Cara, mergulhar nesses textos densos pode ser uma jornada épica, né? Mas vamos decifrar essa questão pra você. A pergunta pede um julgamento sobre a reorganização proposta de uma parte do texto, considerando a gramática e a preservação dos sentidos originais.

 

A estrutura original do trecho "No Canadá, devido à influência inglesa, foram consagrados os princípios da universalidade da assistência médica, que, embora tendo obtido avanço social, sofreu muitas críticas" mantém uma coerência fluida entre as ideias apresentadas. O pronome relativo “que” faz referência clara aos “princípios da universalidade da assistência médica”. Além disso, inclui-se o sutil detalhe sobre esses princípios em relação ao avanço social, apresentando uma concessão com "embora tenha obtido".

 

Não obstante, na versão reorganizada "Em razão da influência do Reino Unido, consagraram-se, no Canadá, os princípios da universalidade da assistência médica que sofreram várias críticas, ainda que tenha tido avanço social", a falta do uso de uma vírgula antes do “que” muda a referência do pronome relativo; agora, dá a entender que são as críticas, e não os princípios, que tiveram o avanço social. Esse deslize semântico altera o sentido original proposto pelo autor.

 

Portanto, a proposta de reorganização não só muda a relação lógica entre as ideias, mas também derrapa na gramática ao trocar "inglesa" por "do Reino Unido", o que pode sugerir uma alteração no escopo geográfico da influência. 

 

A alternativa correta é E.

Sem prejuízo para a correção gramatical e para os sentidos originais do texto, a sentença “No Canadá, devido à influência inglesa, foram consagrados os princípios da universalidade da assistência médica, que, embora tendo obtido avanço social, sofreu muitas críticas” (linhas 9 e 10) poderia ser assim reorganizada: Em razão da influência do Reino Unido, consagraram-se, no Canadá, os princípios da universalidade da assistência médica que sofreram várias críticas, ainda que tenha tido avanço social.

    A promoção da saúde emerge, no contexto da evolução do conceito de saúde-doença e evolui no movimento da medicina
social e da comunitária e no movimento da prevenção das doenças crônico-degenerativas, denominado segunda revolução
epidemiológica, como um novo paradigma de conotação holística.
    Esse termo foi utilizado pela primeira vez por Henry Sigerist, em 1945, ao definir as quatro grandes tarefas para a
medicina: a promoção da saúde; a prevenção da doença; o restabelecimento do doente; e a reabilitação. Esse autor defendia
uma ação integrada de todos os setores organizados da sociedade, por considerar que bom nível de vida, boas condições de
trabalho, educação, cultura física, descanso e recreação eram as formas para promover a saúde.
    Durante a década de 1970, os sistemas de saúde de diversos países, notadamente daqueles do chamado primeiro mundo,
foram bastante questionados. No Canadá, devido à influência inglesa, foram consagrados os princípios da universalidade da
assistência médica, que, embora tendo obtido avanço social, sofreu muitas críticas. Em 1974, Marc Lalonde, respeitado
epidemiólogo e ministro da saúde canadense, ao analisar os resultados obtidos, no seu país, com a universalização da assistência
médica, no que ficou conhecido como Relatório Lalonde — consagrado em uma publicação do governo canadense como um
marco na discussão conceitual da promoção da saúde —, concluiu que o declínio dos indicadores de mortalidade infantil ou a
esperança de vida tinham outras determinações, visto que esses indicadores persistiam conforme a inserção social dos
indivíduos, especialmente entre os menos favorecidos, independentemente do acesso universal aos serviços de saúde.
    Esse documento é considerado por diferentes pensadores contemporâneos o primeiro relatório governamental, no
mundo ocidental, a reconhecer como errônea a ênfase em assistência médica sob o ponto de vista biomédico, ao mostrar que
é necessário olhar além do sistema tradicional de saúde (tratamento dos doentes) se o objetivo é melhorar a saúde do público.
Ademais, é a primeira declaração teórica oriunda de reflexões a respeito do impacto das doenças (principalmente as
crônico-degenerativas), do crescimento dos gastos com a organização dos serviços médicos e da dimensão do processo
saúde-doença.
    No relatório, Lalonde propôs um modelo que articulasse quatro dimensões explicativas interligadas para o processo
saúde-doença: biologia humana; estilos de vida; meio ambiente (físico, social e psicológico); e organização dos serviços de saúde.
Essa concepção de promoção da saúde estava claramente entendida como medidas preventivas, ou seja, mudança de estilos de
vida individuais e comportamentos e, apesar dessa visão preventiva, significou um avanço na compreensão e incorporação de
políticas de saúde e na adoção de ações intersetoriais independentes do sistema de cuidados de saúde.
    Ele considera quatro fatores que, interligados, são determinantes da doença: estilo de vida; características biofísicas;
poluição e agravantes ambientais; e serviços de saúde inadequados e incompetentes.



