Texto CG1A1-II  

    O ordenamento jurídico pátrio, embasado pela Constituição Federal de 1988, apresenta capítulo próprio para a defesa do meio ambiente — algo que nunca havia ocorrido antes na história das constituições brasileiras. O artigo 225 da Carta Magna transmite a ideia da imprescindibilidade de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, criando o dever, tanto para o poder público quanto para a coletividade, de sua preservação. Esse comando é subjacente a todas as relações da República, sejam elas travadas sob a ordem econômico-financeira, sejam elas derivadas da gestão de direitos e garantias individuais e coletivos. Ou seja, tudo deverá passar pelo crivo do meio ambiente sadio e equilibrado para a presente e as futuras gerações.
 
    O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, aduziu a interpretação de que o meio ambiente ecologicamente equilibrado inscrito na Carta Cidadã faz parte do rol de cláusulas pétreas, mas, por não estar contido no parágrafo 4.º do artigo 60, é tido como uma cláusula pétrea heterotópica, pela sua posição topográfica em outro capítulo. Diante disso, consagra-se que toda atividade passível de gerar impacto no meio ambiente deverá ser bem discutida, de modo a evitar quaisquer interferências negativas ao equilíbrio ambiental. Além disso, inúmeros princípios foram pulverizados nas legislações esparsas que dão supedâneo ao compromisso inarredável de um meio ambiente livre e contínuo em sua função.
 
    Mais recentemente, o legislador ordinário, na esteira da campanha internacional para com os cuidados do meio ambiente e dos animais, acrescentou novos parágrafos ao art. 32 da Lei n.º 9.605/1998 (que dispõe sobre penalidades às ações lesivas ao meio ambiente), por meio da Lei n.º 14.064/2020. Com isso, trouxe o aumento de pena para os atos de maus-tratos, ferimentos, mutilações, entre outros, contra cães e gatos. Uma inovação na matéria, pois confere proteção específica, de forma exclusiva e precisa, a dois animais domesticáveis que fazem parte da convivência de uma grande parcela do povo brasileiro.
 
    Primeiramente, é imprescindível analisar tal sanção no que se refere aos animais silvestres, domésticos ou domesticados (da nossa fauna ou de outros países, mas que aqui se encontrem), sem a especificação de nenhuma espécie, nenhum epíteto. Ora, a pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa. No entanto, com o parágrafo 1.º-A, há uma rotação inevitável de aumento de pena para tais condutas quando estas forem desferidas contra cães e gatos, e uma sanção de reclusão, de dois anos a cinco anos, multa e proibição da guarda. Certamente, trata-se de situação peculiar e que traz implicâncias de várias searas ao ordenamento jurídico.


Julgue o seguinte item, que se referem a aspectos linguísticos do texto CG1A1-II.


No primeiro período do último parágrafo, a expressão “nenhum epíteto” reforça a ideia do termo “nenhuma espécie”, visto que ambos apresentam o mesmo sentido no texto.


 Páris, podendo escolher capacidades que lhe garantiriam várias mulheres, opta por ter apenas uma.

 Eu concordo sempre, pois também conheço as armadilhas que as palavras montam.

 Por exemplo, quando digo que determinado acontecimento foi auspicioso, estou a falar em pássaros.

Opa, vamos dar aquela mergulhada nesse negócio de sentido conotativo e denotativo. Primeiramente, é bom saber a diferença entre esses dois, né? Sentido denotativo é o literal, o básico do dicionário. Já o sentido conotativo, esse sim, é o figurativo, cheio de subentendidos e interpretações.

