 separar elementos que exercem a mesma função sintática.

 destacar o adjunto adverbial intercalado. 

A questão compreende temas relativos ao uso da pontuação, com ênfase ao uso da vírgula. Com base nisso, passemos às alternativas:Em "a": Errado - Não se trata de isolar um vocativo, pois o vocativo é o interlocutor para o qual o locutor se direciona. Exemplo: "Maria, preciso da sua ajuda". Em "b": Errado - Aposto traz uma informação complementar, de modo a explicar melhor um termo dito anteriormente. Exemplo: "José, santo da Igreja Católica, é padroeiro de algumas cidades do Brasil". Em "c": Errado - Não execem a mesma função sintática: "deixando", por exemplo, é um verbo que está entre vírgulas. Em "d": Errado - "Na história" não é um objeto indireto, pois não se trata de um termo derivado da regência indireta de algum verbo transitivo indireto. Em "e": Certo - O adjunto adverbial de tempo deslocado "na história" foi transferido para o interior da oração, isso implica uso da vírgula. Resposta: Letra E.

A questão presentada trata do uso de aspas no trecho específico do texto mencionado. Analisaremos cada alternativa proposta, fundamentando a função das aspas para que possamos entender por que a resposta correta é a letra A, que indica citação.

As aspas são frequentemente utilizadas para indicar que um termo ou expressão foi retirado de outra fonte ou que está sendo utilizado em seu sentido original. No contexto dado, as aspas em apesar de “louvável” sugerem que a palavra "louvável" foi destacada como uma citação direta do discurso ou das afirmativas da professora Maria Helena, denotando que o termo é significativo dentro do debate a respeito da linguagem neutra.

Vamos analisar as demais alternativas:

<ul>
 <li>A) Citação: Esta é a resposta correta, pois as aspas indicam que "louvável" está sendo usado no contexto exato da fala da autora, ressaltando seu reconhecimento à ideia da linguagem inclusiva, mas ao mesmo tempo marcando um ponto de vista crítico sobre o uso do termo 'linguagem neutra'.</li>
 <li>B) Paráfrase: Para a paráfrase, não seria necessário utilizar aspas, já que se trataria de uma reinterpretação das ideias expressas em outras palavras, sem a intenção de preservar a forma exata da citação.</li>
 <li>C) Ironia: O uso de aspas para denotar ironia geralmente é acompanhado de um contexto que sugira que a palavra ou expressão está sendo utilizada de maneira oposta ao seu sentido literal, o que não se aplica aqui.</li>
 <li>D) Interrupção: Aspas não indicam uma interrupção; este recurso gráfico é mais associado a outros tipos de pontuação, como parênteses ou travessões, que delimitam informações acessórios ao texto.</li>
 <li>E) Relatividade: Embora as aspas possam ser usadas em um contexto que sugira um sentido relativizado, como forma de questionar a veracidade ou adequação de um termo, neste caso específico elas funcionam como uma citação direta da fala da professora, não expressando relatividade.</li>
</ul>

Portanto, a análise acima permite afirmar que a alternativa correta é a letra A, que representa a função das aspas ao indicar uma citação direta. Assim, podemos concluir que a alternativa correta é A.


Maria Helena de Moura Neves, 91, atua como docente da pós-graduação em linguística e língua portuguesa na Unesp e defende linguagem inclusiva

