 Muitos indivíduos visam da segurança de uma escolha e evitam a incerteza de uma decisão.

 A audácia não costuma ser uma característica daqueles que aspiram uma vida segura e previsível.

 Ao tomar decisões, uma pessoa nem sempre obedece a critérios racionais e lógicos.

 Fazer escolhas e tomar decisões são atitudes que decorrem a processos distintos.

 Há pessoas que são pouco ousadas e almejam de uma vida sem sobressaltos.

Nesta questão, o foco é a análise da regência nominal e verbal, isto é, a observância das relações corretas entre os termos da oração, tanto no que se refere a nomes quanto a verbos.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A: "Muitos indivíduos visam da segurança de uma escolha e evitam a incerteza de uma decisão." 
 Aqui, o verbo “visar” é transitivo indireto com a regência adequada “visar a” algo, e não “visar de”. Dessa forma, o uso da preposição “de” torna a frase inadequada em conformidade com a norma-padrão.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa B: "A audácia não costuma ser uma característica daqueles que aspiram uma vida segura e previsível." 
 Apesar da primeira parte da frase estar adequada, o verbo “aspirar” exige a preposição “a”, ou seja, o correto seria “aspiram a uma vida segura e previsível”. Portanto, a regência verbal nesta alternativa está equivocada.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa C: "Ao tomar decisões, uma pessoa nem sempre obedece a critérios racionais e lógicos." 
 Esta alternativa está correta, pois o verbo “obedecer” rege a preposição “a”, conforme o uso padrão: alguém obedece a algo ou a alguém. A estrutura sintática da frase cumpre precisamente essa exigência, estando, portanto, em conformidade com a norma-padrão.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa D: "Fazer escolhas e tomar decisões são atitudes que decorrem a processos distintos." 
 O verbo “decorrem” exige a preposição “de” (“decorrem de processos”), e o uso apenas de “a” está incorreto quanto à regência verbal.</li>
 
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa E: "Há pessoas que são pouco ousadas e almejam de uma vida sem sobressaltos." 
 O verbo “almejar” é transitivo direto, não requerendo preposição; portanto, o correto seria “almejam uma vida sem sobressaltos”, o que mostra que a inserção da preposição “de” nesta frase é inadequada.</li>
</ul>

Alternativa Correta:

A alternativa C é a única em conformidade com as regras de regência verbal e nominal, demonstrando a correta utilização da preposição “a” com o verbo “obedecer”. Assim, a frase “Ao tomar decisões, uma pessoa nem sempre obedece a critérios racionais e lógicos” está escrita de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa.

Gabarito: Letra C

Nesta questão, analisamos a oração “Minha avó tentou me explicar que Jesus não era Deus” com foco na regência verbal do verbo “explicar”. Observa-se que o verbo “explicar” exige a presença de dois complementos: um objeto direto e um objeto indireto. Isso significa que ele demanda, necessariamente, tanto o elemento que representa aquilo que está-a ser explicado quanto o elemento para quem se explica.

No caso em questão, “que Jesus não era Deus” funciona como uma oração subordinada substantiva completiva, cumprindo o papel de objeto direto do verbo “explicar”, pois responde à pergunta “explicar o quê?”. Já o pronome “me” é o objeto indireto, representando a pessoa a quem a explicação foi direcionada, ou seja, o receptor da ação, correspondendo à regra “explicar algo a alguém” (ou “a alguém” representado pelo pronome “me”).

Para exemplificar, considere a frase: “O professor explicou o conteúdo aos alunos”. Aqui, “o conteúdo” é o objeto direto, enquanto “aos alunos” é o objeto indireto. Analogamente, na frase do enunciado, “que Jesus não era Deus” é o conteúdo explicado e “me” designa a pessoa a quem se dirige a explicação. Portanto, a construção “explicar algo para alguém” exige a presença desses dois complementos, reforçando a resposta correta.

Alternativa Correta:
A alternativa B está correta, pois evidencia que o verbo “explicar”, no contexto apresentado, rege um objeto direto (a oração “que Jesus não era Deus”) e um objeto indireto (indicado pelo pronome “me”).

