Na análise da questão que envolve o emprego do acento indicativo de crase na linha 8 – “às diferenças políticas, culturais e econômicas observadas” –, é importante destacar que o uso da crase não é facultativo, mas sim correto e obrigatório. A formação do “à” advém da fusão da preposição “a” (exigida pelo termo regido, neste caso, pela locução “devido a”) com o artigo definido “as” que acompanha o substantivo “diferenças”.

Assim, no contexto apresentado, a locução “devido a” (implícita no “não apenas devido às diferenças…”) deve, conforme a norma culta, resultar em “devido às”, havendo, portanto, obrigatoriedade na presença do acento indicativo de crase, e não mera faculdade. A possibilidade de omissão ou de utilização facultativa da crase não se aplica nesse caso, visto que o substantivo “diferenças” vem determinado pelo artigo que, ao se contrair com a preposição “a”, exige o uso do acento grave. 

Em concursos públicos, questões que envolvem esse tipo de situação são comuns, pois visam avaliar se o candidato compreende a regra da crase, que deve ocorrer quando há a fusão de uma preposição com o artigo definido que acompanha um termo feminino. Por exemplo, na frase “Entregou a carta às moradoras”, é obrigatória a crase, pois “moradoras” está acompanhado do artigo “as”.

Portanto, a assertiva que menciona que “é facultativo o emprego do sinal indicativo de crase em ‘às’” está incorreta, pois, na situação apresentada, a utilização da crase é obrigatória segundo as normas gramaticais da Língua Portuguesa. Essa regra é fundamental para a correta escrita e interpretação textual, especialmente em provas de concursos públicos.

Gabarito: Letra E

Na linha 8, é facultativo o emprego do sinal indicativo de crase em “às”.


1      Entre os muitos desafios compartilhados pelos
    países da América Latina e do Caribe em uma época de
    incerteza econômica e política, a melhoria da prestação
4  de serviços do Estado, principalmente nas áreas de
    educação e saúde, figura entre os primeiros lugares. O
    desenvolvimento de estratégias regionais para enfrentar
7  com sucesso esses desafios é cada vez mais complexo,
    não apenas devido às diferenças políticas, culturais e
    econômicas observadas, mas também devido à crescente
10 desigualdade social. Embora esse panorama possa
    parecer desanimador, muitos agentes de mudança
    regionais estão procurando novas alternativas, contando
13 com ferramentas tecnológicas que prometem criar uma
    região mais próspera e justa. Entre essas ferramentas
    está a Inteligência Artificial (IA).
16     A IA promete melhorar o design de serviços
    digitais focados nas necessidades das pessoas e na
    eficiência dos processos vitais, como a prestação
19 de serviços sociais e a transparência na tomada de
    decisões públicas, bem como incentivar a economia por
    meio do aumento da produtividade. Ela também pode
22 contribuir para os 17 Objetivos de Desenvolvimento
    Sustentável (ODS) da Organização das Nações
    Unidas (ONU).
25     Um exemplo da relevância da IA é o impacto
    que ela pode ter na economia de um país em
    desenvolvimento: estima‑se que a IA possa contribuir
28 com até 14% da riqueza adicional para as economias
    emergentes da América Latina. O potencial da IA é
    tão vasto, que se espera que ela seja uma ferramenta
31 essencial para enfrentar os desafios atuais e futuros.
       Já o conceito de IA para o bem social aponta
    na direção do empoderamento das pessoas: ela é usada
34 para enfrentar os desafios mais importantes dos nossos
    tempos, que impactam diretamente os seres humanos e
    o meio ambiente nas mais diversas áreas, como saúde,
37 educação, emprego, justiça, disponibilidade de recursos,
    mudança climática, igualdade de gênero e redução
    de desigualdades.


Com base na estrutura linguística e no vocabulário empregados no texto, julgue o item seguinte.