Emerson Vicente

   Desde que pisou em uma sala de aula como
   professora, há mais de sete décadas, a paulista Maria
   Helena de Moura Neves, 91 anos recém-completados,
   viu que era ali a sua segunda casa. E nunca mais
5  parou. Até hoje exerce a função de ensinar. Também
   segue atualizada em debates em torno da língua
   portuguesa, como no do uso da linguagem neutra, que
   entende não ser o termo apropriado, apesar de
   "louvável".
10 "Considero um equívoco o uso desse
   termo ‘linguagem neutra’ para a proposta que ele
   representa. Na verdade, esse movimento visa a
   inclusão social, sem discriminações, de todos os
   grupos da sociedade, tratando-se, pois, da proposta de
15 uma ‘linguagem inclusiva’, ou ‘língua inclusiva’, o que
   é extremamente louvável", diz Maria Helena.
   "Quando alguém usa, nas suas produções linguísticas,
   orais ou escritas, as marcas linguísticas que têm sido
   propostas com essa finalidade, ele está exercendo um
20 papel social, marcado e importante, de condenação
   das discriminações", diz a decana.
   "Entretanto, não se pode supor que, em um
   determinado momento da vida da sociedade, algum
   falante de uma língua, ou algum contingente de
25 falantes, impelido pela motivação de uma conduta
   desejável, terá sucesso propondo uma alteração do
   'sistema' da língua."
   Segundo a professora, toda e qualquer língua se rege
   por um sistema, dentro do qual seus falantes
30 constroem linguagem naturalmente, sem necessidade
   de nenhum aprendizado.
   "Se recuperarmos historicamente as alterações de
   sistemas linguísticos, até com extinção de línguas e
   com criação de novas línguas, veremos que as
35 mudanças, em cada sistema, fizeram-se a partir do
   uso natural da língua por uma comunidade."


Considere o trecho abaixo para responder a seguinte questão:

Também segue atualizada em debates em torno da língua portuguesa, como no do uso da linguagem neutra, que entende não ser o termo apropriado, apesar de "louvável". (Linhas 5-9) 

A utilização de vírgulas no trecho "Essa relação, meus amigos, é aquilo que faz mover a escrita" (Linhas 31-32) possui uma função específica dentro da estrutura gramatical do texto. Analisemos cada alternativa para identificar a correta:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
<li>A) separar as orações. Não é a função das vírgulas neste caso porque "meus amigos" não é uma oração, mas um vocativo, ou seja, uma interjeição destinada a interpelar ou chamar o leitor.</li>
<li>B) marcar o sujeito. As vírgulas não têm a função de marcar sujeitos em uma sentença. O sujeito deste segmento é implícito, relacionado com o conteúdo da frase anterior.</li>
<li>C) destacar o vocativo. Em uma frase, o vocativo é um elemento utilizado pelo falante para chamar, invocar ou interpelar seu interlocutor diretamente. O uso de vírgulas antes e depois do termo "meus amigos" serve exatamente para separar este interpelo do restante da sentença, conferindo um destaque necessário.</li>
<li>D) indicar a inversão de termos. Não há uma inversão na ordem usual dos termos que necessite ser indicada por vírgulas neste exemplo.</li>
<li>E) delimitar o aposto. Um aposto é um termo que explica ou esclarece um substantivo anterior a ele, não sendo este o caso de "meus amigos," que é claramente um vocativo.</li>
</ul>

Portanto, a função das vírgulas neste segmento é isolar o vocativo "meus amigos," que é utilizado para fazer uma interpelação direta aos leitores da passagem. Isto é um recurso estilístico para criar uma pausa enfática na leitura e destacar a interlocução.

A alternativa correta é C.

Mia Couto

    Num conto que nunca cheguei a publicar
   acontece o seguinte: uma mulher, em fase
   terminal de doença, pede ao marido que lhe conte
   uma história para apaziguar as insuportáveis
5  dores. Mal ele inicia a narração, ela o faz parar:
     - Não, assim não. Eu quero que me fale
   numa língua desconhecida.
    - Desconhecida? – pergunta ele.
    - Uma língua que não exista. Que eu preciso
10 tanto de não compreender nada!
    O marido se interroga: como se pode saber
   falar uma língua que não existe? Começa por
   balbuciar umas palavras estranhas e sente-se
   ridículo como se a si mesmo desse provas da
15 incapacidade de ser humano. Aos poucos, porém,
   vai ganhando mais à-vontade nesse idioma sem
   regra. E ele já não sabe se fala, se canta, se reza.
   Quando se detém, repara que a mulher está
   adormecida, e mora em seu rosto o mais tranquilo
20 sorriso. Mais tarde, ela lhe confessa: aqueles
   murmúrios lhe trouxeram lembranças de antes de
   ter memória. E lhe deram o conforto desse mesmo
   sono que nos liga ao que havia antes de estarmos
   juntos.
25  Na nossa infância, todos nós
   experimentamos este primeiro idioma, o idioma do
   caos, todos nós usufruímos do momento divino em
   que a nossa vida podia ser todas as vidas e o
   mundo ainda esperava por um destino. James
30 Joyce chamava de “caosmologia” a esta relação
   com o mundo informe e caótico. Essa relação,
   meus amigos, é aquilo que faz mover a escrita,
   qualquer que seja o continente, qualquer que seja
   a nação, a língua ou o género literário.
35  Eu creio que todos nós, poetas e
   ficcionistas, não deixamos nunca de perseguir
   esse caos seminal. Todos nós aspiramos
   regressar a essa condição em que estivemos tão
   fora de um idioma que todas as línguas eram
40 nossas. Dito de outro modo, todos nós somos
   impossíveis tradutores de sonhos. Na verdade, os
   sonhos falam em nós o que nenhuma palavra
   sabe dizer.
    O nosso fito, como produtores de sonhos,
45 é aceder a essa outra língua que não é falável,
   essa língua cega em que todas as coisas podem
   ter todos os nomes. O que a mulher doente pedia
   é aquilo que todos nós queremos: anular o tempo
   e fazer adormecer a morte.


