metáfora, circunscrita nos sentidos da 
palavra "pena" que, muitas vezes, remetem a comparações similares.

pleonasmo, caracterizado pela recorrência redundante à palavra "pena" e 
aos seus sentidos similares.

antítese, em virtude da oposição de  
sentidos que a palavra "pena" apresenta.

polissemia, já que explora  intencionalmente os diversos sentidos da palavra 
"pena".

paronímia, por ressaltar as semelhanças verificadas na grafia e nos diversos 
sentidos da palavra "pena".

Olá! Vamos destrinchar essa questão de maneira prática e interessante. Em primeiro lugar, precisamos entender o conceito de polissemia, que é a propriedade de uma palavra em apresentar diversos significados, dependendo do contexto em que é utilizada. Esse conceito é central para resolver a questão que você apresentou.

 

No texto apresentado, a palavra "pena" aparece em diferentes contextos, cada um com um significado distinto. Isso está claro na forma como o texto elabora várias nuances da palavra, desde o objeto usado para escrever até o sentimento de tristeza ou piedade, passando por concepções de estilo e escrita. Justamente por explorar essas diversas acepções que a palavra "pena" pode assumir, a alternativa correta é a que indica polissemia.

 

Observemos rapidamente porque as outras opções não se aplicam bem:
<ul>
 <li>Metáfora seria uma transferência de significado baseada em uma comparação, o que não é o foco aqui.</li>
 <li>Pleonasmo implicaria em uma redundância desnecessária, o que também não ocorre com a palavra "pena" no texto.</li>
 <li>Antítese representaria uma oposição direta de ideias ou palavras, que, embora exista entre os significados de "pena", não é o ponto central do uso da palavra neste caso.</li>
 <li>Paronímia focaria em palavras que soam parecido mas têm significados diferentes, o que também não se aplica ao uso de "pena".</li>
</ul>
 

Em resumo, vemos nitidamente que o texto explora intencionalmente os vários sentidos da palavra "pena", um caso clássico de polissemia. Por isso, a alternativa correta é D.

Apenas 
Utilizada pelas principais culturas antigas para desenhar e escrever, a pena se transmuta 
no universo do discurso. Parte destacada de um organismo vivo, ela se torna um instrumento que 
não interessa a não ser pelas marcas que imprime sobre uma superfície, que aguarda esse ato. 
A pena também se transmuta em dor, pois pode assumir o significado de castigo e so-
frimento. Forma de pagamento imposto devido à violação de uma lei, ela se torna uma saída através 
do martírio de um para se haver com o Outro. Dá pena, mas também vale a pena, pois ganha valor 
no pagamento de uma dívida. 
Por derivação, encontramos outra acepção corrente do significante "pena", na língua 
portuguesa. Trata-se de um sentido figurado, que remete a um modo pessoal, singular de realizar ou 
executar algo, por exemplo: o estilo de escrita de um dado autor, sua unicidade. Trata-se de algo 
que se repete, sempre o mesmo. 
É surpreendente descobrir que estilo é também antônimo de confusão ou seja, da ação 
de juntar, reunir, misturar (Houaiss, 2001). Nesse caso, na separação, estamos diante  de outra saída 
para a dívida, embora não sem dor, como testemunham escritores fingi(dores) das dores que de fato 
sentem. 
Da pena, chegamos à escrita, cuja etimologia remete ao latim scribère, que significa 
marcar com estilo, cujo diminutivo é estilete (id. ibid.). Trata-se de um ferro pontudo utilizado para 
escrever nas tábuas enceradas e nos blocos de argila nos primórdios da escrita, ou seja, um anteces-
sor da pena. 
O retorno do estilo, na pena e na escrita, é algo a ser notado. Marca pessoal de alguém 
ou marca escrita sobre uma superfície, o estilo é tanto aquilo que escreve, quanto está sempre no es-
crito. Nesse sentido, algo se repete no escrito e, ao mesmo tempo, separa, singulariza, desconfunde. 
Há penas...

Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje;

Na vida tudo é passageiro, menos o motorista;

Os dentes do pente mordem o couro cabeludo;

Os surdos da bateria não escutam o próprio barulho.

A questão se responde na alternativa A, porque todas as palavras são usadas em seu sentido literal, sem qualquer ambiguidade por conta de polissemia em alguma de suas palavras. Na alternativa B, a rádio normalmente toca música, mas, no slogan, é notícia; em C, passageiro é tomado como quem pega um ônibus ou táxi etc., enquanto o motorista permanece o mesmo, fazendo com que a alegoria funcione muito bem com a efemeridade da vida; em D, os dentes do pente também fazem uma personificação ao morder o couro cabeludo; por fim, os surdos da bateria, além de serem os tambores mais graves, são incapazes de se ouvir.