Com relação aos aspectos linguístico-estruturais do texto, julgue o item a seguir.


Olá! Vamos analisar essa questão do INSTITUTO QUADRIX sobre Semântica e estrutura linguística, focando bem nessa mudança sugerida no texto, tá?

 

No enunciado, eles propõem a substituição da frase "se o objetivo é melhorar a saúde do público" por "caso o objetivo é a melhoria da Saúde Pública". A principal questão aqui é a compatibilidade e correção dos termos usados após a conjunção. Quando usamos a conjunção "caso" para introduzir uma condição, normalmente aplicamos o modo subjuntivo, certo? Então, a forma correta após "caso" deveria ser "seja", e não "é".

 

Portanto, a substituição proposta alteraria a correção gramatical do período, pois mantém o verbo no indicativo ("é") ao invés do subjuntivo ("seja"). Além disso, a expressão "melhoria da Saúde Pública" altera um pouco o foco, passando de um objetivo mais genérico sobre saúde para um termo que geralmente se refere a um sistema ou política específica de saúde pública. Assim, há uma nuance semântica que também pode ser considerada nessa discussão.

 

Levando isso em conta, a alternativa correta é E, que indica que a substituição sugerida está errada e não mantém a correção gramatical.

 

alternativa correta é E.

Mantém a correção gramatical a substituição da sentença “se o objetivo é melhorar a saúde do público” (linha 18) por caso o objetivo é a melhoria da Saúde Pública.

Opa, questão de semântica é comigo mesmo! Deixa eu te ajudar a descomplicar isso aí. Estamos falando da função das palavras dentro das frases, o que é fundamental em qualquer texto, ainda mais nesse, bem literário, de Mário Quintana.
 
No texto, a palavra "Quando" é usada bem no início de uma reflexão do autor. Esse termo é um marcador temporal, amigo. Ele é usado para situar uma ação no tempo, indicando o momento em que algo ocorre ou ocorreu. Por isso, ele introduz uma circunstância de tempo na frase.
 
Essa palavrinha é bem comum e importante para organizar as ideias em sequência temporal, mostra a relação de tempo entre o ato de pausar a leitura e as reflexões e divagações que seguem. Sem um marcador como esse, a gente ficaria meio perdido sem saber se as ações são simultâneas, sequenciais ou de outro tipo.
 
E por isso, a alternativa correta é, de fato, a que fala que o termo estabelece uma "localização temporal". Ele não está indicando contraste, adicionando argumentos ou falando de uma finalidade, só situando a ação no tempo mesmo.
 
Na boa, semântica é o que dá sabor ao texto, né? Ajuda todo mundo a entender melhor o que está rolando e a captar as nuances de quando as coisas acontecem. Por isso que é tão bacana explorar esse tema!
 
Então, para não deixar dúvidas, a alternativa correta é B.

Mário Quintana
 Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.
 Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas? 
 Com algum ciclista, tombado? 
 Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo? 
 E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.
 E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho? – vive uma vida mais intensa e portanto mais verdadeira...
 E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.
 Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.
 E agora? 
 Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: 
 “Io sonno um poeta o sonno um imbecile?” 
 Alternativa, aliás, _______________ ao leitor da poesia...
 A verdade é que a minha ___________ função já não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar porele.
 E daí? 
 – Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança –, o melhor é repor ______________ os óculos no nariz.

Eita, essa questão puxa a gente para entender um pouquinho sobre a surpresa das ações e como elas são descritas no texto, hein? Vamos decifrar! A parte em questão "Quando menos se espera", do primeiro parágrafo do excerto do Carlos Drummond de Andrade, sugere algo inesperado, uma surpresa que acontece de repente. Entendendo isso, a gente precisa ligar essa ideia com alguma que aparece no segundo parágrafo.
 
