Vamos analisar cada uma das alternativas da questão oferecida para discernir qual delas apresenta palavras não cognatas, ou seja, palavras que não partilham a mesma raiz etimológica.

Alternativa A: Comida – cometer.
A palavra "comida" deriva do particípio passado do verbo latino "comedĕre", que significa comer. Por outro lado, "cometer" vem do verbo latino "committere", que significa cometer, fazer algo. Apesar de ambas começarem com "com-", seus étimos são distintos, indicando que não são cognatas. 

Alternativa B: Música – musicalizar.
"Música" surge do latim "musica", que por sua vez origina-se de "mousike" do grego, significando arte das musas. "Musicalizar" envolve adicionar música ou tornar algo musical, derivando claramente de "música". Assim, ambas as palavras são cognatas. 

Alternativa C: Estímulo – estimular.
A palavra "estímulo" e o verbo "estimular" têm origens comuns no latim, ambas derivando de "stimulus", que significa aguilhão, algo que incita ou incentiva. Portanto, são cognatas. 

Alternativa D: Adoção – adotar.
"Adoção" e "adotar" vêm do latim "adoptio" e "adoptare", respectivamente, que significam a action de adotar. Sendo ambas derivadas do mesmo radical latino, são cognatas. 

Alternativa E: Diversão – divertir.
As palavras "diversão" e "divertir" também compartilham a mesma origem etimológica: o verbo latino "divertere", que significa afastar, desviar. Ambas são, portanto, cognatas. 

Gabarito: Letra A
Já que "comida" e "cometer" vêm de étimos latinos diferentes, esta é a única alternativa que atende ao enunciado, contendo palavras que não são cognatas.

Para resolver essa questão, é importante primeiro compreender os conceitos de prefixo e sufixo. Um prefixo é um morfema colocado antes de uma palavra ou raiz para alterar seu significado, enquanto um sufixo é adicionado no final da palavra para alterar sua classe gramatical ou dar um sentido específico. Vamos analisar as opções dadas: 

A) desconfinamento
A palavra "desconfinamento" é formada pelo prefixo "des-", que indica ação contrária, e pelo sufixo "-mento", que geralmente transforma verbos em substantivos indicativos de ação, estado, resultado ou meio. Dessa forma, a palavra resulta da combinação do prefixo "des-", a raiz "confin-" e o sufixo "amento". 

B) isolamento
Na palavra "isolamento", temos apenas o sufixo "-mento" adicionado à raiz "isol", que deriva do verbo isolar. Não há um prefixo nesta palavra. 

C) consultório
"Consultório" vem do verbo consultar, adicionado do sufixo "-tório", que indica lugar. Não possui um prefixo. 

D) catastrofismo
A palavra "catastrofismo" contém o prefixo "cata-", que implica algo negativo ou para baixo quando na formação de várias palavras, ligado à raiz "astro" e ao sufixo "-ismo", que forma substantivos que indicam sistemas de pensamento ou comportamento. No entanto, a partícula "astro" não atua como uma raiz independente em português neste contexto, mas é parte integrante do termo "catástrofe". 

Gabarito: Letra A

BEATRIZ LUCAS

01 Com o desconfinamento, chegou ao
02 consultório da psicóloga María Guerrero um
03 novo perfil de paciente: crianças que usavam
04 muito pouco ou nada as telas e agora não há
05 maneira de que façam algo sem elas. Além do
06 hábito, María Guerrero está preocupada com as
07 consequências para a saúde física e mental.
08 “Vários estudos nos falam sobre problemas de
09 obesidade, hábitos sedentários com perda de
10 massa muscular, perda de visão... Mas também
11 pode desencadear ansiedade ou depressão e,
12 de acordo com uma experiência realizada pela
13 revista americana de pediatria, crianças que
14 estão em contato de forma habitual com
15 dispositivos móveis, tablets ou computadores
16 são mais irritáveis e mostram menos
17 capacidade de atenção, memória e
18 concentração do que aquelas que não estão”,
19 diz Guerrero, que é psicóloga do aplicativo de
20 controle parental Qustodio.
21 Segundo Guerrero, o cérebro de uma
22 criança “funciona por hábitos e estes demoram
23 cerca de 21 dias para se estabelecer. E a
24 tecnologia foi a única via de comunicação e
25 lazer durante mais de 100 dias”. Esta
26 especialista costuma explicar aos pais que, se
27 seu filho está mais preso do que o normal, não
28 é que ele seja esquisito, mas é algo comum: “A
29 maioria dos jogos, redes sociais e aplicativos
30 para crianças foi projetada para que o cérebro
31 secrete substâncias relacionadas ao prazer”.
32 Mas antes que o leitor se desespere e se deixe
33 levar pelo catastrofismo, a psicóloga alerta:
34 “Existe um caminho de volta, entretanto não é
35 fácil e haverá resistência à mudança”, diz esta
36 especialista em novas tecnologias.

