contextos poéticos ou literários onde a linguagem pode assumir formas estilisticamente diferenciadas.

Gabarito: Letra A

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Por BBC News Brasil

<center><img alt='Imagem questão' src="https://d1obul4n7gbyjy.cloudfront.net/67bc5efd6d110846200b89c8fundatec-2025-camara-de-candiota-rs-assessor-legislativo-prova00299.jpg"></center>

 (i) adjunto adnominal, (ii) objeto indireto e (iii) objeto indireto.

 (i) adjunto adverbial, (ii) objeto indireto e (iii) objeto direto.

 (i) complemento nominal, (ii) objeto indireto e (iii) objeto direto.

 (i) adjunto adnominal, (ii) complemento nominal e (iii) objeto direto.

 (i) complemento nominal, (ii) adjunto adverbial e (iii) objeto indireto.

Nesta questão, devemos identificar as funções sintáticas dos termos destacados na frase “Trabalhei a vida inteira no setor — lastimava-se — e almejava legar a meus filhos a tradição das abotoaduras de punho, como requinte terminal de uma camisa digna desse nome.”

Análise do termo (i) “no setor”:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>“No setor” é uma locução prepositiva, onde “no” equivale a “em + o”. Neste contexto, “no setor” especifica o lugar onde se realizou a ação do verbo “trabalhar”, portanto, exerce função de adjunto adverbial de lugar, indicando circunstância.</li>
</ul>

Análise do termo (ii) “a meus filhos”:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>“A meus filhos” é uma expressão introduzida pela preposição “a”, que indica o destinatário ou beneficiário da ação expressa pelo verbo “legar”. Nesta estrutura, após o verbo “legar”, que admite complemento indireto, “a meus filhos” funciona como objeto indireto.</li>
</ul>

Análise do termo (iii) “a tradição das abotoaduras de punho”:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>“A tradição das abotoaduras de punho” é o elemento que se pretende transmitir ou legar, sendo o complemento direto requerido pelo verbo “legar”. Assim, essa expressão cumpre a função de objeto direto.</li>
</ul>

Ao analisar as alternativas apresentadas, observamos que a alternativa B descreve corretamente as funções sintáticas dos termos destacados, ou seja, “no setor” como adjunto adverbial, “a meus filhos” como objeto indireto e “a tradição das abotoaduras de punho” como objeto direto. As demais opções apresentam classificações inadequadas ou imprecisas, desvirtuando o papel sintático de cada expressão no enunciado.

Portanto, a alternativa que apresenta a classificação correta dos termos destacados é:

Gabarito: Letra B

01  O maior fabricante de abotoaduras de punho fechou a
02  indústria depois de convencer-se de que é
03  infinitamente reduzido o número de camisas de
04  manga comprida, à disposição da humanidade. E,
05  mais, que os exemplares deste gênero, ainda
06  existentes, são providos de botões, dispensando
07  abotoaduras. — Trabalhei a vida inteira no setor —
08  lastimava-se — e almejava legar a meus filhos a
09  tradição das abotoaduras de punho, como requinte
10  terminal de uma camisa digna desse nome. Os fatos
11  ergueram-se contra mim. Não posso mais produzir
12  abotoaduras de punho para camisas sem punho ou de
13  punho abastardado por míseros botões de plástico.
14  Concluiu que é o fim da civilização, e ia enforcar-se
15  numa camisa esporte, estampada, quando esta,
16  movida por vento súbito, saiu pelos ares, qual
17  bandeira solta. E era tão bonito o esvoaçar do pano
18  bigarreado, tão graciosas as evoluções, que o homem
19  resolveu desistir da morte e aplicar sua fortuna em
20  uma indústria colossal de camisas de manga curta.


O verbo “suceder”, empregado no verso “Sucede que só sei dizer amor”, possui um uso que, no contexto do poema, adota o sentido de “acontecer” ou “ocorrer”. Em construções com este sentido, o verbo é considerado intransitivo, ou seja, não exige a presença de um objeto direto para completar seu sentido. Assim, o trecho “que só sei dizer amor” funciona como uma oração subordinada que completa o sentido de “sucede”, mas não exerce a função de objeto direto, que é o termo que sofre a ação verbal de forma transitiva.

Análise das Alternativas:
<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>C) Certo – Esta alternativa estaria correta se o verbo “suceder” admitisse um objeto direto, porém, como explicado, no uso empregado no poema ele não o admite. Portanto, declarar que o trecho que se segue funciona como objeto direto incorre em erro na identificação da função sintática.</li>
 <li>E) Errado – Esta alternativa está correta, pois, conforme a análise, o trecho “que só sei dizer amor” não funciona como objeto direto. Ele desempenha o papel de oração subordinada completiva que amplia o sentido do verbo “suceder”.</li>
</ul>

Para exemplificar de forma semelhante, pense na frase “Acontece que os fatos surpreenderam a todos.” Nesse caso, “que os fatos surpreenderam a todos” não é objeto direto do verbo “acontecer”, mas sim uma oração explicativa que completa o sentido do verbo. Assim, a forma como o verbo “suceder” é empregado no poema tem a mesma estrutura, o que evidencia a incorreção da função de objeto direto para o trecho subsequente.

