 Para quem é pouca coisa, basta-lhe pouca coisa;

 Convicções são mais perigosas para a verdade do que as mentiras;

 A ironia é uma tristeza que não pode chorar e rir;

 O covarde e o corajoso mostram o seu medo;

 Eu achei que estava errado uma vez, e estava mesmo errado.

A resposta a esta questão é a alternativa (E), visto que não fica explícito se ele achou uma vez que estava errado ou se ele achou que só errou uma vez. As demais alternativas não respondem à questão por não possuírem ambiguidade na interpretação de suas afirmações. Em (A), pouca coisa para quem se acha pouco não gera duplo sentido. Em (B) também não há ambiguidade porque as convicções são certezas, enquanto as mentiras são objetos nitidamente contestáveis. Em (C), temos uma definição para ironia, que apesar de abstrata não gera ambiguidade. Por fim, não pode ser (D), porque nessa afirmação temos o medo sendo mostrado por dois sujeitos, e não há ambiguidade na interpretação desta afirmação.

E aí, como estamos? Vamos destrinchar essa questão. 
 
A palavra "brincadeira" no texto é realmente um elemento chave, mais contextual que parece. O autor usa essa palavra para se referir, sim, aos trabalhos da "Assembleia Constituinte". Mas vamos entender o contexto. 
 
A escolha da palavra "brincadeira" carrega uma clara intenção irônica e jocosa. Isso porque ao contexto aponta para um tom menos sério com que a assembleia foi tratada por D. Pedro, o que fica evidente quando o autor segue dizendo que D. Pedro "encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo Estado". Aqui, fica implícito que D. Pedro percebeu as tentativas da Assembleia Constituinte como uma espécie de jogo ou uma atuação não séria, tanto que decidiu tomar uma atitude radical ao aboli-la e impor a sua própria Constituição. 
 
Então sim, quando o uso de "brincadeira" aqui não é só uma escolha de dicionário, mas uma maneira intensificada de exprimir como o protagonista da história via as ações da Assembleia Constituinte: com desdém e como se não fossem genuínas ou merecedoras de sua paciência e respeito. 
 
alternativa correta é C.

O vocábulo “brincadeira” (l.6) é utilizado pelo autor para se referir, de forma jocosa, aos trabalhos da “Assembleia Constituinte” dissolvida por D. Pedro.

    Em episódio que não sei mais se se estuda na História
do Brasil, pois nem mesmo sei se ainda se estuda História do
Brasil, nos contavam, às vezes com admiração, que D. Pedro,
o da Independência, irritado com a primeira Assembleia
Constituinte brasileira, por ele considerada folgada e ousada,
encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo
Estado. Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas
vejo aí um momento exemplar da tradição de encarar o Estado
(que, na conversa, chamamos de “governo”) como nosso
mestre e os nossos direitos como por ele dadivados. Os
governantes não são mandatários ou representantes nossos, mas
patrões ou chefes.
    Claro, há muito que discutir sobre o conceito de
praticamente cada palavra que vou usar — isto sempre, de
alguma forma, é possível —, mas vamos fingir que existe
consenso sobre elas, não há de fazer muito mal agora. Nunca,
de fato, tivemos democracia. E a República não trouxe
nenhuma mudança efetivamente básica para o povo brasileiro,
nenhuma revolução ou movimento o fez. Tudo continua como
era dantes, só que os defeitos, digamos, de fábrica, vão
piorando com o tempo e ficam cada vez mais difíceis de
consertar. Alguns, na minha lúgubre opinião, jamais terão
reparo, até porque a Humanidade, pelo menos como a
conhecemos, deve acabar antes.


Em relação ao trecho acima reproduzido, julgue o item que se segue.


Olha só, a questão pede algo bem específico: analisar a escolha verbal no início do texto e como isso impacta a representação do personagem. 
 
Ao observar o texto, a gente nota que nas duas primeiras frases, "Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços" e "sobre a palhinha dura a capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho", realmente há uma escassez de verbos. A única forma verbal usada é "é levado", que está na voz passiva. Essa construção na voz passiva não especifica quem está realizando a ação, colocando o foco totalmente no personagem que está sendo movimentado, não em quem o move. 
 
A passividade reforça uma sensação de imobilidade e até de impotência, já que o sujeito não está ativamente envolvido na ação — ele está apenas recebendo a ação de ser movido. Além disso, a descrição dos elementos ao redor dele, como a "capa de plástico" e a "manta xadrez no joelho", carrega um ar de fragilidade e dependência, completando essa imagem de uma pessoa que não tem controle ou autonomia sobre sua situação. 
 
Portanto, o uso restrito de verbos e a escolha pela voz passiva realmente destacam a fragilidade e a imobilidade do personagem, que é dependente dos cuidados de outros. Isso faz com que a afirmação do enunciado esteja correta. 
 
A alternativa correta é C.

A escassez de verbos nas duas primeiras frases do texto e o uso de forma verbal na voz passiva realçam a situação de imobilidade e fragilidade do personagem em foco.


Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de
braços — sobre a palhinha dura a capa de plástico e, apesar do
calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída no peito, um fio de
baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra, um
cacho dourado de giesta e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do
chorão faiscando — verde, verde! Primeira vez depois do
insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não
barata leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das
folhas na cabecinha trêmula, adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela. Prendeu o Nero? Rebenta com
fúria o temporal. Aos trancos João ergue o rosto, a chuva
escorre na boca torta. Revira em agonia o olho vermelho — é
uma coisa, que a família esquece na confusão de recolher a
roupa e fechar as janelas?

Em relação ao texto acima, julgue o item a seguir.


Ah, então você está de olho nessa questão complicadinha, né? Vamos lá, vou te explicar por que a troca da palavra "chamam" por "denominam" altera o sentido do texto e compromete seu contexto. 
 
No trecho original, a palavra "chamam", usada nesse contexto específico, está diretamente relacionada à ideia de um nome comum ou um rótulo informal que os cientistas utilizam para se referir ao vórtice polar, um fenômeno bastante específico. Aqui, "chamam" tem uma conotação mais coloquial, como se os cientistas estivessem atribuindo esse nome ao fenômeno no dia-a-dia de suas conversas e estudos. 
 
Por outro lado, "denominam" carrega uma conotação mais formal e implica uma ação de nomeação mais oficial ou técnica. Substituir "chamam" por "denominam" poderia sugerir que o nome "vórtice polar" é uma designação mais formalizada ou universalmente aceita do que talvez de fato seja no contexto apresentado. Isso mudaria o tom da informação e poderia introduzir uma pequena distorção no modo como os cientistas se referem ao fenômeno informalmente. 
 
Portanto, a questão está correta em afirmar que a substituição alteraria o sentido do texto original, já que a formalidade implicada em "denominam" não reflete a casualidade da expressão "chamam" usada pelos cientistas ao referir-se ao vórtice polar. 
 
Alternativa correta é E.

A substituição da forma verbal “chamam” (l.16) pela forma verbal denominam não prejudicaria a correção gramatical ou o sentido original do texto.

    O calor infernal nas regiões Sul e Sudeste no começo
do ano parece um evento singular. Uma breve retrospectiva da
história do planeta nos últimos anos, contudo, mostra que esses
episódios estão se tornando cada vez mais comuns. Sem dúvida
alguma, haverá outras ondas de calor tão fortes quanto essa ou
maiores que ela ao longo das próximas décadas. Esses são os
chamados “eventos extremos”. Nesse rótulo se enquadram a
ampliação do número de furacões por temporada, as secas na
Amazônia, as ondas de calor e os alagamentos, entre outros. O
aumento da frequência dos eventos extremos é o principal
sintoma das mudanças climáticas — que vão muito além do
calor. É o que cientistas afirmam há anos. Pode parecer
paradoxal, mas os modelos climáticos explicam como o
aumento médio de temperatura da Terra leva a invernos mais
rigorosos. Sobre o Polo Norte, existe o que os cientistas
chamam de vórtice polar. É um ciclone permanente que fica
ali, girando. Em sua força normal, ele segura as frentes frias
nessas altas latitudes. Entretanto, com a temperatura da Terra
cada vez mais alta, existe uma tendência de que o vórtice polar
se enfraqueça. Assim, as frentes frias, antes fortemente presas
naquela região, dissipam-se para latitudes mais baixas, o que
faz com que o frio polar chegue aos Estados Unidos da
América, por exemplo. Mudança climática não é sinônimo
puro e simples de aumento da temperatura média da Terra.
Outros processos, que envolvem a possível savanização da
Amazônia, o aumento dos desertos e o deslocamento das
regiões mais propícias para a agricultura, também estão
inclusos no pacote.


Para desvendar essa questão, vamos dar uma checada de perto nas nuances do verbo "haver" no contexto apresentado no texto e a substituição proposta pelo verbo "existirá". Ao olharmos para a sentença original "Sem dúvida alguma, haverá outras ondas de calor tão fortes quanto essa ou maiores que ela ao longo das próximas décadas", percebemos que o verbo "haver" está sendo usado para indicar a ocorrência futura de eventos. Esse uso é mais impessoal e bastante típico para expressar acontecimentos futuros de forma certa ou prevista. 
 
Ao substituir "haverá" por "existirá", embora, superficialmente, os verbos possam parecer sinônimos, a tonalidade e a precisão do texto se alteram ligeiramente. O verbo "existir" traz um sentido mais de continuidade de algo que já está em processo ou que já existe, e não tanto a ideia de surgimento ou ocorrência futura de novos eventos. Por isso, a mudança poderia levar a uma ligeira deturpação na interpretação do conteúdo, sugerindo que essas ondas de calor já estão em formação ou já são uma entidade existente, que apenas se manifestará visivelmente. 
 
Portanto, a substituição do verbo "haverá" por "existirá" pode, sim, influenciar tanto a correção gramatical — ao considerarmos a precisão de uso do verbo no contexto do evento futuro — quanto o sentido original do texto que enfatiza o acontecimento futuro das ondas de calor, não sua mera existência continuada ou emergente. É por essa razão que a resposta correta é a letra E, marcando a opção como errada. 
 
A alternativa correta é E.

A substituição da forma verbal “haverá” (l.5) por existirá não prejudicaria nem o sentido nem a correção gramatical do texto.

Questões de Português - Semântica - Sentido denotativo e conotativo