 destacar o termo que é alvo de comentário.

 indicar o sentido conotativo dado ao termo.

 revelar o não engajamento da articulista quanto ao sentido do termo.

 prevenir o tom irônico atribuído ao termo.

A questão apresenta um trecho do texto de Bechara, onde ele menciona a expressão “testar positivo”, que foi incorporada rapidamente ao português. A utilização das aspas nesse contexto tem um propósito específico que precisa ser analisado cuidadosamente.

A) marcar o discurso direto. Esta alternativa está incorreta. As aspas são frequentemente usadas para indicar discurso direto, ou seja, para reproduzir a fala de alguém de forma literal. No entanto, no caso apresentado, não se trata de um discurso direto, mas sim de uma citação que precisa ser contextualizada e analisada.

B) destacar o termo que é alvo de comentário. Esta é a alternativa correta. As aspas em “testar positivo” servem exatamente para destacar essa expressão, indicando que ela é uma nova incorporação ao português e que está sendo analisada pelo autor. Ao utilizar as aspas, Bechara chama a atenção para a expressão, sugerindo que ela merece uma consideração especial no contexto da discussão linguística.

C) indicar o sentido conotativo dado ao termo. Embora sejam possíveis interpretações conotativas, as aspas não têm essa função primária neste contexto. Elas não indicam a atribuição de um sentido figurado, mas uma ênfase na expressão em questão.

D) revelar o não engajamento da articulista quanto ao sentido do termo. Esta alternativa é também incorreta, pois as aspas não servem para mostrar uma falta de engajamento, mas para destacar e discutir o uso da expressão dentro da língua, o que mostra, na verdade, um engajamento crítico.

E) prevenir o tom irônico atribuído ao termo. Esta opção também não se aplica. As aspas não têm a função de prevenir uma interpretação irônica, mas somente de chamar atenção para o uso do termo que está sendo analisado.

Dessa forma, a análise das alternativas demonstra que a única opção que realmente reflete a intenção do autor ao usar as aspas é a letra B. Portanto, a alternativa correta é B.

Para o professor, educação deve capacitar alunos a compreender o português em todas as variantes e valorizar norma-padrão