Gabarito: Letra B

<center>O papa vai ao banheiro?</center>
Por Tiago Germano
 No terceiro mês do catecismo, o padre nos deu a chance esperada: depois de doze semanas de aulas e de leituras bíblicas, tão pouco frequentadas quanto pouco entendidas, podíamos perguntar o que quiséssemos.
 Fui o primeiro a erguer o braço. O padre, encanecido, pediu que eu me levantasse. Com a coragem que hoje, nos eventos de que participo, procuro, mas não acho, arranquei do fundo da alma a dúvida atordoante: “Padre, o Papa vai ao banheiro?” 
 A morte de João Paulo II, em meio à comoção mundial gerada pelo seu funeral, em 2005, me trouxe de volta essa lembrança distante. Junto com ela, o medo que eu sentia na infância daquele homem, do quadro que minha avó conservava pendurado ao lado da imagem de Jesus.
 Eu não sabia a diferença entre Jesus e Deus. Minha avó tentou me explicar que Jesus não era Deus, mas que também podia ser.
Que foi humano por 33 anos, mas que depois que morreu virou uma pomba. Nesse dia, descobri que o Papa tinha um papamóvel (o que fazia dele quase um herói de história em quadrinho) e que, se o Papa comia, ele também tinha que ir obrigatoriamente ao banheiro. A minha avó só não conseguiu me esclarecer por que João Paulo II lia os discursos tão devagar, como se não tivesse passado da alfabetização, ele que, segundo ela, era um dos homens mais inteligentes do mundo, sabia todas as línguas faladas por todos os povos.
Na verdade, continuei com um medo brutal do Papa. Todos choravam quando se aproximavam dele.
 Nunca imaginei, por exemplo, o Papa jovem, até que vi uma foto dele um pouco mais novo do que eu era naquela época.
Careca, como sempre. Branco, como sempre. Mas humano, sem a aura de santidade que tanto me assombrava. Décadas depois, quando o vi ali, morto, estendido aos olhos da multidão, compreendi que a humanidade do Papa estava muito além das minhas cogitações infantis.
 Ainda hoje me pego imaginando o Papa no banheiro, as vestes santas despidas do corpo enorme, e rio o riso proibido do catecismo. A última imagem que guardarei do Papa João Paulo II, o único e verdadeiro Papa da minha geração, é a de sua dor, que o igualou a cada ser humano neste planeta. Uma dor como a de Jesus, que era humano mas que também era Deus. E que talvez também fosse ao banheiro, mas só de vez em quando.

Análise Geral:

Nesta questão, a análise está centrada na regência verbal e nominal. Devemos analisar cada lacuna, considerando as normas da língua portuguesa quanto à preposição correta a ser empregada, tanto em verbos quanto em nomes que exigem regência própria.

Primeira Lacuna: O verbo “ir” exige a preposição “a”. Como o substantivo “estádio” está determinado pelo artigo “o”, forma-se a contração “a + o” que resulta em “ao”. Assim, “fomos ao estádio” é a forma corretamente regida.

Segunda Lacuna: O verbo “assistir”, no sentido de “ver” ou “presenciar”, rege-se pela preposição “a”. Portanto, “assistir a um jogo” está em conformidade com a norma padrão.

Terceira Lacuna: Ao indicar oposição entre times, a preposição “contra” é a mais adequada. Dizemos “um jogo de futebol do nosso time contra o time da casa”, pois “contra” indica oposição ou adversidade.

Quarta Lacuna: No caso do substantivo “homenagem”, a norma culta admite a regência com a preposição “a” – “fazer homenagem a alguém”. Contudo, o uso de “para” é também largamente difundido e tem encontrado espaço em diversas publicações, especialmente quando a intenção é enfatizar a destinação da homenagem. Assim, “fizeram uma homenagem para o maior jogador da história do clube” é considerado aceitável no contexto da questão.