Portanto, a alternativa correta é a que aponta que a afirmação está errada, pois não se pode atribuir ao trecho “que só sei dizer amor” a função de objeto direto, tendo em vista a intransitividade do verbo “suceder” no contexto apresentado.

Gabarito: Letra E

No primeiro verso da segunda estrofe, o trecho que se segue à forma verbal “Sucede” funciona sintaticamente como objeto direto.


Thiago de Mello

<center>Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar 
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor 
quando reparto o ramo azul de estrelas 
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar, 
no alfabeto do sol pernambucano, 
a palavra ti-jo-lo, por exemplo, 

e poder ver que dentro dela vivem 
paredes, aconchegos e janelas, 
e descobrir que todos os fonemas 

são mágicos sinais que vão se abrindo 
constelação de girassóis gerando 
em círculos de amor que de repente 
 estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem 
diferente, que acaba de nascer: 

porque unindo pedaços de palavras 
aos poucos vai unindo argila e orvalho, 
tristeza e pão, cambão e beija-flor, 

e acaba por unir 
a própria vida 
no seu peito partida e repartida 
quando afinal descobre num clarão 

que o mundo é seu também, que o seu trabalho 
não é a pena que paga por ser homem, 
mas um modo de amar — e de ajudar 

o mundo a ser melhor. Peço licença 
para avisar que, ao gosto de Jesus, 
este homem renascido é um homem novo: 

ele atravessa os campos espalhando 
a boa-nova, e chama os companheiros 
a pelejar no limpo, fronte a fronte, 

contra o bicho de quatrocentos anos, 
mas cujo fel espesso não resiste 
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar 
soletrando a canção de rebeldia 
que existe nos fonemas da alegria: 

canção de amor geral que eu vi crescer 
nos olhos do homem que aprendeu a ler.</center>

Julgue o item que se segue, relativo à análise linguística do poema precedente.


Na questão em análise, o enunciado afirma que, no primeiro verso da quinta estrofe, o vocábulo “que” é um pronome relativo que se refere ao termo “fonemas” (último verso da quarta estrofe) e funciona como sujeito da oração em que se insere. Contudo, após uma leitura atenta do poema, percebe-se que essa identificação apresenta inconsistências. Para fundamentar a resposta, é necessário observar a estrutura sintática do texto.

Inicialmente, o termo “fonemas” aparece na terceira estrofe (linha “e descobrir que todos os fonemas”), mas a oração que contém o pronome “que” não é imediatamente subsequente a esse termo. Analisando a divisão das estrofes, nota-se que o “que” a que se refere a questão ocorre no início do primeiro verso da quinta estrofe, momento em que o antecedente mais próximo – do ponto de vista da coesão textual – não é “fonemas”, mas sim um termo que remete ao conteúdo expresso na estrofe imediatamente anterior. Normalmente, para que um pronome relativo exerça a função de sujeito de sua oração, o seu antecedente deve estar logicamente relacionado e próximo, o que não ocorre neste caso, já que a distância textual e a mudança temática não permitem que “fonemas” seja considerado o termo a que o “que” retoma.

Além disso, na prática da gramática normativa, é fundamental que haja clareza na relação de anáfora, isto é, a referência precisa que o pronome estabelece com o seu antecedente. O deslocamento do termo “fonemas” (localizado na terceira estrofe) para a oração que inicia a quinta estrofe causa um “salto” que inviabiliza essa referência direta. Dessa forma, a função atribuída ao “que” na questão – como sujeito da oração com referência a “fonemas” – não se sustenta nem do ponto de vista sintático nem do ponto de vista semântico.

Para exemplificar, imagine uma frase como “Vi os pássaros que voavam no céu”. Neste caso, o “que” retoma diretamente “pássaros”, que está imediatamente antes do pronome. No poema em análise, a separação entre “fonemas” e o pronome “que” impede que se estabeleça essa relação tão clara e necessária para a correta função de sujeito dentro da oração.

Alternativa Correta:
Portanto, a afirmação de que o “que” se refere ao termo “fonemas” e funciona como sujeito é equivocada, motivo pelo qual a alternativa correta é a letra E) Errado.

Gabarito: Letra E

No primeiro verso da quinta estrofe, o vocábulo “que” classifica-se gramaticalmente como pronome relativo, o qual se refere, na estrutura sintática do poema, ao termo “fonemas” (último verso da quarta estrofe) e funciona como sujeito da oração em que se insere.


Questões de Português - Função sintática