	 o “homem que estava à porta de uma loja” viu e compreendeu o que, de fato, estava acontecendo ali.

	 o personagem Honório sentiu vergonha por ser pego fazendo o que sua consciência condenava.

	 Honório envergonhava-se diante de um estranho pelas dívidas excessivas que havia contraído.

	 o personagem Honório envergonhava-se por ter sido tão descuidado com a carteira.

	 o fato de ter sido abordado por um estranho envergonhou o tímido Honório.

Na passagem escolhida de Machado de Assis, o uso do adjetivo "envergonhado" é um indicativo incontestável das emoções do personagem Honório no momento em que ele é observado apanhando a carteira. O adjetivo revela que Honório sente vergonha, mas o contexto é fundamental para entendermos por que essa emoção aflora.

 

Na cena, Honório, aparentemente, se sente envergonhado porque o homem na porta da loja, ao testemunhar o ato, faz um comentário irônico insinuando que Honório poderia perdê-la se não desse por achada. Isso cria uma situação delicada para Honório, porque ele está realizando uma ação moralmente questionável: pegar uma carteira que, presumivelmente, não lhe pertence. O adjetivo "envergonhado" funciona, aqui, para descrever a reação de Honório à sua própria desonestidade presenciada por outro.

 

As outras alternativas tentam trazer explicações alternativas para o uso do termo "envergonhado", mas redirecionam o foco da questão central, que é a consciência perturbada de Honório ao ser pego em flagrante. As sugestões de que Honório se envergonha por dívidas ou por ser abordado são interpretações que direcionam para outras áreas que não estão suficientemente apontadas pelo texto em análise.

 

A alternativa correta é B.

	 ...DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
 	 — Olhe, se não dá por ela; perdia-a de vez.
	 — É verdade, concordou Honório envergonhado.
	 Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores.
Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem. 



Vamos destrinchar cada uma das proposições apresentadas na questão para entender a resposta correta. A primeira coisa é captar a vibe das palavras como simulacro e empírico. Saca só:

 
A proposição I afirma que a palavra "simulacro" foi usada para aumentar a sensação de disputa. Mas, na verdade, simulacro no contexto do texto está se referindo à representação distorcida das palavras de um lado pelo outro, não necessariamente potencializando um sentido de disputa, mas evidenciando uma compreensão equivocada. Logo, essa proposição I é falsa.

 
A proposição II menciona que o título "Diálogo de Surdos" é explicado logo no comecinho do texto com a expressão "situacões em que dois lados... falam e ninguém se entende". Essa proposição captura bem o espírito do título e como ele é retomado e explicado no texto. Então, proposição II: verdadeira.

 
Na proposição III, está escrito que os parênteses no texto são usados para garantir o entendimento, adicionando explicações. O papel dos parênteses pode variar: em alguns casos, realmente esclarecem o conteúdo; em outros, podem ser usados para incluir informações adicionais que não são cruciais para o entendimento básico. A afirmação generaliza o uso dos parênteses no texto, que pode não necessariamente buscar apenas assegurar entendimento. Portanto, a proposição III é arriscada e considerada falsa.

 
Quanto à proposição IV, ela fala sobre a palavra "empírico", mencionando que ela modifica "tratamento" para indicar algo "baseado na experiência" ou "prático", o que está totalmente correto. Quando falamos em um "tratamento empírico", estamos nos referindo a métodos baseados em experiências práticas ao invés de teorias. Assim, proposição IV acertou em cheio no uso do termo "empírico" e é verdadeira.

 
Portanto, ao confrontar as proposições com a análise, vemos que apenas a II e a IV são corretas, o que encaixa com a alternativa C. 

 
A alternativa correta é C.

Sírio PossentiDepartamento de LinguísticaUniversidade Estadual de Campinas

 A expressão corrente trata de situações em que dois lados (ou mais) falam e ninguém se entende. Na verdade, esta é uma visão um pouco simplificada das coisas. De fato, quando dois lados polemizam, dificilmente olham para as mesmas coisas (ou para as mesmas palavras). Cada lado interpreta o outro de uma forma que este acha estranha e vice-versa.

 Dominique Maingueneau (em Gênese dos discursos, São Paulo, Parábola) deu tratamento teórico à questão (um tratamento empírico pode ser encontrado em muitos espaços, quase diariamente). [...] 

 Suponhamos dois discursos, A e B. Se polemizam, B nunca diz que A diz A, mas que diz “nãoB”. E vice-versa.
O interessante é que nunca se encontra “nãoB” no discurso de A, sempre se encontra A; mas B não “pode” ver isso, porque trairia sua identidade doutrinária, ideológica.

 Um bom exemplo é o que acontece frequentemente no debate sobre variedades do português.
Se um linguista diz que não há “erro” em uma fala popular, como em “as elite” (que a elite escreve burramente “a zelite”, quando deveria escrever “as elite”), seus opositores não dirão que os linguistas descrevem o fato como uma variante, mostrando que segue uma regra, mas que “aceitam tudo”, que “aceitam o erro”. O simulacro consiste no fato de que as palavras dos oponentes não são as dos linguistas (não cabe discutir quem tem razão, mas verificar que os dois não se entendem).

 Uma variante da incompreensão é que cada lado fala de coisas diferentes.

 Atualmente, há uma polêmica sobre se há golpe ou não há golpe. Simplificando um pouco, os que dizem que há golpe se apegam ao fato de que os dois crimes atribuídos à presidenta não seriam crimes. Os que acham que não há golpe dizem que o processo está seguindo as regras definidas pelo Supremo.

