Pensando bem sobre essa questão, o foco aqui é na expressão "É o feijão com arroz da economia de mercado". Isso sugere algo rotineiro e essencial, um termo que represente a base, o cotidiano, algo inevitável e fundamental da economia de mercado. 

 

Vamos dar uma olhadinha nas opções: 

<ul>
<li>A) Soltar a franga: Expressão que significa liberar as emoções, extravasar. Não tem relação com rotina ou fundamentos, mas com liberdade emocional.</li>
<li>B) Acabou em pizza: Um jeito informal e bem brasileiro de dizer que uma situação complicada ou uma disputa foi resolvida de maneira que todos ficam sem punição ou consequência séria, geralmente no contexto político ou corporativo.</li>
<li>C) Mandar ver: Implica começar a fazer algo com entusiasmo ou eficiência. Esta expressão sugere ação e iniciativa, contrário ao cotidiano básico indicado pelo feijão com arroz.</li>
<li>D) Deixar a ver navios: Significa abandonar alguém, deixar sem ajuda. Mais uma vez, não se relaciona com o básico ou essencial.</li>
</ul>

 

Entre essas opções, parece que a Mandar ver realmente contrasta com a ideia de algo habitual e essencial. Enquanto a expressão "feijão com arroz" se refere ao padrão e ao básico, "Mandar ver" sugere um começo enérgico ou uma ação decidida, algo que vai além do básico e entra no campo da realização dinâmica. 

 

Por isso, a alternativa correta é C.


    Dias atrás me chamou a atenção um texto do amigo e filósofo Luiz Felipe Pondé. Sua provocação era: "O capitalismo estaria apodrecendo?". Estaria chegando ao fim sem nenhuma utopia viável para pôr no lugar? Achei interessante aquilo. Existe agora o "modelo chinês", desafiando a democracia liberal. Há muita instabilidade política e um debate imenso sobre os males do mercado. Estaríamos à beira de algum precipício?

    Uma das razões para a decadência seria o impacto das novas tecnologias - como a automação, a internet das coisas e a inteligência artificial - na destruição dos empregos. O raciocínio é intuitivo. Quando chegarem os carros autônomos, o que os motoristas do Uber vão fazer? E o pessoal do telemarketing, quando tudo for automatizado? Foi assim com os cubeiros, lá em Porto Alegre, chamados de "tigres", que carregavam aqueles cilindros com dejetos humanos, antes das redes sanitárias. E com as telefonistas inglesas, que eram 120.000, em 1970, e hoje não passam de 20.000.

    Muitos postos de trabalho desaparecerão e outros serão criados. Estudo da OCDE mostrou que, em vinte anos, o emprego industrial declinou 20% mas cresceu 27% no setor de serviços. É o feijão com arroz da economia de mercado. Schumpeter já havia teorizado sobre isso com sua tese da "destruição criadora". Ainda recentemente, três pesquisadores da Consultoria Deloitte, lan Stewart, Debapratim De a Alex Cole, apresentaram uma pesquisa com dados do censo inglês desde 1871 e foram taxativos: "A tecnologia criou mais empregos do que destruiu nos últimos 144 anos".

    Outra razão do abismo seria a desigualdade. Se tornou comum dizer que a má distribuição de renda vai corroer o sistema. Falta demonstrar qual o padrão "certo" de distribuição econômica que se deve buscar. Como bem observou John Rawls, tendemos a comparar nossa situação com a de pessoas mais próximas a nós, nas comunidades em que convivemos e em relação às posições a que aspiramos. Não na "grande sociedade". Ninguém acorda todos os dias enfurecido com a fortuna de Jeff Bezos. Mas, com razão nos indignamos se fomos discriminados, no trabalho ou na vida social.

    Nos temas que realmente importam há avanços relevantes em nosso tempo. A drástica redução da pobreza talvez seja o mais crucial deles. Apenas no período da mal-afamada globalização, a pobreza global caiu de 36% para 10% entre 1990 e 2015. Outro aspecto: a convergência das famílias americanas com alimentação caiu de 4,2 dos padrões básicos de vida. O US Bureau of Labor Statistic mostrou que, entre 1901 e 2002 o gasto das famílias americanas com alimentação caiu de 42% para 13% de sua renda. Na Inglaterra, o gasto caiu de 35%, em 1050, para pouco mais de 11% em 2014. Não só a renda cresceu, como o custo relativo dos produtos básicos caiu significativamente.

    Há um tema muito mais amplo ai que se refere à igualdade de direitos. Lembro quando Obama, no aniversário dos cinquenta anos na Marcha de Selma, provocou a imensa multidão que refazia o projeto de Martin Luther King, na luta pelos direitos civis, dizendo que "se você acha que nada mudou nos últimos cinquenta anos, pergunta a alguém que viveu em Selma ou Chicago nos anos 50. Pergunte à mulher que hoje é CEO, e não mais restrita a ser secretária, se nada mudou. Pergunte ao seu amigo gay se é mais fácil ter orgulho na América hoje do que há 30 anos". E concluiu: "Negar este progresso é roubar nosso próprio poder de transformar." 

