No trecho “É apenas ‘carvão’, algo que eu preciso ter, uma coisa escura que chega misteriosamente, vinda de nenhum lugar em especial”, a pontuação apresenta uma estrutura que muitas vezes pode confundir o leitor quanto à função sintática dos elementos separadores. É importante ressaltar, primeiramente, que a vírgula serve para isolar informações que, embora estejam relacionadas ao núcleo da oração, não exercem necessariamente a mesma função sintática.

Analisando o período, observamos que o substantivo “carvão” é seguido de uma explicação que busca qualificá-lo. Contudo, os elementos “algo que eu preciso ter” e “uma coisa escura que chega misteriosamente, vinda de nenhum lugar em especial” não operam como termos paralelos que desempenham idêntica função. Enquanto “algo que eu preciso ter” funciona como uma aposição qualificativa direta para “carvão”, o termo “uma coisa escura que chega misteriosamente, vinda de nenhum lugar em especial” amplia a caracterização desse “carvão”, estabelecendo uma relação de explicação que tem por finalidade, além de qualificar, destacar a singularidade da coisa em questão.

Além disso, notar que as vírgulas usadas não se destinam exclusivamente a separar elementos de uma enumeração simples, mas, sim, a introduzir uma explicação adicional que, no caso, se apresenta de maneira acumulativa e não simétrica. Se os elementos tivessem exatamente a mesma função sintática, esperaríamos uma distribuição mais regular e paralela, o que não ocorre aqui. Assim, considerar que todos os elementos separados pelas vírgulas exercem a mesma função sintática é uma interpretação incorreta da estrutura do período.

Alternativa Correta:
Portanto, a afirmação de que “as vírgulas empregadas separam elementos que exercem a mesma função sintática” está errada, pois os termos possuem funções explicativas e qualificativas distintas, e não uma equivalência totalmente paralela.

Gabarito: Letra E

No trecho “É apenas ‘carvão’, algo que eu preciso ter, uma coisa escura que chega misteriosamente, vinda de nenhum lugar em especial” (último período do segundo parágrafo), as vírgulas empregadas separam elementos que exercem a mesma função sintática.


    Observando os mineiros trabalharem, você percebe, por um breve instante, como são diferentes os universos habitados por diferentes pessoas. Os subterrâneos onde se escava o carvão são uma espécie de mundo à parte, e é fácil viver toda uma vida sem jamais ouvir falar dele. É provável que a maioria das pessoas até prefira não ouvir falar dele. E, contudo, esse mundo é a contraparte indispensável do nosso mundo da superfície.
Praticamente tudo que fazemos, desde tomar um sorvete até atravessar o Atlântico, desde assar um filão de pão até escrever um romance, envolve usar carvão, direta ou indiretamente. Para todas as artes da paz, o carvão é necessário; e, se a guerra irrompe, é ainda mais necessário. Em épocas de revolução, o mineiro precisa continuar trabalhando, do contrário a revolução tem que parar, pois o carvão é essencial tanto para a revolta como para a reação. Seja lá o que for que aconteça na superfície, as pás e picaretas têm que continuar escavando sem trégua — ou fazendo uma pausa de algumas semanas, no máximo. Porém, de modo geral, não temos consciência disso; todos sabemos que “precisamos de carvão”, mas raramente, ou nunca, nos lembramos de tudo o que está envolvido no processo para se obter carvão.
    Aqui estou eu escrevendo, sentado diante da minha confortável lareira a carvão. De quinze em quinze dias, a carroça de carvão para na porta e uns homens de blusão de couro trazem o carvão para dentro de casa em sacos robustos, cheirando a piche, e o despejam no depósito de carvão embaixo da escada. É só muito raramente, quando faço um esforço mental bem definido, que estabeleço a conexão entre esse carvão e o penoso trabalho realizado lá longe, nas minas. É apenas “carvão”, algo que eu preciso ter, uma coisa escura que chega misteriosamente, vinda de nenhum lugar em especial, como o maná, só que devemos pagar por ele.
    Seria fácil atravessar de carro todo o norte da Inglaterra sem lembrar, nem uma só vez, que, dezenas de metros abaixo da estrada, os mineiros estão atacando o carvão com suas picaretas.
E, contudo, são eles que estão fazendo seu carro andar. O mundo deles lá embaixo, iluminado por suas lâmpadas, é tão necessário para o mundo da superfície, da luz do dia, como a raiz é necessária para a flor.


Julgue o item subsequente, relativo a aspectos linguísticos do texto CG1A1.


 O verbo “mostra” funciona como transitivo direto e indireto.

 O termo “que” desempenha a função de pronome relativo.

 A segunda oração desempenha o papel de objeto direto em relação à primeira.

 A segunda oração classifica-se como subordinada adjetiva restritiva.

 Cada uma das orações apresenta um tipo diferente de predicado.

Na frase “Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, para cada registro de intoxicação por agrotóxicos, outros 50 casos deixaram de ser verificados”, temos uma estrutura composta por duas orações: a principal, “Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra”, e a subordinada, introduzida pela conjunção integrante “que”, “para cada registro de intoxicação por agrotóxicos, outros 50 casos deixaram de ser verificados”. Essa estrutura analisa a função sintática de cada oração e a relação entre elas. 