É hora de mergulhar nas palavras para entender o rolê por trás delas nesse trecho. Ao analisar as formas verbais “suportava” e “salvava” junto aos termos “impossibilidade” e “esgotos secos”, vemos que a narrativa trabalha com uma riqueza semântica que dá vida a um conjunto de imagens e interpretações bem diverso. Vamos quebrar isso aí em pedacinhos e ver o que cada palavra pode sugerir, certo? 
 
Primeiro, “suportava”, ligado diretamente a uma criança suportando o sol e o soluço, não fala só de aguentar físicamente essas condições, mas também traz um sentimento de resistência emocional, talvez até representando uma suportação da própria condição de vida da menina, não? É aquele tipo de verbo que carrega um peso que vai além do literário. 
 
Por sua vez, “salvava” está ligado à descrição de uma bolsa velha, que poderia ser apenas um objeto qualquer, mas acaba por se transformar num aparato de “salvação” emocional, reforçado pelo aperto da menina - um porto seguro em meio às adversidades expostas. 
 
Quanto a “impossibilidade”, o termo se encaixa numa série de situações narradas que parecem ser sem saída, sugerindo barreiras invisíveis contra as quais a protagonista luta. E quanto à menção dos “esgotos secos”, esses podem simbolizar não apenas um aspecto físico do cenário, mas também ecoar um clima de desolação e abandono. 
 
Logo, ao abordar essas palavras nesse contexto específico, percebemos que elas realmente exercem um efeito polissêmico - jogando com múltiplos sentidos e evocando uma gama variada de interpretações emocionais e situacionais que refletem a profundidade do texto. 
 
alternativa correta é C

As formas verbais “suportava” (l.5) e “salvava” (l.15), bem como os termos “impossibilidade” (l.40) e “esgotos secos” (l.43), apresentados de forma lacunar, introduzem efeito polissêmico no texto.


Ela estava com soluço. E como se não bastasse a
claridade das duas horas, ela era ruiva.
 Na rua vazia as pedras vibravam de calor ― a cabeça
da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela
suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando
inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu
olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento
a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na
mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos
sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta
nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era
uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua
marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por
enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às
duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora,
com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já
habituado, apertando-a contra os joelhos.
 Foi quando se aproximou a sua outra metade neste
mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação
surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma
senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo
e miserável, doce sob sua fatalidade. Era um basset ruivo.
 Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando
seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
 A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente
avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava.
Ambos se olhavam.
 Entre tantos seres humanos que estão prontos para se
tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao
mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem
latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto
tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele
nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e
continuou a fitá-lo.
 Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos.
 Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas
que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo.
Sabe-se também que sem se falar eles se pediam. Pediam-se
com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
 No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol,
ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de
tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos
esgotos secos ― lá estava uma menina, como se fora carne de
sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes
de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria,
cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
 Mas ambos eram comprometidos.
 Ela com sua infância impossível, o centro da inocência
que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua
natureza aprisionada.
 A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O
basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo.
Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa
mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o
com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa
e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.
 Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou
para trás.

Considerando aspectos estilísticos, semânticos e gramaticais desse conto, julgue o item subsequente.


 A fotografia impressa na capa valorizava o visual do livro;

 Assim que entrou, pendurou a capa ainda molhada no cabide;

 Mandei fazer uma capa de lona para o novo sofá;

 Uma grande capa plástica protegia o carro na garagem;

 A feitura da capa custou muito mais do que o previsto.

A questão tem o objetivo de avaliar os conhecimentos sobre polissemia, que é a multiplicidade de sentidos de um termo. A) Alternativa incorreta. Ao se usar a preposição "em", nota-se que a fotografia é impressa em uma capa de livro.B) Alternativa incorreta. Ao se usar o verbo "pendurar", depreende-se o sentido de uma capa (peça de roupa).C) Alternativa incorreta. A especificação "capa de lona" apresenta o sentido de um objeto que cobre o sofá.D) Alternativa incorreta. A especificação "capa plástica" apresenta o sentido de um objeto protetor.E) Alternativa incorreta. Nesse contexto, a capa pode ser para variados objetos: capa de caderno, peça de roupa, parte externa de um livro ou peça utilizada para proteger algo. Observa-se a polissemia.

Questões de Português - Polissemia