    No mundo da economia, poucas pessoas expressam melhor um tipo de otimismo realista do que Deirdre Mc-Closkey, autora da monumental trilogia sobre a igualdade, a dignidade e as virtudes burguesas, Deirdre não gosta da palavra capitalismo Prefere e ideia do "inovismo". Seu ponto é que não foi o capital, mas, sim as ideias ou a inovação que fizeram a diferença no surgimento da moderna economia do mercado. Em algum momento entre os séculos XVII e XIX, o homem comum ganhou dignidade. O padeiro, o comerciante, o inventor de coisas. Primeiro timidamente, mas em um processo contínuo a pari passu à afirmação das sociedades de direito. Daí o casamento moderno entre a economia de mercado e a democracia liberal.



 Para escapar das críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada; 

 No cinema, quando alguém compra algo, nunca espera o troco; 

 No fundo do seu coração, todo autor acredita nas más críticas que lhe fizeram; 

 Suponho que eu tenha feito parecer fácil, mas veja isto aqui, é uma obra trabalhosa; 

E aí, tranquilo? Vamos analisar essa questão que mergulha num aspecto bem bacana da linguagem: a marca da língua falada. 
 
A questão pede para identificar qual das alternativas traz características da língua falada. A língua falada é mais informal, espontânea e pode incluir hesitações, repetições, e um jeitão mais pessoal de expressão. 
 
Vamos analisar as alternativas: 
 
 
A) "Para escapar das críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada;" 
 
 
Essa frase é bastante formal e categórica, bem típica da língua escrita. 
 
 
 
B) "No cinema, quando alguém compra algo, nunca espera o troco;" 
 
 
Novamente, é uma observação direta sem qualquer marca de informalidade ou oralidade. 
 
 
 
C) "No fundo do seu coração, todo autor acredita nas más críticas que lhe fizeram;" 
 
 
Essa também segue um estilo mais formal e reflexivo, típico da escrita. 
 
 
 
D) "Suponho que eu tenha feito parecer fácil, mas veja isto aqui, é uma obra trabalhosa;" 
 
 
Essa aqui, sim, mostra a informalidade característica da língua falada. Expressões como "Suponho que" e a utilização de "veja isto aqui" introduzem um tom mais coloquial e pessoal, como se o falante estivesse conversando diretamente com alguém. 
 
 
 
E) "Hoje em dia os problemas são outros." 
 
 
A frase é um enunciado simples sem marcas específicas de oralidade. 
 
 
Portanto, a alternativa correta é D.

Após o cinema, fui comer um hamburger;

O shopping fica aberto até as 22h;

Vamos dar uma olhada mais de perto nos estrangeirismos das alternativas e entender por que tratamos alguns como mais integrados ao português do que outros. O ponto aqui é a completa absorção de uma palavra estrangeira ao vocabulário do português, o que geralmente está ligado à adaptação da grafia ou à ampla aceitação e uso. 
 
A alternativa A) usa a palavra "hamburger", que mantém uma grafia muito próxima ao inglês, apesar de ser comum no português. A pronúncia e a ortografia ainda mostram uma forte ligação com a língua original. 
 
A alternativa B) "show" é também um termo amplamente usado em português, mas ainda é escrito e pronunciado de forma muito parecida com o inglês. 
 
Na alternativa C), "shopping" é, semelhantemente, amplamente aceito e utilizado em português, mas a grafia e a pronúncia ainda refletem sua origem inglesa, e não é completamente aportuguesado. 
 
Já a alternativa D), "clube", é um excelente exemplo de um estrangeirismo totalmente integrado. Originada do inglês "club", adaptou-se completamente ao português tanto na pronúncia quanto na ortografia, sendo, portanto, percebida como uma palavra naturalmente lusófona. 
 
Por fim, a alternativa E) "videogame" é um termo também muito usado, contudo, sua grafia e composição ainda são muito fiéis ao inglês. 
 
A alternativa correta é D.

 O Brasil não sabe mais o que é um porre feliz; 

 Um memorando serve não para informar a quem lê ele, mas para proteger quem o escreve; 

 Desde que organizado, o crime é que compensa; 

 Me disseram que o prazer é o grande incentivo para o mal; 

 Os ricos são diferentes de você e de mim. Eles têm mais crédito.

Para responder a essa pergunta, vamos analisar a formalidade nas alternativas fornecidas. 
 
A opção A ("O Brasil não sabe mais o que é um porre feliz") usa a palavra 'porre', que é uma expressão coloquial para indicar embriaguez. Isso não se encaixa num contexto formal. 
 
A opção B ("Um memorando serve não para informar a quem lê ele, mas para proteger quem o escreve") tem um problema de colocação pronominal. O correto, em linguagem formal, seria "a quem o lê", e não "a quem lê ele". 
 
Em C ("Desde que organizado, o crime é que compensa"), a frase soa como uma ironia ou uma informalidade ao afirmar que o crime compensa se for organizado. 
 
