“toda a tolerância que falta nas demais áreas” (linhas 01-02).

“O cidadão que parte para as vias de fato” (linha 02).

“a cidadã que embolacha a vizinha” (linhas 02-03).

“Toleramos (...) que uma guerra urbana oculta seja travada” (linha 05).

“Mesmo com os fatores que reduzem ou agravam a pena...” (linha 18).

Para descobrir qual conjunção é integrante, primeiro a gente precisa entender o papel dela na frase. Uma conjunção integrante tem a função de introduzir orações subordinadas substantivas, que são aquelas que exercem função de substantivo, geralmente funcionando como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, entre outros.
 
Vamos olhar as opções:
<ul>
<li>Na alternativa A, “toda a tolerância que falta nas demais áreas”, o "que" é um pronome relativo e não uma conjunção. Ele refere-se a “toda a tolerância” e introduz uma oração subordinada adjetiva.</li>
<li>Em B, “O cidadão que parte para as vias de fato”, o "que" também é pronome relativo, iniciando uma oração subordinada adjetiva que especifica algo sobre "o cidadão".</li>
<li>Similarmente, C, “a cidadã que embolacha a vizinha”, usa "que" como pronome relativo, introduzindo uma oração subordinada adjetiva explicando algo sobre "a cidadã".</li>
<li>Na alternativa D, “Toleramos (...) que uma guerra urbana oculta seja travada”, o "que" introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta. Essa oração explica o que é tolerado, funcionando como objeto direto do verbo "toleramos".</li>
<li>Por fim, em E, “Mesmo com os fatores que reduzem ou agravam a pena...”, o "que" é usado como pronome relativo, iniciando uma oração subordinada adjetiva que descreve "os fatores".</li>
</ul>
 
Portanto, a única alternativa onde "que" funciona como conjunção integrante, introduzindo uma oração subordinada substantiva, é na alternativa D. Esse é um exemplo claro de como uma conjunção pode conectar uma oração ao restante da frase, desempenhando um papel essencial na construção do sentido.
 
A alternativa correta é D.

    (...) Na segurança pública, a sociedade resolveu despejar toda a tolerância que falta nas demais
áreas. O cidadão que parte para as vias de fato por causa de uma fechada no trânsito, a cidadã que
embolacha a vizinha por causa do som alto, essa gente de pavio curto aceita mansamente situações
intoleráveis.
    Toleramos, por exemplo, que uma guerra urbana oculta seja travada em várias cidades do país.
Bandidos armados até os dentes, policiais idem, deixam gente comum, crianças, idosos, no meio do
tiroteio. Não são situações pontuais: acontece todo dia, país afora, há décadas. E tornou-se parte da
paisagem, uma efeméride: futebol aos domingos, tiroteio às terças, e assim por diante. Afora uns
muxoxos, não há reclamações. Ninguém faz passeata por isso. Enquanto as balas voam, crianças
deitam no chão das salas de aula, motoristas botam a cara no asfalto e a vida segue.
    Toleramos também que, de dentro dos presídios, criminosos continuem mandando no crime,
sem maiores dificuldades. Que haja celulares, cocaína, maconha, armas, TVs de tela plana, jogatina,
bebida. A cana dura, com raras exceções, é bem mole no Brasil.
    Toleramos ainda que as penas sejam ridiculamente baixas. Homicídio simples dá de seis a 20
anos. Com sorte, em um ano, um ano e meio, está na rua. Estupro? Seis a dez anos. Espancou uma
pessoa até deixá-la permanentemente deformada? Dois a oito anos de pena. Abandonou o filho
recém-nascido no berço para cair na gandaia e a criança morreu de fome? Quatro a 12 anos de
reclusão. Mesmo com os fatores que reduzem ou agravam a pena, parte-se de muito, muito pouco.
Nos crimes sem violência, então — dano e estelionato, por exemplo — temos o mundo maravilhoso
da bandidagem.
    Toleramos a leniência bovina do Estado com a sua própria incapacidade de vigiar e punir.
Com a risível taxa de solução de crimes. Com a tranquilidade com que assiste crianças entrarem
para o crime nas favelas. Com o silêncio pusilânime ou a tristeza afetada diante da morte de
inocentes.
    Somos uma sociedade violenta e intolerante. Mas é uma agressividade dirigida contra os
fracos e uma intolerância baseada em picuinhas, bate-bocas, miudezas que não alteram em nada a
vida. Temos sido, até agora, incapazes de enfrentar nossos reais problemas. Não nos olhamos no
espelho. O que somos, enfim, é uma sociedade covarde.