Na oração principal, o sujeito é “Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS)” e o verbo “mostra” funciona de forma transitiva, pois exige um complemento para completar o sentido da ação. Esse complemento é justamente a oração subordinada, que apresenta a informação completa do que está sendo mostrado. 

Observando a alternativa C, a afirmação de que “a segunda oração desempenha o papel de objeto direto em relação à primeira” está correta, pois a oração subordinada, introduzida por “que”, funciona exatamente como objeto direto do verbo “mostra”. Esse tipo de oração subordinada é chamado de oração subordinada objetiva direta, pois complementa o sentido do verbo e está diretamente ligada à oração principal sem intervenção de preposição ou outros elementos subordinantes.

Para reforçar, analisemos as demais alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Incorreta – O verbo “mostra” não assume simultaneamente funções de transitivo direto e indireto nesta oração; ele exige apenas um complemento (a oração objetiva direta).</li>
 <li>B) Incorreta – O termo “que” é utilizado como conjunção integrante, introduzindo a oração subordinada, e não como pronome relativo. O pronome relativo vem após um antecedente, o que não ocorre neste caso.</li>
 <li>D) Incorreta – A segunda oração não é uma subordinada adjetiva restritiva, mas sim uma subordinada objetiva direta, cujo papel é completar o sentido do verbo “mostra”.</li>
 <li>E) Incorreta – Ambas as orações possuem predicados verbais. Na principal, “mostra” é o núcleo do predicado, e na subordinada, “deixaram de ser verificados” também consiste em um predicado verbal, não havendo mudança de tipo.</li>
</ul>

Portanto, a alternativa correta é a alternativa C, que identifica adequadamente a função sintática da oração subordinada como objeto direto da principal.

Gabarito: Letra C

1     (23/11/2013) O comércio irregular de
   agrotóxicos pela internet, em parte alimentado por produtos
   falsificados, sem registro e vendidos por empresas
4  fantasmas, eleva o risco à saúde de trabalhadores rurais que
   têm contato com produtos químicos. Com predomínio de
   minifúndios voltados à produção de uvas e hortigranjeiros,
7  Bento Gonçalves é o município gaúcho com o maior
   número de registros de intoxicação por agrotóxicos no
   Sistema de Informação de Agravos de Notificação do
10 governo federal.
      De 2007 à metade deste ano, Bento Gonçalves teve
   94 — quase um quinto — dos 458 casos do estado. Mas o
13 tamanho do problema é maior do que indicam os números.
   Estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS)
   mostra que, para cada registro de intoxicação por
16 agrotóxicos, outros 50 casos deixaram de ser verificados.


Na análise sintática da oração “que a Vanda tampouco se preocupava”, é importante observar o contexto completo: “É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo ano”. Nesta frase, o enunciado apresenta uma estrutura que, em síntese, é equivalente a “O fato de que a Vanda tampouco se preocupava (…) é verdade”. Assim, a oração subordinada introduzida pela conjunção “que” funciona como o sujeito da oração com o verbo de ligação “é”. Esse sujeito oracional contém a informação completa a respeito do assunto que se afirma como “verdade”.

Vamos analisar as alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) Objeto direto: Esta alternativa seria a correta se a oração subordinada funcionasse como complemento do verbo, completando o sentido de um verbo transitivo direto. No entanto, na estrutura do enunciado, ela integra o sujeito da oração principal, e não um complemento verbal.</li>
 <li>B) Adjunto adverbial: Um adjunto adverbial modifica o verbo, indicando circunstâncias como tempo, modo, lugar, etc. No caso em questão, a oração não exerce função de circunstancial, mas integra a estrutura do sujeito da oração principal.</li>
 <li>C) Sujeito: Neste enunciado, a oração “que a Vanda tampouco se preocupava” desempenha a função de sujeito. Isso porque o predicado “É verdade” tem como sujeito toda a informação contida na oração subordinada introduzida por “que”. Assim, a verdade referida é justamente a atitude de Vanda.</li>
 <li>D) Predicativo do sujeito: O predicativo do sujeito atribui uma qualidade ou estado ao sujeito. No entanto, neste caso, não há esse tipo de relação, visto que a oração contém a ação/estado que serve de sujeito.</li>
 <li>E) Objeto indireto: Para ser objeto indireto, a oração precisaria funcionar como complemento regido por uma preposição, o que não se aplica nesta estrutura sintática.</li>
</ul>

Em síntese, a oração “que a Vanda tampouco se preocupava” está exercendo a função de sujeito da oração principal, o que está de acordo com a alternativa C. Essa estrutura é comum em orações onde um enunciado completo, que pode expressar uma ideia, um fato ou uma ação, funciona como sujeito para o verbo de ligação que atribui um predicado (no caso, “É verdade”) a toda a proposição subordinada.

Portanto, a alternativa correta é a que indica que a oração exerce a função sintática de sujeito.