Na questão apresentada, verifica-se que a ausência do acento indicativo da crase na expressão “a tapa” está relacionada à natureza gramatical da expressão, que se trata de uma locução adverbial. Para que haja crase, é necessário que haja a fusão da preposição “a” com um artigo definido feminino “a” (ou “as”), ou com pronomes que admitam essa fusão. Entretanto, a expressão em análise não apresenta essa particularidade, pois “tapa” funciona como um termo cujo gênero, embora apareça com o “a” no enunciado, se interpreta semanticamente como referente a uma característica masculina ou, melhor, como uma expressão inalterável que não admite variação de gênero em sua estrutura – ou seja, trata-se de uma locução de sentido adverbial que designa a maneira, o modo de agir do computador.

Explicando de forma didática, a função dessa locução é enfatizar o contraste entre o comportamento “personalizado” da máquina de escrever e a imposição “autoritária” do computador. A utilização da locução “a tapa” tem função adverbial, modificando o sentido de “mandar” ou de “agir”, especificando como a máquina de escrever executa as ordens – “faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa”. Assim, entende-se que, por tratar-se de um termo adverbial, não ocorre a fusão da preposição com artigo feminino, o que afasta a ocorrência da crase.

Para exemplificar, podemos comparar com outras locuções adverbiais em que a crase não ocorre, como “a pé” ou “a rosto descoberto”, pois nesses casos, tampouco, há a junção da preposição “a” com um artigo feminino. Essa característica corrobora a justificativa de que a ausência do acento indicativo da crase na expressão “a tapa” se deve ao fato de tratar-se de locução adverbial adstrita a um termo que, semanticamente, não admite o artigo feminino.

Desta forma, a alternativa correta é a que aponta a expressão “a tapa” como locução adverbial masculina.

Gabarito: Letra A

Luís Fernando Veríssimo 

    Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!” 

    Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer.
Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

    Dito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou  sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá-lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

    Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


 concordância nominal de “aparelho”. 

Análise da Questão:

Nesta questão, o foco recai sobre a ocorrência da crase na expressão “àquele aparelho”. A crase é a fusão de duas vogais idênticas, neste caso, a preposição “a” que se faz necessária e o artigo definido “aquele”. Assim, a escolha recai exatamente sobre a exigência apresentada pela regência verbal que demanda a preposição “a”.

A alternativa A cita a “regência verbal de ‘atender’”. De fato, o verbo “atender” rege a preposição “a”, conforme a norma culta que exige a construção “atender a alguém” ou “atender a algo”. Assim, na frase “Se estou em casa, atendo àquele aparelho”, a preposição “a” encontra no artigo “aquele” a fusão necessária para a indicação da crase “àquele”.

Analisando as demais alternativas: 

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>Alternativa B – "regência verbal de ‘estar’": O verbo “estar” é de ligação, não exigindo a preposição “a” para a complementação em questão, logo, não ocasiona a crase.</li>
 <li>Alternativa C – "regência verbal de ‘chamar’": O verbo “chamar” não influencia a ocorrência de crase neste contexto, pois ele aparece em outra parte da frase e não justifica a preposição “a”.</li>
 <li>Alternativa D – "concordância nominal de ‘aquele’": A análise da crase não se baseia na concordância nominal, mas na fusão da preposição exigida pelo verbo e do artigo que acompanha o substantivo.</li>
 <li>Alternativa E – "concordância nominal de ‘aparelho’": Novamente, a concordância nominal não é o fator determinante para o uso da crase, tratando-se apenas da fusão entre a preposição e o artigo.</li>
</ul>

Portanto, o uso do acento indicativo de crase em “àquele” deve-se exclusivamente à regência do verbo “atender”, que, ao exigir a preposição “a”, forma a construção “atender a + aquele” que, por sua vez, se contrai para “àquele”.

Alternativa Correta:

A análise mostra que, pela norma culta, a ocorrência de crase ocorreu em virtude da regência verbal de “atender”, portanto, a alternativa correta é a Letra A.