Olá! Então, vamos falar um pouquinho sobre morfologia e a formação de palavras, um tema superimportante e que aparece direto nos concursos. A morfologia estuda a estrutura e a formação das palavras, e nesse caso, a questão foca em derivação, que é quando uma palavra é formada a partir de outra existente.

 

Vamos olhar as opções de resposta uma por uma para entender porque a alternativa C é a correta:
<ul>
<li>Ridiculamente vem de ridículo, um adjetivo, transformado em advérbio pelo sufixo "-mente".</li>
<li>Incapacidade deriva de incapaz, também um adjetivo, a que se adiciona o sufixo "-idade" para formar um substantivo.</li>
<li>Bandidagem se forma a partir de bandido, que é um substantivo. O sufixo "-agem" transforma a base em um substantivo que indica um coletivo ou um conjunto associado ao sentido original.</li>
<li>Tolerância vem de tolerar, um verbo, ao qual se adiciona "-ância" para formar um substantivo que indica uma qualidade ou estado.</li>
<li>Segurança vem de seguro, um adjetivo, com a adição de "-ança" para formar um substantivo que indica condição ou qualidade.</li>
</ul>

 

Portanto, a alternativa C, Bandidagem, é a única que deriva diretamente de um substantivo (bandido). As outras palavras derivam de adjetivos ou verbos. O pulo do gato nesse tipo de questão é reconhecer a classe gramatical da palavra original e como ela foi transformada no processo de derivação.

 

A alternativa correta é C.

Em Como o ano só começa realmente depois do Carnaval, costumo aguardar até lá., a conjunção no início do período apresenta efeito de sentido de causa, podendo ser substituído por Porque.

O pronome relativo em Há uma palavra que não me sai da cabeça: segurança. estabelece relação de sentido com o vocábulo palavra e pode ser substituído por a qual.

Os conectores pois (linha 7), mas (linha 8) e porém (linha 11) imprimem efeito de sentido de explicação à oração à qual se ligam e podem ser substituídos por no entanto.

Em Como o ano só começa realmente depois do Carnaval, costumo aguardar até lá. Mas aí já é tarde, os advérbios lá e aí retomam o sentido da expressão depois do Carnaval, estabelecendo referência anafórica.

Vamos entender cada alternativa uma por uma, mas sempre com essa vibe mais light, pra não ficar chato, né? Afinal, estamos falando de morfologia e coesão textual, que por si só já parecem tópicos pesados!

 

Alternativa A: A conjunção "Como" introduzida no início do período sugere uma relação de causa entre as orações, tendo em vista que explica o motivo pelo qual o autor aguarda até o Carnaval para que o ano comece de fato. Nesse caso, substituir por "Porque" ainda manteria o sentido causal, então essa alternativa está correta.

 

Alternativa B: O pronome relativo "que" em "Há uma palavra que não me sai da cabeça" realmente faz a ligação da palavra "segurança" com o resto da oração, explicando algo a respeito dessa palavra. Substituí-lo por "a qual" é totalmente plausível e mantém o sentido, portanto, tá tudo certo aqui também.

 

Alternativa C: Aqui caiu a pegadinha. Os conectores "pois," "mas" e "porém" não são sinônimos ou intercambiáveis. "Pois" poderia ser explicativo, "mas" é adversativo e "porém" também é adversativo, usados para contrastar ideias, não para explicá-las. Dizer que podem ser substituídos por "no entanto" (outro conector adversativo), ignora suas funções distintas. Bingo! Está incorreta.