Thaís Nicoleti de Camargo

   É comum ouvir que gramáticos e linguistas têm
   visões diferentes da língua, e, em alguns casos,
   testemunhamos contendas entre uns e
   outros. Bechara, no entanto, não se alinha aos
5  "puristas", aqueles gramáticos que condenam os
   estrangeirismos ou as mudanças linguísticas em
   geral.
   A propósito, ele dá o veredito sobre a expressão
   "testar positivo", que se incorporou rapidamente
10 ao português em razão da pandemia de Covid-19:
   "se traduz bem, se expressa bem, é capaz de dizer
   o que realmente quer dizer" — em suma, se
   funciona bem, fica. Observa-se, então, a
   introdução de uma nova expressão na língua. A
15 lição parece simples, mas é de suma importância
   para entender a dinâmica das línguas.
   Linguistas e gramáticos, finalmente, têm cada qual
   o seu espaço: "O linguista é o teórico, aquele que
   estabelece os princípios de uso, e o gramático
20 seleciona esses usos, faz uma seleção deles para
   falar e escrever correntemente a língua", afirma o
   professor.
   Equivoca-se, porém, quem imagina que o
   conhecimento da teoria garanta todas as
25 condições para escrever bem. Segundo Bechara,
   "o fato de você sistematizar teoricamente a língua
   não significa que você seja um leitor, um bom
   escritor etc.; são coisas diferentes: uma é a teoria,
   outra é a prática; uma coisa é conhecer a língua,
30 como seu usuário, outra coisa é sistematizar
   cientificamente a língua".
   Cabe aos professores de português, portanto, a
   tarefa de "transformar o aluno em um poliglota
   dentro da sua própria língua", ou seja, capacitá-lo
35 a compreender a língua em todas as suas
   variantes, que podem ser regionais e sociais.
   Bechara, no entanto, reforça que o trabalho na
   escola deve tomar por base a língua-padrão. "No
   Brasil, o ensino da língua portuguesa é um ensino
40 muito feito para o dia a dia. A pessoa não estuda
   a língua para ser um escritor exemplar, capaz de
   transmitir os seus pensamentos de modo claro e
   elegante". Aproveita para dizer que "elegância",
   no caso, é saber "aproveitar todos os recursos que
45 a língua põe à sua disposição".


...ele dá o veredito sobre a expressão “testar positivo” que se incorporou rapidamente ao português em razão da pandemia de Covid-19...
(Linhas 8-10)

 separar três orações coordenadas entre si.

Para compreendermos a utilização do par de vírgulas na frase "Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas", é preciso analisar a função que a oração "sonhou Helena Villagra" exerce no contexto. Neste caso, a oração é uma intercalada, pois apresenta uma informação adicional sobre o sujeito "os poetas". A interposição da oração é realizada por meio das vírgulas, que separam a oração principal da oração intercalada.

Agora, vamos analisar cada uma das alternativas apresentadas:

<ul>
 <li>A) separar três orações coordenadas entre si. Essa alternativa está incorreta, pois a frase não apresenta três orações coordenadas. Há apenas uma oração principal e uma intercalada.</li>
 
 <li>B) indicar o adjunto adverbial deslocado. Essa opção é falsa, uma vez que não há um adjunto adverbial na frase que tenha sido deslocado. Os adjuntos adverbiais deslocados costumam ser indicados por vírgulas, mas não é o caso aqui.</li>
 
 <li>C) mostrar uma enumeração de fatos. Essa alternativa também está errada, pois a frase não expressa uma enumeração. Enumerações geralmente envolvem listas de itens, o que não acontece nesse exemplo.</li>
 
 <li>D) marcar a oração intercalada. Esta é a alternativa correta, pois as vírgulas são usadas precisamente para indicar que a oração "sonhou Helena Villagra" está intercalada entre o contexto geral da frase.</li>
 
 <li>E) interromper os períodos justapostos. Essa opção é incorreta, pois a frase não apresenta períodos justapostos, mas sim um período único cuja estrutura inclui uma oração intercalada.</li>
</ul>

Portanto, a opção correta que explica a função do par de vírgulas na frase é a que indica que elas marcam a oração intercalada, evidenciando a relação de sentido dentro do contexto da narrativa.

A alternativa correta é D.

Eduardo Galeano

    Na casa das palavras, sonhou Helena
   Villagra, chegavam os poetas. As palavras,
   guardadas em velhos frascos de cristal,
   esperavam pelos poetas e se ofereciam, loucas de
5  vontade de ser escolhidas: elas rogavam aos
   poetas que as olhassem, as cheirassem, as
   tocassem, as provassem. Os poetas abriam os
   frascos, provavam palavras com o dedo e então
   lambiam os lábios ou fechavam a cara. Os poetas
10 andavam em busca de palavras que não
   conheciam, e também buscavam palavras que
   conheciam e tinham perdido.
    Na casa das palavras havia uma mesa das
   cores. Em grandes travessas as cores eram
15 oferecidas e cada poeta se servia da cor que
   estava precisando: amarelo-limão ou amarelo-sol,
   azul do mar ou de fumaça, vermelho-lacre,
   vermelho-sangue, vermelho-vinho...


O trecho abaixo motivará a seguinte questão:

Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra, chegavam os poetas. (Linhas 1-2)

Questões de Português - Sintaxe - Pontuação