No segundo parágrafo, temos vários adjetivos: "amarrotado", "digno", "melódicos" e "imprevisto". A chave aqui é ver qual desses adjetivos mais se conecta com a ideia de algo surpreendente ou inesperado:
<ul>
<li>Amarrotado diz mais sobre a condição física do táxi, que está um pouco desgastado.</li>
<li>Digno, outro adjetivo para o táxi, indica respeito ou decência, não necessariamente uma surpresa.</li>
<li>Melódicos se refere aos acordes agradáveis da música que começa a tocar, mas isso não tem a conotação de surpresa, apenas de qualidade sonora.</li>
<li>Imprevisto, por outro lado, bate exatamente na tecla da inesperada surpresa, que é o que conecta diretamente ao "Quando menos se espera" do primeiro parágrafo.</li>
</ul>
O taxista, de forma imprevista, escolhe uma música que contrasta totalmente com o que normalmente seria ouvido no táxi, criando assim uma ligação inequívoca com o início narrativo de surpresa mencionado no texto.
 
Sendo assim, a alternativa correta é D.

Carlos Drummond de Andrade
 Prazeres do cotidiano. Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino
(manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio
despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o
percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.
 Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes
melódicos dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.
 Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília
8Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor. Cumpre agradecer
a fineza:
 – Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação em agradar ____ passageiros, oferecendo-lhes música e
não barulho e crimes.
 – Não tem de quê. O senhor também aprecia?
 – O quê?
 – Strauss. É um dos meus prediletos.
 – Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.
 – Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava
ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.
 – E já lhe aconteceu desligar?
 – Ih, tantas vezes. Fico observando ____ fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não
dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar
Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Disse que precisava
se concentrar, por causa de um negócio importante, e Tchaikovski perturbava a concentração.
 – Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.
 – Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.
 – Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.
 Olhou-me admirado:
 – Como é que o senhor viu?
 – Porque uma pessoa que gosta tanto de música, em geral toca. Seu instrumento qual é?
 Virou-se com tristeza na voz?
 – Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a
gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este
ano...
 – Melhoram. As coisas __________ melhorar – achei do meu dever confortá-lo.
 – Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta
vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a
alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.
 – Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o
mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.
 – Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente.
Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.
 – O importante é gostar de música, tem amor e devoção por música, e está-se vendo que o senhor tem de
sobra.
 – Lá isso ta certo.
 – Não importa que o senhor não seja solista de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra
comum. Ninguém precisa ser grande em nada, desde que cultive alguma coisa bonita na vida.
 Seu rosto iluminou-se.
 – Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que
arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas
um sonho __________. Sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor
desculpe. Agora a sua palavra _______ tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é _________ que gostem de
mim, que ela goste de mim. Obrigado ao senhor
 Olhei o taxímetro, tirei a carteira.
 – Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

Vamos lá, pessoal! Esta é uma questão que explora bem a semântica das palavras, ou seja, como as palavras contribuem para o sentido do texto. A banca EXATUS adora esse tipo de pirueta mental, então vamos mergulhar nessa!

 

O enunciado começa com "Quando menos se espera...", uma frase que indica algo surpreendente ou inesperado. Esse conceito de "inesperado" é crucial aqui. A sequência do texto fala sobre o uso de um táxi comum, e de repente, o motorista coloca uma música no lugar de notícias violentas, criando um raro momento de prazer musical durante a viagem. Precisamos encontrar o adjetivo que está diretamente relacionado a esse momento sonoro surpreendente que rompeu com o padrão esperado da rotina urbana.

 

Agora, analisando as opções:
<ul>
<li>A) amarrotado – referente ao estado físico do táxi, sem relação com a surpresa.</li>
<li>B) digno – também descreve o táxi, e não está ligado ao elemento surpresa.</li>
<li>C) melódicos – embora descreva o tipo de música, não captura o elemento súbito ou inesperado.</li>
<li>D) imprevisto – bingo! Este adjetivo é usado para descrever o cassete de música que foi inesperadamente escolhido pelo motorista, encaixando-se perfeitamente com a surpresa inicial do “Quando menos se espera...”.</li>
</ul>

 

Portanto, a alternativa correta é claramente a que melhor conecta com a ideia inicial de algo inesperado surgindo de forma surpreendente, fazendo do uso do adjetivo "imprevisto" para descrever o cassete uma escolha semântica perfeita.

 

A alternativa correta é D.