A opção D ("Me disseram que o prazer é o grande incentivo para o mal") contém o pronome oblíquo átono 'me' no início da frase, o que é considerado informal em algumas situações. Seria mais formal dizer "Disseram-me que o prazer é o grande incentivo para o mal". 
 
Por fim, a opção E ("Os ricos são diferentes de você e de mim. Eles têm mais crédito.") segue as normas de formalidade na linguagem escrita. Ela mantém um tom sério e direto, o que é mais apropriado em contextos formais. Há uma observação a fazer sobre a questão da gramática normativa na frase "diferentes de você e de mim", que tecnicamente está correto, mas convencionalmente discutível se analisada rigorosamente em níveis altamente formais (alguns puristas prefeririam "diferentes de você e de mim", sendo corrigido para "de você e de mim"). Entretanto, mantém-se formal o suficiente dentro do contexto das opções apresentadas. 
 
Alternativa correta é E

Beleza, vamos analisar juntos essa questão que envolve o nível de linguagem e metáforas no texto. Primeiramente, é importante destacar que o uso de metáforas, por si só, não define o nível de linguagem de um texto como informal. Metáforas são uma figura de linguagem que podem ser utilizadas tanto em contextos formais quanto informais, dependendo da abordagem do autor e da temática do texto. 
 
O trecho apresentado no enunciado é recheado de metáforas, sim! Mas, observando com atenção, vemos que elas são utilizadas para aprofundar a reflexão sobre as temáticas culturais e históricas. Por exemplo, a comparação das "paredes" com as "margens dos oceanos" e a língua como algo "feita mais de alma do que de gramática" são maneiras poéticas de expressar ideias complexas sobre identidade e comunicação cultural. 
 
Além disso, o texto é bem estruturado, utiliza vocabulário sofisticado e aborda temas de significativa profundidade cultural e histórica, o que é característico de um nível mais formal de linguagem. Mesmo as metáforas contribuem para esta formalidade, pois servem ao propósito de explorar conceitos abstratos e densos de maneira acessível, porém requintada. 
 
Portanto, dizer que o texto é predominantemente informal somente por causa das metáforas é um equívoco. O texto, na verdade, mostra uma combinação elegante de criatividade linguística com seriedade temática, o que o enquadra mais no âmbito formal do uso da língua. 
 
A alternativa correta é E.

No que se refere ao nível de linguagem do texto, é correto afirmar que, devido à abundância de metáforas, ele é predominantemente informal.


Texto 1A16-I 

 Há muitas línguas na língua portuguesa. Para dar voz e rosto a culturas e religiosidades tão díspares e distantes, esse idioma passou a existir dentro e fora do seu próprio corpo. Nós, brasileiros, portugueses, angolanos, moçambicanos, caboverdianos, guineenses, santomenses, falamos e somos falados por uma língua que foi moldada para traduzir identidades que são profundamente diversas e plurais.
 Vivemos na mesma casa linguística, mas fazemos dela uma habitação cujas paredes são como as margens dos oceanos.
São linhas de costa, fluidas, porosas, feitas de areia em vez de cimento. Em cada uma das divisórias dessa comum residência, mora um mesmo modo de habitar o tempo, um mesmo sentimento do mundo (nas palavras do poeta Drummond). Essa língua é feita mais de alma do que de gramática. A língua não é uma ferramenta. É uma entidade viva. Com esse idioma, construímos e trocamos diversas noções do tempo e diferentes relações entre o profano e o sagrado.
 Jorge Amado atravessou o oceano num momento em que as colônias portuguesas na África se preparavam para a luta pela independência. Na década de cinquenta do século passado, intelectuais e artistas africanos estavam ocupados em procurar a sua própria identidade individual e coletiva. Nessa altura, era clara a necessidade de rupturas com os modelos europeus.
Escritores de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe procuravam caminhos para uma escrita mais ligada à sua terra e à sua gente. Carecíamos de uma escrita que nos tomasse como não apenas autores de estórias, mas também sujeitos da sua própria história. Precisávamos de uma narrativa que nos escrevesse a nós mesmos.
 Muito se especula sobre as semelhanças entre as nações africanas e o Brasil. Essas comparações resultam muitas vezes de simplificações, mistificações e romantizações. Na maior parte das vezes, essas analogias são fundadas em estereótipos que pouco têm a ver com uma realidade que é composta por dinâmicas e complexidades que desconhecemos.
 O que é mais africano no Brasil e mais brasileiro na África não é o candomblé, não são as danças nem os tipos físicos das pessoas. O que nos torna tão próximos é o modo como, de um e de outro lado do Atlântico, aprendemos a costurar culturas e criar hibridizações. A presença africana não mora hoje apenas nos descendentes dos escravizados. Essa presença permeia todo o Brasil. Dito de outra maneira: a semelhança não está no pano.
Está na costura. Está no costureiro. E esse costureiro é a história.
E é a língua que partilhamos. Essa língua é, ao mesmo tempo, linha, pano e mãos tecedeiras.

Em relação a aspectos textuais e linguísticos do texto 1A16-I, julgue o seguinte item 


Questões de Português - Níveis de linguagem - Superior