Gabarito: Letra A

Flanando outro dia pela avenida Rio Branco, vi-me sem querer numa galeria formada por camelôs na cidade do Rio de Janeiro. E, como estava ali, caí na tentação de procurar um objeto: uma lanterninha, daquelas micro, de plástico, a pilha. O camelô me mostrou uma pequena peça, que acoplou a seu celular, e produziu um jatinho de luz. Agradeci e respondi que não me servia – “Não uso celular”, expliquei.

O camelô se escandalizou: “Não usa celular???”, perguntou, com vários pontos de interrogação e num volume que o fez ser ouvido por todo mundo em volta. A frase se espalhou pelos demais camelôs e, em segundos, à medida que eu passava pelo corredor humano, podia sentir os dedos apontados para mim e a frase: “Não usa celular!!!”. Para eles, eu devia equivaler a alguém que ainda não tinha aderido ao banho quente ou à luz elétrica. Acho até que um camelô me fotografou, talvez para mostrar a algum amigo incrédulo – como pode haver, em 2017, quem não use celular? 

Consciente de ser um anacronismo ambulante, confesso-me esta pessoa e me atrevo a dizer que o celular nunca me fez falta – e continua não fazendo. Para me comunicar, vivo hoje mais ou menos como em 1990, quando o treco ainda não existia e nem se pensava no assunto.

Ninguém deixa de falar comigo por falta de telefone. Se estou em casa, atendo àquele aparelho que hoje chamam, com desprezo, de “fixo”. Se tiver de sair, faço as ligações de que preciso e vou alegremente para a rua. Se eu estiver fora e alguém me telefonar, paciência – se for importante, ligará de novo.

Por que não uso celular? Porque, com suas 1001 utilidades, tipo Bombril, ele é capaz de me escravizar. O único jeito é manter-me à distância – até o dia em que, com ou sem ele, provavelmente ficarei inviável de vez.


A questão analisa a possibilidade de ocorrência de crase antes da palavra “eventos”, conforme a estrutura apresentada no texto. Inicialmente, é importante recordar que o sinal indicativo de crase (à) é utilizado somente quando há a fusão da preposição “a” com o artigo feminino “a” ou “as”, ou ainda com pronomes que admitam essa fusão. No caso em tela, a palavra “eventos” é um substantivo masculino, que normalmente é antecedido pelo artigo “os”. Dessa forma, ocorre apenas a preposição “a”, sem a necessidade de crase, pois não se funde com um artigo feminino.

Utilizando uma abordagem prática, pensemos na frase “as pessoas estão expostas a eventos climáticos”. Se houvesse a presença do artigo feminino, como em “as pessoas estão expostas à (a + a) situação adversa”, a crase seria correta. Porém, “eventos” é masculino, e a expressão correta é “a eventos” sem o uso do acento grave.

Portanto, inserir erroneamente o sinal de crase (“à eventos”) comprometeria a correção textual, pois indicaria a fusão indevida da preposição “a” com um artigo feminino inexistente neste contexto. A confusão pode ocorrer, mas é fundamental identificar o gênero do substantivo que segue a preposição para utilizar ou não o acento indicativo de crase. Essa distinção é uma das armadilhas clássicas em provas de concursos públicos e requer atenção e domínio das regras gramaticais pertinentes à crase.

Desta forma, o enunciado correto da questão indica que o uso do sinal indicativo de crase diante da palavra “eventos” prejudicaria a correção textual. A alternativa que afirma essa realidade está de acordo com a regra gramatical, tornando-a a resposta adequada.

Gabarito: Letra C

O emprego do sinal indicativo de crase no “a” que antecede a palavra “eventos” (linha 4) prejudicaria a correção textual.


