Analisando o uso do vocábulo “porém” na sequência lógica e argumentativa do texto, notamos que sua função é adversativa, ou seja, ele indica uma relação de oposição ou contraste em relação à ideia imediatamente anterior. No trecho, “A insurreição surge, porém, na classe alta…”, a palavra "porém" retoma a narrativa focada na base da sociedade (os escravos submetidos à repressão) para, logo em seguida, destacar que a insurreição ocorre justamente entre uma elite letrada da classe alta, contrastando as posições entre o rebanho explorado e a minoria que ousava propor um projeto alternativo.

Em contraposição à função adversativa, “portanto” é um conectivo conclusivo, utilizado para indicar uma consequência ou inferência lógica decorrente das informações previamente expostas. Se “porém” tivesse o mesmo sentido de “portanto”, o texto estaria apresentando uma conclusão derivada das análises feitas, o que não condiz com a intenção do autor. No caso apresentado, “porém” efetivamente introduz uma ideia que se opõe à sequência esperada – a revolta dos oprimidos – ao realçar que a insurreição foi idealizada por uma camada social distinta, de alto nível cultural, e não pelos que estavam na base da estrutura social.

Assim, é possível concluir que “porém” não tem o mesmo sentido de “portanto”. A escolha deste conectivo pelo autor enriquece a narrativa ao evidenciar a contradição entre o lugar dos explorados e a proposta utópica revolucionária de uma elite, o que demonstra nuances importantes no desenho das relações sociais descritas no texto.

Alternativa Correta:
Portanto, a alternativa correta é a letra “E”.

Gabarito: Letra E

Levando-se em consideração a articulação das ideias do texto, é correto afirmar que o vocábulo “porém” (terceiro período) está empregado com o mesmo sentido de portanto.

Na base da estratificação social, como a camada mais explorada, sem qualquer representação ou direito, ficava a grande massa escrava de trabalhadores das minas, das lavouras e dos transportes. Todo o aparato ostensivo de repressão vigiava, em cada vila, a esses miseráveis, para prevenir as fugas, a vadiagem e, sobretudo, as rebeliões. A insurreição surge, porém, na classe alta, de que se destaca uma elite letrada, que se propõe formular um projeto alternativo ao colonial de reordenação da sociedade.
Trata-se do mais ousado dos projetos libertários da história colonial brasileira, uma vez que previa estruturar uma república de molde norte-americano, que aboliria a escravidão, decretaria a liberdade de comércio e promoveria a industrialização. A eclosão da mal chamada Inconfidência Mineira deveria ter lugar em 1789. Presos por denúncia, todos os inconfidentes foram desterrados para a África, onde morreram, exceto Tiradentes, a figura principal da conspiração, enforcado após três anos de cárcere e, depois, esquartejado e exposto nos lugares onde antes conspirara, para escarmento da população.


Julgue o próximo item, em relação às ideias e a aspectos linguísticos do texto precedente.


Vamos analisar a estrutura da oração “Trata-se do mais ousado dos projetos libertários da história colonial brasileira” para compreender o porquê da flexão verbal nessa construção. Primeiramente, é importante observar que a forma “trata-se” integra uma locução verbal pronominal impessoal. Essa construção é utilizada para indicar que algo se apresenta ou consiste em determinadaquilo, funcionando de forma impessoal. Assim, o verbo “tratar” na expressão “trata-se de” permanece na 3ª pessoa do singular independentemente do que vier a seguir.

A alegação do item aponta que “do mais ousado dos projetos libertários da história colonial brasileira” seria o sujeito da oração, justificando a flexão “trata-se” no singular. No entanto, essa interpretação não se sustenta, pois essa estrutura não estabelece que o segmento posposto seja o sujeito da oração. Trata-se, na verdade, de uma locução que possui um núcleo pronominal “se” que não desempenha a função de sujeito, mas sim de elemento integrante do verbo impessoal. O que vem depois do “de” atua como complemento ou adjunto, e não como sujeito. Como exemplo prático, temos sentenças como “Trata-se de um fato notório” ou “Trata-se de uma oportunidade única”, onde “um fato notório” ou “uma oportunidade única” são complementos explicativos na construção e, portanto, não influenciam a flexão do verbo.

Dessa forma, a análise que tenta justificar a flexão da forma verbal “trata-se” pela suposta concordância com o trecho posposto não se sustenta, pois o verbo “tratar-se” é impessoal e permanece invariavelmente na 3ª pessoa do singular, independentemente do complemento que o segue. Assim, o enunciado apresentado na questão contém uma incorreção quanto à identificação do sujeito na oração.

Alternativa Correta:

Portanto, a alternativa correta é a letra E.

Gabarito: Letra E

No quarto período do texto, a flexão da forma verbal “Trata-se” na terceira pessoa do singular justifica-se por sua concordância com o segmento posposto “do mais ousado dos projetos libertários da história colonial brasileira”, que é o sujeito da oração.

Na frase “Fazia calor”, temos um exemplo clássico de construção impessoal. Nesse tipo de oração, o verbo “fazer” é empregado para indicar fenômenos meteorológicos (calor, frio, neblina etc.), sem que haja um sujeito expresso com o qual o verbo possa concordar. Assim, apesar da forma verbal “fazia” aparecer na terceira pessoa do singular, essa flexão não decorre de uma concordância com o termo “calor”. O que ocorre nesse caso é que temos uma estrutura impessoal, na qual o verbo “fazer”, quando usado para indicar condições climáticas, assume, por definição, a forma singular, independentemente de qualquer termo na oração.