Dessa forma, a alternativa que melhor preenche as lacunas, respeitando a regência verbal e nominal, é a que apresenta “ao” (resultante da contração “a + o”) para “estádio”, “a” para “assistir”, “contra” para diferenciar os times e “para” na homenagem, conforme a proposta da banca.

Alternativa Correta:

A alternativa E preenche corretamente as lacunas, pois “fomos ao estádio assistir a um jogo de futebol do nosso time contra o time da casa. Durante o intervalo fizeram uma homenagem para o maior jogador da história do clube.”

Gabarito: Letra E

Nesta questão, o candidato deve aplicar seus conhecimentos sobre regência nominal e verbal para preencher corretamente as lacunas segundo a norma culta da Língua Portuguesa. Analisemos detalhadamente as escolhas de cada alternativa para justificar a correção da opção C.

Primeira lacuna: "A professora propôs um desafio _______ todos os alunos de Pedagogia." O verbo "propor" exige a preposição “a” para indicar o destinatário da proposta, ou seja, "propor a alguém". Assim, “a” é a escolha correta.

Segunda lacuna: "Eles teriam que fazer uma escolha ________ cinco temas importantes ______ a prática docente." Aqui, o substantivo “escolha” admite a regência com a preposição “entre” quando envolve alternativas, ou seja, “fazer uma escolha entre…” é a forma adequada. Dessa forma, “entre” é a preposição correta para a segunda lacuna.

Terceira lacuna: "cinco temas importantes ______ a prática docente." Neste contexto, o adjetivo "importante" estabelece uma relação de finalidade ou explicitação, e o uso da preposição “para” indica a função ou destinação. Assim, “para” preenche de forma correta a terceira lacuna, mostrando que os temas são significativos no âmbito da prática docente.

Quarta lacuna: "Por fim, teriam que elaborar uma pesquisa _______ o tema escolhido." Em relação ao substantivo “pesquisa”, a preposição “sobre” é a mais empregada para indicar o objeto de estudo, isto é, "pesquisa sobre o tema". Portanto, “sobre” é a preposição correta para a quarta lacuna.

Vamos analisar brevemente as demais alternativas para demonstrar a inadequação: na alternativa A, por exemplo, “com” na primeira lacuna não atende à regência do verbo "propor"; na alternativa B, o uso de “em” após “escolha” não condiz com a estrutura idiomática; na alternativa D, “de” na primeira lacuna e “em” na quarta lacuna não estabelecem as conexões exigidas; e na alternativa E, “para” na primeira lacuna não se adequa ao verbo "propor".

A alternativa C, por sua vez, reúne as preposições que estabelecem relações coerentes e concordantes com os usos normativos: "a" para o destinatário do desafio, "entre" para marcar a escolha entre opções, "para" indicando finalidade na relação dos temas com a prática docente, e "sobre" para indicar o objeto da pesquisa. Dessa forma, a alternativa C é a que melhor preenche as lacunas conforme a regência nominal e verbal estabelecida na norma culta.

Gabarito: Letra C

Análise Geral:

Nesta questão, o candidato deve identificar expressões equivalentes que respeitem a norma-padrão de regência nominal e verbal. Observa-se que o primeiro trecho “se protegeram contra a ameaça” implica uma ideia de enfrentamento ou oposição à ameaça de predação e à escassez de recursos. No segundo trecho “falamos de solitude”, o objetivo é indicar que, ao tratar de solitude, estamos atribuindo um caráter definido ou de diferenciação em relação à solidão.