Carlos Drummond de Andrade

 Prazeres do cotidiano. Quando menos se espera... Você pega o táxi, manda tocar para o seu destino
(manda, não, pede por favor) e resigna-se a escutar durante 20 minutos, no volume mais possante, o rádio
despejando assaltos e homicídios do dia. Os tiros, os gemidos, os desabamentos o acompanharão por todo o
percurso. É a fatalidade da vida, quando se tem pressa.
 Mas eis que o motorista pega de um imprevisto cassete, coloca-o no lugar devido, liga, e os acordes
melódicos dos Contos dos Bosques de Viena irrompem do fusca amarrotado, mas digno.
 Bem, não é a Nona Sinfonia nem um título menor da grande música, mas não estamos na Sala Cecília
8Meireles, e isso vale como homenagem especial a um passageiro distinto, que pede por favor. Cumpre agradecer
a fineza:
 – Obrigado. O senhor mostra que tem satisfação em agradar ____ passageiros, oferecendo-lhes música e
não barulho e crimes.
 – Não tem de quê. O senhor também aprecia?
 – O quê?
 – Strauss. É um dos meus prediletos.
 – Sim, ele é agradável. O senhor está sendo gentil comigo.
 – Ora, não é tanto assim. Pus o cassete porque gosto de música. Não sabia se o senhor também gostava
ou não. Se não gostasse, eu desligava. Portanto, não tem que agradecer.
 – E já lhe aconteceu desligar?
 – Ih, tantas vezes. Fico observando ____ fisionomia do passageiro. Uns, mais acanhados, disfarçam, não
dizem nada, mas tem outros que reclamam, não querem ouvir esse troço. O senhor já pensou: chamar
Tchaikovski de “esse troço”? Pois ouvi isso de um cidadão de gravata e pasta de executivo. Disse que precisava
se concentrar, por causa de um negócio importante, e Tchaikovski perturbava a concentração.
 – Ele talvez quisesse dizer que ficava tão empolgado pela música que esquecia o negócio.
 – Pois sim! Nesse caso, não falaria “esse troço”, que é o cúmulo da falta de respeito.
 – Estou adivinhando que o senhor toca um instrumento.
 Olhou-me admirado:
 – Como é que o senhor viu?
 – Porque uma pessoa que gosta tanto de música, em geral toca. Seu instrumento qual é?
 Virou-se com tristeza na voz?
 – Atualmente nenhum. O senhor sabe, essa crise geral, a gasolina pela hora da morte, e não é só a
gasolina: a comida, o sapato, o resto. Tive de vender pra tapar uns buracos. Mas se as coisas melhorarem este
ano...
 – Melhoram. As coisas __________ melhorar – achei do meu dever confortá-lo.
 – Porque clarinetista sem clarinete, o senhor sabe, é um negócio sem sentido. Clarinete tem esta
vantagem: dá o recado sem precisar de orquestra. Um solo bem executado, não precisa mais pra encantar a
alma. Mas clarinetista, sozinho, fica até ridículo.
 – Não diga isso. E não desanime. O dia em que arranjar outro clarinete – quem sabe?, talvez até seja o
mesmo que lhe pertenceu – será uma festa.
 – Mas se demorar muito eu já estarei tão desacostumado que nem sei se volto a tocar razoavelmente.
Porque, o senhor compreende, eu não sou um artista, minha vida não dá folga pra estudar nem meia hora por dia.
 – O importante é gostar de música, tem amor e devoção por música, e está-se vendo que o senhor tem de
sobra.
 – Lá isso ta certo.
 – Não importa que o senhor não seja solista de uma grande orquestra, e mesmo de uma orquestra
comum. Ninguém precisa ser grande em nada, desde que cultive alguma coisa bonita na vida.
 Seu rosto iluminou-se.
 – Que bom ouvir uma coisa dessas. Agora vou lhe confessar que isso de não ser músico dos tais que
arrebatam o auditório sempre me doeu um pouco. Não era por vaidade não, quem sou pra ter vaidade? Mas
um sonho __________. Sei lá. Ficava me imaginando num palco iluminado, tocando... Bobagem, o senhor
desculpe. Agora a sua palavra _______ tudo claro. Basta eu gostar de música. Não é _________ que gostem de
mim, que ela goste de mim. Obrigado ao senhor
 Olhei o taxímetro, tirei a carteira.
 – Eu nem devia cobrar do senhor. Fico até encabulado!

Questões de Português - Semântica - Sentido denotativo e conotativo