 

Olhando a questão e as alternativas:
<ul>
<li>A) "Para a mais bela da festa." - Aqui temos um uso bem retão, bem literal mesmo.</li>
<li>B) "Páris, podendo escolher capacidades que lhe garantiriam várias mulheres, opta por ter apenas uma." - Também está no literal, contando o que Páris decidiu fazer, sem metáforas ou simbolismos.</li>
<li>D) "Por exemplo, quando digo que determinado acontecimento foi auspicioso, estou a falar em pássaros." - Essa até parece que flerta com o sentido figurado, mas o texto já explica que está se referindo ao sentido literal de 'auspício', que é olhar os pássaros mesmo.</li>
</ul>

 

Agora, com a alternativa C) "Eu concordo sempre, pois também conheço as armadilhas que as palavras montam." - Aqui sim, temos aquele saborzinho conotativo! "Armadilhas que as palavras montam" está usando "armadilhas" de uma maneira figurada, sugerindo que as palavras podem ser enganosas ou confusas, o que não é um sentido literal de "armar uma armadilha". Então, essa fala tá embarcando numa viagem figurada sobre como as palavras podem ser traiçoeiras.

 

A alternativa correta é C.

    Quando alguém lhe disser que você não sabe o que diz, o melhor é concordar. Eu concordo sempre, pois também conheço as armadilhas que as palavras montam.

    Por exemplo, quando digo que determinado acontecimento foi auspicioso, estou a falar em pássaros. A palavra auspício vem da expressão latina “avis spicium”, ou seja, contemplar as aves, por causa de um antigo método de prever o futuro. Se digo que montei um alarme residencial, revelo o meu caráter belicista, pois a palavra alarme deriva da locução italiana “all’arme”, que é um apelo às armas.

    A expressão que, sem o sabermos, mais nos ensina é o “pomo da discórdia”. Quando descobri que a palavra pomo designa um fruto, a minha vida mudou. Nos restaurantes, na hora da sobremesa, pergunto sempre se há pomos. Os empregados, em regra, ficam alarmados. O que não auspicia nada de bom para a minha refeição.

    O “pomo da discórdia” original era uma maçã. Eris, a deusa da discórdia, não foi convidada para o casamento de Peleu e Tétis. Mesmo assim, apareceu na boda e deixou uma maçã de ouro com uma nota: “Para a mais bela da festa”.

    As deusas Hera, Atena e Afrodite pediram a Zeus que decidisse qual delas era a mais bela. Zeus entregou a missão a Páris. Para convencer Páris a dar-lhe o prêmio, cada deusa prometeu-lhe um presente. Hera disse que o faria rei da Europa e da Ásia, Atena ofereceu-lhe sabedoria, e Afrodite jurou entregar-lhe o amor de Helena de Troia.

    Páris deu a vitória a Afrodite, seduziu Helena e deu origem a uma guerra de dez anos. É uma história estranha por várias razões: não ser convidado para casamento é uma benção e, no entanto, Eris ficou magoada; três deusas competem por uma maçã de ouro, uma peça de decoração brega que não fica bem em casa nenhuma. Zeus, mesmo sendo o todo-poderoso, sabe que não é prudente ser jurado em concursos de beleza. Páris, podendo escolher capacidades que lhe garantiriam várias mulheres, opta por ter apenas uma.

    Pessoalmente, discordo do pomo da discórdia.


 Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal para minha saúde.

 Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois eu rejuvenesço uns cinco anos.

 Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.

Vamos esmiuçar essa questão de sentido denotativo e conotativo, que é algo que pode confundir bastante gente. A diferença entre esses dois sentidos é o que pode transformar uma frase simples em uma expressão cheia de significados mais profundos.

 

No trecho da alternativa A—"Acho a maior graça"—a expressão "a maior graça" poderia ser entendida em um sentido figurado, indicando que o autor acha algo muito engraçado ou até irônico. No entanto, há uma alternativa que exemplifica melhor o uso do sentido conotativo.

 

Na alternativa C, "Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois eu rejuvenesço uns cinco anos", o uso da palavra "rejuvenesço" é claramente em sentido figurado. O narrador não rejuvenesce literalmente cinco anos após viajar; essa é uma forma expressiva de dizer que ele se sente mais jovem, revigorado. É um exemplo clássico de como a conotação pode adicionar uma camada de significado que vai além do literal.

 

As outras alternativas, como a B e D, são mais diretas e usam palavras em seus sentidos literais, denotativos. Não há um uso de linguagem que sugira significados além do que está sendo diretamente comunicado.

 

A alternativa correta é C.