Análise das Alternativas:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa A: “se impuseram sobre a; nos referimos de”. Nesta opção, “se impuseram sobre a” não é uma forma comum de indicar proteção ou enfrentamento na norma padrão, e “nos referimos de” incorre em erro ao utilizar a preposição “de” em vez de “a”, além de não possuir equivalência com “falamos de”.</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa B: “se defenderam pela; fazemos menção à”. Embora “se defenderam pela” possa ser aceitável, ainda não capta plenamente a ideia de “fazer frente à” uma ameaça. “Fazemos menção à” é adequado e formal, mas não estabelece a definição de solitude, como se espera no contexto do segundo trecho.</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa C: “se livraram com a; caracterizamos em”. A locução “se livraram com a” não corresponde à ideia de proteção, pois “se livrar” implica desfaçate ou eliminação, não a proteção ou enfrentamento. Além disso, “caracterizamos em” não é a preposição adequada para o sentido pretendido.</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa D: “tomaram cuidado à; traduzimos por”. “Tomaram cuidado à” não é correto em termos de regência, pois o verbo “tomar” neste sentido exige outras estruturas, e “traduzimos por” não é uma equivalência que se aplica à definição abordada no segundo trecho, entretanto, “fazer frente a” seria o preferível para expressar a ideia de enfrentar a ameaça.</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">Alternativa E: “fizeram frente à; definimos como”. Na primeira parte, “fizeram frente à ameaça” é uma locução verbal que significa “enfrentaram a ameaça”, sendo uma substituição válida para “se protegeram contra a ameaça”. No segundo trecho, “definimos como solitude” é uma forma correta de estabelecer a ideia de que há, em certos contextos, uma definição clara de solitude, diferenciando-a da solidão prejudicial.</li>
</ul>

Alternativa Correta:
A alternativa E está correta porque emprega locuções que mantêm a integridade e o sentido original dos trechos, adaptando-os à norma-padrão. “Fizeram frente à” é uma expressão consolidada para indicar o enfrentamento de uma ameaça, e “definimos como” confere a ideia de uma definição que diferencia a solitude da solidão nociva. Assim, ambas as substituições dizem respeito à mesma ideia transmitida nos textos reescritos, sem prejuízo da clareza e precisão exigidas nas redações formais.

Gabarito: Letra E

    Para Vivek Murthy, cirurgião-geral e principal autoridade de saúde pública dos EUA, “a teoria evolutiva da solidão de John Cacioppo* está enraizada na observação de que os humanos sobreviveram como espécie não porque temos vantagens físicas como tamanho, força ou velocidade, mas por causa de nossa capacidade de nos conectar em grupos sociais”.
    Essa teoria define a solidão como um estímulo para uma necessidade básica: a de nos conectar. “Assim temos uma maior chance de adaptação ao nosso ambiente”, defendeu o psiquiatra Thyago Antonelli-Salgado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
    “Se pensarmos nos primatas, humanos e não-humanos, com um comportamento de grupo, eles se protegeram contra a ameaça de predação, a escassez de recursos, e, assim, houve uma seleção natural desses indivíduos”, explicou.
    Hoje, todavia, segundo os especialistas, a solidão é mais prevalente e intensa do que nunca e se configura como um grave problema de saúde pública. Em relatório de 2023, Murthy destaca que essa condição está associada a um risco maior de doença cardiovascular, demência, AVC, depressão, ansiedade e morte prematura. “O impacto de estar socialmente desconectado na mortalidade é semelhante ao causado por fumar até 15 cigarros por dia.” 
    Por enquanto, as principais evidências não são capazes de cravar essa relação de causa e efeito. De qualquer forma, o crescente arcabouço científico tem deixado países em alerta. O Japão criou um “Ministério da Solidão”, e, no Reino Unido, uma secretária foi nomeada para combatê-la.
    O ponto chave que envolve a solidão é o sofrimento.
Entretanto a redução de interações pode ser feita com um objetivo maior, como autoconhecimento ou necessidade profissional (escrever um livro, por exemplo), não estando, portanto, associada a alguma repercussão negativa. Nesse caso, falamos de solitude.
    Antonelli-Salgado aponta que a solidão não pode ser tema abordado apenas na velhice. A importância da conexão social precisa ser ensinada desde cedo. “Muitas vezes, a gente ensina às crianças que, mesmo sem fome, é importante comer para crescer forte. É preciso tomar água para se hidratar. Mas não falamos sobre a importância de ter boas conexões sociais para que haja uma maior qualidade de vida.” Para ele, bons vínculos têm a ver com profundidade, com estabelecer efetivas relações sociais e pensar que elas são sempre uma troca.


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