 

Alternativa D: Os advérbios "lá" e "aí" retomam mesmo o contexto de tempo introduzido por "depois do Carnaval", cada um com sua nuance de significado referencial ao tempo e local. Assim, esta alternativa está correta ao afirmar que estabelecem referência anafórica.

 

Então, a função dos conectores estava mal explicada na alternativa C, fazendo dela a nossa escolha.

 

A alternativa correta é C.

    Início de ano é sempre assim: a gente faz promessas, ambiciona novidades. Como o ano só começa realmente depois do Carnaval, costumo aguardar até lá. Mas aí já é tarde: o ano ganhou seu ritmo e eu deixo as mudanças para o futuro. Em 2019 pensei no que realmente desejaria para este 2020. Há uma palavra que não me sai da cabeça: segurança. É claro que o país tem problemas de todo tipo. Mas a segurança toca no meu cotidiano diretamente. [...] Eu me admiro ver as pessoas convivendo com a violência como se fosse absolutamente normal. Uma amiga sai sempre com dois celulares. Um velho e um bom, escondido. O mais antigo é para, no caso de assalto, entregar ao ladrão. Já ouvi um conhecido dizer que o “meliante” foi legal, pois o deixou ficar com os documentos. Ou seja: o sujeito assalta, ameaça, mas é “legal”? Recentemente, um amigo fez aniversário. Tínhamos um evento, mas queríamos nos reunir depois das dez da noite. Foi difícil achar um restaurante: a maioria está fechando mais cedo. Em São Paulo, no centro, as mulheres andam agarradas às bolsas. O pior, porém, repito, é nossa atitude passiva. Nós nos acostumamos ao absurdo. [...].
    Há alguns anos, eu saía do Leblon e andava até o Arpoador pela praia. É uma boa e saudável distância. Não tenho mais coragem. Quero voltar a andar pelo calçadão sem medo. Se caminhar, realizarei meu segundo desejo de Ano Novo: perder a barriga. Mas quando? A falta de segurança mudou a minha vida.
Sem dúvida, continuarei barrigudo.

Vamos analisar item por item:

 

I- As locuções verbais com gerúndio no texto conferem ideia de continuidade, ou seja, de uma ação que ainda está em andamento, exprimindo a ideia de progressão indefinida. Essa afirmativa está correta. O texto utiliza gerúndios como "investindo" e "aumentar", que indicam a continuidade e progressão da ação.

 

II- A expressão "Por outro lado" funciona como operador argumentativo, estabelecendo ideia de contraposição ao que foi dito anteriormente no texto. Esta também é uma afirmativa correta. "Por outro lado" é uma expressão usada para introduzir uma oposição ou contraste em relação ao que foi mencionado antes.

 

III- A expressão coesiva "Além disso" é uma locução adverbial pela qual algo é acrescentado ao que foi dito, pode ser substituída por "Em adição a isso". Correto. "Além disso" é uma locução adverbial que indica adição de informações ou argumentos ao que já foi exposto, e pode ter sinônimos como "em adição a isso" ou "adicionalmente".

 

IV- No trecho "Já em relação ao consumo, é preocupante.", o advérbio tem sentido de prontamente, incontinente, e pode ser substituído por imediatamente. Essa afirmativa está incorreta. No texto, "já" é utilizado para contrapor ou destacar algo em relação ao que foi dito anteriormente no texto, e não expressa imediatismo.

 

Diante das análises, as afirmativas I, II e III estão corretas. Assim, a alternativa correta é B.

    A China está se tornando um dos maiores produtores de vinho do mundo. Está investindo e daqui a dez, vinte anos deve ter grandes vinhos. Já em relação ao consumo, é preocupante. Se um dia os chineses resolverem beber uma taça de vinho cada um, não vai sobrar. Além disso, se o consumo chinês aumentar como está se desenhando, a bebida ficará mais cara. Por outro lado, é um mercado em potencial para o avanço das exportações de diversos países.


Questões de Português - Morfologia - Conjunções e interjeições