 Um bom sintoma é a pergunta recorrente feita aos ministros do Supremo pelos repórteres: a pergunta não é “a pedalada é um crime?” (uma questão mérito), mas “impeachment é golpe?”. Esta pergunta permite que o ministro responda que não, pois o impedimento está previsto na Constituição.

 Juca Kfouri fez uma boa comparação com futebol: a expulsão de um jogador, ou o pênalti, está prevista(o), o que não significa que qualquer expulsão é justa ou que toda falta é pênalti...

 A teoria de Maingueneau joga água na fervura dos que acreditam que a humanidade pode se entender (o que faltaria é adotar uma língua comum, quem sabe o esperanto). Ledo engano: as pessoas não se entendem é falando a mesma língua.

 Até hoje, ninguém venceu uma disputa intelectual (ideológica) no debate. Quando venceu, foi com o exército, com a maioria dos eleitores ou dos... deputados.

 O chefe disse palavras ásperas ao funcionário.

 O granito da pia da cozinha estava áspero.

 O asfalto tem uma superfície muito áspera.

Olá! Vamos entender essa questão sobre sentido conotativo e denotativo. Primeiramente, o sentido denotativo é o significado literal de uma palavra, enquanto o sentido conotativo é a utilização da palavra em um sentido figurado, muitas vezes relacionando-se com aspectos emocionais ou simbólicos.

 

Agora, vamos analisar as alternativas uma a uma para identificar a resposta correta:

<ul>
<li>A) O chefe disse palavras ásperas ao funcionário. - Aqui, "ásperas" é usado de maneira figurada para indicar que as palavras eram duras ou rudes, mas não literalmente ásperas ao toque, indicando um uso conotativo.</li>

 

<li>B) Ficou áspera a pintura da parede. - Neste caso, "áspera" é usada no sentido literal, ou seja, a textura da pintura é realmente áspera ao toque. Isso é denotativo.</li>

 

<li>C) O granito da pia da cozinha estava áspero. - Similarmente, "áspero" se refere à textura física do granito, um uso denotativo.</li>

 

<li>D) O asfalto tem uma superfície muito áspera. - Mais uma vez, "áspera" descreve a característica física do asfalto, sendo também denotativo.</li>

 

<li>E) O trabalhador tinha mãos ásperas. - Aqui, "ásperas" poderia potencialmente ser conotativo, dependendo do contexto, mas geralmente seria entendido como denotativo, referindo-se à textura das mãos do trabalhador devido ao trabalho físico.</li>
</ul>

 

Portanto, a alternativa A), que descreve as palavras do chefe como "ásperas" em um sentido figurado, é claramente a que apresenta linguagem conotativa.

 

A alternativa correta é A.

 Ninguém se mexeu e, repito, ninguém piou.

 E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor por trás dos bigodões… 

 O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes.

 Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens se arremessavam.

Em "a": Errado – A sentença "ninguém piou" está em sentido figurado. Em "b": Errado – Há indícios de linguagem figurada em "luso condutor". Em "c": Errado – Em "ônibus estava vibrante", há aí linguagem figurada. Em "d": Errado – Em "tomar o bonde", há indícios de linguagem figurada. Em "e": Certo – Em "subitamente", há apenas um advérbio de modo, e não uma linguagem figurada. Resposta: Letra E.

Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem, dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já está paga!”.

 E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé, num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente, o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.

 O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e, repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo. Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.

(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.

 Honda! Agora a nova onda se escreve com H.

 Não fique aí parado! Vá hoje mesmo à liquidação das Casas Bahia.

 Se um danoninho vale um bifinho, um bifinho vale um danoninho.

A matéria de Português na questão da banca FUNRIO envolve entender a diferença entre sentido denotativo, que é o sentido direto e comum das palavras, e conotativo, que implica um sentido figurado, muitas vezes usado para criar um efeito poético, emotivo ou persuasivo.
 
Nas opções apresentadas, temos diversos exemplos de como as mensagens publicitárias utilizam a linguagem para captar a atenção do público:
 
<ul>
<li>A) "Grapete: quem bebe repete." - Utiliza uma rima, mas mantém um sentido mais literal, indicando que quem bebe gosta e repete o consumo.</li>
<li>B) "Honda! Agora a nova onda se escreve com H." - Essa opção usa um jogo de palavras entre "onda" e "Honda", atribuindo a ideia de “onda” (algo moderno ou em voga) à marca de automóveis, criando um significado figurado.</li>
<li>C) "Não fique aí parado! Vá hoje mesmo à liquidação das Casas Bahia." - É um imperativo básico para ação, sem elementos figurados ou duplos sentidos.</li>
<li>D) "Se um danoninho vale um bifinho, um bifinho vale um danoninho." - Apesar de parecer uma troca de equivalências, continua em um campo mais literal de comparação de valor nutricional.</li>
<li>E) "Viaje bem! Viaje Varig!" - É uma simples expressão de desejo bem-estar ao viajar com a companhia, sem uso conotativo.</li>
</ul>
 
Assim, a alternativa que claramente utiliza palavras em sentido conotativo, jogando com os significados para além de seus sentidos diretos, é a alternativa B. A expressão “a nova onda se escreve com H” alude a algo mais do que apenas a marca "Honda"; promove a marca como algo inovador e atraente usando a palavra "onda" de maneira figurada.
 
A alternativa correta é B.

Questões de Português - Semântica - Sentido denotativo e conotativo