    Cada semana, uma novidade. A última foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância etc. Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

    Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal para minha saúde.  Prazer faz muito bem. Ler um bom livro faz eu me sentir novo em folha.

    Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois eu rejuvenesço uns cinco anos.

    Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago. Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.

    Tomo pouca água, bebo mais que um cálice de vinho por dia, faz dois meses que não piso na academia, mas tenho dormido bem, trabalhado bastante, encontrado meus amigos, ido ao cinema e confiado que tudo isso pode me levar a uma idade avançada.

    Sonhar é melhor do que nada.


 A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.

 E daí, o que elas farão se já não têm porque se desesperar? 

 Tudo que é mais difícil é mais gostoso.

 É bem comum gente que fica perdida quando acabam os problemas.

Salve, galera! Vamos destrinchar essa questão de sentido denotativo e conotativo. Primeiro, bora entender o que são esses dois danados: sentido denotativo é o uso de uma palavra no seu sentido literal, básico. Já o sentido conotativo é aquele sentido maisa figurativo, quando a palavra é usada em um contexto que transcende seu significado original, meio que metaforizando a parada toda.

 

Na alternativa (A), a frase "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios" usa "peça de teatro" de modo figurado. Não está dizendo que a vida é literalmente um espetáculo teatral, mas sugere que a vida é algo que deve ser vivido sem a possibilidade de ensaio, ou seja, sem a chance de testar antes de viver de verdade. Isso é um exemplo clássico de metáfora, uma figura de linguagem bastante usada para dar um toque poético ou enfático ao discurso.

 

Olhando as outras alternativas, elas usam as palavras em seus sentidos mais literais ou normais, sem essa vibe metafórica ou figurada que a alternativa (A) esbanja.

 

Portanto, falando de maneira descontraída mas certeira, a alternativa correta é A.

    Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. A vida já é um caos, e por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins. No dia a dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos, e de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse.

    Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente é ele, pobre dele! Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e ponto. Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselhos para tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça? 

    Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor ideia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema? É bem comum gente que fica perdida quando acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm porque se desesperar? Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo.
Você quer? Espero que não. Tudo o que é mais difícil é mais gostoso, mas ... a realidade já é dura, piora se for densa. Dura, densa e bem ruim.

    Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir ... Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração! Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora? A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso, cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche.


 Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos.

Olá! Vamos mergulhar no universo das palavras e seus múltiplos significados! A questão apresentada aqui aborda uma característica super interessante da nossa língua: o uso de palavras em sentido figurado, também conhecido como sentido conotativo.

 

A alternativa correta, letra A, contém a expressão "faxina mental", que é um exemplo clássico de uso figurado da palavra. Enquanto "faxina" denotativamente se refere à ação de limpar fisicamente um espaço, como uma casa ou escritório, a expressão "faxina mental" transborda para o sentido figurado, significando um processo de limpeza ou organização dos pensamentos, emoções ou memórias, o que não envolve uma limpeza física real.

 

As outras alternativas não apresentam essa mesma riqueza conotativa em suas expressões. Por exemplo, a alternativa B - "Queira coisas boas para a vida" - usa palavras em seus significados literais ou denotativos, assim como as alternativas C e D, que usam frases que implicam significados mais diretos e concretos, sem subentendidos figurados.

 

Entender essa diferença é essencial não só para abordagens acadêmicas, mas também para interpretar corretamente textos em nossa vida cotidiana, onde o sentido figurado frequentemente enriquece a linguagem e transmite nuances mais profundas.

 

A alternativa correta é A.

    Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e, o mais importante, acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.

     Sentiu-se só por diversas vezes? É porque fechaste a porta até para os anjos. Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora. Pois é … agora é hora de reiniciar, de pensar na luz, de encontrar prazer nas coisas simples de novo. Um corte de cabelo arrojado diferente, um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar ou qualquer outra coisa. Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando … 

    Onde você quer chegar? Alto? Sonhe alto! Queira o melhor do melhor. Queira coisas boas para a vida. Pensando assim, trazemos para nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos. Já se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida. E é hoje o dia da faxina mental.


Questões de Português - Semântica - Sentido denotativo e conotativo