É importante destacar que, em orações meteorológicas, não há sujeito, ou ele é indeterminado, o que impede que se afirme que “calor” seja de fato o sujeito que determina a flexão verbal. Por exemplo, em expressões como “Faz frio” ou “Faz sol”, a impessoalidade se mantém, pois o verbo “fazer” não estabelece uma relação de subordinação a “frio” ou a “sol”. Logo, a explicação que atribui a flexão do verbo à concordância com “calor” está equivocada.

Portanto, a alternativa que defende que “Fazia” está flexionada na terceira pessoa do singular porque concorda com o termo “calor” é incorreta, pois a flexão ocorre devido à construção impessoal do verbo “fazer” no contexto da expressão meteorológica.

Alternativa Correta:

Gabarito: Letra E

Na oração “Fazia calor” (oitavo período), a forma verbal “Fazia” está flexionada na terceira pessoa do singular porque concorda com o termo “calor”.

    Retardei o passo. A tarde estava brilhante, mas o calor era o do inferno, os transeuntes a desfilarem pela fornalha com uma expressão de condenados, os rostos lustrosos, o olhar pesado. Um homem de terno branco esbarrou em mim. Caiu-lhe a pasta.
Resmungou enquanto se inclinava para apanhá-la. A culpa fora minha e por isso pensei em voltar-me para pedir-lhe desculpas, mas prossegui preguiçosamente pela rua afora. Para que desculpas? Fazia calor e era cansativo ser amável num calor assim. A vontade queria o ócio. O corpo queria nudez. Voltei a cara para o céu ardente. Havia poucas nuvens, mas a tempestade já conspirava no ar. Melhor escolher um outro dia, não? Afinal, tio Samuel não me esperava mesmo, talvez fosse até aborrecê-lo com a minha presença, os loucos estranham às vezes a invasão nos seus mundos.


Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item subsecutivo.


Nesta questão, a discussão gira em torno do inter-relacionamento entre os elementos “língua”, “cultura” e “sociedade”. O item apresentado afirma que “as transformações sociais e culturais refletem-se na linguagem, afetando o modo como esta é utilizada.” Essa afirmação é essencial para a compreensão da Linguística, pois evidencia a dinâmica inerente à língua enquanto fenômeno social e cultural.

A língua não é um sistema estático; ela se transforma de acordo com as mudanças sociais e culturais. Quando há uma transformação na sociedade, seja ela decorrente de avanços tecnológicos, mudanças de costumes ou influências de outras culturas, a linguagem acompanha essa evolução. Essa adaptação pode ser observada na incorporação de novos termos, siglas, gírias e até mesmo no ressignificado de palavras já existentes. Por exemplo, o uso de termos tecnológicos ou palavras oriundas da internet se tornou parte do vocabulário cotidiano, demonstrando como a língua se molda às novas realidades sociais.

Além disso, a cultura exerce papel fundamental na formação e na modificação do idioma, pois as práticas culturais e os valores de uma sociedade influenciam diretamente a escolha de palavras e expressões. Assim, a relação dialética entre língua, cultura e sociedade é um princípio basilar na Linguística, sendo reconhecido por diversos estudiosos da área.

Alternativa Correta:
A alternativa C (Certo) está correta porque confirma a ideia de que a língua é suscetível às transformações que ocorrem em sua dimensão social e cultural, enriquecendo e modificando sua forma de uso ao longo do tempo.

Gabarito: Letra C

As transformações sociais e culturais refletem-se na linguagem, afetando o modo como esta é utilizada.


Considerando os elementos língua, cultura e sociedade, julgue o item a seguir.


Nesta questão, o enunciado propõe refletir sobre a relação entre os conceitos de língua, cultura e sociedade. O item apresenta a afirmação de que "a cultura é unicamente individual e não está relacionada à linguagem." É importante analisar essa proposição à luz dos conhecimentos de linguística e das inter-relações que permeiam esses elementos.

Primeiramente, deve-se reconhecer que a cultura refere-se ao conjunto de práticas, crenças, conhecimentos, valores, tradições e modos de viver compartilhados por um grupo social. Sendo assim, a cultura não é algo que se restrinja ao âmbito do indivíduo, mas uma construção social que é transmitida e aprimorada coletivamente. Nesse sentido, a transmissão cultural acontece através da linguagem, que é o principal instrumento de comunicação e de compartilhamento de conhecimento entre os indivíduos.

Além disso, a linguagem é entendida como um sistema de sinais que possibilita a articulação e o compartilhamento do pensamento, permitindo que tradições, histórias e formas de viver sejam perpetuadas dentro do grupo. Por exemplo, ao estudar um texto literário ou histórico, nota-se que a linguagem não só reflete a cultura como também a molda. Dessa forma, a separação entre indivíduo e sociedade não se aplica à cultura, uma vez que ela se manifesta e se perpetua socialmente por meio dos processos comunicativos, sendo a linguagem o veículo fundamental para essa transmissão.

Analisando as alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa C - Certo: Essa alternativa afirma que a cultura é unicamente individual e não se relaciona com a linguagem. Contudo, essa afirmação é equivocada, uma vez que a cultura é um fenômeno coletivo e interligado à linguagem, que é essencial para sua transmissão e manutenção.</li>
 <li>Alternativa E - Errado: Essa alternativa reconhece que a afirmação é incorreta. De fato, a cultura não é algo restrito ao indivíduo, e a linguagem desempenha papel fundamental na formação e transmissão dos valores culturais em um grupo social.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
A alternativa E está correta, pois evidencia que a cultura é um fenômeno coletivo e que possui estreita relação com a linguagem, o que contradiz a proposição do item que a trata como unicamente individual e desvinculada desse meio.

Gabarito: Letra E

A cultura é unicamente individual e não está relacionada à linguagem.


Questões de Português - Verdadeiro ou falso