Gabarito: Letra C

    A passagem por Budapeste se dissipara no meu cérebro. Quando a recordava, era como um rápido acidente, um fotograma que trepidasse na fita da memória. Um lance ilusório, talvez, que me dispensei de referir à Vanda ou a quem quer que fosse. É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo ano, em congressos que ninguém noticiava. Talvez se defendesse de fantasiar aventuras do marido mundo afora, poetisas, dramaturgas, antropólogas que me fizessem perder o juízo e o avião de volta. Portanto, seria estúpido relatar, sem convicção, a uma Vanda que não queria ouvir, a minha madrugada solitária de Budapeste. E hoje aquela Budapeste estaria morta e sepultada, não fosse o menino levantá-la do meu sonho. Uma tentativa de se aproximar do pai, compreendi logo mais, que eu a rechaçara com uma brutalidade inexplicável. Às seis e meia em ponto das manhãs seguintes, quando mãe e filho acordavam com o despertador, me obriguei a também me por de pé. Passei a dedicar ao menino o tempo que me sobrava antes do trabalho, usado em geral para me espreguiçar, pensar na vida e ler jornais no banheiro. Agora, quando a Vanda saía para a televisão, eu ficava na copa tomando café com o meu filho. Observando-o às voltas com os sorvetes e coca-colas, procurava restaurar as feições perdidas em seu rosto flácido, e admiti que eram as de um menino muito bonito. Com a ponta do guardanapo, limpava-lhe a boca dos sucrilhos e encontrava os lábios carnudos da mãe, como da mãe eram seus olhos negros. [...] 


Considere a passagem seguinte para responder a seguinte questão.

“É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo ano”

Por Claudia Laitano

<center><img alt='Imagem questão' src="https://d1obul4n7gbyjy.cloudfront.net/67dbfcd206bd017f3b08b126fundatec-2025-if-farroupilha-rs-assistente-em-administracao-prova3756.jpg"></center>

 “pessoal” e trata-se de um advérbio.

 “equilíbrio” e trata-se de um substantivo.

 “integrantes” e trata-se de um substantivo.

 “do grupo” e trata-se de um advérbio.

Na oração “[...] todos os integrantes do grupo mantêm o equilíbrio pessoal [...]”, é fundamental identificar corretamente o núcleo do sujeito, que é a parte essencial que representa a ação ou estado do verbo. <ul><li>A) “todos” e trata-se de um numeral. - Esta alternativa não está correta. Embora "todos" seja um pronome que quantifica (ou numeral), ao analisar a estrutura da frase, "todos" não é o núcleo do sujeito. Este pronome funciona para modificar o substantivo que o acompanha.</li><li>B) “pessoal” e trata-se de um advérbio. - Essa alternativa é falsa. "Pessoal" é um adjetivo que caracteriza "equilíbrio", não está relacionado ao núcleo do sujeito e, portanto, está incorreta.</li><li>C) “equilíbrio” e trata-se de um substantivo. - Embora "equilíbrio" seja um substantivo, ele na verdade compõe o predicado da oração, referindo-se ao que é mantido pelos integrantes do grupo. Por isso, não pode ser considerado o núcleo do sujeito.</li><li>D) “integrantes” e trata-se de um substantivo. - Esta é a alternativa correta. O núcleo do sujeito é "integrantes", que representa quem realiza a ação de manter o equilíbrio dentro do contexto apresentado na oração.</li><li>E) “do grupo” e trata-se de um advérbio. - Essa opção está incorreta. "Do grupo" é um complemento que determina qual grupo sendo referido, mas não possui função de núcleo do sujeito e não pode ser classificado como advérbio.</li></ul> O núcleo do sujeito é sempre um substantivo ou um pronome substantivo que é a palavra principal, sobre a qual se faz uma afirmação. Na frase em questão, “integrantes” é a palavra que indica o que está realizando a ação de manter o equilíbrio.Gabarito: Letra D

Uma quinzena de férias com hospedagem numa casa confortável, com piscina, em local ensolarado, repleto de praias belíssimas, na companhia da família e de amigos íntimos nem sempre corresponde a momentos agradáveis e de lazer. Em “Os veranistas”, a escritora Emma Straub analisa as contraditórias relações de afeto na contemporaneidade, deslocando para Palma de Maiorca, na Espanha, um grupo de sofisticados nova-iorquinos que estão vivendo uma fase de transição de suas vidas, enquanto superam traições amorosas. O resultado é um romance encantador sobre a vida em família, a amizade e o amor.
Apesar de não conviverem diariamente, todos os integrantes do grupo mantêm o equilíbrio pessoal contando com o apoio da estrutura que os demais montam. Os hábitos de cada um, que irritam ou encantam os demais, compõem essa extensa e intensa reunião de figuras notáveis, mas que são tão familiares quanto as que encontramos no dia a dia. Uma narrativa que hipnotiza o leitor por sua aparente simplicidade e, principalmente, pela profundidade do que discute: a dificuldade das escolhas numa sociedade em que todas as ligações podem ser facilmente desfeitas.


Questões de Português - Função sintática