37 Etapa 1. Calma, seus filhos certamente não
38 são viciados em telas
39 Manuel Bruscas, vice-presidente da área
40 de produto do Qustodio, um aplicativo de
41 controle parental usado por mais de 50.000
42 famílias na Espanha, explica que “Muitas
43 crianças notarão que lhes falta algo, as relações
44 são construídas com olhares, com empatia, com
45 relação física e isso a tela não lhes dá, então é
46 aí que devemos provocar o processo de
47 desconexão”.
48 Mas o fato de que as tecnologias sejam
49 usadas mais do que antes ou que crianças e
50 adolescentes relutem em largar a tela não
51 significa que sejam viciados. O psicólogo
52 Garicoitz Mendigutxia, diretor do programa
53 Suspertu, para a prevenção de dependências do
54 Projeto Hombre Navarra, esclarece que, para
55 que seja considerada uma dependência, ou
56 melhor, um “uso conflitivo das tecnologias”,
57 estas devem lhes subtrair tempo e inclusive
58 dinheiro de outras atividades da vida. “Deve
59 haver situações de isolamento social, afetando
60 sua dinâmica de vida ―por exemplo, que a
61 família não possa sair para jantar porque o filho
62 prefere ficar conectado―, só se relacionam com
63 as redes ou têm problemas e conflitos
64 familiares ou porque ficam conectados a noite
65 toda e isso afeta o desempenho escolar”,
66 explica o psicólogo. Se não for esse o caso, o
67 plano de ação funcionará mais facilmente.

68 Etapa 2. Fale com as crianças e defina os
69 limites para a desconexão progressiva
70 Educadores, psicólogos e especialistas
71 em dependência concordam que esses hábitos
72 saudáveis devem começar quando as crianças
73 passam a ter acesso às telas: é preciso sentar
74 para conversar com elas e estabelecer os
75 limites de uso, tempos, horários e espaços.
76 María Guerrero acredita que é preciso recorrer a
77 argumentos científicos e explicar-lhes que as
78 telas podem prejudicar a saúde. Os
79 especialistas em visão alertaram para um
80 agravamento da saúde visual em grande escala
81 durante o confinamento e a Fundação Pau Gasol
82 afirma que a Espanha é a líder europeia em
83 obesidade infantil. O excesso de telas gera
84 estresse, irritabilidade, isolamento e
85 depressão... E ressalta: “Proibir é inútil, porque
86 terão de usar a Internet para estudar, manter
87 contato com os colegas... E, quando proibimos
88 totalmente algo, impedimos que nossos filhos
89 aprendam a estabelecer uma relação saudável e
90 isso gera problemas mais graves a longo prazo,
91 porque acaba se tornando um objeto de grande
92 desejo”.

93 Etapa 3. Aqui sim, agora sim
94 Os especialistas também propõem que os
95 espaços e os momentos sejam limitados: “O
96 celular ou o tablet deve ser usado em um
97 espaço comum da casa, não deve ser usado
98 enquanto estivermos com a família nas
99 refeições e tampouco deixá-los sozinhos na
100 Internet. Devemos estar ao lado deles,
101 supervisionando-os”, apontam. Os aplicativos
102 de controle parental podem ajudar nesses
103 limites: se o dispositivo for desligado, eles não
104 culpam os pais e, além disso, as famílias podem
105 monitorar o que os filhos veem e conversar com
106 eles sobre isso.
107 Também recomendam estabelecer
108 tempos máximos de uso, dependendo da idade.
109 Embora Bruscas ressalte que não se trata tanto
110 do tempo, mas da qualidade do que veem na
111 rede. “Se seu filho é fã de piano ou de
112 programação e passa horas assistindo a
113 tutoriais online, na realidade está cultivando um
114 hobby”, diz.
 