1      Em todo o Brasil, de acordo com dados do
   Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de
   Desastres Naturais (Cemaden), 80 milhões de pessoas
4  em 1.942 cidades vivem expostas a eventos climáticos
   extremos. Já o sexto relatório de avaliação do Painel
   Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
7  divulgado em 2023 pela ONU, revela que as pessoas
   mais atingidas pela crise ambiental são as que menos
   contribuem para o aquecimento do planeta. “Porém,
10 nas regiões mais pobres e marginalizadas, o número
   de mortes por calor, secas, enchentes e tempestades
   foi quinze vezes maior, na última década, do que nas
13 regiões com mais infraestrutura”, aponta a jornalista e
   ativista ambiental Mariana Belmont. “Políticas públicas
   de adaptação, mitigação e reparação climática devem
16 ser tratadas como prioridade no orçamento da União, de
   estados e municípios, priorizando‑se as áreas de risco e
   os direitos humanos”, defende.
19    Para o enfrentamento de desigualdades sociais,
   raciais, étnicas, de gênero e geracionais durante a crise
   climática, Belmont destaca, ainda, a necessidade de se
22 criarem e se implementarem políticas de longo prazo
   para a democratização do acesso à terra, além de
   políticas habitacionais, de urbanização e regularização
25 fundiária destinadas às populações negras e periféricas.
   “Também precisamos lembrar que atividades
   empresariais contribuem, significativamente, para
28 eventos climáticos extremos. As empresas, portanto,
   devem ser chamadas à ação”, reforça. A jornalista
   também pontua a parcela de responsabilidade e ação
31 que cada um de nós deve ter nesse contexto, seja com
   a questão do lixo, da alimentação ou da tomada de
   consciência. “É fundamental entendermos nossa vida
34 real e como o cotidiano está conectado aos estragos nas
   cidades”, ressalta.


 Entregarei à Pedro o prêmio alcançado.

 Um competente se engana de acordo com às regras. 

Na alternativa C, a locução adverbial "à força" está empregada corretamente com o acento grave. Isso ocorre porque a palavra "força" é feminina e, quando acompanhada da preposição “a” seguida do artigo “a” que a determina, resulta na fusão que dá origem ao acento grave indicativo de crase (a + a = à). A expressão "à força" tem um sentido adverbial, significando "por meio da força" ou "de forma forçada".

Agora, vamos analisar as demais alternativas para compreender os erros cometidos:

<ul style="margin-bottom: 1.5em;">
 <li>A) "Vou à Portugal, mas volto em dez dias." – Nesta frase, o nome "Portugal" é um país de gênero masculino, o que impede o uso do artigo feminino "a" e, consequentemente, a ocorrência de crase. O correto seria: "Vou a Portugal" ou, eventualmente, se se quisesse empregar o artigo (embora não seja comum), "vou a o Portugal" (que se contrai para "ao Portugal").</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">B) "Entregarei à Pedro o prêmio alcançado." – Aqui, o nome "Pedro" é masculino, e o uso do acento grave é incorreto porque a preposição "a" não se funde com o artigo "o". Portanto, o correto é: "Entregarei a Pedro".</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">D) "Os homens esquecem à morte do pai." – Neste caso, o verbo “esquecer” admite objeto direto sem preposição, e, portanto, a construção correta não exige a fusão da preposição "a" com o artigo "a" que antecede “morte”. A forma adequada seria “esquecem a morte do pai”.</li>
 <li style="margin-bottom: 1.5em;">E) "Um competente se engana de acordo com às regras." – A locução prepositiva "de acordo com" não admite a crase, pois a preposição "com" está diretamente ligada ao substantivo "regras", sem a formação de uma fusão “a” + “as”. O correto é “de acordo com as regras”.</li>
</ul>

Portanto, apenas na alternativa C encontramos o emprego correto do acento grave, pois a fusão da preposição com o artigo feminino está devidamente justificada na locução adverbial “à força”. Esta explicação reforça a importância de identificar a presença do artigo definido feminino que, ao se combinar com a preposição “a”, gera o fenômeno da crase, tal como exemplificado na alternativa correta.

Gabarito: Letra C

Questões de Português - Sintaxe - Uso da crase