115 Etapa 4. Seja seu modelo
116 “Somos o que nossos pais nos ensinaram
117 quando tentavam não nos ensinar nada”. Esta
118 frase do filósofo e escritor Umberto Eco é uma
119 das favoritas do educador Francisco Castaño
120 para explicar às famílias que passam por seu
121 consultório a importância do que mães e pais
122 fazem nos processos educacionais. “Os menores
123 acabam fazendo o que os adultos fazem. Por
124 isso a reflexão e o plano de ação devem ser em
125 família e com o compromisso de todos, de pais
126 e mães, de preservar espaços sem tecnologia”,
127 conclui Castaño.

128 Etapa 5. Tempo juntos
129 Bruscas acredita que as telas nunca
130 deveriam “substituir interações ricas com outras
131 pessoas, com a família ou com amigos”. Por
132 isso propõe compartilhar esportes, passeios,
133 atividades ao ar livre, atividades domésticas,
134 fazer refeições, tarefas de limpeza, organização
135 da casa... “Fazer coisas com elas também lhe
136 dá motivo para falar e permite que você se
137 aproxime das telas e veja em que seu filho está
138 interessado, conheça isso e o questione”, diz
139 Mendigutxia, psicólogo do Projeto Hombre
140 Navarra.
141 O psicólogo e fundador da empresa, Joan
142 Amorós propõe “uma hora da natureza para
143 cada hora de tela”. E em que se baseia essa
144 recomendação? “Os ambientes naturais nos
145 ajudam a descongestionar a vista e a atenção
146 que você presta a um estímulo tão forte e
147 conciso quanto a tela. Oferecem estímulos
148 suaves, como o mar, as nuvens ou o pôr do sol,
149 que atraem a atenção sem que tenhamos de
150 estar concentrados e isso permite descansar a
151 mente do cansaço produzido pelas telas ou pelo
152 trabalho”.

Para analisar a formação das palavras no contexto da questão, é essencial entender os diferentes processos de formação de palavras na Língua Portuguesa, como derivação preposicional, composição, e outros. A palavra "especialmente" é um advérbio derivado do adjetivo "especial", acrescido do sufixo "-mente", que é comum para formar advérbios de modo a partir de adjetivos.

Vamos analisar cada uma das alternativas em relação ao seu processo de formação:

<ul>
<li>A) estudante: A palavra "estudante" é derivada do verbo "estudar" com o acréscimo do sufixo agente "-ante", utilizado para formar substantivos ou adjetivos que denotam ação ou estado. Este é um processo de derivação sufixal.</li>
<li>B) ambidestro: A palavra "ambidestro" é formada por prefixação e sufixação. O prefixo "ambi-" indica ambas as partes, e o sufixo "-destro" define habilidade com as mãos, também derivado do latim. Trata-se de um processo de formação mais complexo incluindo composição por prefixação e sufixação.</li>
<li>C) malmequer: "Malmequer" é uma palavra composta por justaposição, na qual "mal" e "mequer" são justapostos para formar um novo termo. Este é um exemplo de composição por justaposição.</li>
<li>D) incapacidade: "Incapacidade" vem do adjetivo "incapaz", com o acréscimo do sufixo "-idade", que forma substantivos abstratos. Inicialmente, há a formação de "incapaz" do prefixo negativo "in-" aplicado a "capaz", e posteriormente a derivação sufixal.</li>
<li>E) encadernar: "Encadernar" é um exemplo de formação por prefixação com o uso do prefixo "en-", aplicado ao radical "caderno", ajustado foneticamente. Trata-se de um processo de derivação prefixal e sufixal.</li>
</ul>

Comparando com a palavra "especialmente", a alternativa que mais se assemelha pelo sufixo formador de advérbios e pela derivação direta de um adjetivo é "estudante", que embora seja um substantivo, compartilha a característica de derivar diretamente de outro tipo de palavra (verbo) através de um sufixo específico, sem mudança de pré-fixação ou composição adicional. Assim, a alternativa correta é A.

A primeira imagem de um buraco negro está circulando pelo mundo já faz uma semana. Esse feito só foi possível a partir de uma combinação de sinais capturados por oito radiotelescópios e montada com a ajuda de um "telescópio virtual" criado por algoritmos. Mais de 200 cientistas de diferentes nacionalidades, que participaram do avanço científico, fazem parte do projeto Event Horizont Telescope (EHT).
 Entre eles, está o nome da brasileira Lia Medeiros, de 28 anos, que se mudou na infância para os Estados Unidos, onde acaba de defender sua tese de doutorado (conhecida lá fora como PhD) pela Universidade do Arizona. Filha de um professor de Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), afirmou, em entrevista ao G1, que cresceu perto de pesquisas científicas. Ela também precisou usar inglês e português nos vários lugares em que morou e, por isso, viu na matemática uma linguagem que não mudava.
 Especializada em testar as teorias da física nas condições extremas do espaço, Lia encontrou no EHT o projeto ideal para o seu trabalho. Ela atuou tanto na equipe que realizou as simulações teóricas quanto em um dos quatro times do grupo de imagens. Os pesquisadores usaram diferentes algoritmos para ter os pedaços da imagem do buraco negro captados pelos sinais dos radiotelescópios e preencher os espaços vazios para completar a "fotografia".
 O feito de Lia recebeu destaque no site da Universidade do Arizona, que listou o trabalho no projeto de mais de 20 estudantes da instituição, começando pela brasileira.
Segundo a pesquisadora, embora os resultados do projeto EHT tenham sido obtidos graças ao trabalho de mais de tantas pessoas, o foco que as mulheres participantes do projeto receberam é positivo para mudar o estereótipo de quem pode e deve ser cientista.

Como você se envolveu com ciência e, mais especificamente, com a astronomia?

 Meu pai é professor universitário e cresci perto da pesquisa científica. Decidi que queria fazer um PhD desde cedo, mesmo antes de saber o que queria estudar. Mudei muito durante a minha vida e troquei de línguas entre português e inglês três vezes até os 10 anos. Quando era criança, percebi que, mesmo que a leitura e a escrita fossem completamente diferentes em países diferentes, a matemática era sempre a mesma. Ela parecia ser uma verdade mais profunda, como se fosse de alguma forma mais universal que as outras matérias. Mergulhei na matemática e amei.
 No ensino médio, estudei física, cálculo e astronomia ao mesmo tempo e, finalmente, entendi o real significado da matemática. Fiquei maravilhada e atônita que nós, seres humanos, conseguimos criar uma linguagem, a matemática, que não é só capaz de descrever o universo, mas pode inclusive ser usada para fazer previsões.
 Fiquei especialmente maravilhada pelos buracos negros e a teoria da relatividade geral. Decidi então que queria entender os buracos negros, que precisava entender os buracos negros. Lembro que perguntei a um professor qual curso eu precisava estudar na faculdade para trabalhar com buracos negros. Ele disse que provavelmente daria certo com física ou astronomia. Então eu fiz as duas.

E como você se envolveu com o projeto do EHT?

 Meus interesses de pesquisa estão focados no uso de objetos e fenômenos astronômicos para testar os fundamentos das teorias da física. Eu vejo a astronomia como um laboratório onde podemos testar teorias nos cenários mais extremos que você possa imaginar. O EHT era o projeto perfeito para isso, porque as observações dele sondam a física gravitacional no regime dos campos de força em maneiras que ainda não tinham sido feitas antes. (...) 
 Tenho dedicado uma porcentagem significativa do meu tempo, durante meus estudos, em tentar expandir a representação das mulheres na ciência, especificamente focando em dar às meninas jovens exemplos positivos nos modelos femininos na STEM [sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática]. Por exemplo, frequentemente visito escolas de ensino médio e outros locais para dar palestras públicas.
 Na minha opinião, reconhecer que muitas mulheres estão envolvidas nesse resultado pode ser muito benéfico para mudar o estereótipo de quem pode e deve ser cientista. É importante que garotas e jovens mulheres saibam que essa é uma opção para elas, e que não estarão sozinhas se optarem por uma carreira científica.

A questão solicita a identificação do tipo de derivação pelo qual a palavra "descriminalizar" foi formada e pede que se escolha, dentre as alternativas apresentadas, a palavra que compartilha o mesmo processo.

"Descriminalizar" é formada por dois processos de derivação:
1. Prefixação: adição do prefixo "des-" à palavra "criminalizar".
2. Sufixação: adição do sufixo "-ar" ao radical "criminaliz".

Vamos examinar cada alternativa para ver qual segue um processo similar.

A) "espetar" - A palavra é formada apenas pela suficação, adicionando o sufixo "-ar" ao radical "espet". Portanto, não se aplica o mesmo tipo de derivação por não incluir um prefixo.
 
B) "familiarizar" - Contém prefixação com “familiar-” e a suficação com "-izar". Embora também tenha prefixação e suficação, o prefixo é parte integrante do radical, não um prefixo adicionado como em "descriminalizar".

C) "tatuar" - é uma palavra que envolve apenas suficação, com o sufixo "-ar" adicionado ao radical "tatu". Também não segue o padrão de prefixação e suficação como "descriminalizar".

D) "recusar" - Incorpora a prefixação com "re-" e a suficação com "-ar". Contudo, o prefixo "re-" não modifica o significado base da mesma maneira que "des-" em "descriminalizar", fazendo mais uma referência à repetição ou continuidade.

E) "reanimar" - Composto pelo prefixo "re-" e a suficação "-ar" adicionando ao radical "anim". Este caso é mais comparável a "descriminalizar", onde o prefixo modifica o sentido do verbo base ("animar"), adicionando o significado de fazer novamente ou reviver.

Portanto, a alternativa E) "reanimar" é a que compartilha o mesmo tipo de derivação com "descriminalizar", ambos envolvendo prefixação e suficação onde o prefixo modifica de forma significativa o significado do verbo base.

A alternativa correta é E.

    Aparentemente ninguém deu muita bola para a proposta, feita pela comissão de juristas que revê o Código Penal, de descriminalizar certos tipos de eutanásia. Esse, entretanto, é um assunto importantíssimo e que tende a ficar cada vez mais premente, à medida que a população envelhece e a medicina amplia seu arsenal terapêutico.
    Desligar as máquinas que mantêm um paciente vivo pode ser descrito como um caso de homicídio, ainda que com o objetivo nobre de evitar sofrimento, ou como uma recusa em prosseguir com tratamento fútil, o que é perfeitamente legal.
    Como sempre, acho que cabe a cada qual fazer suas próprias escolhas. Mas, já que nem sempre sabemos o que é melhor, convém dar uma espiadela em como pensam aqueles que, de fato, entendem do assunto.
    Num artigo que está movimentando a blogosfera sanitária e já foi reproduzido no “Wall Street Journal” e no “Guardian”, o doutor Ken Murray sustenta que, embora os médicos apliquem todo tipo de manobra heroica para prolongar a vida de seus pacientes, quando se trata de suas próprias vidas e das de seus entes queridos, eles são bem mais comedidos.
    Como estão familiarizados com o sofrimento e os desfechos das medidas extremas, querem estar seguros de que, quando a sua hora vier, ninguém vai tentar reanimá-los nem levá-los a uma UTI para entubá-los e espetá-los com cateteres. Murray diz que um de seus colegas chegou a tatuar o termo “no code” (sem ressuscitação) no próprio corpo.
    A pergunta que fi ca, então, é: se não são sádicos, por que os médicos fazem aos outros o que não desejam para si mesmos? E a resposta de Murray é que ocorre uma perversa combinação de variáveis emocionais, econômicas, mal-entendidos linguísticos, além, é claro, da própria lógica do sistema. Em geral, para o médico é muito mais fácil e seguro apostar no tratamento, mesmo que ele se estenda para muito além do razoável.


Questões de Português - Morfologia - Formação e estrutura das palavras